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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 21, 2012

Lei marcial em tempo de Paz? Implementada a ditadura de Orwell?

Em 2012 concretiza-se a profecia de 1984, de Orwell.

Sinais. Pequenos/grandes sinais que surgem no globo. Tudo normal ou algo está em marcha?
O Leitor é que sabe. Informação Incorrecta tem o papel de mostrar os vários sinais.

Por exemplo: nos Estados Unidos, o simpático Nobel da Paz Barack Obama acaba de assinar uma Ordem Executiva do Presidente (que é ele, o simpático Obama!), com o nome de Preparação Nacional dos Recursos para a Defesa. Tal ordem pode implementar a lei marcial no território americano em tempo de paz.
Mas vamos ver com mais atenção.

Esta Ordem confere ao presidente o poder de utilizar qualquer coisa que seja julgada necessária em nome da defesa nacional. Isso em tempo de paz porque, como diz o nome, estamos perante duma "preparação".
Não é este um cenário de guerra, não há aqui um ataque: são os Estados Unidos que se preparam.

Assim, alegremente, os ministros da Agricultura, da Energia, da Saúde e Serviços Sociais, dos Transportes, Defesa e Comércio podem entrar numa quinta qualquer e dizer ao dono:
- Em nome da Ordem Executiva do Presidente dos Estados Unidos para a Preparação Nacional dos Recursos para a Defesa, faça o favor de entregar comida, gado, adubos, máquinas agrícolas, todas as formas de energia, água e recursos hídricos, todos os veículos de transporte e qualquer outro material que possa ser útil, inclusive os materiais de construção.

- Também as galinhas?
- Sobretudo as galinhas: com aquele olhar fixo vêem tudo e são perigosas.

De facto, as galinhas têm um ar suspeito.
Mas que faz o Estado com todos os materiais da quinta? Entrega tudo aos serviços ou estruturas que precisam dele em nome da Defesa.
Como realça Kent Welton, cidadão americano que comenta a nova lei, isso permite entregar recursos às empresas privadas. Porquê? Porque é esta uma fase de preparação e, como tal, prevê modificação ou ampliação de estruturas de produção privadas, melhoria nos processos de produção, entrega de instrumentos estatais em prol da capacidade produtiva das empresas, fábricas, indústrias privadas.

É difícil perceber como uma galinha possa melhorar um processo produtivo, mas a guerra é guerra e nunca se sabe. Pode haver uma ameaça de guerra e depois tudo não passar dum falso alarme: entretanto as grandes empresas agradecem pois as galinhas permitiram ter ovos frescos de graça ao longo dum tempinho. E um ovo fresco de manhã é toda saúde.

Consequências? Se os Estados Unidos decidissem aplicar esta lei em tempo de paz, obviamente haveria escassez de comida e matérias primas. É por isso que tais iniciativas são tomadas depois do início duma guerra e não antes. Durante a II Guerra Mundial, por exemplo, os preços começaram a ser controlados por parte do Estado apenas em 1942 e o racionamento foi introduzido em 1943.

Com a aplicação desta lei, o Governo pode tranquilamente tomar posse das propriedades dos cidadãos e redistribui-las em nome dum hipotético "esforço bélico", com grande vantagem das corporações com referentes políticos no Congresso. Todos os contratos previamente estabelecido são ultrapassados pela presente Ordem Executiva: única excepção são os contractos de trabalho.
O resto, tudo o resto, fica nas mãos de seis ministros.


Que os Estados Unidos desejem impor a lei marcial em tempo de paz é hipótese remota. O facto mais importante é realçar como o Presidente dos EUA possa actualmente exercer um poder sem controle.

Estamos perante duma ordem executiva publicada na tarde duma Sexta-feira, ignorada pela maioria dos media, difundida apenas nos canais da informação alternativa. E como estes gostam de realçar os aspectos mais espectaculares e improváveis (como a efectiva aplicação da lei marcial em tempo de paz), a notícia perde de credibilidade, fica ignorada e a lei passa no armazém das medidas "congeladas" mas úteis em casos extremos. Casos nas quais serão utilizadas sem que seja possível contraria-las, pois foram aprovadas, assinadas e carimbadas pelo "representante" do povo americano.

A lei denominada National Defense Resources Preparedness é uma medida construída para que, em casos de complicações, a situação não fuja de mão. Pode ser uma guerra externa, pode ser uma revolta interna: em qualquer caso, a elite quer estar preparada. As galinhas que se cuidem.


Do blogue Informação Incorrecta

Documento em inglês
Documento em português

Agradeço ao Voz a 0 db
*Guerrasilenciosa

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