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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, julho 12, 2010

A Bolívia é exemplo





A água é um direito humano inalienável
A guerra da água na Bolívia, em 2000, foi um exemplo para a humanidade



O presidente boliviano Evo Morales, com sua sensibilidade indígena e profundo sentido dos elementos da natureza, deu um xeque-mate na ONU ao apresentar um projeto para que o acesso à água seja declarado um direito humano. O argumento irrespondível foi simples como a jogada mortal do xadrez: Se um dos Objetivos do Milênio para 2015 é a dotação de água potável e saneamento em todo o mundo, como atingi-lo sem declarar a água como um direito humano inalienável.
Evo usou não apenas sua habilidade de enxadrista, que enfrentou mês passado o ex-campeão mundial Anatoly Karpov, como a prórpia experiência boliviana. Em 1999, a empresa norte-americana Bechtel assinou contrato com então governo boliviano do general Hugo Banzer para privatizar a água em Cochabamba, a terceira cidade da Bolívia. Com a privatização, veio o aumento do preço da água que chegou a quase 180%. A conta de água chegou a 20 dólares por mês num local em que o salário mínimo era inferior a 100 dólares mensais.
Os camponeses se levantaram, cercaram a cidade e após idas e vindas, com prisões, assassinatos e censura, a Bechtel foi expulsa do país e o controle da água retomado pela população. Um dos lemas dos bolivianos à época era “a água é um presente de Deus e não uma mercadoria.”
Estima-se que mais de um bilhão de pessoas, principalmente no mundo em desenvolvimento, não têm acesso à água, e o Banco Mundial prevê que dois terços da população mundial sofrerá com a falta de água em 2025. A privatização da água agrava este quadro de exclusão.
Evo Morales, o índio que a elite boliviana e sul-americana tenta apresentar como incapaz, revela sua grandeza ao estender sua precupação para o mundo. “Em alguns países, infelizmente, a água está como um direito e negócio privado, quando deveria ser de serviço público… Sem água não podemos viver”, disse Evo quando apresentou seu projeto hoje, em La Paz.
A proposta de Evo merece se tornar bandeira de todos nós que estamos comprometidos com o ser humano e o bem estar social. A privatização dos recursos hidricos é um crime que não podemos tolerar.

dotijolaço

Multa, multa multa



D.Sandra Quirrô: Presidente da Síria prega continuidade de Lula. Multa ele!

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM9oYMMmUWCTIwZRhKwPqkwxXon01O9y8v4z0vMC78b0eU7p1vs6xV3iU99fNqESZLsoRoKFGJNO_DgrX-GzJ6j2dekhaB4XxFwkFrz18XayI-WAwx9HyXk-VQLg8qxii33ubynjoc5u36/s1600/atphoto.2009-12-02.image_media_horizontal.5578143973.jpg

GilsonSampaio

Semana passada, a rede bandalha entrevistou o Presidente da Síria, Bashar AL-Assada.

No final da segunda parte, depois de rasgados elogios a Lula ao Mercosul, Bashar Al-Assada prega a continuidade política de Lula, daí, que optei pelo título acima chamando a atenção da procuradora tão zelosa dos interesses do Zé Pedágio. Pela expressão facial, Joelmir Betting não gostou nem um pouquinho.

É divertido. Mitre e Telles falam o que querem e escutam o não querem.

Presidente Bashar Al-Assada, Parte 2

A propaganda pró-Dilma começa a partir dos 6min30s +ou-

Saiu o novo Brizolaço.com FORÇA E LUZ



Bom, pessoal, chegou a hora. Finalmente, depois de muito “ajusta daqui e dali”, entra no ar o Brizolaco.com, meu site de campanha. E para inaugurar o site, ninguém melhor do que aquela que simboliza a nossa esperança de aprofundar o processo de mudanças que vive o Brasil: Dilma Rousseff.
Não vou fingir que não fiquei envaidecido pelo tratamento mais que gentil que ela me deu, pelas mensagens que gravou e pela sua supersimpática referência ao nosso blog.
Espero estar a altura desta confiança.
Assim como espero que gostem do site, que tem muitos vídeos, fotos, idéias e, sobretudo, espaço para participação.
Não é um simples espaço de autopromoção; quer ser o espaço de construção de uma comunidade de idéias e de convívio.
E não é exclusiva para os cariocas e fluminenses, porque um deputado é votado aqui, mas faz leis e políticas que afetam o Brasil inteiro.
Todos podem, se quiserem, me ajudar muito, difundindo os temas e propostas que estão lá.
Eu estou muito cansado, assim como minha equipe, que se dedicou com um enorme sacrifício à construção do site.
Mas estamos felizes de poder oferecer a vocẽs algo coerente com a ideia que temos de usar a internet para aproximar a política das pessoas, para que elas passem a interferir diretamente naquilo que diz respeito às suas próprias vidas.
Certamente ainda faltam coisas – que pretendemos ir colocando progressivamente. E, mais certamente ainda, vocês vão encontrar erros. Não se acanhem – até parece que alguém se acanha aqui, né? – de apontar os defeitos. A gente tenta corrigir.
Bom, é isso. Como este é um momento muito especial, vou deixar este post fixo na primeira página durante um tempo. As novas postagens vão entrar abaixo dele, portanto.
Um abraço a todos e muito obrigado pela paciência de esperarem este site que, eu acho, promete.
dotijolaço

Deus sempre te Abençoe

O quinta coluna, ou X-9 ou Dedo Duro

Vida e obra (lato sensu) de Roberto Freire, presidente nacional do PPS, facção do PSDB-DEM

