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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 02, 2013

"Odeio o PT e Estou Começando a te Odiar Também"


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"Bom dia querido Bemvindo, sou teu fã a décadas porém de tempos pra cá estou gostando menos de ti, não pelo seu trabalho na TV e sim pelo seu envolvimento politico nas redes sociais. Eu odeio o PT e estou começando a te odiar tambem, espero que você mude um pouco suas atitudes. Abraços"

Recebi este comentário de um leitor no meu blog Portal R7. Para evitar exposição que possa a vir ser constrangedora não cito o nome do leitor. Mas é um bom gancho para uma boa conversa.
"Estimado: talvez você não conheça a minha história: Ganhei consciencia política aos 16 anos. Entrei então para o Partido comunista em 1963. Aos 17 anos estava combatendo a Ditadura Militar pelo estupro da Costituição democrática que as Forças Armadas juraram defender. Aos 22 estava na luta armada contra o Regime de exceção.
Aos 25, derrotados que fomos na luta armada retornei ao Partido Comunista de onde saí muito depois, quando dirigente Municipal e Estadual do Rio de Janeiro vi o PPS (sucedâneo do PC) transformar-se em valhacouto de oportunistas e perdedores.
Durante a Ditadura fui preso 5 vezes.
Este ano completo 50 anos de luta política, sempre ao lado do que, por lembrança oportuna, João XXIII chamava de "O Povo de Deus", os excluídos, os perseguidos.
Por esta luta sacrifiquei minha carreira no show business, ao tempo que tenho orgulho por ser um dos que ajudaram a fazer a Lei que regulamentou a nossa profissão e por ter o registro profissional nº 01, das Fls. 01 do Livro 01 da DRT. Gosto de perceber que sou muito querido e respeitado pela minha categoria.
De saber que os jovens atores muito me honram todos os dias pelos ensinamentos que lhes trago.
Então estimado, fica difícil neste momento, aos 65 anos, deixar toda esta história de vida para corresponder á sua expectativa. Talvez, segundo os espíritas, quem sabe...numa outra encarnação...
Além do mais nenhum de nós nasceu para corresponder á expectativa do outro. Somos diversos e devemos viver respeitando a diversidade.
Também não creio que artistas que não se metem em política não tenham posição política. Tem sim. Ao ficarem quietinhos estão na verdade defendendo seus interesses , e quando não estiver bom para eles estarão na linha de frente das batalhas políticas também.
Por enquanto, a maioria fica em cima do muro, só que como diz um sábio, o muro já tem dono.
Mas peço-lhe: não odeie. Embora o ódio seja o amor não amamentado, não odeie.
Busco amar. E quando não consigo, busco perdoar, mais por compreensão que por bondade.
Relembro que perdoar não é desculpar. Desculpar é isentar de culpa quem merece ser punido. Como aqueles servidores públicos que torturaram e mataram durante a Ditadura e que pela Lei dos homens ainda não foram punidos.
E toda a política que faço procuro fazer sempre com muita Alegria, pois esta é Dom benfazejo.
O ódio é compreensível expressão infantil, mas que nas mãos de adultos gera a Morte.
Hitler odiou os judeus; por ódio Ghandi foi morto a tiros; o mesmo se deu com John Lennon;o Oriente Médio explode em ódios e mortes;por ódio a Al Qaeda mata civis inocentes; o ódio religioso nega a Deus; o ódio assassina homossexuais; não odeie , faça uma revisão e veja se consegue afastar este sentimento de seu coração.
Não se deixe levar pela paixão que cega; não deixe seu coração mandar na sua cabeça. Use da razão, busque o amor na sua mente, pois o coração é enganoso tanto para amar quanto para odiar.
Agradeço muito o quanto me admira, e gosta de mim para chegar ao ponto de começar a odiar-me. Agradeço a leitura que faz do meu blog e a atenção que me dispensa ao enviar seu comentário.
Um grande abraço de quem por ser diferente de ti reafirma que em cada família cada irmão é diferente do outro, sem deixar de serem irmãos. E apesar disto, por ódio, Caim matou o irmão Abel"
*Saraiva

