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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 28, 2013

UMA MENSAGEM PARA A HUMANIDADE do Charles

*PRY

O fotógrafo que a PM cegou quer justiça

*diariodocentrodomundo

Mauro Donato 28 de agosto de 2013
Sérgio Silva, cujo globo ocular foi destruído por um tiro de bala de borracha, iniciou um movimento para proibir esse tipo de munição em protestos.
Ele
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O 13 de junho foi aquela quinta-feira negra em que a PM paulista brincou de atirar em qualquer coisa que se movesse.
Rosto mais em evidência nos dias que se seguiram, a repórter Giuliana Vallone da Folha de S. Paulo estampou todas as manchetes com seu olho roxo, inchado e sangrando. Mas naquela mesma noite o fotógrafo Sérgio Silva teve um ferimento muito mais grave. Se tivesse sido a imagem dele a circular nas primeiras páginas, a revolta popular poderia ter sido ainda maior. Sérgio teve o globo ocular totalmente destruído por um tiro de bala de borracha. No último dia 25 de julho foi confirmada a impossibilidade de recuperação de sua vista. Sérgio está cego do olho esquerdo. O período foi de grande angústia pois os médicos aguardavam alguma evolução no processo de regeneração antes de uma intervenção mais drástica. Contudo, desde o início mantiveram Sérgio ciente de que as chances eram mínimas.
Freelancer da agência FuturaPress, era sua primeira incursão nas manifestações de junho. Até então, esteve trabalhando em outras pautas. Na avenida Consolação, a imprensa foi atacada cruelmente por balas e bombas. Após um breve momento entrincheirado atrás de uma banca de jornal, Sergio saiu para mais fotos e estava olhando o display da câmera, conferindo seu último click, quando sentiu o impacto e imediatamente uma dor indescritível.
Sem ter sido socorrido por nenhuma viatura (foi amparado por um manifestante e dirigiu-se a pé até o hospital Nove de Julho) também não foi procurado até agora por qualquer agente do estado ou da polícia. “Nem uma ligação sequer. Até agora estão em silêncio. Seria interessante sentir que o estado a quem você se dedica, para quem você contribue e de quem você às vezes depende, tivesse uma preocupação com você, mas sinceramente nem espero isso mais.” O fotógrafo conta sentir uma dor diferente hoje. “Todos os dias, quando me vejo no espelho ao acordar, sinto uma dor enorme pelo que ocorreu”, relata enquanto tira os óculos escuros. O tampão cor da pele é discreto. “Minha aparência visual reflete a violência que sofri.”
Sérgio ainda não entrou com uma ação contra o estado até o momento. “Estou aguardando uma recuperação não só física (em breve precisará submeter-se a outras cirurgias pois ainda tem duas fraturas ósseas na mesma região também em consequência do impacto da bala), mas psicológica para enfrentar essa ação.” Equilibrado, não pretende agir de cabeça quente ou movido pela raiva que diz ainda sentir, mas cujos trejeitos tranquilos não deixam transparecer. Não deseja o olho por olho. Expõe seu raciocínio de forma madura para seus 31 anos. “Tenho duas filhas, não quero que cresçam revoltadas.”
Diante de tamanho autocontrole, penso se a obstrução visual provocaria algum efeito no hemisfério cerebral responsável por seu olho esquerdo (o controle neuronal de cada metade do corpo é invertido ainda que a tese de que os hemisférios cerebrais possuam uma divisão rígida de tarefas seja atualmente questionada). Curiosidade de colega de profissão, pergunto com qual olho ele costumava fotografar. “Com o que sobrou, no entanto não tenho nenhuma condição de retomar a atividade agora e acho muito difícil que volte a fotografar”. Inevitavelmente, busco entusiasmá-lo mencionando Evgene Bavcar, fotógrafo esloveno, cego de ambos os olhos desde os 12 anos de idade, vítima de guerra. Inevitável, porém desnecessário. Sérgio não está precisando de esmolas emocionais.
Atualmente sem atividade remunerada (em adaptação com a visão monocular, até seu caminhar é inseguro), Sérgio não pretende uma indenização pura e simples. Iniciou uma petição pública pelo fim das balas de borracha e bombas de efeito moral em manifestações pacíficas. Inserido no site www.change.org, o abaixo-assinado já conta com aproximadamente 50 mil assinaturas. “Eu não vou parar. A minha luta agora é desarmar essa polícia que se torna mais violenta a cada dia. Minha luta daqui pra frente não será contra o estado apenas para requerer uma indenização e um reparo pelos meus danos físicos e morais. É pelo direito do cidadão de ir para a rua e não ser atingido por armas não letais que, na verdade, matam sim. Cegam. Preocupa-me essa mentira acerca da não letalidade. Minha preocupação é em tirar essas armas das ruas, é proteger a vida das pessoas.”
Mais tarde, naquele mesmo dia em que entrevistei Sérgio, fui vítima de gás lacrimogênio da PM enquanto buscava fotografar outra manifestação. Após a ocorrência, veio-me outra questão levantada por Sérgio: “Quem lucra com essas armas? Quem financia e lucra com a violência?” Sérgio enxerga longe.
*MauroL.

