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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 07, 2011

Um cristão ateu


Eu tenho um primo evangélico que está sendo “treinado” para se tornar pastor da igreja dele. Um belo dia, ele veio aqui em casa e me fez uma pergunta bem estranha:
— E aí, Barros, já encontrou Deus?
— Eu não! Era pra eu tá procurando?
Isso levou a uma conversa já bem comum pra mim: o crente fanático querendo me vender a droga que ele usa. Daí que eu aproveitei que o interlocutor era meu primo — e muito provavelmente não iria me descer a porrada depois que eu não aceitasse a droga oferecida — e testei uma nova abordagem da discussão.
Eu disse a meu primo que iria conversar com ele sobre Deus, desde que ele concordasse em imaginar que eu também estaria sendo abordado, naquele exato momento, por um crente em Lord Brähma. Ele topou. E aí estão os melhores momentos:
— Mas por que você não acredita em Deus, Barros?
— Uai! O cara tá me fazendo lá a mesma pergunta: “Por que eu não acredito no Lord Brähma?”. E tu? Por que não acredita no Lord Brähma?
— Eu creio no único Deus verdadeiro.
— Não perguntei no que você crê. Perguntei por que você não acredita no deus do meu amigo lá do outro lado do Atlântico.
— Porque Deus é único!
— Ó, o cara disse que discorda de você.
— Não faz a menor diferença que ele discorde.
— Pois é: ele disse também que não interessa que você discorde dele. E que foi Lord Brähma o criador do universo.
— Ele pode pensar o que quiser. Deus é o criador do universo e a Bíblia é a sua revelação para a humanidade.
— Mas ele falou a mesma coisa, acredita? Que você pode pensar o que quiser, e que nada vai mudar a verdade. Que, no caso dele, é outra. E que, também, a revelação do deus dele para o povo dele é bem anterior à do seu deus para os hebreus… Que esse “para a humanidade” tá forçando a barra. Qual de vocês está certo, afinal?
— Está certo aquele que está do lado da verdade.
— Qual é a verdade? Deus criou o universo? Ou Lord Brähma criou o universo?
— A verdade está na Bíblia.
— E por que a verdade não está no Mahabharata, por exemplo?
— O que é isso?
— Mas você não sabe? Então que garantia você tem de que a verdade não está nesse texto sagrado e não no seu?
— A garantia que eu tenho é a de que Deus apenas deixou a Bíblia para ser sua forma de comunicação com o homem.
— E se num livro sagrado hindu estiver escrito que outros deuses falsos serão venerados e isso levará uma grande parte da raça humana para o Inferno de Lord Brähma? Você não estaria lascado?
— Barros, não dá pra discutir com quem rejeita a Bíblia como a palavra de Deus.
— E o crente lá da Índia tá dizendo que não dá pra discutir com quem rejeita o Mahabharata e os outros textos sagrados deles como a revelação de Brähma. Não é interessante?
— Só existe um Deus.
— Você, então, não acredita em Lord Brähma…
— Claro que não.
— E por quê?
— Porque não existe outro deus além do Deus vivo!
— Você não toparia estudar alguns textos hindus, frequentar alguns templos onde se pratique o hinduísmo, conhecer a filosofia deles, enfim, você não toparia procurar por alguma revelação de Brähma pra você?
— Não.
— Por quê?
— Não vejo razão para isso.
— Então não me peça pra procurar o seu Deus também. Porque você não vê razão para procurar Brähma, o hindu não vê razão para procurar mais outro deus além dos milhares que eles já têm, e eu não vejo razão para procurar deus nenhum.
Fonte: DeusILUSÃO/ Blog Cultura e Religiosidade


China proíbe reencarnar sem autorização!

