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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
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terça-feira, agosto 03, 2010











Serra escala ex-genro de FHC para defender privatização do pré-sal



David Zylbersztajn (ex-genro de FHC, nomeado presidente da Agencia Nacional do Petróleo, pelo sogro, na época), representa o candidato José Serra (PSDB) em suas propostas na área de energia, e já faz campanha pela privatização do pré-sal.

O assessor de Serra, fez hoje duras críticas ao "fortalecimento do Estado" no setor energético durante o governo Lula.

Um dos articuladores da privatização da "PetrobraX" no governo FHC, ele mostrou preocupação com as "posturas estatizantes" na área de petróleo, criticando a criação da Petrosal e o regime de partilha.

O demo-tucano recorre aos mesmos argumentos dos lobistas estrangeiros interessados em meter a mão na riqueza do pré-sal, e diz: "A criação da estatal do pré-sal é uma das maiores barbaridades já vistas no mundo".

Zylbersztajn é dublê de assessor de Serra e consultor de empresas privadas de petróleo.
dosamigosdopresidentelula



Quase vice de Serra se diz arrependido por não pedir o impeachment de Lula

O senador Alvaro Dias (PSDB/PR), elevou às alturas o anti-lulismo que reina entre os demo-tucanos, agrupados na campanha de José Serra.

Subiu a tribuna do Senado, na segunda-feira (2) para dizer que o Senado "pecou" ao deixar de abrir um processo de impeachment contra o presidente Lula em 2005.

O objetivo do demo-tucano foi dar uma resposta ao discurso do presidente Lula, no sábado durante comício em Curitiba, Paraná, quando o presidente disse: "peço a Deus que essa companheira não tenha o Senado que eu tive, um Senado que ofenda o governo, como eu fui ofendido".

Mas o demo-tucano acabou dando um tiro no pé na campanha, ao detonar a tentativa de Serra de dissimular seu oposicionismo anti-Lula.

Alvaro Dias chegou a ser indicado vice de José Serra (PSDB/SP), por suas posições anti-lulistas, mas foi vetado pelo DEMos.


Brizolaço

FIQUE POR DENTRO!

Postado por Brizolaço em 03/08/2010

Serra fala sobre pré-sal por meio de assessor: Entregar!

O consultor de José Serra em suas propostas na área de energia, David Zylbersztajn, revelou hoje como o candidato tucano vê o pré-sal e o papel da União no gerenciamento dessa imensa riqueza. Segundo matéria do Estadão, ele atacou sem meias palavras o fortalecimento do Estado no setor energético durante o governo Lula, em especial na área do petróleo.

Ex-genro de Fernando Henrique Cardoso, Zylbersztajn recebeu o comando da Agência Nacional do Petróleo durante o governo tucano para tocar a licitação de áreas de exploração e produção na costa brasileira, depois da quebra do monopólio da Petrobras. Sempre foi defensor ferrenho do modelo de concessão, que entregava o petróleo brasileiro às multinacionais.

Em palestra no Energy Summit, evento que orienta os investidores a atuar no mercado brasileiro de energia, Zylbersztajn disse que o Brasil está “saltando de um clube a outro” ao assumir maior controle sobre o petróleo e classificou a criação da Pré-Sal Petróleo, estatal que assegura a hegemonia pública sobre a nova província petroleira, de “uma das maiores barbaridades já vistas no mundo.”

Barbaridade só se for para as empresas privadas a quem Zylbersztajn passou a prestar consultoria depois que deixou a agência pública, mandando às favas os pruridos de quem lidou com informações privilegiadas do setor. Para o Brasil é a segurança de gerir a imensa riqueza do pré-sal, garantir que ela atenda aos interesses do povo brasileiro e controlar sua exploração de forma racional.

A revolta do assessor de Serra na área de energia é perfeitamente compreensível. A criação da empresa do pré-sal e o novo marco regulatório que garante à Petrobras o papel de operadora exclusiva das gigantescas jazidas enterra qualquer pretensão privatizante tucana. Durante os anos de Zylbersztajn à frente da ANP, no governo integrado por José Serra, o petróleo deixara de ser nosso para ser explorado por dezenas de empresas que invadiram o país com a quebra do monopólio da Petrobras. Para o pré-sal, era esse o modelo com que os tucanos sonhavam, mas o governo Lula garantiu no Congresso Nacional que a regra do jogo mudasse.

É essa a mudança de clube que o consultor de Serra trata de forma tendenciosa em seus argumentos. Ao se referir à troca do regime de concessão para o de partilha, ele disse que o Brasil sai de um clube integrado por Noruega, Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, para outro onde estão Iraque, Arábia Saudita, Nigéria e Líbia, mas ao criticar a estatal do pré-sal não menciona que ela se inspira justamente no bem sucedido modelo norueguês.

