Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, janeiro 29, 2011

Mais acesso do brasileiro à cultura


A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, afirmou que já entrou em contato com parlamentares da Câmara dos Deputados para pedir mais agilidade na tramitação do projeto de lei que cria o Vale Cultura. A expectativa, segundo ela, é que o benefício seja aprovado ainda neste primeiro semestre.
O PL 5.798/09, que institui o Vale Cultura, prevê o pagamento de um valor mensal de R$ 50 em cartão magnético a trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos. O valor poderá ser usado para a compra de livros, CDs e DVDs, ou para assistir a filmes, peças de teatro e espetáculos de dança.
“Acho que não há nenhum questionamento sobre a importância [do projeto de lei] e de disponibilizar logo para o trabalhador esse direito de ter acesso à cultura”, disse, após participar de entrevista a emissoras de rádio, durante o programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços.
Segundo Ana Hollanda, a cultura ainda é vista como um segmento “meio abstrato”, mas tem uma função muito objetiva de lidar com o cidadão. “Se a gente não trabalhar, a cultura estará perdendo uma grande oportunidade de se inserir no dia a dia do trabalhador.”

Com Agência Brasil

Em encontro com blogueiros potiguares

  Nicolelis fala sobre ciência, democracia, política e jornalismo

O movimento dos Blogueiros Progressistas do Rio Grande do Norte recebeu, na noite desta sexta-feira (28), o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade de Duke (EUA) e co-fundador do Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lilly Safra. O evento, realizado no auditório da Livraria Siciliano (Shopping Midway Mall), serviu como preparação para o 1º Encontro de Blogueiros Progressistas do RN, marcado para os dias 25, 26 e 27 de março.
O tema do bate-papo foi “Redes sociais, participação política e desenvolvimento da ciência”. Nicolelis iniciou dizendo que sua participação no evento demonstrava o poder dessas novas formas de comunicação. “Estou no Twitter há apenas 15 dias, mas já estou aqui para falar sobre redes sociais – mesmo sem saber nada sobre isso”, brincou, arrancando risos da plateia.
Em seguida, disse que o título da palestra poderia ser “Eu juro que eu sou eu”, fazendo referência ao debate travado com uma badalada blogueira potiguar, a quem teve que provar que seu recém-criado perfil no Twitter não era um fake.
Nicolelis aproveitou o episódio como gancho para tratar da questão da identidade no contexto das redes sociais. Ele sustentou que o modelo de mundo que conhecemos, bem como nossa identidade, não passa de uma “simulação” do cérebro. Emendou dizendo que a “cultura do ‘eu’ é uma ilusão”.
“Eu me defrontei com essa ilusão ao tentar provar que eu sou eu. Eu me engajei num debate com uma jornalista que foi uma das coisas mais fascinantes. Comecei a falar das minhas opiniões, primeiro sobre a política do RN, mas não funcionou”.
“Pare pra pensar: nós vivemos num mundo em que qualquer um pode ser eu, qualquer um pode assumir qualquer personalidade. O sucesso das redes sociais, em minha opinião de neurocientista, se deve, primeiro, a uma coisa que vou tratar no livro que será lançado no próximo mês. Daqui a algumas centenas de anos não vamos precisar disso aqui, teclado, celular… Nós vamos pensar e nos comunicar, nos amalgamar numa rede conscientemente sem a necessidade dessas coisas pouco eficientes, como os nossos dedos, os teclados… Nós já estamos observando, mesmo com os limites que temos, já vivemos os primórdios de uma sociedade onde a identidade real não faz diferença nenhuma”, discorreu.
O neurocientista destacou que as redes sociais “conseguiram fazer as identidades, às quais a gente se apegou tanto, desaparecerem”. “Você pode assumir o que você sempre quis ser, mas não podia por medo do preconceito. Nós ainda não conseguimos lidar com o fato que as pessoas são de diferentes matizes. As redes têm essa vantagem de permitir que as pessoas possam assumir [suas ideias] livremente”.
“Não existe isso de imparcialidade”
Após discorrer sobre as redes sociais e a dispersão da identidade, Nicolelis afirmou que a ideia da “imparcialidade”, tanto jornalística quanto científica, não passa de “balela”. “Como neurocientistas, estamos cansados de saber que não existe isso de imparcialidade, como pretendem os jornalistas. Não existe imparcialidade nem jornalística nem científica”.
Para comprovar sua sentença, relembrou a cobertura midiática das eleições presidenciais do ano passado, quando a imprensa tradicional, mesmo se dizendo “imparcial”, se alinhou à candidatura do candidato do PSDB/DEM, o ex-governador de São Paulo José Serra.
“O que aconteceu no Brasil na eleição passada foi a demonstração da falácia de certos meios de imprensa e do partidarismo que invadiu essa opinião dita imparcial. Mas o desmentido só ocorreu nesse lugar capilarizado chamado blogosfera. A guerra da informação foi travada aí. A eleição foi ganha na trincheira da blogosfera, porque os desmentidos eram instantâneos”, comentou.
Nicolelis defendeu que a “teia” – termo que disse preferir usar para se referir às redes sociais – que está se formando no Brasil “é um fenômeno mundial de relevância fundamental”. Para ele, a blogosfera teve um papel de destaque nas eleições de 2010.
“Essa teia já ganhou uma eleição do ponto de vista da informação, já derrotou o exército de uma mídia que tem opinião, mas que exerceu essa opinião sem dizer. Aí é que tá o engodo. A opinião é legítima, mas esconder que tem opinião não é”.
Miguel Nicolelis frisou que outro efeito provocado pelo surgimento dessa teia é o fato de considerar “inevitável a quebra do monopólio do conhecimento, da noticia e do fato”. “Cada um de nós pode ser o propagador de um fato, de uma interpretação do fato”.
Mesmo ressaltando sua condição de neófito, Nicolelis demonstrou entusiasmo com o potencial dessa “teia” desembocar no surgimento de um novo modelo de democracia, em que os indivíduos tenham um novo papel.
“A democracia representativa é muito interessante, mas ela faliu, porque o grande objetivo dos representantes dos indivíduos do planeta é representar a si mesmo. Existe um potencial imenso de uma nova democracia, onde os indivíduos tenham um novo papel, em que possam ser agentes atuantes e definidores da nossa cidadania”.
By: Alisson Almeida
*comtextolivre