Essa é a polícia. Essa tem sido a realidade.


████████████████ Essa é a polícia. Essa tem sido a realidade.


Tem horas que não é preciso ser advogado.
Não é preciso ser ativista.
Muito menos Advogado Ativista.

Usem o bom senso e digam se houve abuso de autoridade, lesão corporal, violência gratuita, sadismo, covardia...



*Advogados Ativistas

Na sexta-feira (30), diversas capitais do país realizam o Segundo Grande Ato Contra o Monopólio da Mídia

Segundo Grande Ato Contra o Monopólio da Mídia acontece na sexta-feira (30)

Na sexta-feira (30), diversas capitais do país realizam o Segundo Grande Ato Contra o Monopólio da Mídia, cuja mote principal é a reivindicação por mais diversidade, pluralidade e democracia na comunicação. Em São Paulo, a atividade acontece em frente à sede da Rede Globo (Av. Dr. Chucri Zaidan, 46), a partir das 17h. As sedes da emissora - que é símbolo da concentração e do poder exercido pelas grandes empresas do setor - e suas filiais também foram palco de manifestações no dia 11 de julho, quando milhares de cidadãos foram às ruas e entoaram o famoso "O povo não é bobo, fora Rede Globo".
 Além da capital paulista, Rio de Janeiro e Curitiba já anunciaram que promoverão manifestações que integrem o Ato. Além do fim do monopólio da mídia, também estão em pauta a regionalização do conteúdo de radiodifusão; a necessidade de avanços nos sistemsa público e comunitário de comunicação; e a garantia dos direitos à privacidade e à liberdade de expressão na Internet.
Confira o texto que convoca o ato em São Paulo, publicado em evento no Facebook:
"Nos protestos que ocupam as ruas do país desde junho uma frase sempre está presente: 'O povo não é bobo, fora Rede Globo'. A poderosa emissora é o maior símbolo da concentração midiática no país. Em São Paulo, no dia 11 de julho, mais de 2 mil pessoas realizaram uma marcha diante da sede da TV Globo. Com muito criatividade e energia, a marcha pacífica criticou o monopólio e exigiu a democratização dos meios de comunicação. Agora, em 30 de agosto, uma nova manifestação será realizada novamente em frente ao prédio da emissora.
Queremos o fim do monopólio de mídia, respeito a cultura regional com garantias para a regionalização da produção, respeito aos direitos humanos, mais espaço e melhores condições para a comunicação pública e comunitária e a garantia de uma internet livre e de acesso universal.
Para isso pedimos:
1) Fim das licenças de TV e rádio dos políticos foras da lei com a aprovação da ADPF 246 pelo STF http://bit.ly/16Wu19x ;
2) Instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as recentes denúncias sobre sonegação fiscal da Rede Globo;
3) Aprovação da Lei da Mídia Democrática www.paraexpressaraliberdade.org.br ;
4) Votação imediata do Marco Civil da Internet http://marcocivil.com.br/ .