E ao tentar contrapor de forma preconceituosa países europeus e norte-americanos aos países árabes, o representante de Serra não menciona o fato de que dos 24 países com as maiores reservas de petróleo do mundo, dois terços operam sob o regime de partilha ou de prestação de serviço.

Zylbersztajn expôs muito mais do pensamento de Serra, como a defesa de um papel menor do Estado na economia, a acusação de aparelhamento do Estado, que Serra chamou de “República Sindicalista”, retomando o palavreado da direita na derrubada de Jango, e as acusações genéricas de corrupção de quem só vê o mal nos outros.

Ao fim do evento, não respondeu aos jornalistas de que forma um suposto governo tucano lidaria com o novo modelo de partilha, aprovado pelo Congresso. Mas nem era preciso. A resposta já estava contida em sua palestra e nos oito anos do governo que integrou, com papel relevante na entrega de nossas riquezas.

doBrizolaço


Pai, o que é dossiê?




(Marina Mantega, a nova vilã da mídia).

A Folha deu destaque no fim de semana, e o gro de hoje estampou manchete:


De todos os dossiês ridículos que a mídia tenta jogar no colo do PT, esse é a obra máxima. Uma cartinha anônima virou DOSSIÊ PETISTA. No terrível dossiê, que ESQUENTOU A CAMPANHA, acusa-se Marina Mantega, filha do ministro da Fazenda, de perguntar ao diretor da Previ sobre as dívidas da empresa do namorado. Detalhe, não se acusa o interlocutor de sequer ter prestado atenção à pergunta da moça. Tudo teria ficado numa pergunta, alçada agora à condição de TRÁFICO DE INFLUÊNCIA.

O presidente do PSDB, Sergio Guerra, não tem medo de partilhar dessa estratégia risível e pisa bem fundo na lama:

O presidente nacional do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE), teme que uma onda de dossiês contamine ainda mais a disputa eleitoral. Para o tucano, os petistas têm verdadeira obsessão e compulsão por dossiês.

- Eles são viciados em dossiês, é uma questão obsessiva e compulsiva do PT e do governo. Os petistas são cheios de hábitos estranhos - disse Guerra, que também é coordenador da campanha presidencial de José Serra (PSDB).

Vamos tentar usar um pouco a razão. Em primeiro lugar, o suposto dossiê levantado pela Folha (eu vi a edição, o assunto ocupa a capa e várias páginas inteiras) não é, tecnicamente falando, um dossiê. É uma cartinha anônima apócrifa.

Se formos converter qualquer cartinha anônima apócrifa num terrível DOSSIÊ PETISTA, então existem milhões de DOSSIÊS PETISTAS rolando por aí.

O patético é que essa história não tem nada a ver com Dilma Rousseff. Afeta-a apenas porque é COISA DO PT, ajudando a fortalecer esse preconceito figadal de setores intelectualmente vulneráveis da classe média contra o partido de Dilma. Mas sequer a atinge diretamente. E nem toca em nada relativo ao PSDB ou DEM. É estranho, portanto, que a reportagem do Globo procure a opinião de Sérgio Guerra, o maior adversário do PT, sobre a história. É claro que ele tentou faturar politicamete, na maior cara de pau. Dizer que "eles são viciados em dossiês, é uma questão obsessiva", é pura baixaria.

A mídia e a oposição inventaram um novo demônio: O DOSSIÊ. Na verdade, não existe nada de intrinsicamente maligno num dossiê. Se um governo pretende preencher um cargo sensível politicamente, nada mais lógico que mandar fazer um dossiê sobre aquela pessoa. Não é proibido fazer dossiê. Mas a mídia satanizou a palavra e agora procura sempre associá-la, em manchetes garrafais, ao PT.

É impressionante, porém, como os tucanos resolveram baixar o nível da campanha. "Os petistas são cheios de hábitos estranhos", afirmou Guerra, ao Globo. Ele trata do dossiê como se fosse uma espécie de crack e os petistas um bando de viciados. Ele usa o termo "viciados".

Segundo o Ibope, o PT tem a preferência de 29% do eleitorado brasileiro, contra apenas 7% do PSDB. Essa tática de satanizar o PT através da mídia não tem surtido efeito. Ao contrário, produziu uma massa crítica fortemente favorável ao PT e fez surgir um petista já vacinado contra essas manipulações toscas.

Acredito que muitos pais, ao escutarem a pergunta: "pai, o que é dossiê?", vão responder com um sorrisinho irônico: "isso é trololó da mídia, filho".