Mubarak está pronto para fugir do Egito






 



Israel e Estados Unidos já não sabem mais o que fazer. Querem porque querem participar da escolha do novo dirigente do Egito. Mas está difícil porque a população egípcia está irredutível.
Quer escorraçar o ditador Mubarak o mais rápido possível do poder.
Eles não o perdoam porque abandonou os palestinos.
Todos no Oriente Médio sabem disso menos a mídia ocidental.
O mesmo pode-se dizer da Tunísia, Líbano e agora Jordânia e Iêmen.
E logo, logo Mauritânia e Somália.
Líbia, Argélia e Marrocos já mobilizaram seus aparelhos repressivos para enfrentar suas populações.
Barack Obama sabe disso, mas ele nada pode fazer contra o lobby judaico que domina o parlamento e a mídia dos Estados Unidos.
O inconformismo dos árabes aumentou depois que o presidente Lula reconheceu o Estado Palestino, seguido por inúmeros países latino-americanos.
Já são mais de 100 países reconhecendo plenamente o Estado Palestino com fronteiras de 1967.
E soma-se a isso, mais de 60 Ongs de Israel.
Ron Pundak um dos dirigentes do comitê de coordenação das Ongs israelenses, declarou: "Decidimos reconhecer simbolicamente um Estado nas fronteiras de 1967 junto a Israel, com Jerusalém como capital dos dois Estados, assim como fizeram recentemente vários países da América do Sul".
Imaginem a repercussão dessa declaração entre a população árabe.
Mubarak, que tem o hálito de um faraó recém retirado da tumba, tem tanta certeza que seus dias estão contados, que já despachou seus familiares para fora do país com dezenas de malas abarrotadas de dólares e euros.
E se ele ainda não fugiu é porque Estados Unidos e Israel pediram para que permanecesse mais alguns dias para eles negociarem com seu sucessor.
Por enquanto eles só poderiam negociar com Mohamad Al-Baradei. Mas Baradei dificilmente contará com o apoio da população.
Soma-se a isso o fato de que ele dificilmente confiaria nos Estados Unidos. Afinal, apesar de ser Premio Nobel da Paz, foi literalmente escorraçado da Agencia Internacional de Energia Atômica por George W.Bush porque recusou-se a confirmar a existência de armas de destruição em massa no Iraque.
O que apavora Estados Unidos e Israel é a possibilidade de Os Irmãos Muçulmanos assumirem o poder, o que pode levar diversos outros aliados do Ocidente na região a seguir o exemplo egípcio.
A questão que se coloca é clara: ou se reconhece imediatamente o Estado Palestino, ou de nada adiantarão os conchavos.
E o Iran assiste a tudo de camarote...

