10/07/2010 - 10:10h Brasil: No topo do mundo
Apesar dos persistentes problemas sociais, você não consegue passar um dia no Brasil sem notar um milagre econômico acontecendo aqui. Do crescimento no primeiro trimestre que quase chegou 9% e o movimento nos heliportos nos arranha-céus de São Paulo. Ou ouvir as realizações do presidente Lula, recentemente nomeado o líder mais influente do mundo pela revista Time, por elevar o perfil do país no cenário mundial e tirar grande parte da população da pobreza. A herança do presidente Lula é o tema das conversas com o início da campanha eleitoral para seu sucessor. As pesquisas indicam que a escolhida de Lula, Dilma Rousseff, deverá vencer as eleições de outubro acabando com as esperanças do conservador da oposição José Serra. Ela “vai herdar um país carregado com bons frutos”.
Sob o título “No topo do mundo”, o correspondente do diário em São Paulo, David Usborne, afirma que “não é possível passar um dia no Brasil sem sentir os milagres econômicos que acontecem” no país.
A reportagem ocupa as duas páginas centrais do jornal, acompanhada de uma grande foto da estátua do Cristo Redentor no Corcovado, de outra com torcedores acompanhando uma partida da seleção brasileira de futebol e de uma terceira com o presidente Lula em sua recente viagem ao Quênia.
On top of the world
David Usborne – The Independent
doleiturasfavre
Lily Marinho:
"Só faço almoço para a Dilma. Para os outros, não"
DA REDAÇÃO - Ao fim de seu almoço para Dilma Rousseff, cercada pela imprensa por todos os lados, Lily Marinho respondeu ao repórter que lhe perguntou se também fará almoços para os demais candidatos: "Não, só para ela!". Naquele momento, tive a certeza de que Dilma havia conquistado mais um voto. Afinal, em seu pequeno discurso, lido antes da sobremesa, Lily falara da necessidade de "ouvir diretamente os candidatos, sem intermediários para formar opinião sobre a melhor escolha daquele ou daquela que irá conduzir nosso país nos próximos quatro anos". Lily também lembrara o marido, Roberto Marinho, "que jamais se absteve de conviver com as diferenças de opinião". Mas não havia, naquela resposta de Lily ao repórter — "Não, só pra ela!" — qualquer resquício de dúvida, qualquer indecisão diante da escolha certa.
Dilma, em seu discurso de improviso, após a fala de Lily, foi uma grata revelação, para comentário geral. Falou com domínio dos assuntos, segura de si e das palavras, com simpatia e sorrisos, porém sem perder a firmeza que a caracteriza. Discorreu sobre a situação da mulher, lembrando que "nenhuma brasileira discute se o Brasil está preparado para ter uma mulher na Presidência — o Brasil sabe que está preparado". Enalteceu as mulheres anônimas, as "heroínas" do cotidiano. Lembrou o salto dado pelo Brasil nos últimos anos: "Pensem em 2010 e olhem para 2002 e percebam como este país é diferente hoje". E continuou: "É diferente porque 24 milhões saíram da pobreza e 31 milhões foram elevados à classe média". Enfatizou a importância da educação — "faremos um imenso esforço por ela" — lembrando a importância de se valorizar o professor: "Não é prédio, não é banda larga, é também. Mas é sobretudo o professor". E mais: "A educação é a conquista do futuro deste país".
"Ela fez um progresso extraordinário", comentou uma de nossa mesa. Fiquei na dúvida se Dilma realmente fez progressos ou se éramos nós que, até então, desconhecíamos seus talentos de sedução e de oratória. Éramos 12 àquela mesa. A homenageada à direita da anfitriã. A economista Maria da Conceição Tavares, a escritora Nélida Piñon, a cineasta Lucy Barreto, a museóloga Magali Cabral, mãe do Sérgio governador, Consuelo, a mãe do prefeito Eduardo Paes, Maria Lúcia Jardim, mulher do vice Pezão, Marcela Temer, mulher do deputado vice na chapa de Dilma, Andréa Agnelli, mulher do Roger, presidente da Vale, Maria do Carmo, a sra. Marcos Vilaça, presidente da ABL, e esta jornalista. As demais quatro mesas não tinham lugares marcados. Lily inspirou-se num jantar de Nelson Rockefeller e sorteou entre as presentes seus lugares nas mesas presididas pela mineira Angela Gutierrez, a curitibana Margarita Greca, a embaixatriz Maria Thereza Castelo Branco, uma habituée do Cosme Velho, e Vera Lúcia, a sra. Oscar Niemeyer.
Todas tinham algo simpático a dizer à candidata. A embaixatriz Glorinha Paranaguá, ao ser apresentada, contou-lhe que foi seu filho jornalista, que vive em Paris, quem escreveu a grande matéria a seu respeito publicada no jornal Le Monde. Algumas até lhe levaram presentes, como costuma acontecer em almoços femininos. Dilma sentiu-se definitivamente em casa, no Cosme Velho.
http://jbonline.terra.com.br/pextra/2010/07/09/e090714076.asp
O significado do almoço de Lily Marinho
Enviado por luisnassif, sab, 10/07/2010 - 10:51Para entender direito o significado desse almoço oferecido por Lily Marinho a Dilma Rousseff.
Dona Lily é personagem de um mundo fantástico do Rio de Janeiro, da fase áurea dos anos 40 quando, ao lado do marido Horácio de Carvalho, do casal Walter Moreira Salles-Helene, Aloisio Salles-Peggy, dominavam os salões da cidade, nos tempos em que Roberto Marinho ainda não tinha chegado ao primeiro time.