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Texto do jornalista Sebastião Nery sobre a vida e obra de Roberto Freire. O PCB segue na luta pelo socialismo no Brasil e no Mundo. Em 2009 realizamos o XIV Congresso Nacional que marcou a reconstrução revolucionária do Partidão. Agora, em 2010, lançamos chapa própria para as eleições gerais. Vida e obra de Roberto Freire - A estranha história de Roberto Freire Sebastião Nery (Data incerta e não sabida) O único político brasileiro da oposição (que se diz da oposição) que aplaudiu José Serra, o Elias Maluco eleitoral, por ter anunciado que agora é hora de destruir Lula, foi o senador Roberto Freire, presidente do Partido Popular Socialista (PPS, a sigla que sobrou do assassinato do saudoso Partido Comunista, melhor escola política brasileira do século passado). Disse: "Serra presta um serviço à democracia". Para Roberto Freire, "desconstruir", destruir, eliminar o principal candidato da oposição e das esquerdas (com 42% nas pesquisas) é um "serviço à democracia". Gama e Silva nunca teve coragem de dizer isso. Armando Falcão também não. Nem mesmo Newton Cruz. Só o delegado Fleury. Ninguém entendeu. Porque não conhecem a história de Roberto Freire. Aprovado pelo SNI Em 1970, no horror do AI-5, quando tantos de nós mal havíamos saído da cadeia ou ainda lá estavam, muitos sendo torturados e assassinados, o general Médici, o mais feroz dos ditadores de 64, nomeou procurador (sic) do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) o jovem advogado pernambucano Roberto João Pereira Freire, de 28 anos. Não era um cargozinho qualquer, nem ele um qualquer. "Militante do Partido Comunista desde o tempo de estudante, formado em Direito em 66 pela Universidade Federal de Pernambuco, participou da organização das primeiras Ligas Camponesas na Zona da Mata" (segundo o "Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro", da Fundação Getulio Vargas-Cpdoc). Será que os comandantes do IV Exército e os generais Golbery (governo Castelo), Médici (governo Costa e Silva) e Fontoura (governo Médici), que chefiaram o SNI de 64 a 74, eram tão debilóides a ponto de nomearem procurador do Incra, o órgão nacional encarregado de impedir a reforma agrária, exatamente um conhecido dirigente universitário comunista e aliado do heróico Francisco Julião nas revolucionárias Ligas Camponesas? Os mesmos que, em 64, na primeira hora, cassaram Celso Furtado por haver criado a Sudene, cataram e prenderam Julião, e desfilaram pelas ruas de Recife com o valente Gregório Bezerra puxado por uma corda no pescoço, puseram, em 70, o jovem líder comunista para "fazer" a reforma agrária. Não estou insinuando nada, afirmando nada. Só perguntando. E, como ensina o humor de meu amigo Agildo Ribeiro, perguntar não ofende. Sempre governista Em 72, sempre no PCB (e no Incra do SNI!) foi candidato a prefeito de Olinda, pelo MDB. Perdeu. Em 74, deputado estadual (22.483 votos). Em 78, deputado federal, reeleito em 82. Em 85, candidato a prefeito de Recife, pelo PCB, derrotado por Jarbas Vasconcellos (PSB). Em 86, constituinte (pelo PCB, aliado ao PMDB e ao governo Sarney). Em 89, candidato a presidente pelo PCB (1,06% dos votos). Reeleito em 90, fechou o PCB em 92, abriu o PPS e foi líder, na Câmara, de Itamar, com cujo apoio se elegeu senador em 94 e logo aderiu ao governo de Fernando Henrique. Em 96, candidato a prefeito de Recife, perdeu pela segunda vez (para Roberto Magalhães). Agora, sem condições de voltar ao Senado, aliou-se ao PMDB e PFL de Pernambuco, para tentar ser deputado. Uma política nanica, sempre governista, fingindo oposição. Agente de FHC Em 98, para Fernando Henrique comprar a reeleição, havia uma condição sine qua non: impedir que o PMDB lançasse Itamar candidato a presidente. Sem o PMDB, a reeleição não seria aprovada. Mas o PMDB só sairia para a candidatura própria se houvesse alianças. E surgiram negociações para uma aliança PMDB-PPS, uma chapa Itamar-Ciro. Fernando Henrique ficou apavorado. E Roberto Freire, agente de FHC, o salvou, lançando Ciro a presidente. Isolado, o PMDB viu sua convenção explodida pelo dinheiro do DNER, Itamar sem legenda e a reeleição aprovada. Durante quatro anos, Roberto Freire saracoteou nos palácios do Planalto e da Alvorada, sempre fingindo independência, mas líder da "bancada da madrugada" (de dia se diz oposição, de noite negocia no escurinho do governo). Quinta-coluna No ano passado, na hora de articular as candidaturas a presidente, o PT (sobretudo o talento e a competência política de José Dirceu) começou a pensar numa aliança PT-PPS, para a chapa Lula-Ciro. Itamar disse que apoiava. O PSB de Arraes também. Fernando Henrique, o PSDB e Serra se apavoraram. Mas Roberto Freire estava lá para isso. Novamente lançou Ciro, para impedir uma aliança das oposições com Ciro vice de Lula. Fora dos cálculos de FHC e Roberto Freire, Ciro começou a crescer. Mas, quando o PFL, sem Roseana, quis apoiar Ciro, dando espaços nos estados e na TV, Roberto Freire, aliado em Pernambuco de Marco Maciel, o líder da direita do PFL, vetou o PFL com Ciro. Como se chama isso? Uns, "agente". Stalin chamava "quinta-coluna". PCB – Juiz de Fora (MG) _________________________ Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons . PressAA Agência Assaz Atroz .
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Como e por que CartaCapital compara Lula com Fernando Henrique

CartaCapital tem 16 anos de vida, oito de Fernando Henrique Cardoso e oito de Luiz Inácio Lula da Silva. A edição nº 3 da revista, mensal de agosto de 1994 a março de 1996, quando se tornou quinzenal, saiu logo após a eleição vencida por FHC e o estampava na capa. Recordo que o próprio ligou de Brasília: “A melhor entrevista já feita comigo”.

Entrevistador o acima assinado. Havíamos acertado o encontro para uns 15 dias antes do pleito. Há tempo o êxito de FHC era inevitável e a antecipação da conversa permitiu sair dois dias depois da eleição com o vencedor a sorrir na capa. Fluvial entrevista com um intelectual bem articulado também em política.

Havia ali, no entanto, três passagens para estimular a minha perplexidade. Primeira. De saída, evoco a visita de Jean--Paul Sartre ao Brasil no começo dos anos 60, o jovem FHC estava na plateia de uma conferência do pensador em Araraquara. O entrevistado apressa-se a esclarecer que já neste tempo misturava Marx com Weber. Observo que na introdução do seu primeiro livro, Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional, ele informava ter usado “o método dialético-marxista”. FHC recorda e admite. “Mas na segunda edição, retirei a referência”, diz, com a expressão de Buster Keaton.

Segunda. De acordo com o entrevistado, a ética do cientista é diferente da ética do político. Por quê? O cientista “descobriu, mostrou”. “Já o político não pode fazer isso.” Como assim? “Não digo que o político possa e deva mentir, mas às vezes tem de omitir. Se ele não omite, pode causar uma situação contrária.”

Terceira. O assunto passa a ser a criação do ninho tucano. “Eu disse que o PMDB tinha esgotado a possibilidade de avançar mais, de fazer as coisas, e o Ulysses, que era muito realista, disse: ‘É, você tem razão’”. Revelação. Eu teria apreciado- a oportunidade de consultar a respeito o Senhor Diretas-Já. Infelizmente, estava morto há dois anos.

Seguiram-se oito anos de governo tucano. No período o Brasil quebrou três vezes, o próprio presidente incumbiu-se da tarefa de desvalorizar o real depois de se reeleger à sombra da bandeira da estabilidade, da qual se apresentava como pai. Cuidara, para conseguir o segundo mandato, de comprar votos no Congresso. O País, em contrapartida, foi posto à venda. Por pouco a Petrobras não acabou nas mãos das célebres irmãs do petróleo. Negócios gigantescos foram fechados a todo custo a favor de empresários escolhidos a dedo.

Foi o tempo em que a amena turmeta que governava as finanças brasileiras esteve preparada a empregar a “bomba atômica”, se preciso fosse, para atingir seus alvos. Bomba atômica, sinônimo de Fernando Henrique, conforme contaram os grampos executados no BNDES. Enquanto isso chacinavam-se lavradores no Norte do País. O Brasil crescia à média anual de 2,5%, com todas as consequências deste falso avanço.

A comparação entre os governos de FHC e Lula é inescapável. E nem falarei da perseguição armada pelo ministério das Comunicações do tucanato contra quem os criticava. Todos os números mostram que o governo que agora se despede saiu-se infinitivamente melhor do que o anterior. Nem por isso, CartaCapital deixou de ser crítica em relação aos dois mandatos de Lula, conforme esclarecido neste mesmo espaço na edição da semana passada, ao definir nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff. Crítica determinada, às vezes áspera, de vários pontos da política governista. Econômica, social, ambiental. E em outros domínios, quando foram beneficiados os protetores de Daniel Dantas, ou torturadores da ditadura, ou os criadores do desastrado caso Battisti.

A redação recebeu um sem-número de cartas e mais de 300 comentários no nosso site a respeito do declarado apoio a Dilma, indispensável, na nossa visão, a bem do jornalismo honesto. A larga maioria aplaude a escolha, exposta com a clareza e o senso de responsabilidade que de hábito faltam à mídia nativa.

No rol de quem ataca há os provocadores de sempre, sem contar os ignorantes e os crédulos. Como se sabe, o objetivo deste gênero de agressores é levar o alvejado à irritação suprema. Entendemos, porém, que o desespero é o deles. Uma frequentadora do site declara a intenção de cancelar a assinatura de CartaCapital. Em compensação, outro vai fazê-la ao saber da nossa opção.

Uma carta me chama a atenção, de um leitor, ou melhor “futuro ex-assinante”, como sublinha. Trata-se de um cavalheiro encantado com seu próprio senso ético, donde habilita-se a fugir de CartaCapital como o diabo da cruz. Deita uma lição sobre o bom jornalismo e perpetra um punhado de ofensas risíveis, sem deixar de recomendar o incógnito para a sua missiva. Respeitamos seu pedido. Como diria Lévy-Strauss ao falar aos quatrocentões paulistanos, estes que celebram a dita Revolução de 32 e até hoje lhe dedicam um absurdo, paradoxal feriado: “Eles não sabem como são típicos”.

