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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 06, 2011

Não deixa de ser uma versão "yankee" do parágrafo final do Manifesto Comunista de Marx e Engels: "Proletários ...., uni-vos!"...

Povo dos EUA vira à esquerda, contra o neoliberalismo e pelo fim das guerras

http://october2011.org/
A ficha já caiu para uma boa parcela dos estadunidenses, que estão indo às ruas fazer revoltas pacíficas, como não se via desde os anos 60, nas manifestações contra a guerra do Vietnã, pelos direitos civis e contra "o sistema".


A guerra do Afeganistão já dura 10 anos. O neoliberalismo que gerou a crise trouxe o desemprego, a exclusão social, a perda da moradia hipotecada. Aposentados dos fundos de pensão viram parte de suas aposentadorias evaporarem, com as perdas do pecúlio aplicado nos bancos quebrados.

Ativistas ocupam as ruas e rebelam-se clamando "Somos os 99% que não vão mais tolerar a ganância e corrupção dos 1%".

A ficha caiu, entendendo que existe um conflito de classes. Os 99% são o povão estadunidense que perderam seu "american way of life" e estão se sentindo na coluna dos perdedores. Os 1% são a elite econômica, simbolizada em Wall Street que, bem ou mal, sempre saem ganhadores, com crise ou sem crise.

Não deixa de ser uma versão "yankee" do parágrafo final do Manifesto Comunista de Marx e Engels: "Proletários ...., uni-vos!"...

Quem diria!

Lemas como "Parar o sistema! Criar um novo mundo!" são propagados. Não deixa de ter semelhança com o brado do Forum Social Mundial: "Um novo mundo é possível".

Os ativistas exigem:

  • Taxar os ricos e as corporações com mais impostos
  • Proteger o planeta
  • Colocar as necessidades humanas acima da ganância corporativa
  • Colocar os trabalhadores antes de lucros
  • Deixar o poder econômico de fora da política
  • Fim das guerras, trazer as tropas de volta para casa
  • Assistência de saúde para todos
  • Fim da proteção econômica do governo às corporações
Neste 6 de outubro, aniversário da invasão do Afeganistão, ativistas estadunidenses marcaram a ocupação de Washington, a capital dos EUA.

O movimento, inspirado nas revoltas populares iniciadas no Egito, chamadas primavera árabe, começou com a ocupação de Wall Street, o símbolo do capitalismo e das grandes corporações (Seria o equivalente no Brasil a "ocupar a BOVESPA" - Bolsa de Valores de São Paulo).

http://occupywallst.org/

Alguns milhares de ativistas ocupam Wall Street há 3 semanas, sejam se revezando, sejam acampando. As manifestações são pacíficas, mas com alguns atos de desobediência civil, como obstruir o trânsito, e passeatas não autorizadas, o que levou a repressão da polícia e prisões rápidas.

As ocupações se alastram para outras cidades: Bostom, Chicago, Los Angeles, San Francisco, etc.

Por enquanto os ativistas são uma minoria barulhenta, mas vocalizam os protestos do cidadão estadunidense médio, insatisfeito com o desemprego, a crise que os afeta, enquanto os bancos que provocaram a crise se salvam e continuam lucrando e pagando bônus milionários a seus executivos.

Os estadunidenses tem uma vantagem sobre os países do Oriente Médio: a militância virtual é mais intensa, já que quase todos os domicílios tem acesso a internet.
*Osamigosdopresidentelula

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