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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, fevereiro 23, 2012
Dono do jet ski é barão do lixo ligado ao PSDB
Máquina pertence à família do empresário José
Cardoso, que pretendia disputar a prefeitura de Suzano em 2012 com
apoio de Alckmin; seu lixão coleciona multas por irregularidades e agora
ele pode ser indiciado por homicídio doloso, já que emprestou o
aparelho, que matou Grazielly, ao afilhado
247 - A polícia de Bertioga, no litoral de São Paulo, divulgou nesta
quarta-feira o nome do dono do jet ski que matou uma menina de três anos
no último final de semana. Ele pertence à família do empresário José
Augusto Cardoso, o Zé Cardoso. Ele emprestou a máquina ao afilhado, um
adolescente de 14 anos, que supostamente a pilotova no momento do
acidente que matou Grazielly.
O governador Geraldo Alckmin estudava apoiar Zé Cardoso para disputar a
eleição municipal de Suzano este ano, pelo PSDB. O vice-presidente
Nacional do PSDB e secretário de Estado de Desenvolvimento
Metropolitano, Edson Aparecido, no entanto, se mostrou contra a
nomeação. Para ele, o partido deveria lançar Paulo Tokuzumi. Um dos
principais motivos pela resistência é que Zé Cardoso está com seu aterro
fechado por determinação da Cetesb e da Justiça há meses e tem recebido
uma multa atrás da outra por irregularidades diversas no aterro Pajoan
de Itaquá
Na semana passada, a última multa recebida pelo Pajoan chegou a R$ 900
mil. Agência regional da Cetesb constatou que a empresa de Cardoso vinha
recebendo novas cargas de resíduos sólidos, provenientes da coleta
pública, em descumprimento à interdição imposta judicialmente desde maio
do ano passado, conforme denúncia feita pela Diocese de Mogi das
Cruzes. A Companhia também cancelou a autorização provisória para a área
de transbordo que estava sendo utilizada pela empreiteira para
transportar cerca de 250 toneladas de resíduos de Poá e Itaquaquecetuba
para o encaminhamento a aterros sanitários licenciados.
Zé Cardoso pode agora ser indiciado por homicídio pelo caso Grazielly. A
menina de três anos havia chegado à cidade na sexta-feira (17) junto
com um grupo de dez pessoas, entre familiares e amigos, da cidade de
Artur Nogueira, também no interior paulista. Era o primeiro passeio dela
na praia. Ela fazia castelos de areia com a mãe na beira do mar quando
foi atropelada pelo veículo em alta velocidade que saiu da água. O
adolescente, segundo testemunhas, fugiu do local sem prestar socorro.
*Ajusticeiradeesquerda
Globo criminaliza o carnaval
Depois de haver feito uma cobertura tendenciosa do desfile da Gaviões
da Fiel em São Paulo, a Rede Globo de Televisão martela a exaustão em
seus noticiários a revolta de torcedores com o resultado da apuração,
associando-a a ação de vândalos ligados à escola que levou a homenagem a
Lula da Silva à avenida.
Além
de imoral, a atitude da empresa jornalística envereda por um caminho
sem volta que é a de indispor-se com as torcidas e com parcela
ponderável da população brasileira que viu na homenagem ao presidente
Lula o justo reconhecimento a um homem cuja saga constitui lenda viva.
Se antes insinuava instrumentalização política do carnaval por parte do PT, agora a emissora politiza ela
mesma o carnaval, associando a revolta contra critérios falhos de
escolha a vandalismo de simpatizantes da escola de samba, sob endosso ou
participação direta de adeptos do homenageado presidente Lula.
Chamado
em entrada ao vivo, o jornalista Carlos Tramontina não titubeou em
atribuir o tumulto a integrantes da escola de samba. No que foi seguido
por comentaristas que recitaram regras da organização do carnaval para
pedir a desclassificação da escola a quem atribuem os fatos
repercutidos.
Os
próximos passos pretendidos pela emissora de TV bem podem ser
antecipados. Condenará o que dirá ser o uso político do carnaval e os
perigos que isso encerra para o carnaval da pacata sociedade paulistana.
Afirmará que manifestações culturais quando tomadas por interesses
políticos degeneram em balburdia e algazarra.
