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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 02, 2016

JOSE DIRCEU depoimento íntegra

rcio Carlos Oliveira e outras 3 pessoas compartilharam um link.
O ex-chefe da Casa Civil do governo Lula e ex-deputado federal José Dirceu…
PAINELPOLITICO.COM|POR PAINEL POLÍTICO

"Biblioteca de Nova Iorque disponibiliza imagens raras do Brasil imperial na internet


"Biblioteca de Nova Iorque disponibiliza imagens raras do Brasil imperial na internet
Em janeiro deste ano, a Biblioteca Pública de Nova Iorque adicionou mais de 180 mil itens ao seu acervo digital – entre eles, fotografias e gravuras raras do Brasil do século 19.
O lançamento é resultado de um dos maiores projetos de digitalização de acervo já realizados no mundo e inclui documentos valiosos, como manuscritos dos escritores americanos Walt Whitman e David Thoreau. Também foram feitas mudanças no portal do acervo digital, onde os itens estão disponíveis — a ideia é facilitar e encorajar usuários a explorar as novas coleções, segundo o blog da NYPL."
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Biblioteca de Nova Iorque disponibiliza imagens raras do Brasil imperial na internet
Em janeiro deste ano, a Biblioteca Pública de Nova Iorque adicionou mais de 180 mil itens ao seu acervo digital – entre eles, fotografias e gravuras raras do Brasil do século 19.
O lançamento é resultado de um dos maiores projetos de digitalização de acervo já realizados no mundo e inclui documentos valiosos, como manuscritos dos escritores americanos Walt Whitman e David Thoreau. Também foram feitas mudanças no portal do acervo digital, onde os itens estão disponíveis — a ideia é facilitar e encorajar usuários a explorar as novas coleções, segundo o blog da NYPL.
Em janeiro deste ano, a Biblioteca Pública de Nova Iorque disponibilizou mais de 180 mil itens do seu acervo na internet — entre eles, fotografias e gravuras…
PT.GLOBALVOICES.ORG|POR TAISA SGANZERLA

segunda-feira, fevereiro 01, 2016

“Lula é o trofeu de caça de Moro”, diz decano dos criminalistas de SP. Por Kiko Nogueira



Postado em 31 jan 2016

Ele
Ele

Paulo Sérgio Leite Fernandes, decano dos criminalistas de São Paulo aos 79 anos, é um crítico do juiz Sergio Moro e das delações premiadas na Lava Jato.
Para ele, essa prática “foi importada da América do Norte e, na linguagem de beira de cais, é cagüetagem[1]. Delata-se por vários motivos: satisfação econômica, castigo menor, sadismo, ódio, culpas, vingança”
Na ativa desde 1960, Fernandes foi professor de Processo Penal e conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
Ele deu um depoimento ao DCM em que explica por quê, em sua opinião, o objetivo final de Moro é Lula:

O Moro não é original na posição em que se põe. Na Antiguidade, você teve centenas de arautos desse estilo, que se colocam como heróis no conflito entre o bem e o mal.
É o chefe da tribo, o pajé, o rei viking que conduz os guerreiros pelos mares revoltos.
Nem sempre acaba bem. O bispo Savonarola, em Florença, fazia essa pregação da imaculabilidade. Quando perdeu o poder, foi-lhe perguntado se queria morrer pela espada ou pela forca. Morreu enforcado e depois seu corpo foi incinerado numa fogueira em praça pública.
Sergio Moro é necessário neste momento. Não digo que isso é bom ou mal. Ele é um personagem da hora. 
Aí temos outro elemento: o povo. O povo, ou parte dele, quer sangue, quer vítimas, como as harpias na Revolução Francesa.
Moro acha que tem de oferecer o sangue que esse povo quer.
A diferença dos tempos antigos é que, hoje, o negócio é mais sofisticado. A Lava Jato, por exemplo, faz algo inominável: algema as pessoas com as mãos para trás.
Qual a finalidade disso?
Para que elas não possam cobrir o rosto, o sinal mais instintivo da vergonha. Trata-se apenas de filhadaputice. 
O objetivo final dele é prender Lula. É o seu trofeu de caça. O juiz se tornou um ícone da política judiciária do Brasil. Foi transformado num símbolo da impecabilidade. Tem, ou acha que tem, esse papel a cumprir.
Ele vai medir os riscos da prisão, obviamente. Precisa das provas adequadas. Um problema, para Moro, seria a revogação da prisão preventiva por falhas processuais.
Se chegar a prender Lula, mesmo com estrutura probatória adequada, há a possibilidade de uma reação enorme da sociedade civil. 
Em sua motivação psicológica de vencer o mal, ou o que acredita ser o mal, ele vai levar tudo isso em consideração. Moro é um obsessivo compulsivo e Lula é o alvo. E qualquer coisa é possível em se tratando de um personagem como este.

