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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 10, 2012

Crise capitalista provoca aumento da exploração depredadora de minérios na África

Via Diário Liberdade
090512 mina
O aumento dos preços das commodities tem levado as principais mineradoras a investir em torno de US$ 74 bilhões na África, segundo o Banco Barclays, em 15 projetos que deverão entrar em produção nos próximos 10 anos.
A Vale, desde do começo de abril vem sofrendo vários protesto em Moçambique por moradores que a acusam de construir "casas de tipo caixotes", para famílias que foram despejadas das suas terras para dar lugar à mineração. Acusações desse tipo estão em todos os lugares que a Vale atua. No dia 18/04, foi lançado o Relatório de Insustentabilidade da Vale 2012, da autoria da Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, veja aqui, que detalha o forte impacto que sofrem os trabalhadores e as comunidades, assim como a depredação do meio ambiente, dentre elas o aumento em 70% das emissões de carbono e as 726 milhões de toneladas de resíduos que foram gerados apenas em 2010.
As atividades depredatórias das mineradoras, tanto a céu aberto quanto subterrâneas, é responsável por grande volumes de resíduos que são despejados de qualquer maneira.
A mineração consome volumes extraordinários de água: desde pesquisa mineral (sondas rotativas e amostragens), na lavra (desmonte hidráulico, bombeamento de água de minas subterrâneas), no beneficiamento (britagem, moagem, flotação, lixiviação), no transporte por mineroduto e na infraestrutura (pessoal, laboratórios e etc). Muitas vezes o lençol freático tem sido rebaixado para desenvolver a lavra, degradando todo o lençol e dificultando o acesso das populações pobres ao líquido vital. Um dos maiores exemplos disso se dá nas montanhas florestadas de Papua Nova Guiné, onde um consórcio internacional de companhias, despeja diariamente 80.000 toneladas diárias de refugos não tratados no rios. Considerando ainda o solo e rocha carreados para a água, essa massa ultrapassa 200 mil toneladas, provocando a destruição de boa parte da vida aquática, alterando a vazão do rio e impactando milhares de moradores locais.
Os recursos hídricos utilizados pelas mineradoras sofrem vários impactos, como o aumento da turbidez e consequente variação na qualidade da água, alteração do pH da água, derrame de óleos, graxas e metais pesados (altamente tóxicos, com sérios danos aos seres vivos do meio receptor), redução do oxigênio matando assim o ecossistema aquático, assoreamento de rios, poluição do ar.
A título de exemplo, a descarga de cádmio no Rio Jinzu, no Japão, feita por uma mina de chumbo e zinco, desencadeou uma onda de casos de doenças ósseas.
O colapso capitalista de 2008 provocou a corrida dos especuladores financeiros para salvar os seus lucros a qualquer custo. O esgotamento da especulação imobiliária nos países central levou à disparada especulativa nos mercados futuros de commodities, onde títulos que referenciam os produtos reais são vendidos dezena de vezes antes de chegar aos consumidores. A perda de lucros na indústria, devido ao estancamento econômico moveu o foco da economia produtiva para a construção civil, tanto imobiliária quanto de grandes obras de infraestrutura, nos principais países atrasados, fundamentalmente na China.
A pressão pelos maiores lucros e de maneira rápida minimizaram os investimentos em recuperação ambiental e em segurança.
*GilsonSampaio

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