(Foto: reprodução da edição nº3 de CartaCapital)

Sôbre o mar de "lama"




El origen de las guerras

Afirmé el 4 de julio que ni Estados Unidos cedería, ni tampoco Irán; “una, por el orgullo de los poderosos, y otra, por la resistencia al yugo y la capacidad para combatir, como ha ocurrido tantas veces en la historia…”
En casi todas las guerras una de las partes desea evitarla, y a veces, las dos. En esta ocasión se produciría, aunque una de las partes no lo desea, como sucedió en las dos guerras mundiales en 1914 y 1939, con solo 25 años de distancia entre el primer estallido y el segundo.
Las matanzas fueron espantosas, no se habrían desatado sin errores previos de cálculos. Las dos defendían intereses imperialistas, y creían que obtendrían sus objetivos sin el costo terrible que implicó.
En el caso que nos ocupa; una de ellas defiende intereses nacionales, absolutamente justos. La otra, persigue propósitos bastardos y groseros intereses materiales.
Si se analizan todas las guerras que han tenido lugar a partir de la historia conocida de nuestra especie, una de ellas ha buscado esos objetivos.
Son absolutamente vanas las ilusiones de que, en esta ocasión, tales objetivos se alcanzarán sin la más terrible de todas las guerras.
En uno de los mejores artículos publicados por el sitio Web Global Research, el jueves 1º de julio, suscrito por Rick Rozoff, este emplea abundantes elementos de juicio que son inapelables sobre los propósitos de Estados Unidos, que toda persona bien informada debe conocer.
“…Se puede vencer si un adversario sabe que es vulnerable a un ataque instantáneo e indetectable, abrumador y devastador, sin la posibilidad de defenderse o de tomar represalias.”, es lo que piensa Estados Unidos según el autor.
…Un país que aspira a seguir siendo el único Estado en la historia que ejerce la dominación militar de espectro completo en la tierra, en el aire, en los mares y en el espacio.”
“Que mantiene y extiende bases militares y tropas, grupos de batalla de portaaviones y bombarderos estratégicos sobre y en casi cada latitud y longitud. Que lo hace con un presupuesto de guerra récord posterior a la Segunda Guerra Mundial de 708.000 millones de dólares para el próximo año.”
Fue “…el primer país que desarrolló y utilizó armas atómicas…”
…EE.UU. conserva 1.550 ojivas nucleares desplegadas y 2.200 (según algunos cálculos 3.500) más almacenadas y una tríada de vehículos de lanzamiento terrestres, aéreos y submarinos.”
“El arsenal no nuclear utilizado para neutralizar y destruir las defensas aéreas y estratégicas, potencialmente todas las fuerzas militares importantes de otras naciones, consistirá en misiles balísticos intercontinentales, misiles balísticos adaptados a lanzamiento desde submarinos, misiles crucero y bombarderos hipersónicos, y bombarderos estratégicos “super-stealth” capaces de evitar la detección por radar y así evitar las defensas basadas en tierra y aire.”
Rozoff enumera las abundantes conferencias de prensa, reuniones y declaraciones en los últimos meses de los jefes del Estado Mayor Conjunto y los altos ejecutivos del gobierno de Estados Unidos.
Explica los compromisos con la OTAN, y la cooperación reforzada con los socios del Oriente Próximo, léase en primer lugar a Israel. Dice que: “EE.UU. también intensifica los programas de guerra espacial y cibernética con el potencial de paralizar los sistemas de vigilancia y comando militar, control, comunicaciones, informáticos y de inteligencia de otras naciones, llevándolas a la indefensión en todos los ámbitos, fuera del táctico más básico.”
Habla de la firma en Praga, el 8 de abril de este año, del nuevo Tratado START entre Rusia y Estados Unidos, que “‘…no contiene ninguna restricción sobre el potencial actual o planificado de ataque global inmediato convencional de EE.UU.’”
Refiere numerosas noticias en torno al tema, y grafica con un ejemplo anonadante los propósitos de Estados Unidos.
Señala que “…’El Departamento de Defensa explora actualmente toda la gama de tecnologías y sistemas para una capacidad de Ataque Global Inmediato Convencional que podría ofrecer al presidente opciones más verosímiles y técnicamente adecuadas para encarar amenazas nuevas y en desarrollo’.”
Sostengo el criterio de que ningún presidente, ni siquiera el más experto jefe militar, tendría un minuto para saber lo que debe hacerse si no estuviera ya programado en computadoras.
Rozoff, imperturbable, relata lo que afirma Global Security Network en un análisis titulado: “‘Coste de ensayar un misil estadounidense de ataque global podría llegar a 500 millones de dólares’” de Elaine Grossman.
“‘El gobierno de Obama ha solicitado 239.900 millones de dólares para investigación y desarrollo de ataque global inmediato por parte de los servicios militares en el año fiscal 2011… Si los niveles de financiamiento se mantienen como han sido anticipados en los próximos años, el Pentágono habrá gastado unos 2.000 millones de dólares en ataque global inmediato para fines del año fiscal 2015, según documentos presupuestarios presentados el mes pasado al Congreso’.”
“Un escenario horripilante comparable de los efectos de un ataque de PGS, éste de la versión basada en el mar, apareció hace tres años en Popular Mechanics:
“‘En el Pacífico, emerge un submarino nuclear de la clase Ohio, listo para la orden de lanzamiento del presidente. Cuando llega la orden, el submarino dispara hacia el cielo un misil Trident II de 65 toneladas. Dentro de 2 minutos, el misil vuela a más de 22.000 kilómetros por hora. Por sobre los océanos y fuera de la atmósfera acelera durante miles de kilómetros.
“‘En la cúspide de su parábola, en el espacio, las cuatro ojivas del Trident se separan y comienzan su descenso hacia el planeta.
“‘Volando a 21.000 km/h, las ojivas van repletas de barras de tungsteno con el doble de la resistencia del acero.
“‘Sobre el objetivo, las ojivas detonan, haciendo llover sobre el área miles de barras - cada una con 12 veces la fuerza destructora de una bala de calibre .50. Todo lo que se encuentra dentro de 279 metros cuadrados de esa vertiginosa tormenta metálica es aniquilado.’”
De inmediato Rozoff explica la declaración el 7 de abril del presente año del jefe del Estado Mayor Conjunto de las fuerzas armadas rusas, general Leonid Ivashov en una columna titulada “‘La sorpresa nuclear de Obama’.”
En el mismo hace referencia al discurso del Presidente de Estados Unidos el pasado año en Praga con las siguientes palabras: “‘La existencia de miles de armas nucleares es el legado más peligroso de la Guerra Fría’- y su firma del acuerdo START II en la misma ciudad el 8 de abril, el autor dijo:
“‘No se puede descubrir en la historia de EE.UU. durante el siglo pasado un solo ejemplo de servicio sacrificatorio de las elites estadounidenses para la humanidad o para los pueblos de otros países. ¿Sería realista esperar que la llegada de un presidente afro-estadounidense a la Casa Blanca cambie la filosofía política del país, orientada tradicionalmente a lograr la dominación global? Los que creen que algo semejante sea posible deberían tratar de comprender por qué EE.UU. -el país con un presupuesto militar mayor que los de todos los demás países del mundo en su conjunto- sigue gastando enormes sumas de dinero en preparativos para la guerra’.”
