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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 13, 2011

Em entrevista, Obama cogita não pagar previdência e pensões em agosto

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ameaçou nesta terça-feira (12/07), em entrevista à rede de televisão CBS, não liberar o pagamento do mês de agosto da previdência social além das pensões para veteranos de guerra e inválidos. Isso ocorreria, segundo o chefe de Estado, se o congresso norte-americano não concordar em elevar o teto da dívida do país até o dia 2 de agosto.
"Não posso garantir que os valores serão pagos no dia 3 de agosto se não resolvermos essa questão. Simplesmente porque não há dinheiro nos cofres para pagá-los", afirmou Obama na entrevista.
A entrevista foi divulgada um dia depois de o presidente ter dado uma polêmica declaração de que se o país fracassar em elevar o teto da dívida, os EUA poderão entrar em uma nova recessão e deixar milhões de trabalhadores desempregados.
Ele cobrou união do Congresso para a realização de um acordo amplo, mas enfrenta resistência dos republicanos que não querem aumentar impostos.
O teto da dívida dos EUA, acima de 14 trilhões de dólares, foi alcançado em maio deste ano. Desde então, o governo precisou congelar seu endividamento. Por causa da alta da receita fiscal, o governo dos EUA ainda acredita que terá caixa para honrar os compromissos até agosto.
Entretanto, se o novo teto não for aprovado, os Estados Unidos correm o risco de deixar de pagar títulos da dívida que irão vencer, o que será uma moratória, mesmo que em curto período. Na terça, Obama disse que os EUA "nunca deixaram nem deixarão de pagar sua dívida".
*operamundi

Enquanto a economia mundial vai pras cucuias, o mercado da morte vai “muito bem, obrigado”

A espiral explosiva da despesa mundial em armamentos
Sem surpresa, os EUA são responsáveis por metade das despesas*
Redacção Global da Prensa Latina

