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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 21, 2012

José Serra levou para a Prefeitura de São Paulo homem suspeito de chefiar máfia imobiliária, diz revista

Hussain Aref Saab construiu um patrimônio de R$ 50 milhões em sete anos 

O ex-governador e atual candidato a prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), foi o responsável por levar para a prefeitura o homem que o Ministério Público aponta como o líder de uma máfia que atua no setor imobiliário da capital. Segundo matéria publicada na edição deste final de semana da revista IstoÉ, Hussain Aref Saab teria construído um patrimônio de mais de R$ 50 milhões desde que o então prefeito Serra o colocou no “principal cargo na área de aprovação de edificações”, em janeiro de 2005.
“Serra o transformou no responsável pela liberação de qualquer área construída acima de 500 m² na cidade”, diz a revista. “Desde então, o MP e a Corregedoria passaram a colecionar denúncias de cobrança de propina por funcionários da pasta comandada por Aref”.

De 2005 até julho de 2008, ele registrou 58 imóveis em seu nome, “como seis apartamentos em um prédio com vista para o Parque do Ibirapuera, o maior de São Paulo, imóveis orçados em R$ 4 milhões cada”.
O suposto líder da máfia também constituiu a SB4 Patrimonial, uma empresa que conta como sócios a mulher e dois filhos, “na qual registrou outros 46 imóveis”.
Já a CGP (Corregedoria-Geral do Município) identificou 106 imóveis (apartamentos, casas, terrenos, salas comerciais e vagas de garagem) em seu nome.
Apesar das evidências, Serra negou na quarta-feira (16) ao jornal Folha de S. Paulo ter nomeado Aref. "Nunca nomeei ninguém, pois prefeito não nomeia terceiro escalão numa secretaria", disse ao jornal.
O Ministério Público, afirma a revista, diz que Serra também nomeou outro “possível beneficiário do esquema”: o secretário especial de Controle Urbano da prefeitura, Orlando de Almeida Filho, corretor de imóveis, ex-presidente do Creci (Conselho dos Corretores de Imóveis) e ex-conselheiro do Secovi, sindicato do setor imobiliário em São Paulo.

“Em 2005, José Serra o nomeou secretário de Habitação e ele passou a chefiar Aref. Para os procuradores, Orlando de Almeida tinha conhecimento das irregularidades nos processos de anistias”, diz a reportagem.
Kassab
De acordo com o texto, Serra o nomeou, mas foi o atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD), quem o ajudou a ganhar poder.
“Trata-se de um funcionário público que ascendeu na administração municipal pelas mãos do atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD), e que chegou ao ponto alto da carreira nomeado pelo ex-governador e ex-prefeito José Serra (PSDB)”.
A matéria sobre o assunto na edição de hoje da revista Veja São Paulo começa contando como o prefeito recebeu uma carta anônima “recheada de denúncias” no dia 29 de fevereiro deste ano.
“Ela [a carta] dizia ter a pretensão de ‘desmontar o gigantesco e nefasto esquema de corrupção existente na Secretaria de Habitação’”.

*esquerdopata

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