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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, março 22, 2012

Se alguém morrer, Globo não tem nada com isso @rede_globo

Contrato do reality show "The Ultimate Fighter – Em Busca de Campeões", que começa no próximo domingo, isenta a emissora de responsabilidades com os participantes, e caso algum deles morra em combate, ela pode até romper o contrato, sem multa

247 – No próximo domingo, 25, tem início na Globo o The Ultimate Fighter – Em busca de campeões, reality show de UFC que inicia com 32 participantes. E por eles, a Globo não se responsabiliza. É o que dizem cláusulas dos contratos do UFC e do reality, aos quais a Folha de S.Paulo teve acesso. Mesmo se algum participante morrer em combate, por exemplo, a emissora tem o direito de romper o contrato, sem multa, isentando-se de qualquer relação com os lutadores.
A atração recebeu cerca de 500 inscrições, mas apenas 32 foram selecionados, dos quais metade já será eliminada logo no primeiro episódio. Apenas 16 lutadores, portanto, seguirão para a casa do programa, e os dois campeões de cada categoria, um do peso-pena e um do peso-médio, assinarão contratos com o Ultimate. As equipes serão treinadas pelos brasileiros Vitor Belfort e Wanderlei Silva, que se enfrentarão no final.
A compra de direitos para exibição do MMA (artes marciais mistas) pela Globo dividiu opiniões dentro da emissora. Certamente por causa da violência dos combates, motivo de uma série de críticas contra a TV, que se diz detentora de uma programação dedicada à família brasileira. Em dezembro passado, o jovem americano Jeff Dunbar, de apenas 20 anos, saiu tetraplégico de uma luta, em Chicago. No mesmo mês, o brasileiro Rodrigo Minotauro fraturou seu braço no UFC 140, que aconteceu em Toronto, no Canadá, enquanto lutava contra o americano Frank Mir.
Nos Estados Unidos, o reality é uma das atrações de maior sucesso no meio esportivo e foi um dos maiores responsáveis por popularizar o esporte no país. Na seleção do programa no Brasil, em um dos momentos de treinamento, o instrutor diz aos participantes: “Obrigado a todos por participarem, vocês terão 90 segundos. Animem-se, mostrem o que vocês podem fazer, mas não se machuquem”. Afinal, UFC, morte e Globo: nada a ver.

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