segue abaixo

Trilhões para a Guerra nem 0,1 centavo para a PAZ

As despesas mundiais em armamento, sempre encabeçadas pelos Estados Unidos, tiveram em 2010 um crescimento de 1,3 por cento, atingindo um trilião e 630 mil milhões de dólares.
Os cem maiores fabricantes mundiais de armamento, com excepção da China, venderam 401 mil milhões de dólares de produtos bélicos em 2009, com o recorde para os Estados Unidos, cuja encomenda governamental continua a elevar-se.
Com a despesa mundial em armamentos durante 2010 poderiam manter-se 212 milhões de crianças de aproximadamente um ano, ao custo médio necessário num país desenvolvido europeu. A manutenção estimada por criança ali, segundo fontes extra-oficiais, é de quatro mil 715 dólares ao ano, enquanto o investimento em meios bélicos aumentou em 2010, globalmente, a um trilião e 630 mil milhões de dólares.
Nove milhões de crianças morrem de fome anualmente no mundo, e só o protótipo do super avião britânico não tripulado Taranis acumulou um custo de 215 milhões de dólares, os que bastariam para alimentar 45.599 crianças ao ano.
Nos países do sul poderiam alimentar-se muitos mais pequenos, se só se tratasse de cobrir as necessidades básicas para não morrer de inanição e de doenças previsíveis ou curáveis, ainda que o anterior se assume hoje só como relações matemáticas.
Mas o Tiranis, nome do Deus celta do trovão e qualificado como “a cúpula” da engenharia britânica e do desenho aeroespacial não é o maior exemplo bélico, pois as despesas em armamentos compreendem enormes meios com capacidade de destruição totalmente global.
O Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo (SIPRI) considera, no seu relatório sobre o ano passado, que as armas nucleares continuam a representar um grande perigo apesar das promessas de redução.
Como causa da pronunciada pirâmide armamentista, intensifica-se a luta pelas riquezas naturais devido ao aumento da procura internacional e da penúria induzida especialmente pelas mudanças climáticas.
Neil Melvin, director no SIPRI do programa Conflitos Armados e Gestão dos Conflitos, considera que os recursos são “um factor maior de conflito”.
Em sua opinião, o petróleo tem desempenhado o seu papel nas tensões no Sudão e na Líbia, onde contribui para a guerra civil, ao que pode acrescentar, na opinião de analistas, que motiva também os bombardeamentos da OTAN.
O aumento súbito da procura pelo consumo, segundo o SIPRI, é a causa principal de uma concorrência crescente na busca de recursos exploráveis, até no Árctico, e do aumento dos preços, sobretudo os da alimentação.
Ante tais previsões, o alarme é maior se se considera que os preços dos alimentos poderiam duplicar de agora a 2020.
Em relação a isto, os múltiplos actos de violência da chamada primavera árabe foram engendrados em grande parte “por distúrbios causados pela fome” e os altos “preços dos produtos alimentares”, opina.
Sobre as armas nucleares, o SIPRI explica que as reduções anunciadas foram amplamente compensadas mediante a modernização e a multiplicação dos vectores.
Só oito países possuem mais de 20.500 ogivas nucleares.
Desse total, “mais de cinco mil estão deslocadas e prontas para serem usadas, e duas mil são mantidas em estado de elevado alerta operacional”.
Cinco desses estados, assinantes do Tratado de não Proliferação, “ou já estão deslocando novos sistemas de armas nucleares, ou têm anunciado a sua intenção de o fazer”.
Considera assim mesmo que as despesas mundiais em armamento, sempre encabeçadas pelos Estados Unidos, experimentaram em 2010 um crescimento de 1,3 por cento, até o trilião e 630 mil milhões de dólares.
Os cem maiores fabricantes mundiais de armamento, excepto a China, venderam 401 mil milhões de dólares de produtos bélicos em 2009, com o recorde para os Estados Unidos, cuja encomenda governamental continua a elevar-se.
O seu orçamento militar para 2011 é de 708 mil milhões de dólares, 42,8 por cento da despesa mundial, com o que quase atinge a soma de todos os demais países.
Não obstante o dispendioso - e na opinião de muitos inútil - comércio e despesa em armas, a realidade evidencia que este custo é insustentável, a não ser que se reembolse mediante a conquista de territórios e de outros recursos.
Promover as guerras - fratricidas todas elas - conduz ao aniquilamento humano.
Durante a última década, dois milhões de crianças foram assassinadas em guerras, e calcula-se que 150 milhões são exploradas como força de trabalho.
Quatro milhões de recém-nascidos, segundo meios jornalísticos, morrem no primeiro mês de vida, 82 por cento não recebem antibióticos, vários milhões de menores de 14 anos têm AIDS e 500 mil mulheres falecem anualmente ao parir.
Ademais, 600 milhões de crianças no mundo são vítimas da pobreza, 100 milhões vivem na rua, 150 milhões de meninas e 73 milhões de menores de 18 anos são explorados sexualmente e um milhão e 800 mil caíram no comércio sexual.
Expande-se a opinião de que “há muito os países poderosos… escolheram o caminho do armamento e da guerra para resolver as suas carências de energia e outros recursos naturais, sem pensar e analisar o que podem acarretar estes factos no futuro”.
O Taranis, capaz de empreender tanto tarefas de espionagem e vigilância como de transportar armas para atacar todo tipo de alvos, foi desenvolvido por BAE Systems, Rolls-Royce, Qinetiq e GE Aviation com o apoio do Ministério de Defesa britânico, durante quatro anos concluídos em 2010.
Gerald Howarth, o ministro para Assuntos de Defesa, declarou à BBC Mundo que “Taranis é um projecto realmente de vanguarda. Primeiro do seu tipo no Reino Unido, reflecte melhor os avanços de desenho e as capacidades tecnológicas de nosso país e constitui um programa líder no cenário mundial”.
Mas “é um primeiro passo para o Reino Unido”, pois “não se trata de um avião que vá entrar em serviço, mas de uma demonstração tecnológica que provará técnicas, demonstrará capacidades e assinalará a direcção na qual vamos”.
Segundo as pesquisas, compreendeu-se de que se trata… e é só um exemplo.
Sobretudo quando os deficits públicos se mantêm à ordem do dia, descem as despesas sociais, se privatizam bens do património, também na União Europeia, e se elevam os orçamentos militares em países aos quais ninguém agride.
Os seus investimentos bélicos impedem salvar aos famintos, ao mesmo tempo que provocam a morte, também em espiral.
(*) Redacção Global da Prensa Latina.