“…’El concepto de Ataque Global Inmediato prevé un ataque concentrado utilizando varios miles de armas convencionales de precisión en 2 a 4 horas que destruiría las infraestructuras críticas del país objetivo y así lo obligaría a capitular’.”
“‘El concepto del Ataque Global Inmediato tiene el propósito de asegurar el monopolio de EE.UU. en el campo militar y ampliar la brecha entre ese país y el resto del mundo. En combinación con el despliegue de defensa de misiles que supuestamente debería mantener a EE.UU. inmune contra ataques de represalias de Rusia y China, la iniciativa de Ataque Global Inmediato va a convertir a Washington en un dictador global de la era moderna’.”
“‘Esencialmente, la nueva doctrina nuclear de EE.UU. es un elemento de la nueva estrategia de seguridad de EE.UU. que sería descrita de modo más adecuado como la estrategia de impunidad total. EE.UU. aumenta su presupuesto militar, da rienda suelta a la OTAN como gendarme global, y planifica ejercicios en una situación real en Irán para probar la eficiencia en la práctica de la iniciativa de Ataque Global Inmediato. Al mismo tiempo, Washington habla de un mundo totalmente libre de armas nucleares’.”
En esencia, Obama pretende engañar al mundo hablando de una humanidad libre de armas nucleares, que serían sustituidas por otras sumamente destructivas, más idóneas para aterrorizar a los que dirigen a los Estados y lograr la nueva estrategia de impunidad total.
Los yankis creen que la rendición de Irán está ya próxima. Se espera que la Unión Europea informe un paquete de sanciones propias a firmar el 26 de julio.
El último encuentro del 5+1 se produjo el 2 de julio, después que el Presidente iraní Mahmud Ahmadineyad afirmara que “su país retornará a las conversaciones a fines de agosto con la participación de Brasil y Turquía”.
Un alto funcionario de la UE “advirtió que ni Brasil ni Turquía serán invitados a participar en las conversaciones, al menos no a esta altura”.
“El canciller iraní Manouchehr Mottaki, se declaraba a favor de desafiar las sanciones internacionales y continuar con el enriquecimiento de uranio”.
Desde el martes 5 de julio alegan, frente a la reiteración europea, de que promoverán medidas adicionales contra Irán, este ha respondido que hasta septiembre no negociará.
Cada día disminuyen más las posibilidades de sobrepasar el insalvable obstáculo.
Es tan evidente lo que va a ocurrir que se puede prever de forma casi exacta.
Por mi parte debo hacerme una autocrítica, cometí el error de afirmar en la Reflexión del 27 de junio que el jueves, viernes o a más tardar el sábado se desataría el conflicto. Era ya conocido que buques de guerra israelitas navegaban hacia ese objetivo junto a las fuerzas navales yankis. La orden de registro de los mercantes iraníes estaba ya dada.
No me di cuenta, sin embargo, que había un paso previo: la constancia de la negación del permiso para la inspección del mercante por parte de Irán. En el análisis del tortuoso lenguaje del Consejo de Seguridad, imponiendo sanciones contra ese país, no me percaté de ese detalle para que la orden de inspección adquiriera plena vigencia. Era lo único que faltaba.
El 8 de agosto se cumple el plazo de 60 días, dado por el Consejo de Seguridad el 9 de junio, para recibir la información sobre el cumplimiento de la Resolución.
Pero ocurría en realidad algo más lamentable. Yo trabajaba con el último material elaborado sobre el delicado tema por el Ministerio de Relaciones Exteriores de Cuba y dicho documento, no contenía dos párrafos claves que eran los últimos de dicha resolución y expresan textualmente:
“Solicita que, en un plazo de 90 días, el Director General del OIEA presente a la Junta de Gobernadores del OIEA y, paralelamente, al Consejo de Seguridad, para su examen, un informe en que se indique si el Irán ha llevado a cabo la suspensión completa y sostenida de todas las actividades mencionadas en la resolución 1737 (2006), y si está aplicando todas las medidas exigidas por la Junta de Gobernadores del OIEA y cumpliendo las demás disposiciones de las resoluciones 1737, 1747, 1803 y de la presente resolución;
“Afirma que examinará las acciones del Irán a la luz del informe mencionado en el párrafo 36, que deberá presentarse en un plazo de 90 días, y que:
a) suspenderá la aplicación de las medidas siempre que el Irán suspenda todas las actividades relacionadas con el enriquecimiento y el reprocesamiento, incluidas las de investigación y desarrollo, y mientras dure la suspensión, que verificará el OIEA, para permitir la celebración de negociaciones de buena fe a fin de llegar a un resultado pronto y mutuamente aceptable;
b) dejará de aplicar las medidas especificadas en los párrafos 3, 4, 5, 6, 7 y 12 de la resolución 1737, así como en los párrafos 2, 4, 5, 6 y 7 de la resolución 1747, en los párrafos 3, 5,7, 8, 9, 10 y 11 de la resolución 1803 y en los párrafos 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 22, 23 y 24 de la presente resolución, tan pronto como determine, tras recibir el informe mencionado en el párrafo anterior, que el Irán ha cumplido cabalmente sus obligaciones en virtud de las resoluciones pertinentes del Consejo de Seguridad y los requisitos de la Junta de Gobernadores del OIEA, determinación que confirmará la propia Junta; y
c) en caso de que en el informe se indique que el Irán no ha cumplido lo dispuesto en las resoluciones 1737, 1747, 1803 y en la presente resolución, adoptará, con arreglo al Artículo 41 del Capítulo VII de la Carta de las Naciones Unidas, otras medidas apropiadas para persuadir al Irán de que cumpla lo dispuesto en dichas resoluciones y los requisitos del OIEA, y subraya que deberán adoptarse otras decisiones si es necesario tomar tales medidas adicionales…”
Algún compañero del Ministerio, tras el trabajo agotador de muchas horas en la máquina sacando copias de todos los documentos, se durmió. Mi afán de buscar información e intercambiar puntos de vista sobre estos delicados temas, me permitió descubrir esta omisión.
Desde mi punto de vista, Estados Unidos y sus aliados de la OTAN han dicho su última palabra. Dos estados poderosos con autoridad y prestigio no ejercieron su derecho a vetar la pérfida resolución de la ONU.
Era la única posibilidad de ganar tiempo para buscar alguna fórmula para salvar la paz, objetivo que les habría proporcionado mayor autoridad para seguir luchando por ella.
Hoy todo pende de un tenue hilo.
Mi propósito principal fue advertir a la opinión pública internacional de lo que estaba ocurriendo.<
Lo he logrado en parte observando lo que sucedía, como dirigente político que fui durante largos años enfrentando al imperio, sus bloqueos y sus incalificables crímenes. Mas, no lo hago por venganza.
No vacilo en correr los riesgos de comprometer mi modesta autoridad moral.
Seguiré escribiendo Reflexiones sobre el tema. Serán varias más después de esta para seguir profundizando en julio y agosto, salvo que ocurra algún incidente que ponga a funcionar las mortíferas armas que hoy se apuntan unas a otras.
He disfrutado mucho los partidos finales de la Copa Mundial de Fútbol y los partidos de voleibol, donde nuestro valiente equipo marcha a la cabeza de su grupo en la Liga Mundial de ese deporte.
Fidel Castro Ruz
Julio 11 de 2010
docomtextolivre









