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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 29, 2012

15,3 milhões de brasileiros declaram que não têm religião


 


No censo de 2010, 15,3 milhões de brasileiros declararam não ter religião — o que corresponde a 8% da população daquele ano. Desse total, 615,1 mil afirmaram que são ateus e 124,4 mil agnósticos. As informações foram divulgadas hoje pelo IBGE.
No período de 50 anos, o número dos sem religião teve um crescimento expressivo, porque era de apenas 0,6% da população.
Esse grupo é o terceiro maior no quesito religiosidade (ou falta dela). O maior é o dos católicos, que correspondem a 64,6% da população, e o segundo, os evangélicos (22,2%).
*DiarioAteista

NA SOCIEDADE CONSTRUÍDA SOB A ÉGIDE DA VIOLÊNCIA E DA INTOLERÂNCIA, O AMOR E O AFETO DE DOIS IRMÃOS PRECISAM SER ESPANCADOS

 

 


Policiais no complexo do Alemão é a forma como o dinheiro público chega às camadas mais pobres
Numa noite, pai e um filho foram agredidos porque estavam abraçados; em outra, dois irmãos foram espancados, sendo um morto, por estarem também abraçados.
Nos dois casos, eles foram confundidos com homossexuais. Isso não são fatos isolados e nem fruto exclusivo da ignorância dos agressores, que pensaram erroneamente que se tratavam de relações homossexuais.
As agressões são os resultados históricos da sociedade sob o mando da intolerância e da violência para a manutenção da desigualdade. Afinal, que sociedade é essa em que o afeto e o carinho são transformados em ofensa e o amor se torna insuportável?
Quando nos deparamos com tamanha barbaridade, ficamos a pensar como as pessoas não percebem que está tudo errado na sociedade? Como as pessoas não percebem que construímos uma sociedade de ponta cabeça? Como não percebem que outra sociedade é possível?
Ficamos a pensar como as pessoas se convencem de que as coisas são assim mesmo? Como elas se convencem de que não há nada a fazer? O que faz com que as pessoas pensem que não há solução? Como não lhes parece tão evidente que certos grupos sociais se beneficiam da sociedade da violência? Como não lhes parece evidente que os que dificultam avanços são os responsáveis pela situação?
A sociedade da violência é uma sociedade animalizada, onde a razão presente no ser humano está a serviço da violência. A primeira violência é a manutenção da desigualdade social, levando pessoas a viverem em condições sub-humanas, diante de uma estrutura de opulência. As violências continuam com um sistema de saúde péssimo diante de uma sociedade perdulária e luxuosa. A violência persegue numa educação ruim, sem investimento, sem afeto, uma educação instrumental e imbecilizada pela objetividade do sucesso profissional. A violência continua na manutenção e sustentação da desigualdade por empresas de mídia que se beneficiam da associação com políticos conservadores e mantenedores dessa desigualdade.
A sociedade brasileira foi construída sob a égide da violência. A violência é legitimada em todos os sentidos, nas delegacias, na justiça, na legislação, na mídia. Isso fica explícito quando os crimes contra a vida são muito menos esclarecidos do que os crimes contra o patrimônio, quando não se investe em educação e saúde ou quando não se pune os drogados pelo dinheiro.
A sociedade é violenta porque a violência é a única maneira de se sustentar a desigualdade social, econômica e cultural. É por isso que as pessoas não se indignam, porque sabem que podem sofrer com isso, serem agredidas, violentadas. O que foi a ditadura militar brasileira, tão festejada pelos meios de comunicação na época? Nada mais do que uma forma violenta de impedir que a desigualdade fosse diminuída e isso prejudicasse o interesse de setores da sociedade, setores que precisam da violência como padrão social de sustentação de privilégios.
É dito popular afirmar que agredir fisicamente outra pessoa é “partir para a ignorância”. Da mesma forma, o político que prioriza a ação policial é o político que prefere partir para a ignorância. É fácil notar quando o político é um ignorante e representante da violência para manter a desigualdade. O foco é sempre a necessidade de mais policiamento, de mais investimento em segurança pública, de mais armas para a polícia, é preciso pulso firme, etc etc etc…  Quando menos investe em educação, saúde e combate a desigualdade econômica e social, mais ignorante é o político. Ou seja, é um reprodutor da violência.
A violência contra o amor, o afeto e o carinho é uma construção social que, para alguns setores privilegiados da sociedade, vale a pena manter.
*Educação Política:

A Sinfônica de Teresina e João Cláudio Moreno


Orquestra Sinfônica de Teresina e João João Cláudio Moreno, fazendo as músicas do Gonzagão, de forma Sinfônica.
A Orquestra Sinfônica de Teresina e João Cláudio Moreno apresentam um espetáculo com músicas de Luis Gonzaga na forma Sinfônica. Trechos do espetáculo. João Cláudio é um estudioso da obra e vida de Gonzagão há décadas, além de cantar com a voz do Rei do Baião.


