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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 06, 2011

Os Insones e a Vassoura

O mês de Outubro não começou bem para a alta cúpula do jornalismo daquela que está deixando de ser a maior emissora do país, isolada na liderança.


A divulgação do mais recente Painel Nacional de Televisão, o PNT, que mostra uma queda de 4% na audiência este ano trouxe inquietação nos corredores do Jardim Botânico. O temor é que o fraco desempenho de 2011 se acentue com a chegada dos Jogos Panamericanos daqui a 10 dias.

O evento, que já foi da Globo, hoje é exclusividade de sua maior rival, a Record. Por falar em rivalidade, há um diretor global que até sugeriu se não seria o caso de apoiar de alguma forma movimentos que desestabilizassem a concorrência, como por exemplo uma greve. Claro que a proposta foi rechaçada, de tão absurda.

Mas isso não impede que o assunto ganhe uma cobertura atenciosa por parte de colunistas e jornalistas aliados, principalmente em outros veículos, para não caracterizar a ofensiva. Afinal, na guerra pela audiência vale tudo.

Os preparativos para A Semana Internacional pela Democratização da Mídia, que acontece entre os dias 17 e 21 de outubro, também tem tirado o sono dos gestores. É que movimentos que unem blogueiros, estudantes e minorias prometem fazer uma "faxina" na emissora A mobilização ganha corpo rapidamente pelas "mídias sociais" e pode virar um fato de grande repercussão, temem.


O slogan da mobilização é bem humorado: “Traga sua vassoura, seu cartaz e junte-se a nós!”. Democratizar a comunicação é tudo o que eles não querem. Afinal, abrir mão dos "royalties" significa perder poder político e econômico. E para quem tem jornal, editora, rádio, televisão, cinema, internet e fundação cultural, convenhamos, não é fácil aceitar de bom grado uma vassora na porta de casa.

Quem sabe o prefeito e o governador não emprestam seus capangas para dar uma força? O pedido já foi feito e parece que ambos disseram amém, digo, sim.
DoLaDoDeLá

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