2010
ANJ, a falsa “defensora da liberdade de expressão”
Categoria: Apoiamos,Mídia,Política — Senhor_do_Servo @ 22:00

Editorial da Carta Maior, de 10/07/2010

Censura e truculência contra jornalistas.

As demissões de jornalistas na TV Cultura de São Paulo e o silêncio dos grandes meios de comunicação sobre as causas destas demissões evidenciam mais uma vez um preocupante comportamento cínico, submisso e hipócrita. Mais uma vez, são blogs e sites de jornalistas independentes que cumprem o dever de informar ao público o que é de interesse público. Entidades como a Associação Nacional de Jornais, supostamente comprometidas com a defesa da liberdade de expressão, exibem um silêncio ensurdecedor.

Editorial – Carta Maior

O comportamento cínico e hipócrita da maioria das grandes empresas de comunicação do Brasil ficou mais uma vez evidenciado esta semana, e de um modo extremamente preocupante. Não se trata apenas de valores ou sentimentos, mas sim de fatos objetivos e de silêncios não menos objetivos. O relato sobre demissões na TV Cultura de São Paulo, causadas pelo interesse de jornalistas no tema dos pedágios, justifica plenamente essa preocupação. Um desses relatos, feito nesta sexta-feira pelo jornalista Luis Nassif, chega a ser assustador. Em apenas uma semana, dois jornalistas perderam o emprego, escreve Nassif, em função de uma matéria sobre pedágios. Ele relata:

Há uma semana, Gabriel Priolli foi indicado diretor de jornalismo da TV Cultura. Ontem (7), planejou uma matéria sobre os pedágios paulistas. Foram ouvidos Geraldo Alckmin e Aloízio Mercadante, candidatos ao governo do estado. Tentou-se ouvir a Secretaria dos Transportes, que não quis dar entrevistas. O jornalismo pediu ao menos uma nota oficial. Acabaram não se pronunciando.

Sete horas da noite, o novo vice-presidente de conteúdo da TV Cultura, Fernando Vieira de Mello, chamou Priolli em sua sala. Na volta, Priolli informou que a matéria teria que ser derrubada. Tiveram que improvisar uma matéria anódina sobre as viagens dos candidatos.

Hoje (8) , Priolli foi demitido do cargo. Não durou uma semana.

Semana passada foi Heródoto Barbeiro, demitido do cargo de apresentador do Roda Viva devido às perguntas sobre pedágio feitas ao candidato José Serra (ver vídeo abaixo). Para quem ainda têm dúvidas: a maior ameaça à liberdade de imprensa que esse país jamais enfrentou, nas últimas décadas, seria se, por desgraça, Serra juntasse ao poder de mídia, que já tem, o poder de Estado.

Não é o primeiro relato sobre a truculência do ex-governador de São Paulo com jornalistas. Nos últimos meses, há pelo menos dois outros episódios, um deles envolvendo a jornalista Miriam Leitão, na Globonews, e outros envolvendo jornalistas da RBS TV, em Porto Alegre. A passagem da truculência à ameaça ao trabalho dos jornalistas é algo que deveria receber veemente manifestação da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), sempre prontas a denunciar tais ameaças. No entanto, ao invés disso, o que se houve é um silêncio ensurdecedor.

Mais uma vez, são blogs e sites de jornalistas independentes que cumprem o dever de informar ao público o que é de interesse público. E, mais uma vez também, os chamados jornalões e seus braços no rádio e na TV, calam-se, aliando submissão e cumplicidade com a truculência e o desrespeito ao trabalho de experientes profissionais. O mesmo silêncio, a mesma submissão e a mesma cumplicidade manifestadas nos recentes casos de assassinatos de jornalistas em Honduras, em função de sua posição crítica ao golpe de Estado ocorrido naquele país.

Esse triângulo perverso que une cinismo, hipocrisia e silêncio não é um privilégio da imprensa brasileira. Um outro caso, esta semana, envolveu uma das maiores cadeias de televisão do mundo. A CNN demitiu a jornalista Octavia Nasr, editora de noticiário do Oriente Médio, por causa de uma mensagem publicada por ela em sua página no Twitter onde manifestou “respeito” pelo ex-dirigente do Hezbollah, Sayyed Mohammed, que morreu no final de semana passado. Octavia tinha 20 anos de trabalho CNN. O que ela escreveu no twitter e causou sua demissão foi: “(Fiquei) triste por saber do falecimento do Sayyed Mohammed Hussein Fadlallah…Um dos gigantes do Hezzbollah que eu respeito muito”. Parisa Khosravi, vice-presidente-sênior da CNN International Newsgathering, afirmou em um memorando interno que “teve uma conversa” com a editora e “decidimos que ela irá deixar a companhia”.

Essa mesma CNN não hesita em denunciar agressões à liberdade de imprensa em outros países quando isso é do interesse de sua linha editorial e dos interesses geopolíticos da empresa. Crime de opinião? Segundo as versões oficiais, isso só existe em países do chamado eixo do mal.

Esse mesmo triângulo perverso ajuda a entender por que essas grandes corporações midiáticas não querem debater com a sociedade a sua própria atuação. Colocam-se acima do bem e do mal como se fossem portadores de legitimidade pública. Não são. Ao cultivarem esse tipo de comportamento e prática, o que estão fazendo, na verdade, é auto-atribuir-se, de modo fraudulento, uma suposta representação pública. Representam, na verdade, os interesses dos donos das empresas e, cada vez menos, o interesse público.

Neste exato momento, o planeta vive aquele que pode vir a se confirmar como o maior desastre ecológico de sua história. O acidente com a plataforma da British Petroleum no Golfo do México e o vazamento diário de milhões de litros de óleo no mar tem proporções ainda incalculáveis. No entanto, a cobertura midiática sobre o caso nem de longe é proporcional, em quantidade e qualidade, à gravidade e importância do caso. Organizações ambientalistas já denunciaram que a BP vem operando pesadamente nos bastidores para bloquear e filtrar informações.

É preciso ter clareza que são os dirigentes e porta-vozes dessas corporações midiáticas e seus braços políticos e empresariais que não hesitam em denunciar qualquer proposta de tornar transparente à sociedade o seu trabalho, supostamente de interesse público. O bloqueio e seleção de informações, a demissão de jornalistas incômodos e a truculência com aqueles que ousam fazer alguma pergunta fora do script são diferentes faces de um mesmo cenário: o cenário da privatização da informação, da deformação da verdade e da destruição do espaço público.


GOVERNO AMERICANO É CÃO DE GUARDA DA BP






Catástrofe do Golfo: BP restringe o acesso dos media

por Dahr Jamail

Petróleo no Golfo do México. NOVA ORLEANS, (IPS) – Na semana passada, a Guarda Costeira dos EUA, que está a agir em coordenação com a gigantesca empresa petrolífera BP, impôs novas restrições em toda a Costa do Golfo americano que impedem os media de se aproximarem a menos de 20 metros das barreiras de contenção (booms) ou dos barcos de limpeza, tanto na costa como no mar. Mas a astúcia destas restrições vai ainda mais longe.

“Não pode vir cá", disse Don, o guarda de segurança contratado pela BP no Centro para a Reabilitação da Fauna Contaminada pelo Petróleo, em Fort Jackson, Louisiana.

Lá dentro, o Centro Internacional para Investigação e Salvamento de Aves, uma das companhias contratadas pela BP para limpeza dos animais, encarrega-se de limpar o petróleo das aves antes de as devolver ao seu habitat natural. O Centro tem limitado o acesso aos media. Antes estava aberto às segundas, quartas e sextas durante duas horas por dia. A IPS chegou ao Centro numa quarta-feira, e foi informada que os dias para os media tinham sido reduzidos de três para dois dias, e já não abria às quartas-feiras.

Quando a IPS perguntou ao guarda de segurança privada para quem é que trabalhava, ele respondeu, “Trabalho para a HUB, uma companhia de segurança contratada pela BP”. A Hub Enterprises, de Broussard, Louisiana, tem um contrato com a BP para fornecer “funcionários de segurança” e “supervisores”. Don está a receber entre 13 a 14 dólares por hora para manter a imprensa afastada do maior desastre ambiental provocado por uma fuga de petróleo de toda a história dos EUA. Continuam a jorrar mais de 60 mil barris de petróleo por dia no Golfo, mais de dois meses depois da explosão de 20 de Abril na plataforma Deepwater Horizon operada pela BP.

MULTAS ATÉ 40 MIL DÓLARES

As restrições da semana passada que a Guarda Costeira impôs aos meios de comunicação sujeitam os jornalistas e os fotógrafos a uma multa até 40 mil dólares, e à pena de cadeia de um a cinco anos como um crime de classe D, se violarem a regra dos 20 metros, que o Comando Unificado designa por “zona de segurança”.
Tem havido muitos indícios de um amordaçamento maior e mais profundo dos meios de comunicação na região, de muitas outras formas. Na semana passada, a IPS tinha uma entrevista agendada com o Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual da Louisiana, em Nova Orleans. A entrevista devia ser com um especialista das estratégias de investigação da Universidade, sobre o possível impacto na região do desastre petrolífero da BP. Na manhã em que se devia realizar a entrevista, o entrevistado, que pretende manter-se anónimo, enviou um email à IPS declarando: “Disseram-me para cancelar a entrevista. Lamento quaisquer inconvenientes que vos possa ter causado”. Quando a IPS lhe perguntou se havia alguma razão especial para o cancelamento da entrevista, respondeu, “Não”. Uma fonte anónima revelou posteriormente à IPS que a decisão de cancelar a entrevista fora tomada pelo chanceler Larry Hollier, que chefia o Centro de Ciências da Saúde da Universidade.

