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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 02, 2011

O poder, a morte e o espetáculo

O episódio da morte de Osama Bin Laden, depois de 10 anos anulado como chefe minimamente capaz de qualquer estrutura terrorista, cuja a única preocupação era fugir da intensa perseguição que lhe faziao maior exército e os maiores meios tecnológicos do mundo, tem menos importância na questão do terrorismo do que nos rumos sombrios da ordem internacional vivida hoje pelo mundo.
Não se trata, aqui, de discutir o óbvio, a condenação como crime bárbaro da monstruosa morte de mais de três mil civis no World Trade Center.
A evidência curiosa – e terrível – este episódio é o exercício imperial do poder militar norteamericano de transformar sua vontade em lei e sua capacidade em transformar sua aplicação em espetáculos bélico-midiáticos e…eleitorais.
Em 2003 – ano da véspera de sua reeleição – Bush recuperou o prestígio de sua desastrosa admnistração com a Guerra do Iraque, a partir de março.
Saddam Hussein foi apresentado como um aliado de Bin Laden e um perigo atômico para o mundo. Num discurso so Congresso americano, Bush afirmou:
“Hussein tinha um programa de armas nucleares avançadas, tinha um projeto para uma arma nuclear e estava trabalhando em cinco diferentes métodos de enriquecimento de urânio para uma bomba. O governo britânico descobriu que Saddam Hussein procurou recentemente quantidades significativas de urânio da África. Fontes de inteligência nos dizem que tentou comprar tubos de alumínio de alta resistência apropriado para a produção de armas nucleares. Saddam Hussein não explicou essas atividades, de forma crível. Ele claramente tem muito a esconder.”
O ridículo destas palavras, hoje, é tão evidente que não se pode acreditar que tenham sido a razão de uma invasão avassaladora e de dezenas ou centenas de milhares de mortes.
É igualmente curioso – e terrível – o pronunciamento de ontem de Barack Obama. Teatral do início ao fim – inclusive na saída de costas, caminhando solitário pelo corredor da Casa Branca. O efeito dramático era o objetivo, pouco importando que se fosse anunciar ali a morte de um homem.
De um homem, mas não de uma política belicista. As tropas norte-americanas não estão arrumando suas mochilas para embarcar de volta.
Evidente que foi uma vitória desta política. Mas esta política jamais pode ser vitoriosa, definitivamente, porque violenta o principio da soberania das nações.
O mundo saudou a eleição de Barack Obama como uma esperança do fim da violência e da guerra como formas de resolver os problemas do mundo e as relações entre os países.
O Barack Obama que não pôde desmontar a prisão de Guantánamo com que Bush sujou a imagem de liverdade, lei e democracia que os americanos dizem lhes ser sagradas, conseguiu algo mais complexo: a morte do homem que ridicularizou a capacidade bélica do governo de seu antecessor, cuja afirmação custou muito mais vidas – inclusive de americanos – que o atentado das Torres Gêmeas.
Vamos viver um dia – ou alguns dias – mergulhados num espetáculo mórbido. “Como foi, quantos tiros, o corpo foi jogado ao mar ou não (chega a ser irônico que digam que iso teria sido feito para respeitar a li islâmica), se era ou não era ele”, os festejos semelhantes ao de um jogo de futebol vencido, são os temas que vão estar exaustivamente debatidos sobre o cadáver de Bin Laden.
Mas o essencial nada tem a ver com isso.
O que significou, em 2004, um triunfo para os republicanos de Bush vai significar, provavelmente, também uma vitória eleitoral para os democratas de Obama.
E, em qualquer caso, uma derrota para uma ordem internacional onde não haja mais uma “polícia do mundo” e, em seu lugar, floresçam povos livres. Livres, inclusive, dos ódios que levaram à tragédia do World Trade Center.
*Tijolaço

Sai o genocídio líbio, entra bin Laden

GilsonSampaio



Depois de 10 anos de procura, Obama anuncia a morte de seu homônimo no Paquistão.
Será que alguém ainda acredita que a poderosa CIA levou 10 (dez) anos para localizar Osama bin Laden? Circula versão que Bin Laden já estaria morto desde a semana passada e que o anúncio da morte ficou condicionado ao exame de DNA que só agora ficou pronto.
Com o genocídio do povo líbio em curso e a farsa da ajuda humanitária desmoralizada, nada como um fato novo para desviar a atenção do mundo.


E se Kadafi matasse as filhas do Obama?