Não se conhecem outros planetas com vida. Ainda não. Por isso o planeta Terra tem essa admiração, respeito e ar de inédito, já que é o centro das atenções. Pelo menos foi o centro do universo até que Nicolau Copérnico chegou com seu heliocentrismo.
E por ser o bam bam bam é que as coisas mais inusitadas tendem a acontecer por aqui, já que a vida abunda neste planeta azul. Tudo surge com mais ênfase no vizinho de Marte. Os fatos cotidianos da Terra são tão impressionantes que se fossem transmitidos em HD para Marte e Vênus, por exemplo, o payperview iria faturar milhões de reais. Sim, em reais. O dollar não serve nem para troco na via láctea.
Depois do Pop in Rio, do massacre na Noruega, dos suicídios de alunos, da corrupção absurda e de tantos outros absurdos, a China, amiguinha confidente do Brasil, regulamentou uma nova lei para os budistas tibetanos.
O budismo, como se sabe, é uma religião de grande abrangência nos países asiáticos como Índia, China, Japão... Além de todas as práticas de meditação e recitação de textos sagrados, uma das características mais marcantes do Budismo tibetano é a reencarnação. Seu líder espiritual é o Dalai Lama, que reencarna a cada geração. O Tibet continua sob o controle da China. Por isso o Dalai Lama vive na Índia, já que a China só pega no pé dos monges de túnica laranja.
E dessa vez o governo chinês pisou novamente no calo dos lamas. Decretou que nenhum budista poderá reencarnar, a menos que pegue, antes de morrer, uma autorização do governo. Isso mesmo. Antes de abotoar o paletó, aliás, de dobrar a túnica, a pessoa deve pedir uma autorização para poder, futuramente, voltar a viver.
Parece piada, mas é verdade. Não me canso de falar que a excentricidade dos orientais me surpreende a cada dia. A nação que é mãe da medicina milenar, da acupuntura, das práticas de meditação e concentração também faz coisas que participam da arte do absurdo. Não é difícil encontrar maluquices nas TVs chinesas e japonesas como programas de testes físicos bizarros ou shows sem a mínima noção de racionalidade.
Imagine se um pobre monge, que de repente sofre um ataque cardíaco, vem a falecer sem pegar a autorização? Nunca mais vai poder reencarnar! A não ser que ele viva em outro lugar. O Brasil, por razões óbvias, irá acolher com sorrisos e pandeiros os novos imigrantes... Ou seriam refugiados do campo espiritual?
Do jeito que as coisas andam, é capaz de já haver um meio de entrada ilegal no país para as almas que queiram voltar a viver e não têm o passaporte. Dizem até que existem várias pessoas em situação ilegal. Alguns usam os documentos da vida passada. E sendo assim podem acontecer casos difíceis, como o de algumas mulheres que reencarnaram como homens... Estas, agora "estes", sentem o maior constrangimento em mostrar o documento de identidade, que marca uma idade absurda que chega a mais de 350 anos e uma foto em sépia de uma jovem com trajes de dois séculos atrás!
Que situação, viu! É por isso que a audiência da Terra só cresce no universo. Isso chama muito a atenção dos marcianos e dos plutônicos, já que o planeta-anão também consegue receber alguns sinais da Blue Planet TV. A "comédia da vida terráquea" é um sucesso. Copérnico estava equivocado. O Sol pode ser o centro da galáxia, mas a Terra ainda é a audiência do Universo.
O Dalai Lama disse que já está planejando a sua reencarnação. Com certeza, por ser contra a nova lei chinesa, poderá ser mais um refugiado espiritual. Ele já disse que não vai reencarnar no Tibet sob o controle da China. Aonde será que ele pretende renascer? Só pode ser no Brasil! O país onde tudo pode, com certeza não vai recusar um líder espiritual tão aclamado.
Todo mundo quer vir para o Brasil. Até os marcianos querem vir pra cá. E ainda tem gente que não gosta da nação brasileira. Os brasileiros são os únicos que aceitam tudo, até refúgio espiritual. Por isso daqui não saiu, daqui ninguém me tira!
Diego Schaun
*comtextolivre

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