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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 12, 2012

1964: Globo, em editorial, defende o golpe; em 2012, defende a Veja. Na contramão do Brasil

Em editorial escrito no dia do golpe (que foi no dia 1 de abril e não em 31 de março - primeira mentira que eles pregaram na história) e publicado no dia seguinte, 2 de abril de 1964, O Globo defendia:



Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições [leia editorial completo aqui, ou veja o fac-símile aqui].

Agora, em 2012, O Globo sai em defesa da Veja, sem ao menos aguardar a conclusão da CPI do Cachoeira, ou tomar conhecimento das 200 ligações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o diretor da Veja em Brasília Policarpo Junior.

Nem Policarpo fez isso por ele. Refugia-se num silêncio no mínimo suspeito de quem teme o que possa ter sido gravado pelas Operações Vegas e Monte Carlo da Polícia Federal.

Por que a Globo teria feito isso e saído em defesa de Policarpo e de Veja? Talvez por que já se mostrou ligação do grupo de Cachoeira com a revista Época, das Organizações Globo... Ou, talvez, como vacina, para se antecipar a documentos que poderiam incriminar outros órgãos da Organização.

O que é certo é que quando uma CPI tenta passar a limpo as relações espúrias entre arapongas, bandidos,  empresários, políticos e jornalistas para que o Brasil possa avançar politicamente como já o está fazendo na área social, as Organizações Globo, mais uma vez na contramão do Brasil, sai em defesa do lado escuro da força. Até hoje impunemente.

Até quando?
*BlogdoMello

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