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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 09, 2012

Putin promete Rússia forte no cenário mundial

 
O presidente Vladimir Putin fez nesta quarta-feira um discurso patriótico ao lado de generais na Praça Vermelha, glorificando a vitória soviética sobre a Alemanha na 2a Guerra Mundial e prometendo intensificar a presença russa no cenário mundial.
Dois dias depois de tomar posse para um mandato presidencial de seis anos, Putin usou seu pronunciamento a soldados e veteranos de guerra, durante o desfile militar anual na praça mais simbólica de Moscou, para reforçar seus apelos por unidade nacional -- que ficou abalada depois dos protestos iniciados em 2011 contra a hegemonia política de Putin.

"A Rússia consistentemente se ergue determinadamente por nossas posições, porque nosso país sofreu o golpe do nazismo", disse Putin sob as muralhas vermelhas do Kremlin, ao lado de generais cobertos de condecorações.
"Os bárbaros estavam tramando para destruir nações inteiras. O inevitável aconteceu -- a responsabilidade e a resolução comum prevaleceram sobre o mal", acrescentou.
Putin, de 59 anos, costuma usar uma retórica agressiva em questões de política externa para atrair o apoio dos russos. Ele recorreu a declarações antiamericanas antes da eleição presidencial de 4 de março, numa tática que também era usada por líderes soviéticos, especialmente em feriados nacionais como o Dia da Vitória na Europa.
Durante a campanha eleitoral, Putin acusou a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, de estimular protestos contra os seus 12 anos de domínio político no país.

Ao tomar posse nesta semana, porém, Putin disse que pretende melhorar as relações com os EUA, principal inimigo da Rússia na época da Guerra Fria. Ele deixou claro, no entanto, que não aceitará interferências em assuntos domésticos, e que a relação com Washington deve acontecer em pé de igualdade.
 
No palanque da praça Vermelha estava também o ex-presidente Dmitry Medvedev, afilhado político de Putin, que na véspera teve seu nome aprovado pelo Parlamento para assumir o cargo de primeiro-ministro. Na prática, houve uma troca de lugar com Putin, que passou os últimos anos como premiê, depois de cumprir dois mandatos presidenciais (2000-2008).
Esse continuísmo irritou muitos russos, que se sentem alijados do processo político. Mais de 400 pessoas foram detidas após um protesto no domingo, inclusive os líderes de oposição Sergei Udaltsov e Alexei Navalny, que continuavam detidos na quarta-feira.
Udaltsov informou, por intermédio de um advogado, que iniciou uma greve de fome na prisão.  

TIMOTHY HERITAGE E ALISSA DE CARBONNEL - REUTERS
*MilitânciaViva

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