Estas bandeiras, entre outras, são fundamentais para ampliar e radicalizar a democracia no Brasil. Elas são hoje uma exigência de todas as forças políticas e sociais comprometidas com um Brasil mais justo e democrático. Contamos com a presença de todas e todos no grande ato contra o monopólio na mídia."
*barãoitararé

Ricardo Teixeira pede residência em Andorra

Alô, amigo da Globo
foge para Andorra

Mr Teixeira, did you accept the bribe sustentou a Globo Overseas Investments BV.
  • e


Saiu no Estadão:


Ricardo Teixeira pede residência em Andorra



Paraíso fiscal não tem acordo de extradição com o Brasil

O ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, pede sua residência no principado de Andorra. A informação foi divulgada na noite de hoje pela Radio Catalunya, depois que a reportagem do Estado revelou que um terço da renda dos amistosos da seleção brasileira acabava em contas em Andorra e numa conta em nome de Sandro Rosell, amigo de Teixeira e hoje presidente do Barça.

Segundo a rádio, Teixeira já deu entrada na documentação para ser residente de Andorra, o que significa que, a cada ano, terá de passar 150 dias no principado entre a França e Espanha e conhecida por ser um paraíso fiscal.

Para que seja aceito, Teixeira teria de depositar pelo menos 400 mil euros nas contas de um banco do principado. Mas, segundo a radio, ele estaria negociando transladar ao paraíso fiscal cerca de 4,9 milhões de euros.

(…)



Não deixe de ver também o que o então presidente do Corinthians, Andres Sanchez, disse da Globo.

*PHA

O olhar do Mujica e os dentes de FHC

GilsonSampaio
Tucano sempre há de existir, por aí.
O olhar do Mujica e os dentes de FHC são definidores.

vergonha

Militares e policiais israelenses estão prendendo e estuprando crianças palestinas

Será que essa gente não se cansa?


Militares e policiais israelenses estão prendendo e estuprando crianças palestinas

                   Reparem que a criança está urinando nas calças

A denúncia é das ONGs Defesa da Criança Internacional (DCI), e de duas entidades de Direitos Humanos de Israel, a Associação para  os Direitos Civis e  Yesh Din.


As ONGs afirmam que  mais de uma centena de  crianças palestinas sofreram abusos.

Geralmente essas crianças são detidas quando atiram pedras nos tanques e carros de combate israelenses.

Assim que são presas, são encaminhadas e um dos inúmeros porões de tortura Israelense, onde sofrem todo tipo de violência.

A Associação para os Direitos Civis de Israel e a Yesh Din, afirmam que as leis militares jogam um papel principal nos abusos contra os menores palestinos encarcerados.

Ambos grupos enviaram uma carta em junho deste ano ao comandante militar general de brigada Avichai Mendelblit, para que mude a lei que fecha os olhos à brutalidade contra crianças.

Nada mudou.

TSE considera ilegal e suspende propaganda de “Joaquim Barbosa Presidente”

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A corregedora-geral da Justiça Eleitoral, Laurita Vaz, determinou a retirada do ar do site www.joaquimbarbosapresidente.com.br, atendendo a um pedido do Ministério Público Eleitoral, que estava no ar desde outubro passado. Para a corregedora, a página na internet representa prática de propaganda eleitoral antecipada.
A decisão tomada na sexta-feira, mas só hoje foi divulgada, embora a página já esteja fora do ar.
O site foi criado pela Trato Comunicação e Editora,de propriedade do vereador Átila Alexandre Nunes, quinto mandatário da família do deputado Átila Nunes, que se elegeu em 1960, com os votos das comunidades umbandistas. De lá pra cá, o filão religioso elegeu sua mulher, Bambina, seu filho Átila, seu neto Átila também. Quando este morreu, ano passado, o irmão Átila Alexandre, elegeu-se.
Candidato ou não, o que só se saberá em abril do ano que vem, a propaganda é ilegal . “Infere-se, em princípio, da imagem do sítio eletrônico trazida aos autos propaganda eleitoral em favor da candidatura do ministro Joaquim Barbosa, para Presidência nas eleições de 2014″, afirmou Laurita Vaz.
Mas a ministra deu ainda um “cutucada”no Ministério Público, por ter se mantido parado diante da ilegalidade, cometida há quase um ano. “Impressiona ainda alusão na inicial da representação a que o conteúdo irregular do sítio eletrônico está sendo veiculado desde outubro de 2012″, disse a ministra, para frisar o seu estranhamento com a demora do MP.
Por: Fernando Brito
*Tijolaço 

"Mercado das prisões" é o segundo mais rentável dos EUA ; negros são as principais vítimas (clientes?)