Tags: dossiê, Folha, Marina Mantega, eleições 2010
doóleododiabo

quinta-feira, julho 15, 2010

Industria Brasileira têm preferência para o Trem Bala






Fornecedor nacional terá preferência no trem-bala


Edital prevê que, já na construção, 30% dos trilhos e 15% dos motores sejam feitos no Brasil. Na operação, exigência sobe

http://www.radarsindical.com.br/blogdoneto/wp-content/uploads/2009/10/trem-bala3.jpg

Gustavo Paul –

BRASÍLIA. O governo vai exigir que o concessionário que vai construir e operar o Trem de Alta Velocidade (TAV) que ligará o Rio a São Paulo e Campinas dê preferência aos fornecedores nacionais. O edital de licitação, divulgado ontem, estabelece as diretrizes para incentivar e desenvolver a indústria e o mercado brasileiros. O índice de nacionalização exigido será crescente, sendo que as obras civis e o projeto, desde o início, terão de ser feitos inteiramente no país.

A preocupação se deve ao fato de representantes de sete países terem tecnologia e estarem interessados na licitação de R$ 33,1 bilhões: Canadá, França, Alemanha, Coreia do Sul, Japão, Itália e China.

O material rodante, por exemplo, como freios, motores e rodas, deve ter 15% de produção brasileira nos dois primeiros anos e chegar a 60% até a concessão completar 40 anos. Já 30% dos trilhos e dormentes deverão ser brasileiros no início e esse índice terá que chegar a 90% em 2051.

Se licença ambiental atrasar, empresa terá prazo revisto O edital determina que a concessionária deverá dar aos fornecedores brasileiros as mesmas condições oferecidas aos estrangeiros, tanto na fase de implantação, quanto na de operação e manutenção do TAV. A empresa terá de convidar empresas nacionais, disponibilizar em português as especificações exigidas para compra de bens e serviços e conceder os mesmos prazos. A indústria nacional também não poderá ser discriminada com exigência de competências técnicas adicionais.

Os fornecedores brasileiros terão preferência diante dos estrangeiros, caso as condições de preço, prazo e qualidade sejam iguais. Uma das cláusulas diz que o vencedor tem de “manter-se informado sobre os fornecedores brasileiros aptos a oferecer propostas de fornecimento de bens e serviços, buscando, sempre que necessário, informações atualizadas sobre esse universo de fornecedores”.

Escaldado com os atrasos da Justiça brasileira e a demora na obtenção das licenças ambientais, o governo deixou claro no edital que a concessionária não será responsabilizada por atrasos na concessão de licenças e outras permissões.

O texto diz que, se após o início do prazo para a operação houver atrasos nas desapropriações e na obtenção das licenças ambientais prévias que afetem o cronograma previsto, fica assegurada a restituição do prazo comprometido. O prazo para concluir a obra é de seis anos depois da concessão da licença ambiental.

A obra poderá demorar mais tempo para ficar pronta do que o prazo sugerido pelo diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo.

Caso os prazos estabelecidos no edital sejam seguidos à risca, as obras só devem ter início no final do primeiro semestre de 2012. A previsão da agência é que elas podem começar em dezembro do ano que vem.

Obra só deverá ser liberada em junho de 2012 Se não houver atrasos, a data de assinatura do contrato será em 11 de maio de 2011. A partir daí, a empresa tem 360 dias para elaborar o projeto executivo. Como a agência terá um “prazo razoável” — não especificado — para apreciar o projeto, a obra só deve ser liberada pelo menos em junho de 2012. Para a ANTT, os prazos podem ser reduzidos pelo próprio vencedor, que terá interesse em acelerar as obras.

Além de operar o TAV, o edital determina que a concessionária tenha uma obrigação adicional: implantar, manter e gerir a infraestrutura e redes de banda larga ao longo de ferrovia. Essa obrigação consta do decreto que instituiu o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), assinado em maio passado.

O projeto ainda estabelece os parâmetros socioambientais que devem ser seguidos na obra. Um deles é fazer túneis em alguns locais, como no centro do Rio, entre a estação da Leopoldina (Barão de Mauá) e a entrada do Aeroporto Galeão, para evitar interferências com áreas urbanas.

Também será subterrâneo o trecho entre a saída do Galeão até Rodovia Washington Luiz, para evitar impactos ambientais e interferências aeronáuticas. Em São Paulo, o trem deverá trafegar por túneis nas áreas povoadas de Guarulhos, São Paulo e Caieiras.

Postado por Luis Favre

segunda-feira, julho 05, 2010

Passeio Socrático, Consumismo, Neo Liberal, Planeta.