ULTRADIREITA DE ALCKMIN É MAIS GRAVE DO QUE PARECE

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Ao nomear como secretário particular o advogado Ricardo Salles, um dos fundadores do Instituto Endireita Brasil, Geraldo Alckmin coloca dentro do Palácio dos Bandeirantes um movimento que vai muito além da defesa dos princípios liberais e dos valores conservadores; a organização criada por Salles exalta o regime militar de 64 e espalha mentiras pela internet, publicando em seu Facebook "informações" como a fortuna de US$ 3 bilhões do ex-presidente Lula e o boato de que a boate Kiss era de um deputado petista; para Salles e o Endireita Brasil, a "ditadura de 64" é melhor do que a "ditadura do proletariado" atual
2 DE MARÇO DE 2013 ÀS 13:45
247 - É bem mais grave do que parece a nomeação feita pelo governador Geraldo Alckmin do advogado Ricardo Salles, como seu secretário particular. Nesta função, Salles cuidará de toda a agenda do governador do estado mais rico do País. Aparentemente uma função burocrática, mas o fato é que, com essa nomeação, o político tucano instala, dentro do Palácio dos Bandeirantes, um movimento que exala obscurantismo.
Fundador do Instituto Endireita Brasil, Salles lidera campanhas contra o desarmamento, é contra o casamento gay e classifica o MST como um movimento "terrorista". Que a direita mostre sua cara, e o faça dentro dos limites da legalidade, é algo que faz parte do regime democrático. Ocorre que a atuação do Endireita Brasil vai muito além da defesa de princípios conservadores e da economia de mercado.
Basta entrar na página do Instituto no Facebook para constatar algumas atrocidades que são publicadas pela turma de Salles. Uma das postagens, por exemplo, pergunta: "Qual você escolhe, governos militares ou DITADURA do proletariado?" Na imagem, generais que estiveram à frente de um regime que perseguiu, torturou e matou opositores são apresentados como homens de bem, que não enriqueceram no poder, e confrontados com o ex-presidente Lula – um homem que teria uma fortuna de US$ 3 bilhões. A fonte dessa informação? Uma reportagem da revista Forbes que jamais existiu. Ou seja: uma das táticas do Endireita Brasil, agora instalado no Palácio dos Bandeirantes, é espalhar mentiras pela internet.
Outra postagem feita pelo Facebook do Endireita Brasil foi a "informação" de que um dos donos da Boate Kiss em Santa Maria (RS), onde 239 jovens perderam a vida, seria o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). "Há 2 “donos”, que na realidade são gerentes laranja de 2 “Empresários”, que na realidade são Laranjas de um conhecido Deputado da Cidade que foi escorraçado da CPI dos Mensalão por manter encontros com Marcos Valério nas garagens do Congresso e conhecido na cidade por ter várias “lavanderias” isso é só para vocês terem uma idéia porque esse verdadeiro caixão funcionava a todo vapor sem fiscalização séria. Não é a toa que a alta cúpula da ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA PT se deslocou para a operação abafa, seguindo o roteiro da morte do Celso Daniel", diz o Facebook do Endireita Brasil.
Se isso não bastasse, outra atividade do Instituto é a divulgação do livro Orvil. Parece nome de remédio, mas é a palavra livro escrita ao contrário. Nele, militares dão sua versão sobre os atentados terroristas que teriam sido cometidos pela esquerda brasileira, durante o regime. "Os revanchistas da esquerda que estão no poder -não satisfeitos com as graves restrições de recursos impostas às Forças Armadas e com o tratamento discriminatório dado aos militares, sob todos os aspectos, especialmente o financeiro- tiveram a petulância de criar, com o conluio de um inexpressivo Congresso, o que ousaram chamar de 'comissão da verdade'", diz o general Geraldo Luiz Nery da Silva no prefácio ao livro Orvil.
É este movimento, liderado por Ricardo Salles, que agora se senta à antessala do Palácio dos Bandeirantes. Geraldo Alckmin que, dias atrás, visitou o Memorial da Resistência, que funciona na antiga sede do DOPS, ao lado de Yoani Sánchez, a quem chamou de "heroína da liberdade", deve satisfações à sociedade. Ou será que, além da ligação com a Opus Dei, ele também faz parte do Endireita Brasil?
*247
*TadeuVezzi 

DIREITA INCONFORMADA COM O AVANÇO DA DEMOCRACIA E SEM PERSPECTIVA DE GOLPE DESCOBRE A MANIPULAÇÃO NA INTERNET

Esalq, a fazenda do Lulinha
Esalq, a fazenda do Lulinha

Este ano de 2013 e as eleições de 2014 prometem muita manipulação e falsidade na internet. Inconformada com a democracia e com os avanços sociais e políticos no Brasil, setores ultraconservadores se utilizam da manipulação, calúnia, difamação e photoshop para destruir a reputação de pessoas. A cada dia novos casos aparecem na internet.

