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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 07, 2011

Líder da Tropa de Choque de Alckmin é mais sujo que pau de galinheiro

Barros Munhoz transferiu bens para proteger patrimônio




É dando que se recebe.Geraldo Alckmin defendeu Barros Munhoz na época que o deputado se meteu com corrupção.Agora, como pagamento, Barros Munhoz defende Alckmin.Esse é o modo tucano de roubar.



O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Barros Munhoz (PSDB), é acusado pelo Ministério Público de transferir a seus filhos uma empresa rural, dona de uma valiosa fazenda, para evitar que ela seja usada para o pagamento de condenações judiciais.


A acusação faz parte da denúncia apresentada à Justiça que aponta o deputado estadual como participante de um esquema que teria desviado R$ 3,1 milhões da Prefeitura de Itapira, revelado pela Folha na sexta-feira.




O deputado nega as acusações e afirma que os promotores que o acusaram agiram por motivação política.


A Promotoria pediu que a Justiça anule a transferência da empresa rural, chamada Italinda Agropecuária, de Munhoz para os três filhos.


Segundo a acusação, a cessão da sociedade em 2001 pretendeu "burlar futuras ações judiciais e cobranças sobre seu patrimônio".

Fazenda avaliada em mais de R$ 1 milhão que pertence a empresa transferida por Barros Munhoz aos filhos
Fazenda avaliada em mais de R$ 1 milhão que pertence a empresa transferida por Barros Munhoz aos filhos

O tucano diz que a mudança foi feita para evitar conflitos entre seus herdeiros e proteger seu patrimônio contra ações judiciais decorrentes da sua atividade pública.


A mudança na propriedade da empresa ocorreu em março de 2001, um mês após Munhoz ter sido condenado ao pagamento de cerca de R$ 400 mil em uma ação de improbidade administrativa.


O valor era equivalente a 50 vezes o salário que ele recebia na época como prefeito. Munhoz administrou Itapira (SP) até 2004.


Nesse processo o deputado foi acusado de ter indevidamente determinado a abertura de valetas nas ruas de acesso a um clube de Itapira e ter cassado o alvará de funcionamento da agremiação, numa terça-feira de Carnaval, após ter se envolvido numa discussão no local.


Após recursos ao Judiciário, o deputado obteve redução do valor da condenação para R$ 80 mil em 2007.


O valor atualizado da cobrança é de R$ 233 mil. Para garantir a dívida, parte do terreno da casa de Munhoz em Itapira foi penhorada no mês passado. Ainda cabe novo recurso contra a punição.


A principal propriedade da Italinda, a fazenda Nossa Senhora da Piedade, foi adquirida em 1995 por R$ 274 mil, e hoje tem valor estimado em mais de R$ 1 milhão.


A Folha esteve na entrada da fazenda na sexta-feira. Trata-se de uma propriedade rural de grande porte, com lago, criação de cavalos e infraestrutura completa. Munhoz costuma visitar a propriedade nos fins de semana.



"EU TIVE JUÍZO"


Na Junta Comercial de São Paulo, a Italinda foi registrada para desenvolver atividades agropecuárias, turismo e exploração de fontes de águas minerais.


Na ação em que Munhoz foi acusado de desvio de verbas públicas, os promotores citam uma entrevista que o deputado concedeu à Rádio Clube de Itapira em dezembro de 2005, na qual ele se referiu à condenação de 2001.


"Eu tive o juízo de passar para os meus filhos", Munhoz disse à rádio. "Todo o patrimônio que construí ao longo da minha vida eu acabei dilapidando pela minha atividade política. Não estou nem um pouco preocupado."


OUTRO LADO



A assessoria do deputado Barros Munhoz (PSDB) afirmou que ele repassou a propriedade da Italinda Agropecuária aos filhos para antecipar em vida a repartição de seus bens entre seus herdeiros e para evitar a exposição do seu patrimônio a processos ligados ao exercício de cargos públicos.


De acordo com a assessoria, em defesa apresentada à Justiça o deputado disse que se casou duas vezes em comunhão total de bens, tendo dois filhos na primeira união e uma filha na segunda.


Na defesa, Munhoz explicou que, se não fizesse a transferência, sua eventual morte favoreceria a filha do segundo casamento na hora da partilha de bens.


Assim, para evitar futuros desentendimentos familiares, o deputado fez uma reunião com os parentes e decidiu transferir a propriedade da Italinda aos três filhos, que passaram a ter partes iguais na empresa.
A outra justificativa apresentada por Munhoz refere-se ao receio de ser alvo de ações judiciais. Segundo a defesa do deputado, todo político está sujeito a ser processado por conta do exercício de cargos públicos.


Assim, seria legítimo antecipar a transferência de bens para filhos com o objetivo de proteger o patrimônio familiar dos riscos de causas decorrentes da atuação pública, segundo a manifestação apresentada pelo deputado.


O deputado diz que deveriam ser interpretadas dentro desse contexto suas declarações na entrevista à Rádio Clube de Itapira que o Ministério Público estadual incluiu na denúncia contra ele.


A Folha indagou Munhoz sobre o fato de a medida só ter sido adotada em 2001, quando ele já estava na política havia mais de 30 anos.


Segundo a assessoria do deputado, Munhoz não se preocupava com isso quando era mais jovem e só a partir de 1992, quando entrou em vigor a Lei de Improbidade Administrativa, é que os processos contra políticos se tornaram mais numerosos.

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