Ataque da Otan atinge escola na Líbia e mata diversas crianças com Síndrome de Down

TRÍPOLI (Reuters) - Estilhaços de vidro cobriam o carpete da Sociedade Líbia da Síndrome de Down e a poeira recobria as fotos de crianças sorrindo que adornam o corredor após um ataque da OTAN na madrugada de sábado destruir o local.

Não ficou claro qual foi o alvo do ataque, embora as autoridades líbias afirmem que era o próprio Muammar Gaddafi, que fazia um pronunciamento ao vivo à TV no momento.

"Eles talvez quisessem atingir a televisão. Este prédio não é militar, não governamental", disse Mohammed al-Mahdi, chefe do conselho sociedades civis, que licencia e fiscaliza os grupos civis na Líbia.

O míssil destruiu completamente um escritório adjacente no complexo que abriga a comissão do governo para crianças.

A força da explosão arrancou as janelas e portas da escola financiada por pais para crianças com síndrome de Down, e os funcionários disseram que ela danificou um orfanato no andar de cima.

"Eu me senti realmente triste. Fiquei pensando, o que vamos fazer com essas crianças?", disse Ismail Seddigh, que montou a escola há 17 anos depois que sua filha nasceu com síndrome de Down.
*Brasilmostraatuacara

Obama anuncia morte de Osama oficialmente

O ex-agente americano foi aparentemente morto no Paquistão. Curiosamente não era exatamente em alguma caverna que ele se escondia, mas sim numa mansão.

Bárbaros idiotizados pela mídia comemoram nas ruas, uma desgraça para os republicanos.

Eles que são terroristas que se entendam.
 Esquerdop̶a̶t̶a̶

Charge do Dia

http://i338.photobucket.com/albums/n430/esquerdopata/he_is_dead.gifhttp://3.bp.blogspot.com/-tko0YMiI6Mc/Tb6rDowgYtI/AAAAAAAAJXk/cq_ZGwnKcmc/s1600/bessinha.jpg

domingo, maio 01, 2011

Deleite

Em busca da verdade

Ministro da Justiça diz que Comissão da Verdade deve ser aprovada ainda este ano
A Comissão da Verdade, proposta encaminhada ao Congresso Nacional durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visando a apurar os crimes cometidos no período da ditadura militar (1964-1985), deve ser aprovada ainda este ano.
A expectativa é do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que usou um jargão militar para se referir ao tema: “Em busca da verdade, senta a pua. Há uma sensibilidade hoje dos líderes na Câmara [dos Deputados] em aprovar o projeto [da Comissão da Verdade] e acho que é muito importante que a sociedade brasileira tenha essa comissão, para saber a verdade daquele período triste da nossa história. Vamos aprová-la este ano, em um curto espaço de tempo”, previu.
Senta a pua, a expressão citada pelo ministro, tem suas origens da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). É o grito de guerra do 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira (FAB), que tem o sentido de cumprir a missão, com coragem e bravura.
O ministro participou hoje (30) da 49ª Caravana da Anistia, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, que julga processos de ex-perseguidos políticos e determina reparações financeiras às vítimas.
Cardoso discursou emocionado para os participantes da caravana, que lotaram o histórico auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), palco das primeiras manifestações contrárias ao regime militar e alvo de um atentado à bomba em suas instalações, em 1976, conforme lembrou o presidente da entidade, jornalista Maurício Azedo.
Em nome do Estado brasileiro, o ministro pediu perdão às vítimas da ditadura. “Nós temos que reparar os danos que o Estado brasileiro fez no período da ditadura militar. Isso não implica só em uma indenização, mas também na reparação moral daqueles que foram atingidos. Cabe a mim pedir perdão em nome do Estado brasileiro.”

A Escravidão e a tortura do regime militar. O Brasil como pária





O Brasil e suas duas caras
“… Depois que a Inglaterra tomou em Viena d’Áustria uma atitude decisiva contra o tráfico de escravos e forçou Portugal a assinar o Tratado de 15 de Janeiro de 1815, era consequente que se regulasse nao só aquele trafico proibido, como ainda a sorte dos africanos transportados por esse comércio ilícito.

Só em 1831 – dezesseis anos depois !!!  – o Império de D Pedro II, hoje promovido pela literatura historialista a Pai da Pátria, baixou Lei para que os traficantes fossem punidos e re-exportassem os africanos ilegalmente trazidos.

