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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 19, 2012

Convulsões na Europa?

A policia alemã prendeu mais de 400 italianos em Frankfurt na noite de ontem, no segundo dia de mobilização do movimento anticapitalista internacional Blockupy Frankfurt, como parte de uma acção de quatro dias que culmina numa manifestação sábado, contra os planos de austeridade da Europa.

Os manifestantes afirmaram que a polícia recorreu a espancamentos brutais, mas a polícia rejeita estas acusações. A polícia avançou com canhões de água, cercou o distrito financeiro e começou com a evacuação das áreas ocupadas. Os manifestantes não desistiram continuaram o seu protesto implacável.

Os oficiais removeram os blocos de manifestantes acampados em algumas áreas do distrito financeiro - como o arranha-céus sede da Goldman Sachs - e dispersou a manifestação de milhares de pessoas. O seu objetivo foi alcançado: "paralisar o distrito financeiro."Os manifestantes também protestaram contra a proibição imposta pelas autoridades para qualquer tipo de protesto. Após terem reclamado em diferentes tribunais, foi finalmente autorizado um único evento, o de amanhã, sábado.
A policia determinou que os jovens italianos não poderão aproximar-se da área urbana de Frankfurt até às 7h da manhã de sábado, dia estipulado para a mobilização .

 
"Vamos ficar aqui, nem todos tiveram a ordem de não se aproximar do centro da cidade", disse o activista italiano Luca Tornatore, falando de Frankfurt. Foi um dos italianos detidos e que depois foi solto.  "A cidade está completamente blindada" Afirmou um dos participantes. Cerca de 5000 polícias foram destacados.

Segundo as autoridades, esperam-se que milhares de manifestantes, incluindo cerca de 2.000 muito violentos venham de  toda a Europa.


O movimento anticapitalista organizou uma mobilização de quatro dias em Frankfurt, capital financeira da Alemanha, protestando contra a política dos cortes da UE, o desmantelamento do Estado social e dos resgates dos bancos.

 fonte:  Ansa

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