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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 12, 2012

Folha e os carros emprestados à Oban


Folha quer investigar quem queimou aqueles carros que ela emprestou à OBAN

 do Viomundo
Luiz Carlos Azenha
No Brasil a guerra fria ainda não acabou. O anticomunismo vive. Ser “de esquerda” é considerado pejorativo pelo jornal mais importante do país.
Notaram como Demóstenes Torres nunca foi classificado como “de direita”?
Vejamos as repercussões da escolha dos integrantes da Comissão da Verdade, criada para apurar os crimes da ditadura militar, segundo a Folha.
Página A11: “Amorim não é exatamente querido entre os militares por conta de seu perfil de esquerda e pela pouca familiaridade com os temas da pasta”. Não é preciso dizer que os militares são “de direita”?
Na mesma página: “Em relação aos crimes cometidos pela esquerda, membros da comissão afirmaram que o tema ainda precisa ser discutido internamente”.
Na página A14, alguns militares ouvidos pela Folha (quais, exatamente — os de direita?) desaprovam o nome da advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, que defendeu Dilma Rousseff e Ivan Seixas, dentre muitos outros.
Na página A15, o texto parece trair o medo do próprio jornal: “Sem Fla-Flu”, “sem revanchismos”, “sem as angústias juvenis” — algumas das frases estão entre aspas, revelando qual foi o foco das perguntas dos entrevistadores.
Na última página, reprise: “Membros do grupo revelaram à Folha que também discutirão a possibilidade de investigar crimes cometidos pela esquerda armada”.
Ou seja, em breve a Folha vai pedir para investigar Dilma Rousseff e aqueles que queimaram os veículos que o jornal emprestou à Operação Bandeirantes (que manteve o maior centro de torturas de São Paulo ) para fazer campana.
*GilsonSampaio

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