No mês passado, logo após o incêndio na boate Kiss, de Santa Maria (RS), um grupo intitulado Revoltados On-line acusou de forma vil o deputado Paulo Pimenta, do PT (RS), afirmando que o deputado era sócio dos donos da boate. O deputado nada tinha a ver com a boate.

Há pouco tempo, uma mensagem no facebook e por e-mail dizia que o filho do Lula tinha comprado uma grande fazenda. Na foto, o campus da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), em São Paulo.

Agora apareceu um vídeo em que uma repórter do SBT recebe um tapa de um vereador do DEM no Mato Grosso. A nova versão diz que o agressor é José Rainha, do PT. O vídeo sobre a agressão da repórter é antigo. Haja estômago!

Veja mais em Educação Política:

sexta-feira, março 01, 2013

Leonardo Boff sôbre a renúncia


Primeiro ministro turco afirma que sionismo é um crime contra a humanidade

Via Sul 21

Para Erdogan, sionismo, anti-semitismo e facismo deveriam ser considerados crimes contra a humanidade | Foto: Governo do Chile
Da Redação
O Secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, afirmou nesta sexta-feira (1) que os comentários do primeiro-ministro da Turquia equiparando o sionismo com um crime contra a humanidade dificultam os esforços de atingir a paz no Oriente Médio.
Nesta semana, na conferência da ONU pela Aliança entre as Civilizações, em Viena, o premiê turco Recep Tayyip Erdogan reclamou da discriminação sofrida pelos muçulmanos. Ele afirmou que a islamofobia deveria ser considerada um crime contra a humanidade, “bem como o sionismo, o anti-semitismo e o fascismo”.
Nesta sexta-feira (1), em uma coletiva de imprensa em Ankara ao lado do ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, Kerry afirmou que “há uma necessidade urgente de se promover um espírito de tolerância, e isso inclui as declarações públicas de todos os líderes”. Sobre a paz na região, ele disse: “Acredito que há uma maneira de progredir, mas obviamente isso fica mais complicado após discursos como esse que ouvimos em Viena”.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu também condenou o comentário na quinta-feira, afirmando que foi uma “declaração obscura e desonesta, do tipo que pensei que havíamos deixado no passado”. A ONU também criticou os comentários do líder turco.
Na coletiva de imprensa com Kerry, Davotoglu negou que o primeiro-ministro tenha sido hostil ou ofensivo. Ele abordou repetidamente a morte de nove civis pelo comando israelense no navio turco de ajuda humanitária que ia para Gaza em 2010. “Se Israel quer ouvir declarações positivas da Turquia, precisa rever suas atitudes em relação a nós e ao povo da região, e especialmente rever a questão das colônias na Cisjordânia”, disse o ministro.
Turquia e Israel já foram importantes aliados, mas suas relações se deterioraram depois do ataque ao navio turco em 2010. A difícil relação entre os dois países tem sido motivo de grande preocupação para os Estados Unidos, que tem tentado, sem sucesso, que as nações se tornem amigáveis uma com a outra novamente.
Com informações da Associated Press
*GilsonSampaio

Direção Nacional do PT aprova por unanimidade resolução sobre Democratização da Mídia



 