Justamente
ela que tomou para si o controle do carnaval paulista, como antes
fizera com o futebol, transformando esse evento popular de participação
massiva em alavanca de lucros e meio de ação política em favor de
partidos políticos com que francamente é identificada.
A Globo venceu o carnaval
Por
mais sofisticado que seja o critério de avaliação do desempenho das
escolas de samba no carnaval, será sempre predominante o viés
estatístico presente na escolha.
As preferências dos jurados, no que concerne a valores e tendências estéticas que circulam na sociedade, é o que define o ranking de premiação do carnaval.
As preferências dos jurados, no que concerne a valores e tendências estéticas que circulam na sociedade, é o que define o ranking de premiação do carnaval.
Sendo os próprios jurados uma amostra selecionada de perfis existentes em algumas classes e setores de classe da sociedade, não se estranha que temáticas e motivos que demarquem escolhas afinadas com consensos de circulação mais ampla, tendam a não ganhar correspondente prevalência nos processos de seleção baseados em opções de jurados, tal como o adotado na cidade de São Paulo.
O
que pensam os jurados, em média, é o que pensam as classes sociais a
que pertencem. Para que a escolha fosse a mais isenta possível seria
necessário que também a seleção dos jurados se fizesse por meio
aleatório, com o recrutamento deles pela votação livre em pessoas
habilitados para tanto.
Censitária
como é hoje a escolha dos jurados, baseada em reconhecimento por parte
dos organizadores do carnaval, eles mesmos em sua maioria cartolas
submetidos a interesses de grupos políticos e econômicos, fica aberta a
possibilidade de definições não pautadas pela isenção.
No
caso da Escola de Samba Gaviões da Fiel, cuja temática abraçada foi
de homenagem a uma personalidade política de estima elevada entre as
classes trabalhadoras, não seria razoável esperar que sua aprovação
contasse com o endosso fácil dos jurados, na maioria recolhidos de
extratos diversos da sociedade.
O
veto esperado ao repertório de símbolos levados à avenida pela Gaviões
de Fiel, só poderia portanto redundar em frustração e em repúdio dos
foliões. Tampouco surpreendeu a explosão de violência que seguiu a uma
nota politicamente motivada, que traduziu o inconformismo dos torcedores
no sambódromo da cidade de São Paulo com resultados baseados em critérios personalistas de julgamento.
Um motorista ilustre
Não
deve passar despercebida a decisão do ator Fábio Assunção de
colocar-se no carnaval como motorista do carro alegórico que
representava a condução de Lula à presidência do Brasil.
Consagrado
nas novelas da Rede Globo e elevado à condição de galã perante a classe
média brasileira, ousou destoar da ideologia dominante no ambiente em
que se projetou e vestiu com rara dignidade a fantasia simplória do
chofer.
Na
avenida, onde muitos enxergaram mistificação e uso político da figura
do ex-presidente, Assunção viu a representação da saga de um povo que
venceu à exclusão mantida desde o império por uma elite europeizada, e
que fêz – por essa razão – substituir no poder fazendeiros e doutores po quem era um igual, o retirante e operário Silva.
Tampouco
fez evoluções o conhecido ator. Resignado à nobreza da condição
figurada de condutor, bastou-lhe o sorriso tênue de quem questionava com
sua atitude os valores daqueles que se sentiam mais aptos e melhores
que os da sua gente.
Conduzia
em seu carro-fantasia de isopor, leve como os sonhos, duas crianças
representando o casal de suburbanos que ocuparam por 8 anos os palácios
de Brasília. A fragilidade de seus pequenos corpos na grandeza do
carnaval simbolizava o quanto pode haver de venturoso num povo que se
levante na peregrinação pela conquista da dignidade.
Entrevistado
em curto intervalo de tempo por repórteres da emissora a que prestou
serviços, Fábio justificou seu louvável papel no carnaval afirmando que,
depois de tudo o que fez e representou nos palcos e na TV, queria
sentir-se agora simplesmente brasileiro.
Seu
pouco destaque na exuberância do carnaval foi por certo mais que
compensado pela lição de amor ao povo e ao País que deu aos que pensam
que fama rima apenas com dinheiro. Parabéns Fábio, pelo desprendimento
de ser um simples brasileiro!