E que tudo fosse feito “com a maior brevidade possível”.

A re-exportação e a punição não ocorreram.

” … o governo lesava o direito do ofendido, relevava o ofensor, isto é, o traficante da satisfação ao dano causado e …  fomentava o horrível comércio da escravatura.”

“Não há dias mais deploráveis (na nossa história social) do que aqueles em que se faltou à palavra prometida e se infringiu o tratado.”

De Tavares Bastos, “Cartas do Solitário”, volume 115 da Brasiliana, Cia. Editora Nacional, 4a. Edição, capítulos IX e X, escritos em 1861/2 .

Navalha
Como se sabe, o tráfico prosperou.
Nenhum traficante foi punido.
E a Abolição se deu (incompleta, segundo Nabuco e completa segundo Kamel) em 1888.
D Pedro II, portanto, fez do Brasil o último a abolir a Escravidão.
Viva o Brasil !
Porém, como se vê na obra “solitária ” do liberal alagoano Tavares Bastos, o Brasil, colônia de Portugal em 1815, teve que se submeter – formalmente – a um tratado assinado por Portugal.
Mesmo um regime que se sustentava na senzala e no açoite se cobria de um verniz liberal e copiava ora a França, ora a Inglaterra.
O país não prestava, mas o Imperador era formidável !
Agora, o Brasil dos BRICS, essa potência econômica, a sétima ou quinta do mundo, que se orgulha de ser uma Democracia, pois o Brasil faz da tortura do regime militar o que fazia com o pelourinho.
O Brasil republicano tem as mesmas duas caras – lembra o emérito professor Fábio Comparato – que exibia no Império
É uma Democracia, situa os Direitos Humanos no centro de sua política externa, e desrespeita os tratados que assina, como desrespeitou o que Portugal assinou com a Inglaterra.
Por livre e espontânea vontade , o governo soberano do Brasil assinou um tratado que o submete às decisões da Corte de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, a OEA.
A OEA condenou a Lei da Anistia do Brasil, aquela que anistiou os torturadores do regime militar.
Aqueles que dispensavam aos presos políticos tratamento mais vil que os liberais do Império dispensavam aos negros de suas fazendas de café.
Nenhum traficante de escravo foi punido.
Nenhum torturador será.
Nem mesmo aqueles que cometeram, ordenaram e encobriram atos terroristas como o do Riocentro.
Clique aqui e aqui para ter uma ideia das revelações de Chico Otávio no Globo.
E aqui para ver a denúncia do deputado Paulo Ramos, que revela os mandantes do Riocentro, aqueles que a Globo acoberta até hoje.
A tortura no Brasil será perdoada como o Tráfico e a Escravidão.
O Brasil só cumpre os tratados internacionais que lhe interessam – como recorrer à OMC para retirar subsídios americanos ao algodão.
Mas, no capítulo dos Direitos Humanos, como decidiu nossa Suprema Corte de Justica, somos uma nação fora da Lei.
Uma espécie de pária.
Mais próximo da Líbia de Kadafi do que da Franca ou da Inglaterra.





Em tempo: essas inúteis reflexões se devem a Alfredo Bosi, que, em “Ideologia e Contra-Ideologia”, recomenda ler Tavares Bastos, um notável percursor de Nabuco.

E a meu dileto amigo de batalhas perdidas, Luiz Felipe de Alencastro, autor do clássico “Trato de Viventes”, que, num certo restaurante do Quartier Latin (“um dos últimos restaurantes franceses de Paris”, segundo ele) chamou a atenção para esse nexo entre o acordo para a cessação do trafico de viventes e o desrespeito à OEA. Nem na infração a Suprema Corte foi original !


Paulo Henrique Amorim

O abençoado assustador

A Igreja cria, por um artifício de marketing santeiro, um ícone para representá-la na sua opção preferencial pelos ricos. O papa Woitila, o mais novo beato em trânsito para a santificação, é o estandarte-conceito da direção terrena da Igreja romana. Rumo acelerado à defesa do atraso e do regressismo. O beato Woitila é uma tentativa de paralisação do processo de decadência da evangelização urbi et orbi, representa uma guinada à direita, uma aposta no obscurantismo, e na manutenção do mandonismo dos mais ricos sobre os pobres - pela eternidade.
Cristo – ou a sua representação religioso-cultural – deve estar ofendido nesta hora.
*Diário Gauche

Ser de Esquerda

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
Blog do Turquinho