Filme com Pitt retrata fim do sonho norte-americano
Killing Them Softly (matando-os suavemente), novo filme estrelado porBrad Pitt, faz um retrato sombrio do sonho americano, misturando uma divertida e violenta história de mafiosos com uma crítica escancarada à incapacidade dos políticos em resolver a crise econômica.
O filme se passa em uma cidade norte-americana não-identificada, onde a crise econômica chegou com força. Há casas abandonadas, lojas fechadas e bandidos de todos os níveis tentando sobreviver.
Pitt é também coprodutor da obra, selecionada para a competição oficial do atual Festival de Cannes, onde foi exibido na terça-feira.
O ator interpreta o inclemente pistoleiro Jackie Cogan, chamado por uma quadrilha mafiosa para eliminar um grupo de bandidos que assaltou uma mesa de pôquer. O título (matando-os suavemente) se refere à insistência do personagem em evitar dores e sofrimentos desnecessários na hora das matanças.
A direção é de Andrew Dominik, neozelandês com quem Pitt já trabalhara em O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford. Ray Liotta e James Gandolfini, habitués em filmes sobre a máfia, também estão no elenco.
A mensagem política do filme é inescapável. Sempre há noticiários sendo vistos ou ouvidos em bares e carros, e o debate invariavelmente é sobre a crise financeira, o fracasso político, a ganância e o fim dos sonhos.
Barack Obama, John McCain e George W. Bush aparecem na campanha eleitoral de 2008 fazendo promessas de resgatar a economia e salvar os ideais que alicerçam a nação.
Já no final, Cogan dispara críticas a Thomas Jefferson, principal autor da Declaração de Independência dos EUA, a quem o personagem chama de mentiroso e hipócrita. “”Vivo na América e na América você está por sua conta”, declara Cogan. “A América não é um país, é só um negócio.”
Mas, numa entrevista coletiva após a sessão do filme para a imprensa, Pitt disse que não pretendia que o filme seja visto como um libelo anti-Obama. “Eu me inclino mais para a esquerda, e quero entender minha própria tendência, então não fico contra personagens que têm visões diferentes da minha própria. Na verdade, tenho (Jefferson) em altíssima conta.”
Pitt criticou a “tóxica” divisão política nos EUA, onde o debate “tem mais a ver com o partido vencer a discussão do que a respeito das questões propriamente ditas. É um problema sério”.
O ator não pareceu surpreso quando a entrevista se desviou para sua vida pessoal. Afastando os rumores de que apareceria com a mulher, Angelina Jolie, no tapete vermelho de Cannes, ele disse que a atriz nem está na cidade.
Também sobre os rumores de que iria em breve oficializar sua união com ela, ele afirmou que o casamento não tem data. ”Ainda espero que possamos resolver nossa igualdade de casamento nos Estados Unidos antes dessa data”, afirmou, numa alusão ao seu apoio ao casamento homossexual.
*CorreiodoBrasil
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