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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 04, 2010

Ele defendeu política comercial brasileira de diversificação de mercados.



O presidente Lula em evento que comemorou
dez anos do jornal 'Valor Econômico' (Foto: AE)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (3) que as eleições de outubro serão uma oportunidade para preparar a transição do Brasil da condição de economia emergente para a de potência global.

Lula discursou por cerca de dez minutos em um evento em São Paulo que comemorava o aniversário de dez anos do jornal “Valor Econômico”. “O debate eleitoral deveria ser entendido como uma oportunidade ímpar para se pensar com grandeza a transição de uma economia emergente para a condição de potência global.”

Para Lula, “o legado de conquistas [do governo] assegura a capacidade de discernimento e autoestima para superar o desafio dessa travessia”.
O debate eleitoral deveria ser entendido como uma oportunidade ímpar para se pensar com grandeza a transição de uma economia emergente para a condição de potência global"
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Ao avaliar a última década, Lula destacou os avanços econômicos do país e defendeu as apostas do governo de reforçar o mercado interno e diversificar os parceiros comerciais. Ele classificou de “maniqueísmo” e “preconceito ideológico” as recorrentes críticas à expansão do mercado consumidor interno e no investimento em parceiros internacionais, como os países da África.

“A ênfase Sul–Sul e o comércio regional não cabem mais no espaço pequeno do preconceito ideológico e nem podem ser tratados superficialmente em uma gincana de retórica eleitoral”, disse Lula.

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