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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 10, 2012

Lula parabeniza presidente eleito da França, que o citou como uma de suas inspirações na política




Na segunda-feira (7),  o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma mensagem de felicitações a François Hollande, vencedor das eleições para a presidência, na França. Durante a campanha, Hollande, candidato do Partido Socialista, citou Lula como uma de suas inspirações na política, “por ter conseguido ser ele mesmo, fiel aos seus valores, a sua luta sindical e, ao mesmo tempo, ter feito do Brasil um dos países mais dinâmicos do mundo”.
A menção ao ex-presidente foi feita durante uma entrevista que Hollande concedeu à revista Paris Match. Além de Lula, o novo presidente francês citou o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, “por sua coragem”, e o presidente americano Barack Obama, “pelo simbolismo excepcional que representa”. Hollande disse ainda admirar o ex-chanceler alemão Helmut Kohl pela “força que ele transmitia e pela consciência de sua responsabilidade histórica no momento da reunificação da Alemanha”.
Leia abaixo a carta enviada por Lula a Hollande:
Meu querido companheiro François Hollande,
Parabéns pela sua vitória. A sua chegada a presidência foi uma vitória da tradição francesa de defesa da igualdade, uma fonte de inspiração e força para todos nós que lutamos por um mundo mais justo e solidário.
Após tanto tempo, valeu a espera pela volta ao poder na França do Partido Socialista, do grande François Mitterrand.
Eu tenho certeza que sua liderança terá um importante impacto em toda a Europa, em um momento onde são fundamentais a coragem e a ousadia para a população do continente retomar a esperança e a economia voltar a gerar empregos.
A juventude europeia olha com entusiasmo para Paris, em busca de novos caminhos para voltar a ter confiança no futuro. Não podemos nos contentar com planos de austeridade que propõem recessão, perda de direitos, corte de salários e desemprego.
A sua vitória significa a possibilidade da volta de um projeto europeu generoso, com crescimento e sem qualquer tipo de intolerância ou xenofobia. Porque a União Europeia, mais do que pertencer aos europeus, é um patrimônio de toda a humanidade, como um símbolo da paz e exemplo de cooperação para outras regiões do mundo.
Eu também tenho a mais plena confiança de que encontrará na presidenta Dilma Rousseff uma excepcional parceira da França, e que serão reforçados os projetos e os laços de amizade que unem nossos países.
Espero podermos nos encontrar em breve no Brasil.
Um forte abraço,
Luiz Inácio Lula da Silva

*MariadaPenhaNêles

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