O primeiro marido Horácio Carvalho foi pessoa influente no governo Dutra e no governo JK. Dono do Diário Carioca - ao lado de José Eduardo Macedo Soares -, e da Erika - editora de revistas -, acabou repassando a empresa para Samuel Wainer, em um episódio que deu muito pano para manga para Carlos Lacerda.
Mesmo com todo esse histórico, dona Lily nunca teve atuação política. Viúva, casou-se com Roberto Marinho, foi companheira dos últimos anos do patriarca, mas jamais teve ingerência em qualquer negócio das Organizações Globo. Nem é mãe de seus filhos.
Assim, a importância desse almoço é simbólica: reside em derrubar preconceitos da velha elite carioca contra a candidata do PT.
Não é pouco.
doluisnassif
A luta não quita a fidalguia
Um leitor fez a provocação e eu aceito o tema de bom grado. Ele me pergunta se não vou comentar aqui a visita de Dilma a Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, ontem, no Rio. Vou, sim, e com muito prazer.
Acho que foi um ato de grande gentileza, da parte de ambas.
Quem fala isso é o neto do homem que mais combateu Roberto Marinho e que mais foi combatido por seu império de comunicação. E que, eu tenho certeza, jamais recusaria um convite dele para conversar, muito menos ainda o de sua viúva.
Para quem não sabe, meu avô contava sempre que, nos primeiros tempos, tentou mesmo convencer Marinho a apoiar um programa massivo de educação de qualidade. “Já pensaram o que seriam os CIEPs com a Globo apoiando?”, perguntava ele às vezes.
Conversar, conversar civilizadamente, com todos, inclusive com seus maiores adversários, é um dever da política. E se você recebe um tratamento pessoal gentil, não tem nenhuma razão para não retribuir da mesma forma.
Ninguém combate o poder da Globo por razões pessoais contra os Marinho, mas em defesa de princípios democráticos. Embora o inverso, muitas vezes, não seja verdadeiro, é o correto.
Este tipo de “patrulhismo” não leva a lugar nenhum. Os nossos princípios democráticos são radicais, porque vão à raiz das questões. Não são radicalóides, sectários e intolerantes, para que pudessem – o que não podem – justificar o destrato pessoal a quem quer que seja.
Os gaúchos resumem bem isso, na frase que serve de título. A luta não pode nos tirar a civilidade.
dotijolaço
Lily Marinho não vai oferecer almoço a José Serra e nem a Marina Silva
10 de julho de 2010
dosamigosdapresidentadilma
Viúva de Roberto Marinho declara voto em Dilma. E agora, Ali Kamel?
Vou fazer 90 anos. Sou velha para votar. Mas acho que, se votasse, seria na Dilma.
A declaração é de Lily, a elegante e sedutora aristocrata que, com mais de 70 anos, conquistou o coração de Dr.Roberto. Lembro do casamento. Foi bonito ver os dois velhinhos se casando. Dona Lily é uma socialite discreta, inteligente e, até onde sei, de opiniões progressistas. Com certeza não lê os blogs da Veja, o que já é grande coisa.
Roberto Marinho, apesar do apoio que deu ao golpe militar, nunca foi um hidrófobo histérico de direita como seus filhos. Tanto é que abriu a redação do jornal para comunistas e ex-comunistas. Para ele, a ideologia da pessoa não lhe impedia de ser um bom profissional ou mesmo uma boa pessoa. Recebeu até Fidel Castro em sua casa, conforme lembra Dona Lily, provando que também Fidel sempre foi um sujeito aberto ao diálogo cordial inclusive com seus piores adversários.
O mais curioso da matéria, claro, é a declaração de voto de dona Lily. E sua afirmação de que não receberá Serra nem Marina.
No Globo, a matéria saiu fria, árida, nitidamente constrangida, sem relatar a boa impressão que Dilma causou nas ressabiadas socialites cariocas, muitas das quais, conforme revelou uma amiga de Lily à coluna de Bergamo, morriam de medo do PT e da candidata.
Essa nota é muito mais importante do que parece a primeira vista. As fotos da candidata ao lado das vips do Rio serão publicadas e republicadas em praticamente todas as revistas femininas. Deverá causar bastante impacto também sobre o imenso universo artístico da TV Globo, com seus milhares de atores, contrarregras, técnicos, operadores, etc.
Sob o chicote do carrasco Ali Kamel, que impôs regras draconianas impedindo qualquer empregado, até o mais reles faxineiro, de expor suas opiniões políticas, ainda que sutilmente, em sites de relacionamento, twitter, blogs, etc, as simpáticas declarações de Lily em favor de Dilma Rousseff representam uma prova de que essas humilhantes restrições só valem para os escravos. O contraste é gritante. Aos escravos, o silêncio, a opressão, a mordaça; aos senhores, a liberdade. Dona Lily pode falar o que quiser, pode até explicitamente apoiar Dilma. Sei que ela não trabalha no jornal, mas mesmo assim, é uma figura ligada afetivamente às organizações Globo, em virtude de carregar o sobrenome de seu proprietário e ter sido a doce companheira de "Seu" Roberto por mais de uma década. A informação correrá nos bastidores da Globo como um rastilho de pólvora: Dona Lily está com Dilma! Quantos sorrisos maliciosos, furtivos, quase vingativos, não serão vistos nas salinhas de café?Leia na íntegra