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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, agosto 08, 2013

Silêncio de duas crianças é vendido por 750 mil no “país da liberdade”


Justiça dos EUA proíbe crianças de falar sobre exploração de xisto por toda vida. Família da Pensilvânia alega ter sofrido problemas de saúde com extração mineral; acordo de sigilo com a empresa foi de US$ 750 mil Por decisão da Justiça norte-americana, duas crianças do estado da Pensilvânia (leste dos EUA) estão proibidas, pelo resto de suas vidas, de falarem a respeito de exploração de xisto. A determinação judicial ocorreu após um acordo sigiloso estabelecido entre a família Hallowich, que inclui as duas crianças e os pais Chris e Stephanie, e a empresa Range Resources.
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Exploração de Xisto: silêncio de duas crianças é vendido por 750 mil no “país da liberdade” (Foto: Daily Mail)
Além de não poderem falar sobre extração do gás, a família toda está proibida de comentar a respeito da empresa Marcellus Shale, uma das líderes do setor de produção de xisto nos Estados Unidos. Em troca, os Hallowich receberam 750 mil dólares.
Os dois irmãos, um menino de doze anos e uma menina de nove, moravam em uma pequena propriedade rural de 40 hectares em Mount Pleasant, adjacente a um grande terreno de extração da rocha, que tem se tornado progressivamente uma alternativa energética nos EUA e importante fonte de renda para alguns estados produtores. O xisto é fonte de combustível – seja através de óleo ou gás natural – sempre procurado em períodos de alta do preço do petróleo.
O acordo judicial foi fechado em agosto de 2011, mas só divulgado na semana passada pelo jornal local Pittsburgh Post Gazette. O diário divulgou parte dos autos, que mostra uma transcrição dos diálogos entre a família, a empresa e o juiz. A íntegra pode ser vista nesse link. O jornal afirma que tenta há algum tempo liberar todo o conteúdo do caso, que contém cerca de 900 páginas. Isso significa que as crianças foram censuradas quando possuíam apenas nove e sete anos de idade.
*Pragmatismopolitico

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