sexta-feira, janeiro 28, 2011

A história sionista (The zionist story)


(Israel, 2009, 75 min. - Direção: Berek Joselewicz)
Árabes e judeus viveram em uma grande harmonia em qualquer dos lugares e continentes que estivessem por mais de 1.700 anos. Mas com a criação do sionismo, que buscava unir o povo judeu em um só lugar, as coisas mudaram. Nas palavras de Teodoro Herzl, fundador do sionismo, em 1895, tratando de estabelecer o que seria a política sionista na Palestina, meio século antes de tomá-la, até os dias de hoje: “Vamos tratar de afugentar a miserável população local para fora das fronteiras”.
Através do documentário de Berek Joselewicz, um ex-soldado israelense - arrependido pela sua participação nas ocupações - conheça a truculência do sionismo que aterroriza todo o estado Palestino e boa parte do mundo árabe. (docverdade)
Comentários do diretor: "(...) A História Sionista, tem o objetivo de apresentar não apenas a história do conflito entre Israel e a Palestina, mas também a principal razão para isso: a ideologia sionista, seus objetivos (passado e presente) e sua dureza, não só na sociedade israelense, mas também, cada vez mais, sobre a percepção das questões do Oriente Médio e nas democracias ocidentais.
Esses conceitos já foram demonstrados no excelente documentário Ocupação 101, feito por Abdallah Omeish e Sufyan Omeish, mas meu documentário aborda o assunto sob a perspectiva de um ex-soldado israelense da reserva, e alguém que passou toda a sua vida na sombra do sionismo.
Eu espero que você possa encontrar um momento para assistir a história sionista e, se gostar, por favor, sinta-se livre para compartilhar com os outros. (Tanto como o documentário e as imagens arquivadas utilizados são apenas para fins educacionais, o filme pode ser distribuído livremente).”
*comtextolivre

Occupation 101 - O ABC da Ocupação - A Voz da Maioria Silenciada (2006)












(EUA, 90min. - Direção:Sufyan Omeish e Abdallah Omeish)

Conheça a história mais infame de nosso tempo!


Definitivamente, o premiadíssimo "Ocupação 101 - A Voz da Maioria Silenciada" é o melhor documentário para se entender o conflito entre Israel e a Palestina. Trata-se aqui também, de um dos documentários mais baixados no planeta. Um discurso esclarecedor e corajoso. Com certeza, depois dele você verá o conflito de uma maneira muito mais lúcida.

Roubo de terra, prisões sem julgamento, estupros, assassinatos, humilhações, brutalidade banalizada, covardia e desonestidade. Depois de assistir a esse documentário você poderá se questionar, "POR QUE EU NÃO SABIA DISSO?"

