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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, agosto 11, 2011

Vice-ministro do Irã propõe mais colaboração com o Brasil para enfrentar a crise mundial.

Em visita ao Brasil, o Vice-Ministro para Europa e América Latina do Irã, Ali Ahani, afirmou haver várias semelhanças entre os dois países  e que há uma grande potencialidade para que  colaborem mais amplamente visando o enfrentamento da crise mundial. “Brasil e Irã, juntamente com outros países emergentes, podem tomar iniciativas concretas para evitar que os efeitos desastrosos da crise dos EUA e sobretudo do dólar, desabem sobre os demais povos”, conclamou.
Exemplificando as condições políticas para tal colaboração, Ahani comentou o fato da mais recente reunião da Unasul ter se posicionado por uma saída conjunta para fazer frente á crise capitalista, destacando, especialmente,  que tal proposta teve a iniciativa do presidente da Colômbia, cujo governo, é caracterizado por ter posições muito próximas às dos EUA. “Isso demonstra que a realidade vai se impondo objetivamente, o que revela que podem ser encontradas , conjuntamente, saídas efetivas, não apenas com a Unasul, mas com outros grupos de países, de outras regiões, para a busca de soluções”, declarou
O vice-ministro, que está na Capital Federal para participar da Oitava Sessão do Grupo de Consultas Brasil-Irã, disse que a crise econômica dos EUA e dos países europeus não é passageira e que ela não pode ser superada tão facilmente. ”A ordem econômica mundial ainda é muito dependente dos EUA e do dólar, fazendo com que uma crise desta natureza afete toda a economia mundial”, analisou, proclamando a necessidade de “uma ruptura da economia do mundo com a economia dos EUA”. Para ele , a articulação de países como Brasil, Irã, Venezuela e outros do grupo emergente pode encontrar medidas que reduzam a dependência em relação aos EUA.
A experiência iraniana
Para ele a experiência iraniana prova que os problemas regionais não podem ser resolvidos com intervenções externas. “Soldados europeus ou norte-americanos, depois de 8 anos, não trouxeram nenhuma estabilidade para Iraque ou Afeganistão, não resolveram o problema do terrorismo. É só verificar: depois de tanto tempo de intervenção, houve melhoras? Claro que não!”, declarou. O dirigente da nação persa também lembrou que até mesmo a questão do narcotráfico se agravou com a presença militar norte-americana no Afeganistão. “Os órgãos de segurança iranianos acabam de apreender 8 mil toneladas de drogas vindas do Afeganistão. A situação está bem pior lá depois da intervenção dos EUA”. criticou.
Ali Ahani demonstrou grande preocupação com os bombardeios que estão sendo realizados contra a Líbia, destruindo a infra-estrutura e a economia daquele país do norte da África. “É muito grave, pois a Resolução da ONU foi totalmente mal interpretada pelos países da OTAN. Querem não apenas dividir a Líbia, mas também se instalar lá, destruindo estruturas para que depois sejam reconstruídas por empresas multinacionais que são sediadas exatamente nos países membros da OTAN”, denunciou.
Eliminando o dólar
Anunciando que a América Latina é uma grande prioridade para a política externa do Irã, Ahani insistiu na necessidade da realização de consultas permanentes entre os países porque, segundo sublinhou, trata-se de uma crise muito complexa. “Medidas técnicas alternativas necessitam de fóruns mais permanentes entre os países que querem trilhar um caminho alternativo”, disse
Ele informou que o seu país praticamente eliminou dólar de várias operações e transações comerciais. “Utilizamos outras moedas que não o dólar e isso permitiu que o Irã não fosse tão afetado pelas crises mundiais” declarou - lembrando que em operações com 10 países da região da Ásia, entre eles a Turquia e o Paquistão , o dólar foi descartado e as operações comerciais e financeiras são feitas com as moedas locais.
O vice-ministro do Irã, que depois do Brasil visitará também o Uruguai e o Paraguai, disse que o seu governo está muito contente com o novo quadro político latinoamericano alcançado pelo voto popular..” Admiramos como muitos países da região atuam com inteligência, o que reforça nossa decisão de considerar a América Latina uma prioridade”, destacou.
Mídia
Finalizando, Ahani expressou sua satisfação por dialogar com blogueiros independentes brasileiros - diálogo que foi gravado pela TV Cidade Livre de Brasília - afirmando que há uma monstruosa manipulação midiática para desinformar acerca da realidade do seu país, responsabilizando EUA e Israel por tal manipulação. “ Vejam a monstruosidade que estão fazendo na Líbia, matando crianças  e mentindo ao mundo dizendo que estão fazendo uma ação humanitária!” exemplificou, lembrando que ,da mesma forma, mentem sobre o seu país, quando grandes redes comerciais de comunicação - conforme disse - acusam  que o programa nuclear persa, que tem finalidades pacíficas e é acompanhado pela Agência Internacional de Energia Atômica, de ser uma ameaça para a paz mundial. “Falam isto para justificar sua hostilidade contra nosso povo”, concluiu.
Beto Almeida
Membro da Junta Diretiva da Telesur

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