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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
terça-feira, maio 04, 2010
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
A resistência pacífica do delegado Protógenes Queiroz
Como alertou o político e orador romano Cícero, “quem não contesta o mal o favorece”. Protógenes cumpriu corajosamente a sua obrigação como policial federal: contestou o mal e deu início a operação Satiagraha. Mas até hoje sofre as consequências. O afastamento da Polícia Federal aliada à sua ânsia em combater os corruptos a qualquer preço, fez com que Protógenes assentisse ao clamor público e ingressasse na vida política. A partir daí, eu voltei a acreditar na política brasileira e venho acompanhando o seu exercício de cidadania como palestrante. Afinal, como ensinou o filósofo francês Charles de Montesquieu autor de ‘O espírito das Leis’: “A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos”.
Protógenes segura retrato de Mahatma Gandhi durante palestra na cidade de Carapicuíba - SP
Satiagraha (resistência pacífica e silenciosa) é uma filosofia desenvolvida e empregada pelo ativista político indiano Mahatma Gandhi na campanha de independência da Índia. Na última quinta-feira, dia 15 de abril, Protógenes ministrou palestra para alunos do curso de direito da Faculdade da Aldeia de Carapicuíba, município do estado de São Paulo. Logo no início da palestra o delegado explicou ter cunhado “a expressão Satiagraha para a operação policial em razão do poder desproporcional que os agentes do estado iriam enfrentar. Uma grande organização criminosa com um grande esquema de corrupção que se apropriou de riquezas do nosso país e que comprometeu instituições e pessoas no vértice do aparato estatal. E esse poder corrupto, criminoso e nocivo à população é muito maior do que a própria estrutura do estado. E nós, agentes do estado, iríamos sofrer estas conseqüências e teríamos de resistir pacificamente e de forma silenciosa. A operação Satiagraha não acabou no dia 8 de julho de 2008, ela apenas começou!”.
A crise da verdade é endógena da humanidade e muitos homens como Galileu Galilei e Nicolau Copérnico entre outros sofreram com isso. Para o filósofo alemão Arthur Schopenhauer “toda verdade passa por três estágios: Primeiro, é ridicularizada. Segundo, enfrenta uma violenta oposição. Finalmente, é aceita como evidente”. Diante de um ceticismo da verdade e do caráter de construção da mesma, torna-se fundamental o processo da busca da verdade. O filósofo inglês Francis Bacon alertava que “a verdade é filha do tempo, não da autoridade”, e Mahatma Gandhi ensinava que “todas as minhas experiências me provaram que não existe outro Deus que não seja a verdade”.
Com estilo adepto da frase “a paz, se possível, mas a verdade a qualquer preço” - do alemão fundador da Igreja Luterana, Martin Lutero -, Protógenes Queiroz sofre perseguição daqueles que tentam esconder a verdade. Certa vez o escritor francês Gilbert Cesbron grafou que “a verdadeira revolução acontece quando mudam os papéis e não apenas os autores”. Protógenes é a mudança que o Brasil precisa para revolucionar o sistema corrompido imposto ao povo brasileiro pelos políticos tradicionais.
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