*Brasilquevai
Alckmin e Nahas podem responder por crime contra humanidade, diz procurador
São
Paulo - O procurador do Estado de São Paulo Marcio Sotelo Felippe
avalia que toda o processo judicial que resultou no despejo de milhares
de pessoas da comunidade ocupada do Pinheirinho, em São José dos
Campos/SP, tinha como objetivo beneficiar o megaespeculador Naji Nahas
e, por isso, o Tribunal Penal Internacional tem de expedir mandados de
prisão contra Nahas e o governador Geraldo Alckmin, além do presidente
do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Ivan Sartori.
Felippe
analisou a documentação sobre o processo de falência da empresa
Selecta, de Nahas, proprietária do terreno e beneficiária da
reintegração de posse efetivada de forma violenta pela PM paulista no
dia 22 de janeiro, com apoio da Guarda Civil Metropolitana de São José
dos Campos.
Para o representante
do ministério público, que já ocupou o cargo de procurador geral do
Estado na gestão do governador Mário Covas, o trio deve responder por
crimes cometidos contra a humanidade.
*Rede Brasil Atual
A Rússia sai da letargia
Via Jornal do Brasil
Mauro Santayana
Enganam-se
os que viram, na Guerra Fria, o conflito ideológico entre o sistema
socialista e o sistema capitalista. Na verdade, todos os que examinam a
história com cautela sabem que as ideologias podem ser, em certas
ocasiões, doutrinas de escolha para conduzir os projetos nacionais
estratégicos, mas o sentimento de nação sempre prevalece sobre as ideias
de caráter universal. Essa é uma das dificuldades do marxismo aplicado:
não é fácil a união internacional dos trabalhadores contra o capital.
Quando traduzida, a Internacional, mesmo mantendo a força de seus
acordes, não tem o mesmo efeito da versão original de Eugéne Pottier,
um participante da Comuna de Paris — nem mesmo em russo, ainda que tenha
sido o hino oficial da URSS.
O marxismo foi uma doutrina de ocasião para que o Império Russo fizesse a sua revolução nacional
O
homem, qualquer homem, é o centro de um universo que se amplia, mas que
se distancia, ao ampliar-se. Assim, a percepção do mundo e de nossa
existência nele encontra o limite ideal na comunidade cultural e em seu
espaço geográfico — enfim, na pátria. A sobrevivência da comunidade
nacional prevalece sobre os sistemas sociais que adotemos. Em razão
disso, podemos considerar que as revoluções políticas atendem, em
primeira urgência, à salvação do povo — a sua liberdade e soberania
dentro dos limites nacionais. Sendo assim, podemos dizer que o marxismo
foi uma doutrina de ocasião para que o Império Russo fizesse a sua
revolução nacional, derrubando uma monarquia enfermiça e alienada e
instituindo novo sistema político. A etapa kerensquiana da revolução
nada prometia senão uma república tão conservadora quanto o regime dos
Romanov — daí a ousadia de Lenine e seus companheiros.
A
revolução se estagnou e retrocedeu com Stalin, para se perder com
Gobartchev. Ela vinha se esvaziando, por não avançar rumo à utopia de
uma sociedade sem classes, que fora a promessa de 1917. A tecnocracia
substituíra a nobreza do Império, e parcelas da sociedade se cansaram
das restrições. Isso possibilitou a Gobartchev capitular, como
capitulou, sem a habilidade para promover uma transição mais inteligente
para a economia de mercado.
A queda do Muro de
Berlim foi um desastre para o mundo socialista e, especialmente, para a
União Soviética, esquartejada e com sua economia dilacerada, com as
empresas do Estado entregues aos favoritos de Ieltsin. As nações, no
entanto, são capazes de soerguer-se em pouco tempo, desde que encontrem
motivos para isso. Nos últimos 24 anos, com as dificuldades conhecidas, a
Rússia vem recuperando a consciência de nação e sua força histórica. O
complexo de derrota, que se seguiu à fragmentação do antigo Império e à
arrogância dos Estados Unidos como a única potência hegemônica,
foi vencida. A aliança entre os países emergentes, que une o Brasil à
Rússia, à Índia, à China e à África do Sul, é um novo espaço de
influência na geopolítica, compartilhado por essas potências — e anima
os russos.