(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

Leandro Karnal: a corrupção do PT





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Ex-comandante de UPP e 7 PMs são condenados por morte de Amarildo

O Fantástico teve acesso com exclusividade a partes da sentença que condena policiais envolvidos no caso Amarildo. O ajudante de pedreiro sumiu em julho de 2013, durante uma operação policial na Rocinha, comunidade na Zona Sul do Rio de Janeiro. Cartazes com a pergunta “Cadê Amarildo?” se espalharam pelo país em manifestações. A Justiça, agora, confirma tudo o que as investigações tinham apontado: que policiais são culpados pelos crime de tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e fraude processual. A reportagem foi exibida neste domingo (31).
Vinte e cinco PMs foram denunciados. Pelo menos oito estão condenados. Por ser um superior, que deveria dar exemplo, o major Edson Santos, que era comandante da UPP Rocinha na época, recebeu a maior pena: 13 anos e sete meses de prisão.
O tenente Luiz Felipe de Medeiros, então subcomandante de UPP, foi condenado a 10 anos e sete meses. De acordo com a sentença, ele orquestrou o crime junto com o major Edson.
O soldado Douglas Roberto Vital Machado pegou 11 anos e seis meses de prisão por ter atuado desde a captura de Amarildo até a morte dele.
Os soldados Marlon Campos Reis, Jorge Luiz Gonçalves Coelho, Jairo da Conceição Ribas, Wellington Tavares da Silva e Fábio Brasil da Rocha da Graça foram condenados a 10 anos e quatro meses de prisão. Todos serão expulsos da corporação.
Na sentença, a juíza critica a ação dos policiais. “Nos deparamos com a covardia, a ilegalidade, o desvio de finalidade e abuso de poder exercidos pelos réus.”
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Na sentença, juíza critica os PMs condenados no caso Amarildo (Foto: Reprodução / Globo)
De acordo com as investigações, quando Amarildo foi levado até a sede da UPP, policiais que não participavam da ação foram levados a entrar nos contêineres e proibidos de sair dele.
Um PM que estava lá contou em depoimento que Amarildo chegou a implorar. “Não, não. Isso não. Me mata, mas não faz isso comigo”, teria dito. A juíza conclui: “Tudo demonstra que Amarildo foi torturado até a morte”.
Depois da tortura, o major Edson ordenou que os policiais que estavam nos contêineres fossem embora. “Vai todo mundo embora, não quero ninguém aqui.”
Para a juiza, é evitende que o major não queria testemunhas no local. Quanto menos policiais permanecessem na sede, maiores as chances de encobrir o ocorrido, ela diz.
Uma pergunta, no entanto, segue em aberto: o que foi feito com o corpo de Amarildo. Uma outra investigação segue em andamento e policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) são suspeitos de terem retirado o corpo dele da Rocinha dentro de uma viatura da corporação.
Relembre o caso
Amarildo sumiu após ser levado por policiais militares para ser interrogado na sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) durante a “Operação Paz Armada”, de combate ao tráfico na comunidade, entre os dias 13 e 14 de julho de 2013.
Na UPP, teria passado por uma averiguação. Após esse processo, segundo a versão dos PMs que estavam com Amarildo, eles ainda passaram por vários pontos da cidade do Rio antes de voltar à sede da Unidade de Polícia Pacificadora, onde as câmeras de segurança mostram as últimas imagens de Amarildo, que, segundo os policiais, teria deixado o local sozinho — fato não registrado pelas câmeras.
Após depoimentos, foram identificados quatro policiais militares que participaram ativamente da sessão de tortura a que Amarildo teria sido submetido ao lado do contêiner da UPP da Rocinha. Segundo informou o Ministério Público, testemunhas contaram à polícia sobre a participação desses PMs no crime. Após seis meses de buscas pelo corpo do pedreiro, a Justiça decretou a morte presumida de Amarildo.
Amarildo teria sido torturado e morto na base da UPP da Rocinha, Zona Sul do Rio (Foto: Reprodução GloboNews)
Amarildo teria sido torturado e morto na base da
UPP da Rocinha, Zona Sul do Rio
(Foto: Reprodução GloboNews)
Tortura
De acordo com a promotora Carmem Elisa Bastos, do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), o tenente Luiz Medeiros, o sargento Reinaldo Gonçalves e os soldados Anderson Maia e Douglas Roberto Vital torturaram Amarildo depois que ele foi levado para uma “averiguação” na base da UPP. Ainda segundo eles, outros PMs são suspeitos de participar ativamente da ação.
Enquanto, segundo a promotora, o ajudante de pedreiro era torturado por quatro policiais, outros 12 ficaram do lado de fora, de vigia. Oito PMs que estavam dentro dos contêineres que servem de base à UPP foram considerados omissos porque não fizeram nada para impedir a violência.
Outros cinco policiais que decidiram colaborar com as investigações disseram que o major Edson, então comandante da UPP, estava num dos contêineres, que não tem isolamento acústico, e podia ouvir tudo.
Leia Também:
Onde está Amarildo? por Eliane Brum


