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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 13, 2012

Boca de urna aponta derrota do partido de Merkel em Renânia do Norte-Westfália 

Resultado afeta as eleições federais, que ocorrem em 2013

A chanceler alemã Angela Merkel sofreu neste domingo (13) um forte revés no processo de reeleição após seu partido, o União Democrata Cristã (UDC), ter obtido o pior resultado eleitoral desde o fim da Segunda Guerra Mundial nas eleições regionais do estado Renânia do Norte-Westfália, o mais populoso e um dos mais industrializados da Alemanha, segundo as pesquisas de boca de urna. De acordo com o jornal espanhol El País, as informações da boca de urna dão conta de que a candidata do Partido Social-Democrata (PSD), Hannelore Kraft, que já exerce o cargo de primeira-ministra do estado, obteria clara vitória no pleito e poderia revalidar sua aliança de governo com o partido Aliança 90/Os Verdes.  
As pesquisas feitas pelo canal de televisão ARD dão ao Partido Social-Democrata 39% dos votos, porcentagem suficiente para a coligação com os Verdes, que reúnem 12% dos votos na região. A União Democrata Cristã, que foi representada pelo candidato Nobert Röttgen, teve queda de 9 pontos percentuais em relação ao pleito de 2010 e ficou com 26% dos votos.     
O resultado debilita o partido de Merkel para as eleições federais, que ocorrem em 2013. Trata-se do pior desempenho nas urnas do UDC no estado, onde nunca havia obtido votação inferior a 30%. Ainda, a derrota de Röttgen influencia diretamente o futuro  de Merkel, uma vez que ela o nomeou ministro do Meio Ambiente e o considera um de seus homens de confiança. Embora a chanceler tenha buscado se distanciar de Röttgen a medida em que as eleições do estado se aproximavam, a posição política de Merkel dentro da UDC também fica prejudicada com a derrota, segundo o jornal El País.
O triunfo do PSD e dos Verdes impulsiona um conjunto político de centro-esquerda ainda à procura de uma estratégia eleitoral para 2013. O PSD precisa decidir até que ponto apoia Merkel em sua política europeia. A UDC precisa do apoio destes partidos para aprovar o Pacto Fiscal Europeu no Parlamento Alemão (Bundestag). O ‘balão de oxigênio’ conquistado no estado mais povoado do país poderia animar os dirigentes federais a enfrentarem diretamente Merkel, que detem grande aprovação popular. 
A UDC e Merkel continuam liderando as pesquisas, mas os democratas e liberais vêm perdendo eleições regionais em série desde a formação do governo, em 2009. O sucesso da oposição neste domingo a fortalece para negociar com Merkel o preço de seu apoio parlamentar.  
*JB

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