Charge do Dia

Brasil vence concorrência mexicana e terá fábrica da BMW



A BMW escolheu o Brasil e não o México para construir sua nova fábrica de automóveis prevista para a América Latina. Principais concorrentes da márca bávara, Audi e Mercedes-Benz já tiveram produtos produzidos aqui, mas as operações não prosperaram. O local das novas instalações, quais modelos serão produzidos e o montante investido pela fabricante no novo empreendimento ainda não foram anunciados pela filial brasileira.

As informações foram dadas, em primeira mão, pelo engenheiro e jornalista automotivo Fernando Calmon, por meio de seu perfil no Twitter. Calmon afirmou que rumores dão conta de que o SUV compacto X3 seria o primeiro modelo fabricado na planta brasileira.

Outra possibilidade levantada pelo engenheiro e jornalista é a de que o modelo que sairá da fábrica brasileira da BMW deverá montado em regime SKD (Semi Knocked Down), o que significa conjuntos semidesmontados. Esse tipo de produção indica uma capacidade limitada de manufatura na planta e também que a produção em si não demandará altos investimentos. A instalação da fábrica foi disputada por seis estados brasileiros.

A próxima marca a ter uma operação fabril em território nacional pode ser a Mazda. Recentemente a fabricante japonesa escolheu o México para abrigar uma planta. Após decidir-se pelo país da América do Norte, executivos da marca afirmaram que "pode ser a vez do Brasil" quando perguntados sobre onde a Mazda faria seu próximo investimento.

*esquerdopata

Ascenção Social


*esquerdopata

Jornal britânico Financial Times vê limites no lulismo

Segundo o jornal britânico Financial Times (FT), o governo de Lula foi marcado por uma combinação de benefícios sociais, generosos aumentos do salário mínimo, acesso mais fácil ao crédito e um controle estável da economia. Essa estratégia, endossada pela chegada de 33 milhões de pessoas à classe média em seus oito anos de governo, levou o lulismo a ser alardeado como uma solução para os problemas da América Latina, uma região marcada pela desigualdade entre as classes sociais.
O Financial Times acredita que o governo Lula construiu a base para a expansão da classe média ao lançar o Bolsa Família e elevar consideravelmente o salário mínimo. Também "aproveitou a boa sorte" ao se tornar um forte parceiro da China e exportar commodities para o gigante asiático, o que ajudou a economia brasileira a sair forte da crise financeira mundial.

MUITO BOM , MAS NOTEM QUE SOMOS "SUL" E NÃO "OCIDENTAIS".

OS EUA ESTÃO NO NORTE E SÃO CONSIDERADOS DO OCIDENTE E O BRASIL ESTÁ NO SUL E É CONSIDERADO DO SUL. POR QUÊ?  

ROBERTO ABDENUR
A persona internacional do Brasil




Somos `Sul' num mundo em que não cabe a ideia de embate com um `Norte' hostil; não devemos elidir nosso caráter ocidental