"O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância... é a ilusão do conhecimento"
(Sinopse original do docverdade)

Download via Torrent - Legendas pt-br revisadas por Raphael L.M.

Download via Rapidshare (juntar partes com winrar): 1 - 2 -3 - 4 -5  Legendas para versão rapidshare

Site Oficial
 
*documentáriosdeverdade

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Viviane: negra, baiana e agora cientista de fama mundial


“Não saber as coisas me incomoda”. Esta afirmação sempre norteou a trajetória da baiana Viviane dos Santos Barbosa, 36 anos, que venceu a concorrência com 800 trabalhos científicos em conferência internacional na Finlândia.
Talvez o costume na infância de misturar o sumo de vários tipos de folha, derramar uma lata de óleo numa caixa de sabão em pó e o encantamento pelas experiências do pai com equipamentos eletrônicos já indicavam o caminho que seguiria.“Estava no fundo da plateia, sem esperança, quando chamaram meu nome”, contou.
Confinada de seis a oito horas em um laboratório da Delft University of Technology, na Holanda, Viviane desenvolveu catalisadores (substâncias que aceleram e melhoram o rendimento das reações) a partir da mistura dos metais paladium e platina. “Os catalisadores existentes funcionam em altas temperaturas. Consegui desenvolver produtos que funcionam em temperatura ambiente e reduzem a emissão de gases tóxicos”, relata. O trabalho da mestre em engenharia química é na área da nanotecnologia. Trata-se de um ramo da ciência que consiste na manipulação de átomos e, a partir desse controle, realizar novas ligações entre eles, criando novas substâncias, estruturas e materiais.
“A aplicação é múltipla. Na saúde, com novas drogas, vacinas,melhoria de produtos; na informática, condensando mais informações em menores espaços, dentre outros”, explicou o doutor em ciência e engenharia dos materiais e coordenador do Grupo de Nanotecnologia da Ufba, Márcio Nascimento. O contato com a ciência começou com o pai Florisvaldo Barbosa, morto há cinco anos, que nunca ficava sozinho na manipulação de aparelhos como rádio e televisão. “Ele era muito inteligente, adorava radioamadorismo e encantava os filhos com isso”, contou Nilza dos Santos Barbosa, 59 anos, mãe de Viviane e professora de português. Assim, química foi a opção no Cefet (atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – Ifba) e no vestibular da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O tempo na instituição foi de apenas dois anos, mas o suficiente para Viviane sobressair-se. “Sua inteligência e dedicação são marcantes”, disse Jailson Bittencourt, doutor em ciências em química analítica e inorgânica e coordenador do grupo em que Viviane foi bolsista na Ufba.
Mudança
Em meados da década de 90, por conta da insatisfação com o trabalho administrativo na Petrobras e do casamento com um holandês, Viviane saiu do Brasil. “Pedi demissão e fui. Lá, entrei no curso de holandês e aprendi inglês sozinha”, contou. Ainda pela inquietude nata, resolveu ultrapassar mais um obstáculo e venceu 90 candidatos estrangeiros para quatro vagas na universidade em Delft, passando em primeira colocação. “No início, achavam que eu não conseguiria e colocaram várias dificuldades. Nas aulas, notava que as explicações dos professores eram superficiais, como se eu não pudesse dominar o assunto.Mas encarei tudo isso como um desafio a ser superado”. Assim ela concluiu a graduação e ingressou no mestrado.O exemplo dos pais e a infância difícil serviram de estímulo.Aos 3 anos, Viviane já sabia ler. Um ano depois, no segundo dia de aula na Escola Marquês de Abrantes (Barbalho), foi logo transferida da alfabetização para a 1ª série do ensino fundamental. A fama de aluna exemplar seguiu Viviane por toda a vida escolar.“Sempre fui muito curiosa e queria entender o porquê de tudo”, disse. As notas azuis nos boletins amenizavam outra característica: a personalidade forte. “Ela é danada e sempre a líder da turma. Sempre foi politizada, envolvida com as questões sociais, como o combate ao racismo”, conta a mãe.“
Faz parte contestar. No Cefet e na Ufba, fui do diretório acadêmico, do diretório central dos estudantes, das passeatas contra o aumento da passagem do ônibus”, listou. A mãe da pesquisadora também lembra as travessuras, como o pedaço de madeira que Viviane e os irmãos levavam para a escola em dia chuvoso. “Eles desciam a Ladeira da Água Brusca no meio do aguaceiro derrapando”.
*comtextolivre

