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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 20, 2012


Mensalão, CPI e Satiagraha.
O Gurgel vai condenar o Dirceu ?


Saiu no Estadão:

‘Juiz que começa a agir como justiceiro nega a Justiça’

Defensor do deputado Valdemar Costa Neto no caso do mensalão, Bessa diz que não há provas contra o seu cliente

Advogado do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) no mensalão, Marcelo Bessa diz que a pressão da opinião pública e as eleições não interferem no julgamento no Supremo Tribunal Federal. E que o tribunal não atuará como justiceiro. “O STF, como guardião da Constituição, sabe que a essência da Justiça é a criminal. O juiz criminal que inova tipo, faz analogia, estende tipo penal e começa a agir como justiceiro nega a Justiça.” Além de negar a existência de provas, reafirma a tese de que houve só crime eleitoral e que o MP inventou a existência de dinheiro público no mensalão apenas para atingir o ex-ministro José Dirceu.

(…)

O MP acusa seu cliente de ter participado desse esquema montado de desvio de dinheiro público para pagamento dos partidos.

A denúncia não imputa isso ao meu cliente. Como é mal escrita, fica parecendo que todas as personagens do enredo têm alguma relação. Não têm. São várias histórias paralelas contadas numa única peça processual. Com relação ao Valdemar Costa Neto a acusação é tão somente de ele ter se associado com quatro pessoas para praticar crimes contra a administração pública, no caso o crime de corrupção passiva, ao mesmo tempo com lavagem de dinheiro. Houve ilícito eleitoral.

O MP afirma ter havido desvio de dinheiro público para obter apoio dos partidos.

O MP precisava pôr uma história qualquer que misturasse dinheiro e votação para pegar a figura central, o José Dirceu. Não teria coerência colocá-lo na denúncia se não houvesse acusação de uso de dinheiro público para obter apoio político. Uma história tão falsa que o MP não conseguiu produzir provas em 5 anos.

Navalha
Os mervais estão aflitos.
Querem que o Supremo julgue o mensalão a tempo de o Ministro Peluso votar.
Como se o Peluso fosse condenar o Dirceu.
Sim, porque os mervais querem condenar o Dirceu, e, aí, condenariam o Lula, a Dilma, o Brizola, o Jango, Vargas e Julio de Castilhos.
Seria a maior vitória da UDN no voto.
Mas, como sempre quando a UDN ganha, só ganha fora das urnas em que o povo vote.
O Conversa Afiada, como se sabe, concorda com o amigo navegante Vander: é a favor de votar o mensalão imediatamente.
Com Peluso ou sem Peluso.
Vamos ver se o Ministro Peluso vai para a aposentadoria levando nas costas uma condenação sem prova.
Ele sabe: um dia uma Comissão da Verdade chega lá e pega no calcanhar do Albernaz.
O Conversa Afiada quer muito ver o Gurgel condenar o Dirceu.
Será um espetáculo imperdível.
Ao Cachoeira, mamão com açúcar (não é, Miro ? – leia o “em tempo”).
A Dirceu, o opróbrio.
Este ansioso blogueiro quer ver.
Agora, se os mervais tem o direito de fixar a pauta de votações do Supremo – será que tem, mesmo ? – este ansioso blogueiro tem uma pauta alternativa e muito mais simples de votar.
Legitimar definitivamente a Operação Satiagraha.
Porque, amigo navegante, mensalão, CPI e Satiagraha são uma coisa só.
O fim melancólico da UDN e sua máxima expressão: o PiG (*).
Em tempo: “mamão com açúcar” era uma expressão que o deputado federal Jorge Leite usava invariavelmente depois de ser eleito com a maquina do então governador (nomeado) do Rio, Chagas Freitas. Chagas tinha o jornal “O Dia” e com ele elegia o Jorge Leite e seu competente repórter Miro Teixeira. Hoje, o Miro, que tantos trabalhos prestou à causa da liberdade de expressão e ao brizolismo dá a impressão de devotar-se aos filhos do Roberto Marinho – eles não tem nome próprio – com a mesma fidelidade com que serviu Chagas Freitas. Se for verdade, Miro caiu para a segundona. O Chagas Freitas dava de 10 a 0 nos filhos do Roberto Marinho.
Clique aqui para ler: “Dias na Carta: assim a sra. Brindeiro prevaricou”
Clique aqui para ler: “Maierovich: mulher de Gurgel confessa que rasgou a lei”
Paulo Henrique Amorim

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