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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 17, 2012

Jornalista tem o direito de criticar. Batata do Dantas assa

critico logo existo


Comissão de juristas pede imunidade para jornalistas


Profissional de imprensa seria equiparado aos críticos literários, de arte e ciência


FILIPE COUTINHO

NÁDIA GUERLENDA

DE BRASÍLIA


A comissão de juristas criada pelo Senado para atualizar o Código Penal aprovou uma imunidade para os jornalistas não serem punidos ao fazer críticas: o jornalista poderá emitir “opinião desfavorável” sem ser condenado por injúria ou difamação.


A proposta coloca a imprensa junto a críticos literários, de arte e ciência, que já têm essa mesma imunidade.


No debate na comissão, ocorrido em março, chegou-se a levantar que a proposta poderia ser uma carta branca para ataques pessoais. Mas o texto acabou aprovado por acordo, após a ressalva de que poderá haver crime “quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar”.


“Nesses casos o ônus da prova fica invertido: quem se diz ofendido é que terá que provar na Justiça que aquela crítica não é jornalística, que há outra motivação de má-fé”, afirma o desembargador José Muiños Piñeiro, integrante da comissão.


O relator do grupo de juristas, procurador Luiz Carlos Gonçalves, disse que “a liberdade de imprensa compreende inclusive o direito de fazer uma manifestação crítica”. Após a conclusão dos trabalhos do grupo, formado por 17 especialistas, a proposta para atualizar o Código Penal será entregue ao Senado, que iniciará a discussão do texto.

Navalha
Só no Brasil mesmo é que se torna preciso fixar em Lei que jornalista tem o direito de criticar.
Mas, já que é assim, não é mesmo, Nassif, Rodrigo, Azenha e centenas de blogueiros espalhados pelo país, já que é assim que se mude o Código.
Como diz a Ministra Carmen Lucia.
O Ministro Lewandowski, ao saudar os blogueiros sujos.
E o Ministro Ayres Britto, ao receber o convite – que não poderá aceitar – para ir ao Encontro de Blogueiros Sujíssimos e Críticos na Bahia, dia 25 deste mês.
A propósito: o ministro Britto mandou nos dizer que não pode ir à Bahia, como gostaria, porque há uma judicialização crescente da liberdade de expressão e talvez ele seja obrigado a se manifestar sobre isso.
Nada mais justo.
Toda a fuzilaria dos Dantas e assemelhados que, por exemplo, movem ações contra este ansioso blogueiro – umas 40 – pode acabar no Supremo.
Até que, como diz Britto, a censura pare de se esgueirar nas decisões judiciais de instâncias inferiores.
No Supremo, então, será consagrado o direito de se dizer que Dantas é o passador de bola apanhado no ato de passar bola, segundo o insuspeito testemunho do jornal nacional.
E que a expressão  “negro de alma branca” é uma forma de defender o negro e não de estigmatizá-lo.
Parece óbvio, mas dá trabalho, amigo navegante.
Trabalho que dignifica o direito de informar e CRITICAR, não é isso, Ali Kamel ?
Ou só a Globo pode ter o direiro de criticar ?



Em tempo: este Conversa Afiada não abre mão do direito inalienável de dizer que o Ali Kamel é o nosso Gilberto Freire com “i”.


Paulo Henrique Amorim

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