Pau de arara
Carlos Lyra ainda vivia sua fase de maior criatividade — que coincidiu
com o melhor período do contemporâneo Tom Jobim — quando começou a sua
parceria com Vinícius de Moraes. Então, certo dia, ao entregar ao poeta
uma fita com várias melodias para serem letradas, dele recebeu a
sugestão de transformarem aquele repertório num musical.
Assim surgiu Pobre Menina Rica, com Vinícius criando-lhe as
letras, o enredo e os personagens que, após uma mudança de teatro,
vários atores foram substituídos, Entre estes estava o paulista Ary
Toledo, que pediu a Lyra para gravar Pau de Arara, a música que cantava no palco.
Depois de uma gravação realizada em estúdio e lançada num compacto, Ari Toledo voltou a gravar Pau de Arara, desta vez ao vivo, no Teatro Record, durante o programa O Fino da Bossa,
versão que ganhou gargalhadas estrepitosas da plateia e de Elis Regina,
o que acabou enriquecendo em alegria e espontaneidade a performance do
intérprete.
O sucesso do disco foi tamanho, que fez muita gente pensar que Ary Toledo era realmente um mísero cearense, autor de O Comedor de Gilete, nome pelo qual a composição ficou conhecida.
Pau de arara
Carlos Lyra e Vinícius de MoraesEu um dia cansado que tavada fome que eu tinhaeu não tinha nadaque fome que eu tinha ,que seca danada no meu Cearáeu peguei e junteium restinho de coisas que eu tinha:duas calças velhas e uma violinhae num pau de araratoquei para cá.E de noite eu ficava na praia de Copacabanazazando na praia de Copacabanadançando o chachado pras moças olháVirgem Santaque a fome era tantaque nem voz eu tinhaMeu Deus quanta moçaque fome que eu tinhaMais fome que tinha no meu Cearápuxa vida que num tinha uma vidapior do que a minhaque vida danada , que fome que eu tinhazazando na praia pra lá e pra cáquando eu via toda aquela genteno come que comeeu juro que eu tinha saudades da fomeda fome que eu tinha no meu Cearàe ai eu pegava e cantavae dançava o xaxadoe só conseguia porque no xaxadoa gente só pode mesmo se arrastá.Virgem Santaque a fome era tantaqu'inté parecia que mesmo xaxadomeu corpo subiaigual se tivesse querido voar.Vou-me embora pró meu Cearáporque lá tenho um nomeaqui não sou nadasou só Zé com fomesou só Pau de Araranem sei mais cantovou picar minha mulavou antes que tudo rebenteporque estou achando que o tempo está quentepior do que antes não pode ficar.
*comtextolivre
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