A BP disponibiliza a maior parte do financiamento para estudar os efeitos do desastre petrolífero e prometeu 500 milhões de dólares para projectos de investigação e de reabilitação. Robert Gagosian é o presidente do Consórcio para a Direcção Oceânica, que representa instituições de investigação oceânica e aquários e administra um programa de investigação sobre perfuração marítima. Geoquímico marítimo, Gagosian está preocupado com a forma como vai ser utilizado o dinheiro, e espera que seja gerido através de doações aprovadas pelos pares. A sua preocupação, partilhada por outros cientistas e investigadores, tem origem no interesse da BP em preservar o seu negócio. Também têm dúvidas quanto aos critérios adequados para determinar que tipo de investigações é que devem ser feitas.

Jeff Short, um antigo cientista da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, que é actualmente membro do grupo de preservação Oceana, disse que, ao aceitar que a BP pague a investigação, o governo abre mão do controlo sobre que tipo de estudos devem vir a ser feitos. “Pergunto a mim próprio porque é que a BP quer dar dinheiro para projectos que demonstrarão claramente um prejuízo ambiental muito maior do que se viria a saber, se não fossem esses estudos?”, disse.

Os primeiros 25 milhões de dólares dos fundos da BP foram rapidamente distribuídos pela Universidade Estatal da Louisiana, pelo Instituto de Oceanografia da Florida na Universidade da Florida Sul e por um consórcio chefiado pela Universidade Estatal do Mississípi. Muitos cientistas e jornalistas independentes receiam que isto faça parte de uma tentativa para influenciar quais os estudos a fazer e a disponibilidade dessas instituições públicas para falar com os meios de comunicação sobre o desastre da BP.

Num outro incidente, a 2 de Julho, Lance Rosenfield, um repórter fotográfico da publicação de investigação sem fins lucrativos ProPublica, foi detido por breves instantes pela polícia quando tirava fotografias perto da refinaria da BP na cidade do Texas. Rosenfield declarou que foi confrontado por um funcionário da segurança da BP, pela polícia local, e por um homem que se identificou como agente do Departamento da Segurança Nacional. Rosenfield foi libertado depois de a polícia ter analisado as fotografias e registado a data do seu nascimento, o número da segurança social e outras informações pessoais. Depois o agente da polícia entregou essas informações ao guarda da segurança da BP, alegando, segundo disse Rosenfield, “procedimento normal de funcionamento”.

Também foram instituídas restrições no espaço aéreo sobre as zonas onde estão a decorrer operações de limpeza e de contenção. A Administração da Aviação Federal proibiu voos dos meios de comunicação a menos de 900 metros sobre as áreas afectadas pelos lençóis do petróleo.



O original encontra-se em: No Free Press for BP Oil Disaster
Tradução de Margarida Ferreira.
Este artigo foi copiado de Resistir Info.

BP: Operação Bota ainda em marcha



Não é possível contar toda a história de canalhices da British Petroleum em poucas páginas, nem as conseqüências de seus negócios na geopolítica, na balança da guerra e da paz, na economia, no meio ambiente e no mundo em geral, envolvendo desde a política do Oriente Médio até pessoas sem posses, às vezes assassinadas em comunidades remotas. Este artigo oferece apenas um vislumbre da enormidade de crimes cometidos por essa empresa. A BP não representa nenhuma exceção entre as empresas petroleiras nem entre as grandes corporações. Sua história, além do vazamento de petróleo no Golfo do México, constitui um exemplo de enorme poder e impunidade. O artigo é de Julie Wark, do SinPermiso.

O primeiro golpe de estado da British Petroleum, na ocasião chamada Anglo-Iranian Oil Company, foi executado com a ajuda da CIA em 1953. Cento e cinqüenta e sete anos mais tarde, seus golpes de estado consistem em usurpar, comprar ou driblar as funções do Estado. Hoje o Mineral Management Service (Serviço de Administração de Minerais), do Departamento do Interior dos Estados Unidos parece estar sob seu mando. Apenas onze dias antes da catástrofe do Golfo do México, a BP conseguiu para esta operação a “exclusão categórica” do estudo de impacto ambiental da National Environment Policy (Política Nacional Ambiental) (1).

Com sede em Londres e escritório central nos EUA localizado em Houston, a BP é a maior corporação do Reino Unido e uma das maiores do mundo. Os negócios da primeira empresa a explorar petróleo no Oriente Médio remontam a 1901 e a um “bon vivant” londrino, William Knox D’Arcy, que negociou direitos de exploração com Mozzafar al-Din Xá Qajar, da Pérsia (Irã). O negócio passou por vários nomes: Anglo-Persian Oil Company (1908), Anglo-Iranian OilCompany (1935), British Petroleum (1954), BP Amoco (1998) e, em 2000, BP. Em 1913, o governo britânico adquiriu a participação majoritária, mas com a campanha privatista de Margaret Thatcher, a totalidade de seus ativos foi vendida entre 1979 e 1987.

O delírio de riqueza do “bon vivant” de Londres transformou-se em pesadelo para milhões de pessoas em todo o mundo, começando pelo Irã. Nas cláusulas contratuais da primeira exploração, além das condições de trabalho dos operários iranianos roçando a escravidão, descartou-se desde o início a soberania do país. Em agosto de 1941, a Grã Bretanha e a União Soviética ocuparam o Irã e rapidamente forçaram o repressor Xá Reza a abdicar em nome de seu filho Mohammed Reza Pahlevi, inaugurando assim um novo regime de repressão, corrupção, brutalidade e luxo extremo. Em 1951, o Majlis (parlamento) votou unanimemente pela nacionalização e, pouco depois, tomou posse no cargo de primeiro ministro o respeitado estadista Mohammed Mossadegh. A reação dos ingleses foi draconiana e, hoje em dia, fartamente familiar: bloqueio militar, fim da exportação de bens vitais, congelamento de contas bancárias na Inglaterra, e articulações nas Nações Unidas para aprovar resoluções contra o Irã. Mossadegh buscava uma solução negociada, mas os ingleses já tinham optado pela força e, em 1952, alegando o perigo do comunismo no debilitado Estado, obtiveram o respaldo do presidente Eisenhower. Em 1953, com políticos, militares, criminosos, prostitutas e jornalistas bem comprados, e informada pela embaixada britânica e seus espiões, a CIA conseguiu executar seu primeiro golpe de Estado, pro meio do qual reinstalou no poder o Xá Reza Pahlevi.

A tirania do Xá preparou o terreno para a revolução islâmica de 1979. Com o endurecimento do regime do Irã formou-se uma rede global anti-ocidental cada vê mais dependente das táticas do terror. O que os ingleses batizaram como Operation Boot (Operação Bota) e os estadunidenses “Operation Ajax” “(...)ensinou aos tiranos e aos déspotas que os governos mais poderosos do mundo estavam dispostos a tolerar a opressão sem limites sempre e quando os regimes opressivos tratassem bem o Ocidente e suas empresas petroleiras. Isso ajudou a mudar o equilíbrio político contra a liberdade e a favor da ditadura” (2).

Há poucos lugares no mundo a salvo da espoliação da BP. Na Colômbia, a empresa é acusada de beneficiar-se do regime de terror dos paramilitares que protegiam os 730 quilômetros do oledoduto Ocensa, e foi obrigada a pagar uma indenização multimilionária a um grupo de camponeses. O oleoduto causou desmatamento, deslizamento de terras, contaminação do solo e diminuição do lençol freático. Colheitas foram perdidas, criações de peixes foram arruinadas e muito gado morreu. Em 1992, a BP firmou um contrato com a empresa inglesa Defence Systems Ltda (DSL) que estabeleceu a Defence Systems Colômbia (DSC) (3) para suas operações colombianas. Três anos mais tarde, a BP firmou acordos com o Ministério da Defesa da Colômbia segundo os quais a BP pagaria ao governo US$ 2,2 milhões que seriam utilizados em sua maior parte para a Brigada XVI do exército proteger as instalações da BP.