Eles têm reconstruído seus
exércitos, e, a duras penas na fase confusa da reorganização do núcleo
mais poderoso do antigo Império, restaurado sua indústria pesada.
Setores em que eles haviam sido, e durante muito tempo, superiores, como
os da aviação militar e dos mísseis, foram recuperados. Seus aviões de
caça, bem como seus foguetes intercontinentais, continuam a ser
considerados do mesmo nível (e, em alguns casos, superiores) aos de seus
rivais.
Putin pode ter, e tem, grandes
defeitos, a par de sua vocação ditatorial, segundo seus desafetos, mas
vem devolvendo aos russos o seu orgulho antigo. O nacionalismo russo
apelou para a Revolução de Outubro, mesmo contra a opinião de Marx, que
via pouca possibilidade de um movimento socialista em uma região
geoeconômica que não se libertara de todo da visão medieval da economia e
do poder. O nacionalismo russo de nossos dias não só aceita como
prestigia (conforme as pesquisas pré-eleitorais destas horas) o líder
político que encarna a recuperação do orgulho do velho país.
A
URSS — que ocupava a mais extensa região do globo, com seus quase 25
milhões de quilômetros quadrados — não mais existe, mas a Rússia
continua sendo o maior território nacional do mundo (duas vezes o
tamanho do Brasil), com seus 17 milhões de quilômetros quadrados.
A Federação Russa quer ser ouvida e acatada no mundo de hoje
Com
essa presença poderosa, e mais de 1,2 milhão de homens em armas, a
Federação Russa quer ser ouvida e acatada no mundo de hoje. E não há
dúvida de que o seu projeto nacional é o de recuperar o espaço político
que conquistara na Segunda Guerra Mundial, e que perdeu em 1991. A
indústria militar, conforme explicou Putin, irá provocar a aceleração de
toda a economia nacional.
Para isso, Putin
anunciou que a indústria bélica irá produzir, nos próximos dez anos,
mais 400 mísseis balísticos modernos, oito submarinos estratégicos, 20
submarinos polivalentes, mais de 50 navios de superfície, cerca de 100
veículos espaciais com função militar, mais de 600 aviões modernos, mais
de mil helicópteros e 28 baterias antiaéreas dotadas de mísseis
terra-ar S-400.
*Gilsonsampaio
quarta-feira, fevereiro 22, 2012
O que estão fazendo com a Grécia fizeram com o Brasil no governo FHC
O que esses sanguessugas safados estão fazendo com a Grécia fizeram com o Brasil no governo FHC.Eu já postei aqui uma matréria sobre o livro A Melhor Democracia Que o
Dinheiro Pode Comprar, do repóter investigativo Greg Palast.No aludido livro, Palast afirma que Robert Rubin, secretário
do Tesouro americano "governou de fato como presidente do Brasil sem
precisar
perder uma única festa em Manhattan’.Segundo Palast, isso era um sonho,
desde criancinha, de Robert Rubin. Diz, ainda, Palast, que Rubin ajudou a
manter a moeda brasileira em alta costurando o
apoio de organismos internacionais ao País. O real, que seria
desvalorizado
pesadamente logo depois da vitória eleitoral, escreve Palast,
‘permaneceu em
alta antes da eleição porque os Estados Unidos deixaram clara sua
intenção de
substituir as reservas perdidas por um pacote de empréstimos do FMI’.E ainda esses tucanos corruptos dizem que estabilizaram a moeda.Uma ova!
São Paulo – O novo pacote de ajuda à Grécia impõe ao país uma perda de
soberania ainda maior que o primeiro conjunto de medidas, liberado no
segundo semestre do ano passado. Agora, no momento em que o país já
obrigou os cidadãos à perda de salários e de direitos previdenciários, a
conta bancária de 130 bilhões de euros será controlada pela “troica”, o
grupo formado por Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central
Europeu e União Europeia.
A medida significa que o pagamento da dívida será feito antes que se
cumpram os deveres com as contas nacionais, os salários de servidores
públicos e as pensões dos aposentados. A liberação, a conta-gotas,
dependerá da saúde financeira demonstrada pelo governo grego, que pode
ter de aceitar a nomeação de um comissário estrangeiro com direito de
veto em cada um de seus ministérios, em detalhes que serão conhecidos
nos próximos dias.