*Nassif

"ABUSOS CONTRA OS POBRES": A CRIMINALIZAÇÃO DAS LUTAS PELO JUDICIÁRIO

 Artigo de Plinio de Arruda Sampaio sobre a criminalização do MTST em Embu das Artes (SP), publicado em 27/6/2012 no jornal Folha de São Paulo.
  
Do MTST
Refletindo a condição de classe da maioria dos integrantes da magistratura, os mandados de despejo contra famílias sem-teto que ocupam áreas ociosas, a fim de conseguir um lugar para viver, são invariavelmente decididos a favor dos proprietários.
Não têm esses juízes a menor consideração com o direito dos ocupantes, que é garantido pela Constituição Federal.

Não se preocupam minimamente em saber se os requerentes possuem títulos que comprovem a propriedade do imóvel ocupado. Menos ainda se preocupam com o destino das famílias despejadas, que, não tendo para onde ir, ocupam outro imóvel ou acampam na beira das estradas. Uma vergonha nacional.

Pessoas de consciência estão lançando uma campanha de assinaturas para embasar um projeto de lei de iniciativa popular que exija dos juízes a comprovação de que os despejados têm lugar para ficar e de que o Executivo colocou meio de transporte adequado para que a ele se dirijam. É possível saber mais no sitewww.correiocidadania.com.br.

É raro, contudo, juiz que, excedendo-se no desejo de agradar os proprietários, chegue ao cumulo de processar os organizadores das ocupações. Mas esse é o caso de uma juíza de Embu das Artes.
Ela condenou um dos organizadores da ocupação, Guilherme Boulos, a pagar multa de R$ 50 mil por dia de descumprimento da ordem de despejo. Foi ainda além: determinou à autoridade policial a abertura de procedimento criminal contra o referido senhor pelo crime de ameaça à sua integridade física.

Não houve, contudo, qualquer palavra dita por Guilherme Boulos ou outro dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, em publico ou em particular, que contivesse qualquer ameaça à magistrada. Menos ainda qualquer gesto ameaçador, até porque em nenhum momento eles se avistaram.
Isso não impediu que a magistrada fosse à imprensa, colocando-se como ameaçada, supostamente por cumprir seu dever.

Pretendeu, com isso, confundir a opinião pública, ao associar o movimento social a atos criminosos contra autoridades judiciais, tal como ocorreu no ano passado, com o assassinato da juíza Patrícia Acioli, no Rio de Janeiro. Não cabe qualquer paralelo entre os casos.

Há uma possível explicação para a sentença absurda, que define o movimento social como "criminoso" e "guerrilheiro": a requerente da ação de despejo em questão é irmã de uma escrevente na vara da magistrada.
A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) representou contra a magistrada junto à Corregedoria da Justiça por abuso de autoridade e demora em se posicionar nesse caso.

Aliás, a CDHU e a prefeitura municipal defendem a implementação de programa habitacional na referida área, para o atendimento das famílias sem-teto da região.
Comportamentos abusivos precisam ser punidos pelo Conselho Superior da Magistratura. Fica aqui a denúncia. Esperemos pela resposta.

PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO, 81, advogado, foi deputado federal pelo PT-SP (1985-1991), consultor da FAO (Organização da ONU para a Agricultura e a Alimentação) e candidato a presidente pelo PSOL.

