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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 22, 2012

Cachoeira não responde perguntas em CPI


Carta Capital



Cachoeira e seu advogado, Márcio Thomaz Bastos, durante depoimento na CPI. Foto: Antônio Cruz / ABr
Cachoeira e seu advogado, Márcio Thomaz Bastos, durante depoimento na CPI. Foto: Antônio Cruz / ABr
O bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, recusou-se, nesta terça-feira 22, a responder perguntas em seu depoimento à CPI que investiga suas relações com políticos e empresários. Cachoeira disse ter “muito a dizer”, mas afirmou que só irá responder às perguntas dos congressistas futuramente.
“Constitucionalmente, fui advertido pelos advogados para não falar nada. Somente depois da audiência que teremos no juiz, se por ventura achar que eu deva contribuir, podem me chamar que eu responderei a qualquer pergunta”, disse Cachoeira no início da sessão. Essa primeira audiência de Cachoeira com a Justiça deve ocorrer apenas no fim de maio ou começo de junho. A estratégia da defesa de Cachoeira é tentar anular toda a investigação que foi realizada contra ele.
Grisalho e sem óculos, Cachoeira chegou ao lado da mulher, Andressa Mendonça, e esteve o tempo todo acompanhado por seu advogado, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.
O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), foi o primeiro a fazer as perguntas. Ele desistiu de inquirir o contraventor após o terceiro questionamento sem respostas. Após o relator, outro deputados e senadores continuaram a fazer perguntas para o bicheiro, apesar da recusa de Cachoeira em dar respostas. Alguns aproveitaram para, com as perguntas, atacar seus adversários políticos.
O depoimento de Cachoeira iria ocorrer originalmente no dia 15 de maio, mas foi adiado devido a uma liminar do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal. A defesa argumentava que Cachoeira não poderia comparecer à CPI antes dele ter acesso aos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo. Após a defesa ter acesso às investigações, Mello reviu sua decisão nesta segunda-feira 21 e o depoimento foi remarcado para esta terça-feira.
*Mariadapenhaneles

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