Ao menos uma boa notícia hoje: pela manhã postei a proposta para debate sobre democratização da mídia durante a reunião da direção nacional do PT em Fortaleza: Proposta para debate na reunião do Diretório Nacional do PT em Fortaleza vamos nos mobilizar? e não é que a direção nacional aprovou por unanimidade? \o/
Agora é cobrar, cobrar, cobrar, mobilizar, mobilizar, mobilizar  pra que esta resolução se torne realidade.
Resolução aprovada por unanimidade pelo Diretório Nacional do PT:
via Valter Pomar, Facebook
Democratização da mídia é urgente e inadiável
O Diretório Nacional do PT, reunido em Fortaleza nos dias 1 e 2/3/2013, levando em consideração:
1. A decisão do governo federal de adiar a implantação de um novo marco regulatório das comunicações, anunciada em 20 de fevereiro pelo Ministério das Comunicações;
2. A isenção fiscal, no montante de R$ 60 bilhões, concedida às empresas de telecomunicações, no contexto do novo Plano Nacional de Banda Larga;
3. A necessidade de que as deliberações democraticamente aprovadas pela Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), convocada e organizada pelo governo federal e realizada em Brasília em 2009 — em especial aquelas que determinam a reforma do marco regulatório das comunicações, mudanças no regime de concessões de rádio e TV,adequação da produção e difusão de conteúdos às normas da Constituição Federal, e anistia às rádios comunitárias — sejam implementadas pela União;
4. Por fim, mas não menos importante, que o oligopólio que controla o sistema de mídia no Brasil é um dos mais fortes obstáculos, nos dias de hoje, à transformação da realidade do nosso país.
RESOLVE:
I. Conclamar o governo a reconsiderar a atitude do Ministério das Comunicações, dando início à reforma do marco regulatório das comunicações, bem como a abrir diálogo com os movimentos sociais e grupos da sociedade civil que lutam para democratizar as mídias no país;
II. No mesmo sentido, conclamar o governo a rever o pacote de isenções concedido às empresas de telecomunicações; a reiniciar o processo de recuperação da Telebrás; e a manter a neutralidade da Internet (igualdade de acesso, ameaçada por grandes interesses comerciais);
III. Apoiar a iniciativa de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular para um novo marco regulatório das comunicações, proposto pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), pela CUT e outras entidades, conclamando a militância do Partido dos Trabalhadores a se juntar decididamente a essa campanha;
IV. Convocar a Conferência Nacional Extraordinária de Comunicação do PT, a ser realizada ainda em 2013, com o tema “Democratizar a Mídia e ampliar a liberdade de expressão, para Democratizar o Brasil”.
*Saraiva

Drauzio Varella aborda um dos maiores alvos de discriminação

 