Penitenciárias privadas batem recorde de lucro com política do encarceramento em massa. "Mercado das prisões" é o segundo mais rentável dos EUA ; negros são as principais vítimas (clientes?)

Gulag soviético, coisa de amador...

Os yankees sempre se assanharam ao falar dos gulags soviéticos,  sobre campos de trabalho forcado, opressão  em oposição a liberdade cristã ocidental/estadunidense. Alis, por falar em escravidão...


Opera Mundi 
"A nossa companhia foi fundada no princípio que poderíamos, sim, vender prisões. Da mesma forma como se vendem carros, imóveis ou hambúrgueres".  Simples e objetivo, um dos fundadores da CCA (Corrections Corporation of América), responsável pela privatização de dezenas de penitenciárias nos EUA, define sua área de atuação.

Desde a inauguração em 1983, a empresa passou a fazer parte do seleto grupo das multibilionárias dos EUA com um "produto" no mínimo controverso: prender pessoas. A lógica de mercado é simples: quanto mais presos os centros penitenciários abrigam, mais verbas federais são repassadas para a CCA e outras prisões, aumentando gradativamente os lucros. Segundo o instituto Pew Charitable Trusts, o setor registra recordes consecutivos de lucro no decorrer dos últimos anos e é o segundo mais rentável aos investidores do país.




Centenas  são detidos por motivos banais diariamente: sistema abastece lucro das penitenciárias e coloca negros massivamente na prisão
O maior complexo penitenciário da CCA em Lumpkin, Geórgia, por exemplo, recebe 200 dólares por cada preso todos os dias, rendendo um lucro anual de 50 milhões de dólares. Além disso, a empresa potencializa os vencimentos cobrando cinco dólares pelo minuto das ligações telefônicas - provavelmente a taxa por minuto mais cara do planeta. Os presos que trabalham no local - não importa quantas horas - recebem um dólar pelo dia trabalhado.
“Prender pessoas virou um negócio absolutamente lucrativo para iniciativa privada em especial para os lobistas que vão até Washington para garantir que as leis e a legislação do país funcionem para garantir que os pobres continuem sendo enviados ao cárcere”, afirma o cientista político Chris Kirkham ao portal Huffington Post.
Com a implantação da dinâmica de mercado às prisões, a população carcerária dos EUA teve um crescimento de mais de 500% - valor que representa 2,2 milhões de pessoas nas prisões norte-americanas. Os EUA, aliás, abrigam 25% da população carcerária do mundo.
Assim como Kirkman, ativistas sociais e grupos ligados aos Direitos Humanos acusam o governo e a iniciativa privada de promover uma “máquina”, que “gera pobres e marginalizados” para serem enviados à prisão mais tarde. “É um sistema de encarceramento massivo. Ou seja, você precisa promover a pobreza e não oferecer suporte – como educação de qualidade. Então, não resta outro caminho a não ser a criminalidade e, depois, a prisão. É um círculo que ajuda a manter as penitenciárias privadas lucrando”, afirma o ativista norte-americano Michael Snyder.
Os EUA gastaram cerca de 300 bilhões de dólares desde 1980 para expandir o sistema penitenciário. A justificativa oficial de Washington  para a utilização de prisões privadas, reiterada ao longo dos anos, é que compensa pagar uma quantia per capita às penitenciárias por preso a ter que arcar pelos custos de manutenção das prisões.


Situação dramática para negros


Se no contexto geral a política de encarceramento massivo já é crítica para as camadas populares, quando observado apenas entre os negros, o cenário é ainda mais dramático: estão presos 40% dos homens negros entre os 20 e 30 anos que não concluíram o ensino médio. Segundo o instituto de pesquisas sociais Pew Charitable Trusts, homens negros que não tiveram chance de concluir os estudos têm mais chances de serem presos do que conseguirem um trabalho.