PASSEIO SOCRÁTICO


Ao viajar pelo Oriente mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.
Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente.
Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?' Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à
tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'. 'Que tanta coisa?', perguntei.. 'Aulas de inglês, de
balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'
Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960,
seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa? Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual.. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi nho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...
A palavra hoje é 'entretenimento'. Domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde
diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose. O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista.
Assim, pode-se viver melhor.. Aliás, para uma boa saúde mental, três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas....
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno...
Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático. Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!".



Não posso deixar de comentar, porque o texto é ótimo.

A história trágica que eu descobri começou com a leitura do livro O Fim do Emprego de Jeremy Rifkin. Como tudo se relaciona, um dia um amigo me deu o livro do André Gorz, também sobre o trabalho, o fim dele, a insatisfação e a prisão que gera nas pessoas. Não à toa, Gorz cita Rifkin no seu livro, mas o soco dele é muito mais forte.

A sociedade inconsciente consumista atual é muito recente, tem pouco mais que cinco décadas e começou com a força produtora que emergiu nos Estados Unidos no período pós-guerra. Produção gigante, demanda inexistente. A produção era desnecessária, a demanda, bom, os estadunidenses daquela época eram muito simplórios, poupadores e religiosos.

O marketing e a psicologia vieram em socorro para mudar essa situação, com o reconhecimento que aquilo que mais agrada as pessoas é a desgraça alheia e o que mais incomoda as pessoas e o sucesso alheio. Para vender, basta colocar o produto ao lado de alguém bem sucedido, sinônimo de felicidade.

A fórmula vale até hoje, mas quando vinha de bicicleta para o banco, fiquei pensando numa carta ao Paul Krugman para criticar sua litania do crescimento, mas é mais ou menos isso: a necessidade de crescer e de demanda eterna vem de alguma fonte. Essa fonte é uma classe produtora, com meios de produção extremamente concentrados, cujos investimentos são feitos em busca de retornos crescentes, com poder suficiente para fazer os governos tomarem as piores decisões da história contra a coletividade (BP no Golfo do México é um horrendo exemplo, mas é uma ponta pequeníssima de um gigante iceberg). Para combater a idéia do crescimento eterno das economias, não adiantou nada dizer há mais de 80 anos que isso é uma impossibilidade ecológica, biológica, planetária e que já provocou a maior extinção da vida dos últimos 65 milhões de anos e, como Stephen Jay Gould alerta, é muita ingenuidade achar que essa extinção jamais irá se voltar contra os causadores.

Os governos promovem tudo que for possível para manter o nível de demanda para satisfazer o retorno desses investimentos: todas as suas políticas, cada vez mais fracassadas, são voltadas para esse único norte. É cruel, porque na verdade objetivo final é produzir uma concentração de riqueza nas mãos de poucas pessoas num patamar inimaginável. Por qual razão, difícil de entender, porque todos morrerão num prazo muito curto e tudo ficará para trás, mas essa sanha de poder é claramente o mote principal das classes reguladoras que dominam a classe política. Nossas vidas são uma fração infinitesimalmente irrelevante da vida coletiva que ignoramos.

A boa notícia é que as classes reguladoras estão em processo de mudança, só não sabemos se na velocidade e direção necessária. Sabemos que a mudança é recente, pequena e ainda bastante desprezível para ter feito alguma diferença. Copenhagen que o diga.

Isso é um bom caminho para começarmos a discutir porque o mundo é tal como ele é: metas de crescimento física e planetariamente impossíveis, justificadas pelo bem estar social que supostamente produz, lado a lado com empregos parcos, embora esse resultado além de maligno, insustentável, temporário, já foi questionado por uma miríade de pessoas e estudos. A realidade é que o crescimento serve apenas como mecanismo de diferenciação social, cristalização das desigualdades dentro e fora das nações, guerras e fim da capacidade da Terra sustentar todas as formas de vida. Se questionarmos a justificativa social do crescimento, abraçada pelos governos todos, podemos quem sabe, começar a entender nosso papel insignificante e vulnerável como seres rastejantes em cima desse planeta que, diga-se de passagem, não possui o menor interesse em nós.

O planeta irá acabar de qualquer jeito e a vida nele também, pode acontecer a qualquer momento que não sabemos, mas o que fizemos aqui, enquanto ele ainda vicejava, terá um significado profundo na vida espiritual de todos. Triste determinar o fim da vida fora de eras geológicas, mas esse será o maior feito da humanidade e, se houver espectadores, não gostaria de ajudar a empunhar esse troféu.

É o que Frei Beto tenta alertar.

Hugo Penteado

sexta-feira, maio 28, 2010

Força




Fica aqui a homenagem a esses heróis da pátria, que iniciaram a saga de conquistas da Amarelinha e colaboraram para que o Brasil seja o maior vencedor do futebol mundial.