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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 20, 2012

James Brown e o show após a morte de Luther King

Por Marco St.
A Noite em que James Brown salvou Boston
Não foi mais um espetacular show de James Brown no auge de sua carreira. Muito mais do que isso, se tornou um evento histórico. Esse show foi realizado 1 dia após o assassinato de Martin Luther King. Neste dia, diversas cidades norte-americanas eram alvo de distúrbios em razão da revolta provocada por essa terrível tragédia.  Em Boston, ativistas negros já tinham marcado atos de protesto para aquela noite. O clima era o pior possível. Foi então que o prefeito Kevin  White, aproveitando que James Brown estava em turnê na cidade naquela semana, pediu para que Brown "acalmasse" a população. O show foi transmitido pela tv ao vivo. O próprio prefeito, antes do show começar, faz um belo discurso lembrando dos ideais de Paz do Rev. King. A performance do Godfather of Soul foi brilhante como sempre. Ainda hoje é perceptível o clima de tensão que transcorre durante a apresentação, especialmente na parte final, quando jovens negros tentam subir no palco e são repelidos com certa brutalidade pelos policiais brancos que faziam a segurança do show. James Brown segurou a onda. Nada aconteceu em Boston naquela noite e nos dias seguintes.
Eu já tinha lido e visto documentários sobre esse show, mas na integra assim, apenas agora. Absolutamente imperdível.
 
*Nassif

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