Segundo dados oficiais, cerca de metade da população carcerária dos EUA é composta por negros. Em contrapartida, 12% da população norte-americana é composta por afro-americanos. “A pobreza é uma armadilha para a prisão. E quem mais sofre com isso são os negros que são estão em desvantagem na sociedade norte-americana”, afirma o professor da sociologia de Harvard, Bruce Western.

Sem tempo para sonhar: EUA têm mais negros na prisão hoje do que escravos no século XIX


No dia histórico do discurso “eu tenho um sonho”, de Martin Luther King, panorama social é dramático aos afrodescendentes norte-americanos










O presidente norte-americano, Barack Obama, participa nesta quarta-feira (28/08) em Washington de evento comemorativo pelo aniversário de 50 anos do emblemático discurso “Eu tenho um Sonho”, de Martin Luther King Jr. - considerado um marco da igualdade de direitos civis aos afro-americanos. Enquanto isso, entre becos e vielas dos EUA, os negros não vão ter muitos motivos para celebrar ou "sonhar com a esperança", como bradou Luther King em 1963.


De acordo com sociólogos e especialistas em estudos das camadas populares na América do Norte, os índices sociais - que incluem emprego, saúde e educação - entre os afrodescendentes norte-americanos são os piores em 25 anos. Por exemplo, um homem negro que não concluiu os estudos tem mais chances de ir para prisão do que conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Uma criança negra tem hoje menos chances de ser criada pelos seus pais que um filho de escravos no século XIX. E o dado mais assombroso: há mais negros na prisão atualmente do que escravos nos EUA em 1850, de acordo com estudo da socióloga da Universidade de Ohio, Michelle Alexander.


“Negar a cidadania aos negros norte-americanos foi a marca da construção dos EUA. Centenas de anos mais tarde, ainda não temos uma democracia igualitária. Os argumentos e racionalizações que foram pregadas em apoio da exclusão racial e da discriminação em suas várias formas mudaram e evoluíram, mas o resultado se manteve praticamente o mesmo da época da escravidão”, argumenta Alexander em seu livro The New Jim Crow.
No dia em que médicos brasileiros chamaram médicos cubanos de “escravos”, a situação real, comprovada por estudos de institutos como o centro de pesquisas sociais da Universidade de Oxford e o African American Reference Sources, mostra que os EUA têm mais características que lembram uma senzala aos afrodescendentes que qualquer outro país do mundo.
Em entrevista a Opera Mundi, a professora da Universidade de Washington e autora do livro “Invisible Men: Mass Incarceration and the Myth of Black Progress”, Becky Pettit,argumenta que os progressos sociais alcançados pelos negros nas últimas décadas são muito pequenos quando comparados à sociedade norte-americana como um todo. É a “estagnação social” que acaba trazendo as comparações com a época da escravidão.
“Quando Obama assumiu a Presidência, alguns jornalistas falaram em “sociedade pós-racial” com a ascensão do primeiro presidente negro. Veja bem, eles falaram na ocasião do sucesso profissional do presidente como exemplo que existem hoje mais afrodescendentes nas universidades e em melhores condições sociais. No entanto, esqueceram de dizer que a maioria esmagadora da população carcerária dos EUA é negra. Quando se realizam pesquisas sobre o aumento do número de jovens negros em melhores condições de vida se esquece que mais que dobrou o número de presos e mortos diariamente. Esses não entram na conta dos centros de pesquisas governamentais, promovendo o “mito do progresso entre nos negros”, argumenta.

Segundo Becky Pettit, não há desde o começo da década de 1990 aumento no índice de negros que conseguem concluir o ensino médio. Além disso, o padrão de vida também despencou. Além do aumento da pobreza, serviços básicos como alimentação, saúde, gasolina (utilidade considerada fundamental para os norte-americanos) e transportes público estão em preços inacessíveis para muitos negros de baixa renda. Mais de 70% dos moradores de rua são afrodescendentes.


Michelle Alexander, por sua vez, critica o sistema judiciário do país e a truculência que envia em massa às prisões os negros. “Em 2013, vimos o fechamento de centenas de escolas de ensino fundamental em bairros majoritariamente negros. Onde essas crianças vão estudar? É um círculo vicioso que promove a pobreza, distribui leis que criminalizam a pobreza e levam as comunidades de cor para prisão”, critica em entrevista ao jornal LA Progresive.
*cappacete