Leia a matéria completa em: Ex-comandante de UPP e 7 PMs são condenados por morte de Amarildo - Geledés http://www.geledes.org.br/ex-comandante-de-upp-e-7-pms-sao-condenados-por-morte-de-amarildo/#ixzz3yyClalTw 
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*Justiça - Logo, ao lado da ideologia burguesa, existiria também a ideologia do proletariado, a ideologia dos “de cima” não excluiria a dos “de baixo”.

Realidade e Ideologia no Sistema de Justiça Criminal

 

A percepção da realidade não é neutra. O que cada um de nós identifica como “realidade” é o resultado de uma trama simbólico-imaginária: o indivíduo (ser-no-mundo) ao nascer é lançado na linguagem/no simbólico (o que sempre antecipa sentidos) e passa a produzir imagens-ideias a partir dela. Há, na percepção da realidade, um conteúdo coletivo, algo “comum”, imagens construídas socialmente, mas também a contribuição de dados individuais, das imagens-ideias criadas em razão da experiência de cada um e dos desejos que são, por definição, infungíveis. Assim, por exemplo, quem acredita no uso da força, tem menos recursos intelectuais ou tem medo da liberdade tende a uma visão mais autoritária da realidade.
Por Rubens Casara Do Justificando
Tanto o aspecto “coletivo” quanto o “individual” da formação da percepção da realidade sofrem diversos condicionamentos, alguns inconscientes. Para entender como a realidade do Sistema de Justiça Criminal é construída, ou mais precisamente, como se dá a percepção da realidade pelos atores jurídicos que atuam (e constroem) o sistema de justiça criminal é importante estudar esses fatores condicionantes, dentre os quais destaca-se a ideologia.
Poucos termos são tão polissêmicos e objeto de tanta controvérsia, ambivalência e arbitrariedade quanto “ideologia”. Diferentes sentidos são atribuídos por autores de correntes de pensamento distintas e até no seio de uma linha de pensamento, ou na produção teórica de um mesmo autor. Terry Eagleton , por exemplo, elenca seis diferentes significados para “ideologia”. Karl Mannheim , por sua vez, em sua principal obra, utiliza a palavra ideologia em mais de um sentido, como estrutura categorizada ligada a uma determinada posição social e como sistemas de representação que buscam a estabilização e a reprodução da ordem vigente (em oposição ao conceito de utopia). Contudo, trata-se de conceito fundamental para os problemas que se põem a partir da relação entre conflito social e conhecimento, ou entre objetividade científica e ponto de vista de classe. O conceito de ideologia está no centro do debate epistemológico e metodológico, além do que se revela fundamental também em perspectivas contrametodológicas.
Em breve resumo da história do conceito, Michael Löwy esclarece que a palavra foi inventada por Destut de Tracy, dentro de uma perspectiva metodológica positivista, para significar uma nova ciência das ideias e, em seguida, utilizada contra ele por Napoleão  que, em polêmica com os neoenciclopedistas, chamou Tracy e seus colegas de “ideólogos” com o objetivo de desqualificá-los taxando-os de pessoas alheias à realidade. A palavra ideologia voltou a adquirir relevância, ao ser resgatada por Marx e Engels, vez que foi na teoria marxista que se construíram as mais importantes concepções de ideologia. Para entender a utilização do termo por Marx, para além de uma leitura sincrônica dos seus textos, cabe relacionar esse conceito com as várias fases do desenvolvimento intelectual desse autor. Antes mesmo de utilizar o termo, os elementos que integram esse conceito já se encontravam na crítica de Marx à religião e à concepção hegeliana de Estado.  Marx e Engels, ao contrário do pensamento crítico anterior, que já se preocupava com distorções provocadas pela religião ou pela filosofia da consciência, passaram a relacionar as distorções com condições sociais específicas, com a existência material dos homens. Eles deslocaram a análise da questão para o campo histórico-social.