Na segunda-feira (20), após treze horas de conversas, os representantes
da União Europeia celebraram o acordo para o fechamento do pacote que,
por ora, afasta o risco de que a Grécia deixe a zona do euro, processo
que poderia levar à desintegração do bloco. A outra alternativa era a
suspensão do pagamento da dívida, com possível declaração de moratória, e
um efeito de contágio nos mercados europeus.
Os pacotes liberados até agora somam uma cifra próxima a 300 milhões de
euros, ainda incapaz de recolocar a economia grega nos trilhos após
quatro anos de recessão. Como tem insistido o governo brasileiro, a
receita imposta pelo FMI e pela União Europeia às nações em crise levará
a ainda mais problemas, já que aposta em um ciclo de corte de direitos
sociais em troca de uma suposta melhora do caixa. Na visão de Dilma
Rousseff, o remédio é equivocado, uma vez que abre mão do crescimento
econômico, o que poderia levar a um aumento da arrecadação e abrir
caminho para o pagamento das dívidas astronômicas.
Os líderes europeus têm preferido trabalhar com a perspectiva de um
quadro de baixo crescimento, ou mesmo de recessão, durante alguns anos,
acreditando que este é o caminho para voltar a equacionar a relação
entre dívida e Produto Interno Bruto (PIB). Até 2020, os débitos gregos
terão de baixar ao equivalente a 120% do PIB. O problema é saber qual
será o tamanho da economia grega até lá, dado que o país não consegue
sair da recessão.
Nos últimos meses, a exemplo de outras nações da região, explodiram na
Grécia protestos de estudantes e trabalhadores contra as condições
impostas pelo FMI. Na negociação do pacote anterior, o primeiro-ministro
George Papandreou, que cogitou convocar a população a votar nos ajustes
impostos externamente, foi obrigado a renunciar. Em seu lugar entrou
Lucas Papademos, um quadro técnico nomeado por influência da União
Europeia para conduzir o resgate da nação. Agora, porém, ele não parece
ter a total confiança dos líderes do bloco, que preferem assegurar-se de
que aplicarão os 130 bilhões de euros da maneira que desejam.
*Oterrordonordeste
País que era o mais rico do mundo, E.U.A têm ‘Acampamentos da Miséria’
A BBC visitou nos Estados Unidos alguns acampamentos de sem-teto, cada vez mais numerosos no país desde o início da crise econômica que explodiu em 2008. Dados oficiais apontam que cerca de 47 milhões de americanos vivem abaixo da linha pobreza e este número vem aumentando. Atualmente há 13 milhões de desempregados, 3 milhões a mais do que quando Barack Obama foi eleito presidente, em 2008. Algumas estimativas calculam que cerca de 5 mil pessoas se viram obrigadas nos últimos anos a viver em barracas em acampamentos de sem-teto, que se espalharam por 55 cidades americanas. O maior deles é o de Pinella Hope, na Flórida, região mais conhecida por abrigar a Disney World. Uma entidade católica organiza o local e oferece alguns serviços aos habitantes, como máquinas de lavar roupa, computadores e telefones. Muitos acampamentos são organizados e fazem reuniões para distribuição de tarefas comunitárias. Para alguns com poucas perspectivas de encontrar trabalho, as barracas são habitações semi-permanentes.
Mofo
Várias
destas pessoas tinham vidas confortáveis típicas de classe média até pouco
tempo atrás. Agora deitam sobre travesseiros tão mofados quanto suas cobertas,
em um inverno no qual as temperaturas baixam a muitos graus negativos. "Esfregamos
literalmente nossos rostos no mofo toda noite na hora de dormir", diz
Alana Gehringer, residente de um acampamento no Estado de Michigan, ao programa
Panorama da BBC.