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ENQUANTO ISSO NO URUGUAI A MACONHA ENTRA EM PAUTA

O presidente José "Pepe" Mujica

Na semana em que o Paraguai acabaria por sucumbir ao seu lado mais obscurantista, o governo do Uruguai, liderado pelo presidente José “Pepe” Mujica, anunciava um plano para legalização da venda e consumo de maconha. O projeto faz parte da política de segurança de Mujica para a diminuição do narcotráfico e da criminalidade urbana.
Marijuana saleswoman Marissa Dodd (R) bags up a marijuana sale at the Dr. Reefer marijuana dispensary April 20, 2010 across from the University of Colorado in Boulder, Colorado.   Dr. Reefer is one of several legal marijuana dispensaries in Boulder, and sell their different varieties of marijuana to anyone possessing a medical marijuana card issued by the state.  Colorado, one of 14 states to allow use of medical marijuana, has experienced an explosion in marijuana dispensaries, trade shows and related businesses in the last year as marijuana use becomes more mainstream here.
Enquanto outros países da América do Sul, mesmo com governos progressistas, ficam reféns do discurso conservador, o Uruguai dá mais um passo no sentido de ampliar as liberdades civis. “Existem propostas semelhantes na Europa e alguém tem que começar na América do Sul. 
 A marijuana user smokes an oversized joint during a 420 Day celebration on "Hippie Hill" in Golden Gate Park April 20, 2010 in San Francisco, California. April 20th has become a de facto holiday for marijuana advocates, with large gatherings and 'smoke outs' in many parts of the United States. Voters in California will consider a measure on the November general election ballot that could make the State the first in the nation to legalize the growing of a limited amount of marijuana for private use.
Alguém tem que ser o primeiro, porque nós estamos perdendo a batalha contra as drogas e a criminalidade no continente”, disse Mujica.

A lei propõe a criação de um registro de consumidores que teriam acesso a 40 cigarros de maconha por mês. O comércio da droga, segundo o texto, será regulado pelo governo, responsável também pela verificação da qualidade do produto. “A maconha tem que ser industrializada, legalizada e vendida com as devidas advertências”, defendeu Victor Semproni do Movimento de Participação Popular, partido da coalizão do governo.
A man smokes a joint at a pro-marijuana "4/20" celebration in front of the state capitol building April 20, 2010 in Denver, Colorado. April 20th has become a de facto holiday for marijuana advocates, with large gatherings and 'smoke outs' in many parts of the United States. Colorado, one of 14 states to allow use of medical marijuana, has experienced an explosion in marijuana dispensaries, trade shows and related businesses in the last year as marijuana use has become more mainstream.

Historicamente, o Uruguai se caracterizou, desde o início do século XX, por estar na vanguarda da América Latina.

José Battle y Ordoñez
A ousadia de Mujica insere-se na tradição libertária do Uruguai desde o mais famoso presidente do país, José Battle y Ordoñez. No início do século XX, Battle implementou várias reformas políticas e econômicas que fizeram do Uruguai uma espécie de Suíça latino-americana. Além do voto feminino e da lei do divórcio, foram introduzidas a jornada de oito horas e o welfare state (Estado do Bem-Estar Social) antes até dos escandinavos.
Com a volta da democracia, aderiu à vida partidária. Depois de ter sido deputado, senador e ministro da AgricultuMujica, de 78 anos, foi um dos principais líderes da guerrilha de esquerda Tupamaros nos anos 1970. Durante a ditadura militar (1973-85), ele foi preso e torturado. ra, foi eleito presidente pela coalizão esquerdista Frente Ampla.

Mujica mora em uma espartana chácara na periferia de Montevidéu onde cultiva flores e hortaliças que vende aos mercados da capital. Ele se desloca em um Fusca 1982.

Mary Del Priore apresenta seu livro "Histórias Íntimas" - Bloco 1 - Parte 1


*EgrégoraeCarrancas

Parodiando Serra, Kassab quer criar os Estados Unidos de São Paulo

 

Com a medida ridícula, higienista, esdrúxula de acabar com os sopões distribuídos gratuitamente aos moradores de rua, Kassab segue o caminho de seu mestre e guru, José Serra, que, numa entrevista ao programa do Boris, Gari, Casoy, afirmou que o  Brasil é Estados Unidos do Brasil, e não o certo, que é República Federativa do Brasil.

Igualzinho aos Estados Unidos da América, onde aprovaram lei que proíbe alimentar sem-teto nas ruas:


Se ele é sem-teto e não pode receber comida na rua, vai receber onde? - pergunta-se você que me lê.

Pois é, não come. A menos que você o leve para sua casa, sua igreja, seu comércio. Ou então, pague uma multa de 150 dólares.

Filadélfia e Houston são duas das cidades que aprovaram essa lei. Segundo o prefeito da Filadélfia, Michael Nutter, dar de comer a quem tem fome nas ruas "viola as condições sanitárias".

Mas os opositores dizem que a verdade é outra: prefeitos querem expulsar dos centros e das ruas os homeless, atingidos em cheio pela crise que assola os EUA, pelo menos desde 2008.

Pero los activistas están convencidos de que la verdadera causa del Gobierno de Filadelfia es limpiar la zona turística de los 'poco estéticos' sin hogar.


"Poco estéticos", ou seja, essa "gente diferenciada", os não-WASP, não-Higienópolis que teimam em comer e marcar presença nas ruas e lembrar da crise que lhes jogou ali.

Reportagem completa aqui.
*BlogdoMello