A crítica à religião e o desvelamento das formas econômicas mistificadas e dos princípios capitalistas e burgueses, que se afirmavam libertários e igualitários, forneceram a base para a construção do conceito marxista de ideologia. Em linhas gerais, costuma-se afirmar que a tradição marxista apresenta duas concepções da palavra “ideologia”: como imaginário social e como relação de poder, uma de caráter marcantemente pejorativo/negativo (que se aproxima da forma utilizada por Napoleão) e outra, de viés positivo, ligada à posição de classe. Em um primeiro momento, portanto, a palavra ideologia assumiu a conotação, para Marx, de ilusão, distorção da consciência que, segundo sua hipótese, se originava das contradições sociais. A segunda concepção de Marx e Engels para essa palavra, que se encontra, tanto no Manifesto Comunista, quanto em Miséria da Filosofia, a identifica como uma força material a ocupar um “lugar definido no sistema das instâncias (superestrutura), e investida em relações de poder, a serviço da classe dominante”.  Não por acaso, Marx e Engels defendem que a ideologia da classe dominante tende a ser a ideologia assumida por determinada formação social.  É possível, ainda, considerar O capital como fruto de terceiro momento da reflexão de Marx sobre ideologia. Nele, “Marx passa de uma simples crítica da ideologia para uma verdadeira teoria da ideologia, em que a análise do fetichismo se combina com a do condicionamento das idealidades pelos interesses sociais”.
Percebe-se, pois, que a ideologia, a partir de Marx, passou a ser vista como conceito que implica ilusões, velamentos, inversões da realidade, ou ainda, como falsa consciência a serviço da classe dominante que se insere, portanto, também no campo das relações de poder. Marx e Engels também se referem às formas ideológicas (religião, filosofia, direito, etc), à superestrutura ideológica e às esferas ideológicas, sempre como formas de consciência , ou como formas que produzem ideias dominantes, “no sentido de ideias que produzem uma dominação e no sentido das ideias que justificam uma dominação”.
Deve-se a Lenin a principal modificação/ampliação do conceito de “ideologia”. E isso ocorreu porque, a partir das lutas políticas das últimas décadas do século XIX, sobretudo na Europa Oriental, surgiu a necessidade de uma teoria da prática política, através da qual se associou o conceito de ideologia à luta de classes e também à questão da organização partidária. Para Lenin, em uma teoria da prática política, a palavra ideologia serve para designar as concepções da realidade social e política que se vinculam a determinadas classes sociais . Logo, ao lado da ideologia burguesa, existiria também a ideologia do proletariado, a ideologia dos “de cima” não excluiria a dos “de baixo”. Ainda no campo marxista, merecem relevo as contribuições de Antonio Gramsci, que, a partir da leitura de Marx, também vislumbra a possibilidade de as formas ideológicas servirem à luta de classes , rumando em direção de um conceito e de uma teoria da ideologia em termos positivos. Para Gramsci, a ideologia é uma realidade objetiva e operante, criada pela realidade social (na sua estrutura produtiva): ao mesmo tempo, concepção de mundo e lugar de constituição da subjetividade coletiva. As ideologias, a que Gramsci chama de “orgânicas” em