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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 09, 2012

Expor uma criança a apelos de consumo cotidianamente é uma forma velada de coerção e abuso.


Expor uma criança a apelos de consumo cotidianamente é uma forma velada de coerção e abuso.


No Facebook Infância Livre de Consumismo



Leia o depoimento que a Dra. Telma Pileggi Vinha, docente da Faculdade de Educação da Unicamp e doutora na área de psicologia, desenvolvimento humano e educação, deu para o Infância Livre de Consumismo.



"Sou favorável à restrição de propagandas dirigidas ao público infantil. Devido às características de desenvolvimento, as crianças não são capazes de compreender a complexidade envolvida nas decisões de consumo, isto é, não são capazes de compreender as relações de necessidade, ilusão, satisfações momentâneas, lucro, trabalho e remuneração, valor do dinheiro, ganhos e perdas. 


Também são incapazes de compreender a relação entre consumo e impacto ambiental. Justamente por tais características, não se pode afirmar que elas têm poder de escolha no que se refere ao consumo, pois isto implicaria em análise dos fatores envolvidos, das possibilidades e das consequências das decisões, o que começa a ocorrer na adolescência. 


Até então, as crianças possuem condições apenas de compreender que não podem ter determinado brinquedo, por exemplo, tão somente porque os pais não querem ou porque eles não possuem dinheiro. Como as crianças têm dificuldades de regular seus impulsos, exigem-no como se, aquilo que se trata apenas de um desejo, fosse uma necessidade! 


E os pais acuados, confundindo o atendimento as satisfações imediatas com atendimento às necessidades reais dos filhos, acabam por ceder a tais exigências, muitas vezes contrariados ou abrindo mão de prioridades. 


Considero que expor uma criança a tais apelos de consumo cotidianamente sem que ela tenha condições cognitivas e afetivas para compreender e lidar com as questões envolvidas é uma forma velada de coerção e abuso."
*Mariadapenhaneles

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