Caos no transporte aperta Serra e acende Haddad
Acidente no Metrô esta semana despertou candidato do PT; "PSDB
promoveu o apagão dos transportes", atacou; ex-governador tucano
classificou crítica como "exploração eleitoral"; governador Alckmin e
senadora Marta entraram na briga; situação é como se vê acima
A campanha eleitoral para prefeito de São Paulo, em razão, literalmente,
de um acidente de percurso, começou a pegar fogo. O choque de trens
ocorrido na linha 3 do Metrô, na quarta-feira 16, teve o poder de
desalinhar os discursos e colocar frente a frente, com posições
diametralmente opostas, os candidatos Fernando Haddad, do PT, e José
Serra, do PSDB.
Desta vez, Haddad teve reflexo político e foi o primeiro a
contextualizar o acidente que não deixou vítimas fatais, mas provocou
pânico e levou cerca de 100 pessoas aos hospitais da região Leste. "Tem
havido cortes nos recursos de manutenção, segurança e atualização de
equipamentos", disse o ex-ministro, que relacionou o choque entre uma
composição e um vagão parado com o desmoronamento, em 2007, das obras da
estação Pinheiros. Aquele acidente provocou a morte de sete pessoas. Em
artigo ao 247, a senadora Marta Suplicy se somou às críticas do
candidato. "Desde 2007, foram quase 100 panes nas linhas do metrô e 124
nas linhas ferroviárias da CTPM", contabilizou. "A verdade pura e
simples é que a situação do transporte público em São Paulo é de caos
completo", completou (leia artigo aqui).
De pronto, Serra, bem ao seu feitio, não quis enfrentar frontalmente a
questão e procurou adequá-la ao seu discurso de superioridade. "Não
faremos comentários, pois consideramos que acidentes não se prestam à
exploração eleitoral". A manifestação soou como algo do tipo 'não contem
comigo para debater agora as causas do ocorrido', em razão da falta de
compromisso em tratar de um fato, sem dúvida, importante para a cidade.
Num momento anterior, Serra, ainda timidamente, tocou de modo transverso
na questão dos investimentos públicos em Transportes. "Na Cidade do
México, quem faz o metrô é o governo federal. Aqui é o Estado e a
Prefeitura", disse, reclamando. Haddad não ficou calado: "Lula e Dilma
nunca se recusaram a atender nenhum pedido de Serra e Alckmin. É que
eles não querem o governo federal em São Paulo, porque têm mentalidade
tacanha".
Nas contas divulgadas pelos petistas, as últimas administrações tucanas,
incluidas as de Serra no governo e na Prefeitura, entregaram 25
quilômetros de linhas. Segundo informa o jornal Folha de S. Paulo, a
campanha de Serra determinou a distribuição de tabelinhas com valores de
investimentos feitos pelos tucanos no Metrô e na Companhias
Metropolitana de Trens Urbanos como munição para rebater os ataques
petistas.
Nessa briga, o governador Geraldo Alckmin resolveu entrar de sola. "O PT
não colocou nenhum centavo no sistema de transportes de São Paulo.
Nenhum centavo", repetiu. "O PT só tem crítica e aleivosias como essa".
Ele adotou a seguinte linha de argumentação: "Lamento que a política
venha para essa baixeja eleitoral. [É uma tentativa] de tirar casquinha
de quem não contribui com nada para o sistema metroferroviário", disse. (A mentira de Alckmin está aqui.)
A guerra de números, de adjetivos e de propostas promete ser um dos temas dominantes da campanha, talvez o principal.
No 247
*comtextolivre
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