Por antonio francisco
Acreditem, no final deste texto vou falar (bem) do Dr. Dráuzio Varella, por causa de sua coluna de ontem na Folha de São Paulo, também reproduzida em blogs.
Para um assunto como este, nada trivial, eu começaria perguntando: alguém aí já ouviu dizer, ou já imaginou, que em qualquer processo de fabricação em série, mesmo numa fábrica de automóveis bastante sofisticada, NENHUM produto é - rigorosamente - igual a outro de mesmo modelo, apesar de terem saído do mesmo processo de produção?
Nem estou me referindo a “defeitos” - que em verdade são diferenças tão significativas que acabam chamando a atenção de alguém.
Especialistas de controle de qualidade já sabem há muito tempo que um produto, mesmo oriundo de um rigoroso processo de produção certificado, nunca é idêntico a outro, ainda que se o compare com o que acabou de sair da mesma linha de produção. Embora nanométrica, alguma diferença pode ser encontrada.
(Um parêntese curioso: nosso cérebro é mais treinado para procurar semelhanças do que para detectar diferenças.)
Agora imagine a zorra que é impor identidade a produtos saídos de unidades fabris diferentes. A Coca-Cola, por exemplo, sua a camisa para estabelecer severos controles de uniformização, para que um consumidor de seu líquido fabricado em Manaus sinta o mesmo gosto quando consome o produto oriundo da fábrica no Rio de Janeiro.
Pois, então, e quanto à “produção” de seres vivos?
Para começo de conversa, aquilo que chamamos de “natureza” tem como meta não a uniformização, mas a diversidade - ou seja, seu “diretor” sorri feliz a cada vez que o “produto” sai diferente do anterior. Para complicar ainda mais, o doido que inventou este processo resolveu fabricar não só produtos, mas também concomitantemente “fábricas”, de modo que um só produto (ou um par, convenientemente aparelhado) esteja apto a assumir o papel de “fábrica” num processo compulsivo de reprodução, às vezes produzindo até “sem querer”.
Falemos de humanos.
Quando alguém te disser que cada ser humano é único e, portanto, irrepetível, pode acreditar. Até porque, como vimos, a rigor TUDO é único, irrepetível.
No entanto, certos procedimentos nossos, instintivos, teimam em detectar assemelhações, e isto parece fazer parte de um processo cultural que (ao que tudo indica) visava nos agrupar para nos defendermos (o “diferente” de nós é mau, pareciam dizer nossos reflexos (instintos?), enquanto não nos educamos para perceber as coisas de outras maneiras).
Isto de sacar de imediato que somente o semelhante é “bom” acabou por produzir forçações de barras contra os diferentes. Exemplos disso estão nas bíblias, em muitos movimentos totalitaristas, e em nós.
Enquadramos um humano (pelos sinais que “supostamente” detectamos) na categoria de “homem”, se tem pelo menos o pênis, ou na categoria de “mulher”, se tem ao menos a vagina. Religião, educação, cultura, todo o acervo humano se baseou na evidenciação puramente visual da existência do órgão sexual para enquadrar o sujeito dentro de uma dessas duas categorias, impositivamente. Quando crianças, em verdade é praticamente forçosa nossa identificação com o pai, ou com a mãe (homem ou mulher). A moral e a ética se apropriaram dessas validações para criar regras, nem sempre “naturais”.
Comandada pela natureza, a biologia esperneia contra tais enquadramentos, seja pela via propriamente anatômica, produzindo humanos sem pênis ou sem vagina, ou um sujeito com os dois órgãos, e redesenhos outros. (Em maternidades de grandes centros há mais relatos de ocorrências desses fenômenos). A natureza age também por outros meios, fazendo com que alguém que porte uma vagina tenha ganas de se “sentir” homem, ou alguém, mesmo com pênis, se “veja” mulher. Além de outras causas, hormônios produzidos a mais ou a menos pelo próprio sujeito podem levar naturalmente a isto. Em suma, há fortes comandos genéticos envolvidos no dia-a-dia do fabrico de humanos - não obstante as influências do meio físico onde vivem os “fabricantes”, e as forças familiares e culturais que participam dessa construção.
Cada humano é diferente de outro, e o órgão entre as pernas é apenas um dos muitos lugares onde as diferenças se manifestam.
O artigo do Dr. Drauzio Varella é contundente ao chamar a atenção para um dos alvos de maior discriminação no Brasil. Categórico, ele põe o dedo na ferida ao afirmar logo de início, que “de todas as discriminações sociais, a mais pérfida é a dirigida contra os travestis.”
Eu o li na página E8 da Ilustrada de ontem. Vocês podem ler lá ou em blogs.
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Homens que são mulheres
DRAUZIO VARELLA
A saúde pública não pode continuar dando as costas para essa minoria de homens

DE TODAS as discriminações sociais, a mais pérfida é a dirigida contra os travestis.

Se fosse possível juntar os preconceitos manifestados contra negros, índios, pobres, homossexuais, garotas de programa, mendigos, gordos, anões, judeus, muçulmanos, orientais e outras minorias que a imaginação mais tacanha fosse capaz de repudiar, a somatória não resvalaria os pés do desprezo virulento que a sociedade manifesta pelos travestis.
Quem são esses jovens travestidos de mulheres fatais, que expõem o corpo com ousadia nas esquinas da noite e na beira das estradas?
Apesar da diversidade que os distingue, todos têm em comum a origem: são filhos das camadas mais pobres da população.
A homossexualidade é tão velha quanto a humanidade, sempre existiu uma minoria de homens e mulheres homossexuais em qualquer classe social; caracteristicamente, no entanto, travestis só aparecem nas famílias humildes.

Na infância, foram meninos com jeito afeminado que, se tivessem nascido entre gente culta e com posses, poderiam ser profissionais liberais, artistas plásticos, empresários, costureiros, atores de sucesso. Mas, como tiveram o infortúnio de vir ao mundo no meio da pobreza e da ignorância, experimentaram toda a sorte de abusos: foram xingados nas ruas, ridicularizados na escola, violentados pelos mais velhos, ouviram cochichos e zombarias por onde passaram, apanharam de pais e irmãos envergonhados.
Em ambiente tão hostil poucos conseguem concluir os estudos elementares. Na adolescência, com a autoestima rebaixada, despreparados intelectualmente, saem atrás de trabalho. Quem dá emprego para homossexual pobre?
Se para os mais ricos com diploma universitário não é fácil, imagine para eles. O máximo que conseguem é lugar de cozinheiro em botequim, varredor de salão de beleza na periferia ou atividade semelhante sem carteira assinada.
Vivendo nessa condição, o menino aprende com os parceiros de sina que bastará hormônio feminino, maquiagem para esconder a barba, uma saia mínima com bustiê, sapato alto e um bom ponto na avenida para ganhar numa noite mais do que o salário do mês.
Uma vez na rua, todo travesti é considerado marginal perigoso, sem nenhuma chance de provar o contrário. Pode ser preso a qualquer momento, agredido ou assassinado por algum psicopata, que nenhum transeunte moverá um dedo em sua defesa. "Alguma ele deve ter feito para merecer", pensam todos.