A Brigada introduziu na zona de Casanare a guerra suja ou, como diz o povo, a tática de deixar o peixe fora d’água. A DSC ensinava estratégias militares e de contrainsurgência à polícia encarregada de proteger o perímetro das instalações. A população aterrorizada a considerava com razão mais uma força militar na zona. Além disso, um empregado da DSC revelou a jornalistas ingleses que havia trabalhado para coordenar uma rede de espiões nos povoados da zona do oleoduto para controlar os líderes sindicais e comunitários. O departamento de Segurança da empresa Ocensa pagava delatores e compartilhava informações com o Ministério da Defesa e com a brigada local do exército (4). Em resumo, a BP criou uma zona de exceção na Colômbia.

Na Ásia Central, a BP é um membro destacado do consórcio Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC) que controla o oleoduto que passa pelo Azerbaijão, Geórgia e Turquia, o qual, fortemente financiado pelo Banco Mundial e por outras agências estatais, foi inaugurado em junho de 2005. Demandas judiciais contra o governo da Turquia relativas a abusos de direitos humanos foram apresentadas no Tribunal de Justiça da União Européia e no Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Não obstante, o governo turco concedeu a BTC poderes sobre o corredor do oleodouto que anulam as leis de direitos humanos, ambientais e sociais, e despojam os povos da região de seus direitos civis. BTC tem acesso limitado à água e está isento de responsabilidade no caso de um derramamento de petróleo. O oleoduto requer um corredor militarizado que põe em perigo o frágil acordo de trégua de hostilidades entre Turquia e grupos curdos. Mesmo antes de ser concluído, o oleoduto BTC já influía na geopolítica petroleira. Ele é de enorme importância estratégica na Transcaucasiana e, graças a BTC, os EUA e outros poderes ocidentais podem intervir muito mais nos assuntos da região.

Nem os Estados Unidos estão imunes. Os dados do inventário de emissões tóxicas da Environmental Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental) identificam a BP como a empresa mais contaminadora do país. Em 1999, uma filial, a BP Exploration Alaska, teve que pagar US$ 22 milhões por danos provocados pelo vazamento de resíduos tóxicos em Endicott Island. Em agosto de 2006, foi obrigada a fechar as instalações da Bahia Prudhoe em conseqüência de um derramamento de petróleo e diesel. Na Califórnia, a BP é um dos patrocinadores mais generosos de uma iniciativa legislativa para eliminar a lei de Unfair Business Competition (Lei de Competição Desleal) usada por grupos ambientalistas para processar empresas petroleiras pela contaminação de água potável por éter-metil-tert-butílico (MTBE). No Canadá, a BP extrai petróleo de areias de alcatrão, um processo que consume enormes quantidades de água e produz quatro vezes mais emissões de dióxido de carbono do que a perfuração convencional. O povo indígena Cree denuncia que a empresa está destruindo o velhíssimo bosque boreal, degradando o território com suas minas a céu aberto, contaminando tanto a água como a cadeia alimentar e pondo em perigo a fauna silvestre e sua forma de vida (5).

Os tentáculos da BP se estendem também no ensino superior. Em fevereiro de 2007, em meio a uma forte oposição de professores e alunos, a administração da Universidade da Califórnia, em Berkeley (UCB), anunciou um convênio entre a UCB e a BP, pelo qual a empresa financiaria com US$ 500 milhões durante dez anos o Instituto de Biociências da Energia, dedicado à investigação de biocombustíveis e biologia sintética. Com essa demonstração de poder em uma universidade pública, com esta vontade de privatizar o trabalho intelectual e de comercializar os resultados da investigação, a BP faz com que “(...) os trabalhadores dos países desenvolvidos mais influentes subvencionem a exploração de mais bens ecológicos do mundo em vias de desenvolvimento para servir às elites, aqueles que não se importam em tirar a comida da boca do povo para encher seus bolsos de ouro. Socializar os gastos para benefício privado não é nada novo no sistema capitalista. Não obstante, esse caso dá outra volta no parafuso com a combinação de ciência desacreditada, imperialismo ecológico e o sofisma do desenvolvimento sustentável” (6). Com este golpe, a BP consegue o controle de cientistas universitários, de alunos e de laboratórios além de dotar seus projetos supostamente sustentáveis de um verniz acadêmico.

A BP tem um negócio de bilhões de dólares com o governo dos EUA na forma de contratos de defesa anuais e como fornecedor principal de combustível ao maior consumidor mundial de gás e petróleo: o Pentágono. Segundo o Center for Responsive Politics, a BP ocupa o centésimo lugar entre os doadores mais importantes das campanhas políticas: mais de US$ 5 milhões desde 1990 repartidos entre republicanos e democratas, com os percentuais de 72% e 28%, respectivamente. O Centro aponta o presidente Obama como o destinatário que mais se beneficiou durante os últimos 20 anos das doações do comitê de “ação política” da BP ($77.051) (7). A BP, seus comitês de “ação política” e seus empregados contribuíram com mais de US$ 3,5 milhões aos candidatos federais durante os últimos cinco anos, fora o dinheiro destinado ao lobby. Em 2009, liberou US$ 15,9 milhões em seus esforços por influir na política energética nacional (8). Desta maneira, com uma gestão bem azeitada, consegue-se a “exclusão categórica” da política ambiental.

Evidentemente, a BP não trabalha sozinha. Um rápido olhar sobre algumas de suas conexões corporativas e governamentais é educativo, para não dizer alucinante. O presidente do Goldman Sachs Internacional, Peter Sutherland – que, com oito outros gerentes do Goldman Sachs, recebeu mais de US$ 12 milhões em honorários em 2009 – (9) e presidente da BP até que muito astutamente demitiu-se em dezembro de 2009, tem um currículo fascinante na página da Comissão Trilateral (10): “(...) É também presidente do Goldman Sachs International (1995 – até agora). Nomeou-se presidente da London School of Economics em 2008. Atualmente é representante especial da ONU para a Migração e o Desenvolvimento. Anteriormente era diretor-geral fundador da Organização Mundial do Comércio (OMC) e diretor-geral do Acordo Geral Sobre Comércio e Tarifas (GATT) desde julho de 1993, além de desempenhar um papel decisivo nos acordos da Rodada Uruguai, do GATT. É membro do comitê diretor do grupo Bilderberg e também assessor financeiro do Vaticano”.

Igualmente astuta foi sua empresa Goldman Sachs quando vendeu 44% de suas ações da BP no primeiro trimestre de 2010, embolsando cerca de US$ 266 milhões e economizando US$ 96 milhões a preços atuais (11). As cifras apontadas pelo Center for Responsive Politics demonstram que o comitê de “ação política” do Goldman Sachs e empregados individuais doaram US$ 994.795 durante 2007 e 2008 para a campanha de Obama. Outro homem da BP com agudo senso de oportunidade é o chefe executivo Tony Hayward – anteriormente membro da junta consultiva do Citibank – que vendeu ações da BP avaliadas em US$ 2.130.000, um terço de sua participação, somente algumas semanas antes do desastre do Golfo do México (12). Já os aproximadamente 18 milhões de acionistas ingleses não foram tão bem informados, especialmente muitos pensionistas, já que os fundos de aposentadoria britânicos dependem de lucros na Bolsa que pagam 1 libra de cada 7 que recebem anualmente. A queda livre do preço das ações de “rentabilidade segura” da BP até mais de 50% de seu valor em abril e o fato de que a empresa terá que pagar cerca de US$ 13,5 bilhões para um fundo de compensação significam que o pagamento de dividendos ficará suspenso até, no mínimo, 2011.