A forma como um país se insere no plano internacional é expressão de dois tipos de fatores -características inerentes a sua dimensão, economia, sociedade e o modo como se posiciona nas organizações que conformam a "ordem" internacional.
O que se pode chamar de persona de um país é o conjunto dessas características, que vai além do conceito de identidade nacional. Algo que pode (e deve) mudar a cada nova fase da evolução interna e segundo o contexto internacional.
O poderio de um país se deve a fatores estáticos (território e recursos naturais). Mas seu poder é consequência da maneira como evolui internamente e de sua capacidade de, no plano externo, adequar-se a novas circunstâncias, projetando com ímpeto sua influência sobre questões da agenda internacional.
Como aponta Celso Lafer, há um modo de ser brasileiro nas relações internacionais. Isso se expressa pela crença kantiana de que, se não é fácil contemplar uma paz perpétua em escala mundial, por certo está materializado esse desiderato numa América Latina livre de armas de destruição em massa, do risco de conflitos armados e distante dos eixos de confrontação e insegurança. Vivemos hoje, aos olhos da comunidade internacional, um momento feliz, com os avanços no sistema democrático, a crescente vibração da sociedade civil, a estabilidade e o renovado dinamismo da economia.
Viemos ganhando peso crescente na área internacional, com maior capacidade de afirmação. Mais do que emergente, o Brasil é hoje ator global. Tem posição central nas organizações regionais e ponderável peso na busca de soluções para os problemas das finanças (G20, FMI, Banco Mundial), do comércio (OMC, Rodada Doha), do ambiente e da mudança climática, da energia, da segurança, de desarmamento e não proliferação, da reforma da ONU.
Para que ganhe mais ímpeto, a projeção externa requer o reconhecimento por nós mesmos do acentuado pluralismo de nossa persona, tal como se vê no plano externo. Somos "Sul", mas num mundo em que já não cabe a ideia de continuado embate com um "Norte" hostil.
E sermos "Sul" não deve levar-nos a elidir nosso caráter inerentemente ocidental, que urge afirmar. Somos país de renda média mais do que nação "em desenvolvimento". "Emergentes", temos interesses diferenciados em relação às potências estabelecidas, mas nem por isso deixamos de nelas ter parceiros estratégicos. Somos Bric, mas temos interesses diferenciados também em relação a China, Rússia, Índia e África do Sul. Somos América do Sul e estamos no Atlântico, mas cabe enfatizar nossa condição de maiores parceiros da Ásia na região.
Somos G20 na área financeira e na OMC, mas o que nos move é a ideia de reforma das instituições multilaterais, não uma postura de feições anticapitalistas na luta contra um malévolo "neoliberalismo". Nossa política externa, em evolução na continuidade, requer um cada vez mais nítido delineamento de nossa persona no seio da comunidade internacional. Que sigamos avançando nesse processo, para que o presente feliz momento se transforme em duradoura nova etapa em nosso desenvolvimento e em nossa projeção externa.

ROBERTO ABDENUR foi embaixador do Brasil na China, na Alemanha e nos EUA e secretário-geral do Itamaraty. Ele passa a escrever quinzenalmente em Mundo, às quartas-feiras.

Possibilidade de moratória nos EUA ameaça o mundo

Autoridades em economia política como Maria da Conceição Tavares e Luiz Gonzaga Belluzzo, entre outros, julgavam que a dívida dos Estados Unidos não devia ser considerada um problema. Isto porque foi contraída em dólares e teoricamente pode ser paga sem maior esforço que a mera emissão de papel-moeda pelo Federal Reserve (banco central estadunidense). A ideia, de aparência lógica e simplória, não sobrevive aos fatos.


Garantia dramática
Nesta segunda-feira (11), Barack Obama assegurou, durante entrevista coletiva na Casa Branca, que os Estados Unidos “nunca deixaram nem deixarão de pagar suas dívidas”. A garantia dramática foi feita após encontro do presidente com lideranças dos partidos Republicano e Democrata do Congresso. Obama tenta convencer os parlamentares a apoiar um novo teto para a dívida pública. Não é uma tarefa fácil num legislativo controlado por uma oposição que tem os olhos voltados para o pleito presidencial de 2012.
No domingo (10), a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, também advertiu para a possibilidade de moratória na maior economia capitalista do mundo, que será inevitável caso não se viabilize um acordo entre o governo e o Congresso. As consequências para a economia mundial, ainda convalescente da crise propagada pelo império em 2008 e ameaçada pela turbulência financeira na Europa, podem ser trágicas. A inadimplência americana seria "um golpe tremendo às bolsas ao redor do globo, porque os Estados Unidos são um país muito importante para o restante do mundo", alertou em entrevista à rede ABC.

