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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 23, 2012

Petróleo do Brasil: China e Pré-sal

Dada a demanda voraz de energia, a China adicionou o Brasil entres os seus principal parceiros no âmbito petrolíferos, provocando uma rápida expansão dos seus negócios no País sul-americano.

Coisa que é vista por alguns como um factor de dinamismo e por outros como um risco para a futura auto-suficiência .

A China foi o grande investidor petrolífero do Brasil nos últimos três anos através de empresas quais a China Petrochemical Corporation (Sinopec) e a Sinochem Corporation (Sinochem), como afirmado pelo Adriano Pires.

Durante este período, investiu cerca de 15.000 milhões de Dólares, principalmente na compra de activos de empresas que já operam no Brasil nas áreas da exploração e da produção de petróleo, principalmente no fundo do mar, onde o País tem as maiores reservas.

Diz Pires, director do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE):
É uma estratégia da China para garantir as reservas de petróleo para o próprio abastecimento, o mesmo acontece em outros Países latino-americanos como Argentina e Venezuela, e em outras regiões, como a  África.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportação informa que a China pretende aumentar em 60 por cento as reservas estratégica de petróleo, não importa donde o precioso líquido chegar.

No Brasil, a aposta começou em 2010 com a aquisição por parte da Sinochem de 40 por cento das acções da empresa norueguesa Statoil no campo de Peregrino, em Santos; uma operação de 3.100 milhões de Dólares.

No mesmo ano, a Sinopec investiu 7.100 milhões de Dólares para 40 por cento da subsidiária brasileira da multinacional espanhola Repsol.

Enquanto isso, no passado Março, adquiriu por 4800 milhões 30 por cento da Petrogal Brasil, a filial da empresa portuguesa que é responsável pela exploração e produção de petróleo da Galp Energia.

O capital chinês também está associado à Petrobras, controlada pelo Estado no Pará e no Maranhão, e à anglo-francesa Perenco, na zona de Espírito Santos.

Pires acrescenta que as empresas chinesas também estão interessadas ​​em comprar acções da OGX, uma empresa de petróleo do bilionário brasileiro Eike Batista, que já tem negócios significativos com os chineses nos sectores da mineração e da siderurgia.

O director da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Económico, Tang Wei:
O Brasil é uma fonte deste recurso estratégico para a China, para o crescimento sustentável, mas também estamos muito interessados no mercado brasileiro.
Um interesse que, de acordo com Pires, tem a ver com a necessidade crescente de China para assegurar o consumo de combustível entre a sua crescente classe média.

O especialista lembra que o gigante asiático, com 13 milhões de barris por dia, agora é o segundo maior consumidor de petróleo depois dos Estados Unidos, que utiliza entre 18 e 20 milhões de barris por dia. Estima-se que em poucos anos, essa relação ficará invertida.

Dados da CBIE indicam que a China é o segundo maior importador de petróleo brasileiro, depois dos Estados Unidos, mas também aqui a tendência prevê uma troca das posições.

A Secretária do Comercio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Industria e Comercio do Brasil informa que as exportações de petróleo para a China aumentaram de 1,6 milhões de barris em 2001 para 50,6 milhões em 2011.

Mas a China vai ainda mais longe, e as expectativas estão agora concentradas nos recentes depósitos descobertos sob a camadas de sal do oceano Atlântico, mais de 7.000 quilómetros abaixo da superfície e perto da costa brasileira.

Os 55.000 milhões de barris previstos colocariam o Brasil no grupo dos grandes exportadores de petróleo.

Comenta Pires:
A China não tem experiência no âmbito da exploração offshore, pelo que deixa isso nas mãos da Petrobras e da Repsol
A estratégia de Pequim ficou evidente em 2009, quando o China Development Bank fechou um acordo com o então governo de Luiz Inácio Lula da Silva sobre um empréstimo de 10.000 milhões para a Petrobras em troca de exportações de petróleo para Sinopec; exportações originariamente de 150.000 barris por dia, depois aumentada até 200.000.

Enquanto isso, os empresários brasileiros vêem a actividade chinesa como positiva, porque move o mercado.

A China também ficou associada com empresas brasileiras nos sectores da refinação e da distribuição de combustível, da produção de equipamentos para a exploração do petróleo e da sua extracção.

Conclui Pires:
Não há riscos. O Brasil está interessado porque isso traz dinheiro. É um bom negócio
Em vez disso, o presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), Silvio Sinedino, teme que a necessidade insaciável da China leve a um rápido esgotamento dos recursos fósseis.

A AEPET, que defende um retorno ao monopólio da Petrobras, acredita que o Brasil não deve ser um exportador de petróleo, mas antes garantir a auto-suficiência e que a exportação "deve ser marginal":
Países como a China e os EUA têm muita necessidade de petróleo. Com uma demanda crescente assim, as nossas reservas pré-sal ficariam esgotadas em 15 ou 20 anos quando poderiam manter-se ao longo de  30 anos pelo menos.
Não podemos transformar-nos num exportador de petróleo para o Oriente. Devemos usar o que precisamos e vender tanto quanto possível, defender o nosso património nacional.
A este respeito, Sinedino AEPET vê "com simpatia" a expropriação da Repsol YPF por parte do governo argentino:
O petróleo não é uma mercadoria qualquer. Tem um elevado valor geopolítico.
O interesse da China para o Brasil se reflecte em outros sectores-chave também: soja e ferro, por exemplo. Actualmente é maior parceiro comercial do Brasil.


Fonte: Rebelion 
*InformaçãoIncorrecta

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