Demandada juntamente com a BP na maioria das 150 ações judiciais provocadas pelo desastre do Golfo do México, está a Halliburton Energy Services, a empresa contratada para a parte técnica da operação, encarregada da injeção de cimento no subsolo. Esta equipe foi forjada há anos durante o planejamento da invasão do Iraque. A BP foi encarregada, então, pelo Ministério do petróleo inglês de realizar estudos técnicos e de fornecer assessoria, análise e formação para o campo petrolífero de Rumaila. Nas palavras de Ethical Consumer:

“(...) antes da invasão, a BP treinava as tropas inglesas para manter e dirigir os campos petrolíferos que tinham sido apoderados no sul do Iraque. A gigante estadunidense Halliburton, que fornece serviços às empresas para a exploração, o desenvolvimento e a produção de petróleo e gás, foi encarregada de restaurar e reconstruir a infraestrutura petroleira e, nesta condição, acompanhava as tropas aos campos petrolíferos” (13).

Há alguns dias, um consórcio dirigido pela BP conseguiu o contrato para desenvolver o maior campo petrolífero do Iraque, Rumaila.

Não é possível contar toda a história de canalhices da BP em poucas páginas, nem as conseqüências de seus negócios na geopolítica, na balança da guerra e da paz, na economia, no meio ambiente e no mundo em geral, envolvendo desde a política do Oriente Médio até pessoas sem posses, às vezes assassinadas em comunidades remotas. Essas notas oferecem apenas um vislumbre da enormidade de crimes cometidos por essa empresa. A BP não representa nenhuma exceção entre as empresas petroleiras nem entre as grandes corporações. Sua história, além do vazamento de petróleo no Golfo do México, constitui um exemplo mais de seu enorme poder e impunidade. E não há nada reconfortante na notícia da semana anterior que nos informa que o novo governo de coalizão britânico considera conveniente nomear o antigo chefe executivo da BP (1995-2007), também antigo diretor não executivo de Goldman Sachs e “O Rei Sol”, Lord Browne, como o novo superdiretor de Whitehall, encarregado de difundir, no coração do governo, o espírito de valores comerciais” (14). Enquanto isso, a linguagem dos impunes delata bastante a continuada presença da bota. Em junho, um porta-voz da Casa Branca afirmou que a tarefa do presidente Obama é apertar a bota no pescoço da BP, enquanto que o jornal inglês The Telegraph (15) diz que a bota de Obama aperta o pescoço dos pensionistas ingleses. Na verdade, os impunes diretores e funcionários fabulosamente bem remunerados da BP estão calçando as mesmíssimas botas e pisoteiam gente indefesa.

Notas:

1. Juliet Eilperin, 2010 “U.S. Exempted BP’s Gulf of Mexico Drilling from Environmental Impact Study”, The Washington Post, 5 de mayo.

2. Stephen Kinser, 2003, All the Shah’s Men: An American Coup and the Roots of Middle East Terror, John Wiley and Sons, p.204.

3. Con respecto a DSC, véase http:www.sourcewatch.org/index.php?title=Defence Systems Limited#Colombia.

4. Véase el informe de la ONG Platform, Greg Muttitt and James Marriott, 2002, “Line of Fire: BP and Rights Abuses in Colombia”, http://www.platformlondon.org/carbonweb/documents/chapter11.pdf.

5. Terry Macalister, “Cree Aboriginal Group to Join London Climate Camp Protest over Tar Sands”, The Guardian, 23 de agosto de 2010.

6. Hannah Holleman y Rebecca Clausen, 2008, “Biofuels, BP-Berkeley and the New Ecological Imperialism”, http://mrzine.monthlyreview.org/2008/hc160108.html.

7. John Byrne, 2010 “Obama Is Biggest Recipient of BP’s Politicap Action Cash in the Last Twenty Years”, The Raw Story, 5 de mayo, http://rawstory.com/rs/2010/0505/obama-biggest-recipient-bp-political-action-money-20-years/.

8. Erica Lovley, 2010, “Obama Biggest Recipient of Bp Cash”, Politico, 5 de mayo, http:www.politico.com/news/stories/0510/36783.html.

9. Nick Webb, 2010, “Goldman Directors Reap Fees of €9.5m”, Sunday Independent, 23 de mayo de 2010.

10. Véase http://www.trilateral.org/membship/bios/ps.htm

11. Véase http://rawstory.com/rs/2010/0602/month-oil-spill-goldman-sachs-sold-250-million-bp-stock/.

12. John Swaine and Robert Winnett, 2010, “BP Chief Tony Hayward Sold Shares Weeks Before Oil Spill”, The Telegraph, 5 de junio.

13. Véase http://www.ethicalconsumer.org/CommentAnalysis/CorporateWatch/IraqWarProfits.aspx.

14. Polly Curtis y Terry Macalister, “Former BP Chief John Browne Gets Whitehall Role”, The Guardian, 30 de junio de 2010.

15. Louise Armitstead y Myra Butterworth, 2010, “Barack Obama’s Attacks on BP Hurting British Pensioners”, The Daily Telegraph, 9 June http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/northamerica/usa/barackobama/7815713/Barack-Obamas-attacks-on-BP-hurting-British-pensioners.html.

(*) Julie Wark é integrante do Conselho Editorial de SinPermiso.

Tradução: Katarina Peixoto
doblogdoturquinho

India Cascatinha e Inhana

Falando sôbre uma revolução Tracy Chapman

domingo, julho 11, 2010

Espanha venceu a Copa






O Brasil está batendo um bolão

Torci para a Holanda, para que, vencendo, tivéssemos perdido para o melhor time da Copa. Mas não me decepcionei. Foi um belo espetáculo que aquele time deu, mesmo perdendo para o da Espanha. A técnica superior de um venceu a garra inesgotável do outro. Em termos de futebol, fico feliz por ter vencido o melhor.

Mas ao ver a festa espanhola em Madrid pela televisão logo ao fim do jogo, não pude deixar de refletir sobre esse fenômeno louco e inexplicável que faz os povos esquecerem de tudo, de seus sofrimentos e frustrações cotidianos, unindo-os em torcidas análogas em toda parte.

Este país tem que encontrar uma forma de canalizar essa energia imensa que une nações inteiras, que alenta a dureza da vida de um povo como o nosso, que lhe concede, ao ver sua seleção vencer, essa sensação de que, junto aos “gladiadores” em campo, cada um de nós também ganhou alguma coisa.

Sim, rejubilamo-nos ou lamentamos pelo Brasil só a cada quatro anos, mas não devemos nos criticar por esse patriotismo quadrienal. A alegria que vimos explodir em Madrid pela televisão quando a vitória espanhola já se consolidava em nada difere da que explodiria em qualquer outro país que estivesse no lugar da Espanha.

Em vez de nos criticarmos pelo orgulho nacional exclusivamente futebolístico, temos que descobrir como fazer para que todos queiramos senti-lo em nosso progresso como povo. Deve haver uma forma de nos despertarmos para o desejo de nos projetarmos como nação na civilidade, na economia, nos indicadores sociais.

Não devemos deixar que os altos estratos desta sociedade continuem vendendo ao resto dela a idéia vil de que estamos fadados ao fracasso em tudo o mais que não seja futebol.

Mas estamos no caminho. Estamos vendo o país colher vitórias no desenvolvimento, como acontece na superação de uma crise econômica que pôs o novo campeão mundial de joelhos, bem como a maioria de seus vizinhos europeus.

Enquanto a vitória espanhola é uma ilusão, pois não propicia nada de realmente concreto àquele povo mergulhado no desemprego e na recessão, a vitória que este novo Brasil está logrando em seu desenvolvimento econômico e social é o que nós, brasileiros, devemos comemorar como se tivéssemos sido campeões no futebol novamente.

Não somos campeões mundiais nos quesitos supra elencados, mas estamos caminhando, a passos largos, para grandes vitórias como nação. O Brasil está batendo um bolão, nesse aspecto. Certamente nenhum de nós verá este país ser o mais desenvolvido, mas o estamos vendo adquirir os meios para chegar lá, um dia.

doblogdacidadania