4/5 do PIB mundial

Atualmente, o limite de endividamento dos EUA é de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 23,2 trilhões), o que significa 92,3% de todas as riquezas produzidas por lá em um ano, ou seja, do Produto Interno Bruto (PIB). É necessário esclarecer que os números abrangem apenas os débitos públicos. O endividamento total do país (governos, empresas e indivíduos) é bem maior. Equivalia em 2009, segundo dados do FMI, a cerca de US$ 49 trilhões, ou 4/5 do PIB mundial.
Esta não é a primeira vez, e certamente não será a última, que o dilema (de aumentar o teto da dívida pública) é apresentado ao Congresso dos EUA. A questão envolve interesses contraditórios e tem múltiplos aspectos. O endividamento cresceu de forma extraordinária nos últimos anos em função da resposta das autoridades econômicas à crise, que implicou numa brutal elevação das despesas públicas e emissões bilionárias de papel-moeda.

Intervenção ineficaz

A intervenção do Estado, voltada basicamente para o resgate de bancos e banqueiros falidos, não revelou eficiência no combate à crise econômica ou pelo menos da chamada economia real. O índice de desemprego continua elevado (voltou a subir em junho para 9,2%), sinalizando uma economia estagnada e em desaceleração mais de três anos após o início da chamada Grande Recessão, no final de 2007.
É neste contexto que ocorrem os conflitos em torno do nível de endividamento e controle do déficit público. Preocupado com a economia, que pode determinar seu destino nas eleições presidenciais do próximo ano, Obama quer reduzir os cortes e aumentar os impostos das camadas mais ricas da população.

Silêncio sobre gastos militares

Os republicanos querem mais cortes e menos impostos para os poderosos. Parece uma polêmica entre esquerda e direita, conservadores e progressistas, mas não é este o caso. Os gastos militares do império, que ascendem a mais de US$ 1 trilhão de acordo com alguns especialistas, não são questionados por democratas ou republicanos, muito embora pesquisa recente revele que mais de 70% dos contribuintes norte-americanos são contra a intervenção militar do império em outros países, como acontece nesses dias na Líbia, Afeganistão e Iraque.
Não restam dúvidas que os Estados Unidos, bem mais que Grécia e Portugal, estão excessivamente endividados. A dívida, negligenciada por alguns economistas iludidos pelo suposto poder do dólar, é o pano de fundo da crise que se instalou em 2007 e contaminou o mundo, desdobrando-se nos dramas que estão em curso na zona euro.
Superconsumo e superprodução
O excesso de endividamento foi fomentado pela política monetária do país, marcada por juros negativos, já na gestão de Alan Greenspan no banco central e especialmente a partir da recessão de 2001, quando a taxa básica foi reduzida a 1%. O crédito, farto, barato e fácil, alimentou a bolha imobiliária e o consumismo desbragado da sociedade, resultando no que chegou a ser caracterizado como “crise do subprime” (hipotecas com alto risco de inadimplência).
Com ampla liquidez, o sistema financeiro emprestou até a quem não tinha renda, emprego ou patrimônio. Isto alavancou, a um só tempo, o superconsumo interno e a superprodução mundial de mercadorias. O processo de reprodução ampliada do capital em todo o mundo foi fortemente influenciado pela dívida e o déficit comercial norte-americano transformou-se numa via privilegiada para a realização de capitais estrangeiros de diferentes origens (Japão, Alemanha, China). A hipertrofia do sistema financeiro, chamada por alguns de "financeirização da economia", também tem a ver com os débitos do império.
Com a crise, chegou também a hora da verdade, pois esta funciona, em certa medida, como um purgante para a economia enferma, impondo o ajuste interno e um maior equilíbrio entre poupança, consumo e investimentos. Mas a mão forte do Estado imperialista foi acionada em sentido contrário, inclusive impedindo a destruição de capital fictício.
Parasitismo
A dívida reflete o crescente parasitismo da economia norte-americana, que ainda hoje vive bem além dos próprios meios que produz, à custa de trabalho alheio (no caso, de outros povos). É produto do hiato entre a poupança interna (“chocantemente baixa” segundo Joseph Stiglitz) e os investimentos, preenchido pelo capital estrangeiro. Compreende-se, portanto, que mais de dois terços da dívida pública do país sejam dívida externa.
Não foram apenas economistas renomados que compraram e difundiram a falsa ideia de que os EUA não deviam se preocupar com dívidas, pois mantêm o poder de emissão da moeda mundial. Os governantes também se iludiram e não vacilaram em estimular o parasitismo. Certamente a posição especial do dólar na economia mundial favoreceu ilusões e permitiu a acumulação de déficits externos que já teriam levado qualquer outro país do mundo à bancarrota.
As autoridades apelaram à emissão para resgatar títulos do Tesouro. Isto produziu inflação no mundo e apressou a desmoralização do dólar, mas não tirou a economia estadunidense do pântano. A crise do capitalismo norte-americano é profunda e estrutural. Sinaliza o esgotamento da ordem econômica internacional, fundada com base na realidade que emergiu após a 2ª Guerra Mundial e ancorada na hegemonia dos EUA e supremacia do dólar. O mundo mudou e o império já não é o mesmo. A necessidade de uma nova ordem mundial não é apenas um desejo dos povos. É um imperativo candente dos novos tempos.
*Carcará