oposição às “arbitrárias”, seriam as concepções de mundo manifestas implicitamente na arte, na religião, no direito, no folclore e no senso comum. É a ideologia que constitui o terreno em que se constrói o conhecimento e é em torno dela que se dá a “guerra de posições” e a luta pela hegemonia, isso porque cada camada social tem sua consciência e sua cultura; ou seja, tem sua ideologia, o que, por si só, revela a importância dos aparelhos ideológicos (instituições de ensino, meios de comunicação, etc.) na manutenção ou transformação da realidade social.
Como ressaltou István Mészáros , a verdade é que em “nossa cultura liberal-conservadora, o sistema ideológico socialmente estabelecido e dominante funciona de modo a apresentar – ou desvirtuar – suas próprias regras de seletividade, preconceito, discriminação e até distorção sistemática como ‘normalidade’, ‘objetividade’ e ‘imparcialidade científica’”. Por isso, práticas e teorias distanciadas da Constituição da República ainda subsistem no sistema penal brasileiro, posto que compatíveis com a ideologia dominante (na esfera penal, a ideologia da defesa social), com o conjunto de caracteres coerentes com a tradição jurídico-penal: a linguagem, o ambiente compreensivo, em que se dá a atuação das diversas agências estatais que concretizam a justiça penal. A ideologia , além de condicionar as hipóteses em que o poder estatal (em termos marxistas, “a violência organizada”) será exercido, também exerce a função de legitimar o exercício desse poder.  Como ressaltou Wolkmer , o Direito “enquanto instrumentalização ideológica do poder pode ser visto como materialização da coerção, opressão e violência. O Direito tem representado, historicamente, a ideologia da conservação do status quo e da manutenção de um poder institucionalizado”.
A ideologia está presente em cada decisão, em cada manifestação, dos atores jurídicos. Porém, uma das características da ideologia é nunca ser percebida como tal. A ideologia percebida, criticada e, não raro, demonizada é sempre a do outro, aquela que retrata a visão de mundo com a qual o ator jurídico não se identifica.
É essa ignorância sobre a função encobridora da ideologia que permite compreender a manifestação (diga-se: flagrantemente ideológica) de centenas de juízes afirmando a necessidade de um Poder Judiciário “neutro” e “técnico” ao criticar o caráter “ideológico” daquelas associações de juízes (AJURIS e AJD) que se pronunciaram contra as distorções que davam ares de golpe ao procedimento de impeachment instaurado por Eduardo Cunha.
Também é ideológica tanto a visão que naturaliza o afastamento de direitos e garantias fundamentais em nome do “combate à criminalidade” ou da “guerra à corrupção”, quanto o “primado da hipótese sobre o fato”, no qual o juiz, convencido de uma versão, passa a produzir e selecionar provas, de modo a  construir uma “verdade” em detrimento dos fatos.
A ideologia também está presente na representação contra a juíza Kenarik Boujikian por, antes do julgamento colegiado, restabelecer a liberdade de indivíduos, presos provisórios, que já estavam encarcerados há mais tempo do que a pena imposta na sentença em primeiro grau (em típico exercício da tutela da liberdade individual – no que vulgarmente se chama de “habeas corpus de ofício”).  Apenas a cegueira imposta pela ideologia (palavra aqui empregada em seu sentido negativo) explica o fato de alguns desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo não perceberem o ridículo que é pretender a punição administrativa de um magistrado que, em decisão jurisdicional fundamentada, buscou dar concretude a um direito fundamental.


