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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 07, 2011


UNESCO se dispõe a receber Palestina


  

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(Prensa Latina) Se a tendência das maiorias se mantiver firme, a Palestina poderá ingressar na UNESCO a partir da Conferência Geral da entidade que começará nesta capital, no dia 25 de outubro.

  Um fato histórico marcado de simbolismos, graças à iniciativa dos países árabes e ao co-patrocínio de Cuba, do Peru e da Venezuela na Organização de Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

O debate deu-se no Conselho Executivo da agência da ONU. Finalmente, a proposta foi aprovada com 40 votos favoráveis, 4 contra (Estados Unidos, Alemanha, Letônia e Romênia) e 14 abstenções.

Segundo o diplomata palestino Mounir Anastas, observador permanente aqui, Washington não apenas se opôs categoricamente à ideia, mas também ameaçou retirar sua contribuição financeira à UNESCO.

"Trata-se de 22% do orçamento da UNESCO e não seria a primeira vez que a Casa Branca ordena algo assim", descreveu Anastas à rede internacional de televisão France24.

Ainda que não tenha diretamente influência sobre o Conselho de Segurança da ONU, onde se debate precisamente a admissão da Autoridade Nacional Palestina (ANP) como membro pleno, sem dúvida os analistas consideram que a aprovação é um triunfo do sofrido povo árabe.

"É um benefício para a ANP de qualquer modo, pois ao ter solicitado ingressar na ONU, as portas da UNESCO poderiam ser abertas com maior facilidade", opinou Fréderic Encel, especialista em Oriente Médio da Universidade Sciences Po de Paris.

Mary Florez, embaixadora de Cuba na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), disse à Prensa Latina que a resolução foi celebrada pelas nações em via de desenvolvimento como um grande sucesso.

Cuba e o grupo latino-americano qualificaram o acordo como "um momento histórico para a UNESCO e de justiça com o sofrido povo palestino".
*Capaccete

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