O Etna, os relógios: o mistério continua

Sábado à tarde, a lava do vulcão Etna irrompeu ao longo dos flancos Sudeste e os ventos têm levantado as cinzas, provocando problemas no aeroporto de Catania Fontanarossa. 

Foi uma enorme erupção, a quinta desde o início do ano.

Na ocasião, milhares têm reparado nos relógios que ficaram 15 minutos adiantados.

Isso foi notado quando um grande número de moradores da zona acordou cedo para ir ao trabalhou e sobre o assunto foi organizada uma página Facebook para fazer uma comparação entre as várias observações.

O aeroporto de Fontanarossa reabriu às 07:00, quando as máquinas de limpeza conseguiram livrar as pistas das cinzas, após uma noite de trabalho. A causa do adiantamento dos relógios na ilha permanece desconhecida.


Quanto aos relógios. A situação não é nova e já tinha sido relatada no mês passado. 
O fenómeno interessa os relógios eléctricos, por isso relógios digitais ou com mecanismos ligados à corrente. Não importa que sejam relógios de pulso, radio-despertadores ou timer do micro-ondas: de repente todos começam a correr, ganham 15 minutos e assim ficam.

Pode estar tudo relacionado com a erupção? O facto é que os relógios enlouquecidos estão presentes em toda a ilha, não apenas na província de Catania onde "reside" o Etna. 

Pela mesma razão, a teoria de eventuais campos electro-magnéticos não consegue ser aceite como explicação: a Sicilia é grande, é a maior ilha do Mediterrânico; e como é possível que os efeitos de eventuais campos possa ser sentido do outro lado da ilha, que dista 230 quilómetros em linha recta, e não em Reggio Calabria, por exemplo, cidade na margem oposta do Estreito de Messina, cuja distancia é de apenas 80 quilómetros?

Os pesquisadores de Engenharia Eléctrica da Universidade de Catania têm tentado explicar o acontecimento com base em pequenas variações de frequência não adequadamente compensadas: mas neste caso o fenómeno deveria interessar equipamentos eléctricos até mais sensíveis (pensamos nos computadores, nos alarmes), além do facto que alguns cidadãos já fizeram verificar a própria rede doméstica sem encontrar problemas.  

Resumindo, eis as possíveis explicações até agora apresentadas: 

Fotovoltaico: muitos paneis são presentes na ilha, alguns podem não estarem adequadamente regulados e provocar assim pequenas variações de frequência não compensadas.
Contra: neste caos outros electrodomésticos também estariam interessados ao fenómeno.

Cabo submarino: entre a Sicilia e a Calabria existe um cabo submarino pela distribuição de energia eléctrica e trabalhos de manutenção começaram no passado mês de Maio, o que pode ter provocado variações e/ou interrupções no fornecimento da eletricidade.
Contra: como antes, também outros electrodomésticos seriam afectados pelo fenómeno. 

Etna e campos magnéticos: na aldeia de Caronia, perto de Catania e do Etna, postes da luz pegam fogo, electrodomésticos enlouquecem, há blackout repentinos. alguns explicam o fenómenos com um suposto campo magnético criado pelo vulcão,
Contra: relógios adiantados interessam toda a ilha, em lugares bem distantes do Etna.
*InformaçãoIncorreta