Leia a matéria completa em: Realidade e Ideologia no Sistema de Justiça Criminal - Geledés http://www.geledes.org.br/realidade-e-ideologia-no-sistema-de-justica-criminal/#ixzz3yyAhFiMY 
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Não passarão!

by biologosocialista
*Por Luiz Fernando Leal Padulla
E depois de um ano perdido pela irresponsabilidade de uma oposição que defende o “quanto pior, melhor”, eis que ao que tudo indica, Dilma conseguirá, finalmente, começar seu segundo mandato. Mas não estamos em um céu de brigadeiro. Vivemos tempos tenebrosos, que não nos permite abrandar as atenções. Pelo contrário, exige força, coragem e determinação. A aparente trégua para com o governo Dilma, agora tem novo e declarado alvo: Lula. O motivo? Sua real liderança e defesa do povo, o que poderá impor nova derrota à oposição, principalmente por aventar a candidatura em 2018. Eis a única explicação para tamanha “caçada” à Lula. Afinal, qual crime ele cometeu?
Configura crime tirar o país do Mapa da Fome da ONU, através de políticas públicas? É crime a atenção que foi dada aos mais necessitados, promovendo sua ascensão ao reduzir a desigualdade social? Ou o crime seria a promoção do aumento real no salário mínimo e a geração recorde de empregos? Talvez o fato de ter permitido o acesso às universidades e escolas técnicas por parte de uma juventude até então excluída da sociedade? Confesso que não sei qual foi o verdadeiro crime...
jornalggn com br
Crédito: jornalggn.com.br
Mentiras requentadas, depoimentos manipulados e até invenções fazem parte deste repertório. Encabeçam o front de batalha do golpe a Rede Globo, Grupo Abril, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Não bastando, carregam certas celebridades e pseudointelectuais que tentam “fazer a cabeça de seus fãs”, como Neymar, Ronaldo, Lobão, Alexandre Frota e Regina Duarte. Felizmente, os verdadeiros artistas e intelectuais também se manifestaram contrários às mentiras depravadas do golpismo midiático, tais como José de Abreu, Chico Buarque, Letícia Sabatella, Paulo Betti e tantos outros que não caberiam aqui.
caymar
ronalducho


No entanto, com o processo de impeachment praticamente extinto, a mídia golpista tenta, agora, manchar a imagem daquele que foi o melhor presidente da história deste país, e que tem o reconhecimento de seus feitos mundo a fora. Recentemente, o indiano Kailash Satyarthi, Prêmio Nobel da Paz de 2014, convidou Luiz Inácio Lula da Silva a participar de um conselho formado por pessoas consideradas vozes morais importantes globalmente, pelo direito das crianças. Outros tantos convites, prêmios e condecorações podem ser facilmente consultados na biografia de Lula.
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Crédito: institutolula.org
Enquanto o foco continua a ser o líder do Partido dos Trabalhadores, é surpreendente que as propinas delatadas durante o governo FHC viraram apenas pequenas e quase imperceptíveis notas em jornais que somem de um dia para o outro. Já suposições e factoides contra Lula e o PT, logo viram manchetes em letras garrafais e persistem por semanas, mesmo com provas negando tais falácias.
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(Para refrescar a memória: alguém leu recentemente a quantas andam as investigações sobre a venda da petrolífera Pérez Companc, que envolveu propina ao governo FHC de US$ 100 milhões, o equivalente a mais de R$ 1,033 bilhão em valores atualizados? E as três delações que envolvem Aécio Neves e mais propina tucana? O ex-senador tucano, Eduardo Azeredo, está preso mesmo condenado? Que Justiça é essa que temos no Brasil, onde condenado não é preso e prisões preventivas, como de José Dirceu, se estendem por mais de 6 meses, antes mesmo de qualquer condenação?)
moro-vaca-tussa
Como bem definiu o jornalista Osvaldo Bertolino, “um Tribunal Especial [montado pelo juiz Sérgio Moro] para julgamento de culpas presumidas – uma aberração jurídica digna de uma ditadura – pressupõe que o país vive uma situação de anormalidade democrática. Ele evoca sempre a efervescência de ódios e o exercício do arbítrio, uma justiça política ao lado da justiça legal. Uma aberração que atenta contra todos os preceitos democráticos assegurados na Constituição”.
ocafezinho com
Crédito: ocafezinho.com
O golpe apregoado camufladamente hoje, tem como liderança a mídia hegemônica, "baba ovo" de Sérgio Moro, subsidiada por interesses norte-americanos e suas ilações. No Golpe de 1964, foi assim. Começando com a chamada “Cruzada Democrática”, liderada pelos fardamentos da UDN, que conseguiram o suicídio de Getúlio Vargas e, posteriormente, a queda de João Goulart. Desta vez, tentam derrubar o governo e seus avanços progressistas com a força da grande mídia (ou, como bem criou Paulo Henrique Amorim, o Partido da Imprensa Golpista – PIG).
Mas os tempos são outros. O povo é outro. Tal como nossa história recente nos mostrou, não é hora de recuar; se acham que aceitaremos sem reagir, estão enganados. A democracia está vigilante, o povo está liberto e acordado. Golpistas...NÃO PASSARÃO!
brasil247 com
Crédito: brasil247.com

*Biólogo, Professor, Mestre em Ciências, Doutor em Etologia.