A crise leva milhares de sem-teto a passar inverno em barracas |
O
agrupamento de 30 barracas se formou em um bosque à beira de uma estrada, no
limite do povoado de Ann Arbor. Não há banheiros, a eletricidade só está
disponível na barraca comunitária onde os residentes se reúnem ao redor de uma
estufa de madeira para espantar o frio. O gelo se acumula nos tetos das
barracas e a chuva frequentemente as invade. Mesmo assim, cada vez pessoas
querem morar ali. A polícia, hospitais e albergues públicos ligam com
frequência perguntando se podem enviar pessoas ao acampamento. "Na noite
passada, por exemplo, recebemos uma ligação dizendo que seis pessoas não tinham
vaga no albergue. Recebemos de 9 a 10 telefonemas por noite", diz Brian
Durance, um dos organizadores do acampamento. A realidade dos abrigados da
Flórida e de Michigan é a mesma em vários lugares. Na segunda-feira, Obama
revelou planos de aumentar os impostos sobre os mais ricos. "Queremos que
todos tenham uma oportunidade justa." O presidente americano mencionou os
que "lutam para entrar na classe média". Em Pinella´s Hope, em Arbor
e em outros dezenas de locais no país, além dos que querem entrar na classe
média, há os que foram expulsos dela pela crise e que desejam voltar.
Postado por: ByLorenzo - Fonte: BBC
*Guerrasilenciosa
Aborto - lição de hipocrisia
Por Jeferson Malaguti Soares *
Recém-empossada na Secretaria de Políticas para Mulheres, a ministra Eleonora Menicucci já entrou levando chumbo grosso da bancada dita evangélica - na verdade, protestante -, em face de seu conhecido posicionamento a respeito do aborto, em defesa da descriminalização da sua prática e da necessidade de a rede pública de saúde realizar, gratuitamente, o procedimento.
Quanta hipocrisia! Afinal, somos ou não somos um estado laico, como determina a Constituição Federal? E a mulheres que não acreditam em Deus, atéias, têm também que se submeter às regras vigentes? Ora, no país ocorre um sem número de abortos anualmente, em todo o território nacional, a maioria sem qualquer assepsia. Gastamos uma fortuna com atendimentos de urgência de meninas e adolescentes com sangramento grave depois de um aborto malsucedido, sem se falar nas mortes que ele causa.
Colocar uma criança no mundo sem as mínimas condições de ser educada e orientada, ou de sobreviver fora do crime, também não é uma forma de abortar uma vida? Quando começa a vida afinal? E quando ela começa a terminar? Na maioria dos casos de gravidez indesejada, assim que nasce, a criança já está fadada à morte prematura de sua dignidade e cidadania.
Enquanto a discussão não se define, ou o congresso não toma uma posição mais racional, as meninas continuam a interromper suas gravidezes indesejadas em clínicas clandestinas, ou com chás de ervas e citotecs vendidos livremente nas feiras livres pelo país afora.
Não é justo pensar numa mulher moderna que não possa decidir sobre o próprio corpo, e que é obrigada a manter uma gravidez que não deseja levar adiante. Talvez seja mais honesto interrompê-la. Se é certo ou errado, cabe a ela decidir. Afinal, o aborto em si já consiste numa dura punição. A sociedade, enquanto isso, finge desconhecer o problema, porque lhe é conveniente, além de ter medo de seus próprios dogmas e preconceitos. As igrejas, então, sequer discutem o assunto, que deveria ser debatido exaustivamente.
A mulher tem que ser ouvida de forma clara e desassombrada. Não se trata de ser ou não a favor da vida. Claro que somos todos defensores dela. Por isto devemos protegê-la e salvá-la em todos os estágios e não apenas, hipocritamente, numa barriga que não está ainda preparada para gerá-la. Legalizar o aborto não significa que ele vá se tornar uma prática comum e banal, mas é, antes de tudo, uma questão de cidadania e de cuidado para com o próximo.
Um dos nossos maiores compromissos com a vida é o de sermos corajosos para vivê-la e responsáveis para gerá-la. Os seres humanos são dotados de sentimentos e poder que lhes permitem superar obstáculos, mas também obstacular o caminho do outro. Desta forma, elege-se uma verdade como única, e quem não comungar com ela, automáticamente é considerado contra ela, recebendo tratamento como tal. Há que termos temperança, virtude que nos permite negociar o equilíbrio, preservando-se os valores e respeitando-se as diferenças.
*Jeferson Malaguti Soares é membro da Executiva do PCdoB em Ribeirão das Neves/MG e colaborador deste blog.
*Observadoressociais
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