Investigação descobre que havia menor brasileira em festas promovidas por Berlusconi



RIO - Os documentos que compõem o processo que investiga o primeiro-ministro da Itália por suposto crime sexual revelam que, além da marroquina Karima el-Mahroug, mais conhecida como Ruby , havia outra menor presente nas festas promovidas por Silvio Berlusconi. Segundo o jornal "El País", a menor foi identificada como a brasileira Iris Berardi, agora com 19 anos, que seria prostituta.
De acordo com a bailarina de dança do ventre Maria Makdoum, que teria estado nas festas, chamadas de "bunga bunga", o homem identificado como "presidente" (que seria Alessandro Nardone, presidente do partido de Beslusconi, Povo da Liberdade), depois de acariciar gêmeas que dançavam para ele, voltou suas atenções para outra convidada. "Então uma brasileira dançava samba de forma 'hard'. O presidente a tocava...", descreveu.
Segundo a promotoria, a brasileira esteve no dia 21 de novembro de 2009 na mansão de Villa Certosa (na Sardenha), quando Berlusconi estaria na Arábia Saudita. Em 13 de dezembro do mesmo ano, ela passou a noite em Arcore (a 20 quilômetros de Milão). Naquele dia, o premier foi agredido no rosto por Massimo Tartaglia, que lançou contra Berlusconi uma estátua do Domo de Milão.
De acordo com as investigações, ao menos seis brasileiras teriam participado do eventos promovidos por Berlusconi. Eles teria participado de um encontro que teve, ainda, a presença de Ruby, em abril de 2010.
Segundo Nadia Macri, identificada como " prostituta de luxo", as mulheres jantaram e, em seguida, desceram a outro andar onde havia uma discoteca. Lá, começaram a dançar, beber e tirar suas roupas. Macri conta que Ruby, à época com 17 anos, estava bêbada e ficou nua. As mulheres seguiram para uma piscina coberta, "onde se uniu a nós o primeiro-ministro, que estava nu".
Nicole Minetti  / Reuters
- Ficamos todos juntos, rindo, brincando e nos tocando", detalhou a prostituta. "Por fim, fomos a um quarto com uma cama de massagens. Berlusconi dizia 'venha a próxima, venha a próxima'. E a cada cinco minutos abríamos a porta e consumávamos o ato sexual. Uma por vez - contou a um programa de TV. ( Leia mais )
Todas as mulheres levadas para as festas eram, segundo a denúncia dos promotores, selecionadas por Nicole Minetti, ex-higienista dental do premier que se tornou conselheira da região de Lombardia, dominada por seus aliados políticos.
*LuisNassif