Levado para a delegacia irá parar numa cadeia masculina. Como conseguem sobreviver de sainha e bustiê em celas com 20 ou 30 homens, numa situação em que o mais empedernido machão corre perigo, é para mim um dos mistérios da vida no cárcere, talvez o maior deles.
A condição de saúde dos travestis é precária. Não existe um serviço de saúde com endocrinologistas para orientá-los a respeito dos hormônios femininos que tomam por conta própria.
Muitos injetam silicone na face, nas nádegas, nas coxas, mas sem dinheiro para adquirir o de uso médico, fazem-no com silicone industrial comprado em casa de materiais de construção, injetado por pessoas despreparadas, sem qualquer cuidado de higiene. Com o tempo, esse silicone impróprio escorre entre as fibras musculares dando origem a inflamações dolorosas, desfigurantes, difíceis de debelar.
Ainda os portadores do vírus da Aids encontram algum apoio e assistência médica nos centros especializados, locais em que os funcionários estão mais preparados para aceitar a diversidade sexual. Nos hospitais gerais, entretanto, poucos conseguem passar da portaria, barrados pelo preconceito generalizado, praga que não poupa médicos, enfermeiras e pessoal administrativo.
Os hospitais públicos deveriam ser obrigados a criar pelo menos um posto de atendimento especializado nos problemas médicos mais comuns entre os travestis. Um local em que pudessem ser acolhidos com respeito, para receber orientações sobre uso e complicações de hormônios femininos e silicone industrial, prevenção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis e práticas de sexo seguro.
A saúde pública não pode continuar dando as costas para essa minoria de homens, só porque eles decidiram adotar a identidade feminina, direito de qualquer um. Quem somos nós para condená-los?
Que autoritarismo preconceituoso é esse que lhes nega acesso à assistência médica, direito mínimo garantido pela Constituição até para o criminoso mais sanguinário?
*Nassif


Presidente argentina propõe que juízes sejam escolhidos por voto popular



Intenção de Cristina Kirchner é "democratizar a Justiça" do país; lei depende de aprovação do Parlamento

A presidente argentina, Cristina Kirchner, anunciou nesta sexta-feira (01/03) que pretende enviar ao Parlamento um projeto de lei para “democratizar a Justiça” do país. A medida prevê que os integrantes do Conselho da Magistratura, que nomeia e pode processar magistrados, sejam eleitos por voto popular.

Agência Efe

Cristina Kirchner quer minimizar a importância do corporativismo no Poder Judiciário argentino


"Quero uma Justiça democrática, não corporativa, sabendo que é parte do Estado e que deve aplicar a Constituição", afirmou Cristina durante seu discurso de abertura do novo ano legislativo no Congresso.

De acordo com a presidente, "é o povo que deve escolher seus representantes e que o sistema judiciário não pode ser um lugar ao qual só chegam conhecidos ou parentes".

"Todo cidadão que reúna os requisitos e seja aprovado nos exames deveria estar em condições de entrar", ressaltou.
Cristina lembrou que a Constituição estabelece que os conselheiros devem ser acadêmicos, mas não especificamente advogados. "É preciso dar a esse órgão uma representação popular onde a sociedade se veja refletida e representada", comentou.

Para reforçar seu ponto de vista, a presidente argentina criticou o fato de os membros do Conselho da Magistratura poderem ser reeleitos por eles mesmos. “Se houver 30 vagas e 300 candidatos, deveremos fazer um sorteio público. O Estado não pode ser tratado como uma empresa particular”, afirmou. 
*ÓperaMundi
*Nina