Liberdade para Cesare Battisti


Lungaretti: Peluso faz lobby para esvaziar poder presidencial
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, é o mais destrambelhado de todos. Depois de enterrar-se até o pescoço neste caso, manchando sua reputação ao produzir o relatório mais tendencioso de toda a história do STF, ele agora vai à imprensa prejulgar o desfecho do caso, antecipar como se comportará em sessão futura e fazer lobby descarado, com a seguinte declaração:
"O que o STF decidiu foi que o senhor presidente da República deveria agir nos termos do tratado. Se o STF determinar que não está nos termos do tratado, vai dizer que ele tem de ser extraditado".
Ocorre que a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, respaldada em parecer tecnicamente incontestável da Advocacia Geral da União, cumpriu todos os requisitos do tratado de extradição entre Brasil e Itália, conforme já reconheceram o ministro Marco Aurélio de Mello e o maior jurista brasileiro vivo, Dalmo de Abreu Dallari.
Para o primeiro, nenhum motivo há para se manter Battisti preso. E o segundo acrescentou que tal prisão ilegal (sequestro, portanto) só se explica pela "vocação arbitrária" de Peluso.
Como responsável pelas relações internacionais do Brasil, Lula tinha o direito de seguir sua convicção íntima, baseada nas informações de que dispõe -- muitas das quais sigilosas e que não podem ser tornadas públicas, sob pena de causar tsunamis diplomáticos.
Exemplo: e se Lula alegasse que um governo cujo serviço secreto tramou o assassinato de Battisti no exterior não é minimamente confiável para garantir sua vida e integridade física?
Isto, sim, causaria um verdadeiro abalo nas relações entre Itália e Brasil. No entanto, é a pura verdade.
Também estaria dizendo a verdade Lula se lembrasse que vários ministros de Berlusconi são neofascistas conhecidos e assumidos, inimigos históricos de Battisti, tendo um deles chegado a manifestar o desejo de ter o escritor em suas garras para o torturar.
Ou se destacasse que a satanização de Battisti mediante calúnias e falácias, levada a cabo incessantemente pelas autoridades italianas, é, em si, obstáculo para a extradição.
Ou, ainda, se mandasse os italianos para aquele lugar, por estarem descaradamente tentando ludibriar o Brasil, já que nosso país só admite extraditar quem cumprirá no país solicitante uma pena de até 30 anos, e inexiste na Itália dispositivo legal que permita rever a condenação de Battisti à prisão perpétua.
Evidentemente, Lula sabia disto, pois jamais ignoraria o alerta de Dallari.
E nossa embaixada na Itália, decerto, deve ter-lhe comunicado a admissão do então ministro Clemente Mastella, noticiada pela imprensa de lá, de que estava só tentando enganar os brasileiros, mas, uma vez de posse de Battisti, o deixaria apodrecer na prisão.
Se um presidente da República se puser a trombetear tudo que sabe, não haverá mais diplomacia, só guerras.
Daí a necessidade de se respeitar sua esfera de competência e de decisão, lembrando que é exatamente para isso que os cidadãos o elegem -- ao contrário dos ministros do STF, que são indicados e não eleitos.
Seria uma temeridade e uma verdadeira heresia o Supremo invadir a esfera de poder presidencial, pretendendo escarafunchar os elementos em que se baseia a convicção de um presidente. Basta que ele a tenha. Qualquer passo além disto se direciona para o abismo.
Peluso, ou não reúne as mínimas condições intelectuais para ocupar a posição que ocupa, ou sabe de tudo isto e está apenas tergiversando, num grotesto jus esperneandi para mudar o resultado de uma partida que já acabou.
Mas, só seu parceiro inseparável Gilmar Mendes o acompanhará nesse caminho que levaria ao desequilíbrio de Poderes e à maior crise institucional desde que o País se redemocratizou.
Os demais ministros, sensatamente, reconhecerão que não lhes cabe entrar no mérito da decisão que Lula tomou, com a anuência deles mesmos e contra a posição dos linchadores, que no final de 2009 já tentaram, em vão, usurpar a prerrogativa presidencial (da mesma forma como haviam usurpado a prerrogativa de um ministro da Justiça, ao revogarem em termos práticos a Lei do Refúgio e jogarem no lixo a jurisprudência consolidada em vários casos semelhantes).
Desta vez a parada é bem mais alta.
O que Peluso e Mendes pretendem é manietar o Poder Executivo, subjugando-o ao Judiciário, o que em si já seria um golpe branco, além de provocar tal turbulência institucional que colocaria o Brasil na antessala de um golpe de estado como o de 1964.
Não passarão.
Celso Lungaretti é jornalista, escritor e ex-preso político.
*comtextolivre