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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 21, 2012

Adiada no Senado votação do projeto que acaba com o 14º e o 15º salários pagos a congressista


Obrigado a conviver com salários menores do que suas contas, o brasileiro ordinário é um sujeito condenado ao fim do mês perpétuo. Os congressistas, brasileiros extraordinários, vivem situação diversa.

No Congresso, a jornada é miúda (três dias por semana), o salário é graúdo (R$ 26,7 mil), a mordomia é incomensurável (casa, telefone, carta, avião, carro, gasolina e um interminável etc.) e a folha é elastica (13o, 14o e até, veja você, o 15o salário).

Acha muito? Pois há mais: o 14o salário, beliscado no início de cada ano, e o 15o, apalpado no final de cada exercício, pingam na conta dos deputados e senadores sem o inconveniente do desconto do Imposto de Renda.

Instituídos em 1948, já lá se vão 64 anos, o 14o e o 15o são mordidos a título de ajuda de custo. Coisa destinada a custear a mudança dos parlamentares de seus Estados para a Capital da República.
É como se, a cada ano dos quatro que duram um mandato –oito no caso dos senadores  os parlamentares fizessem uma nova mudança para Brasília, com suas famílias, malas e cuias, periquitos e papagaios. Um acinte.

Pois bem. Antes de migrar para a chefia da Casa Civil, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) propôs o fim dos salários extras. Em vez de onerar a Viúva mensalmente, a esquisitice passaria a ser paga apenas no início e no final de cada legislatura.
Gleisi Hoffmann 

Engavetado há mais de um ano, o projeto de Gleisi, assumido pelo colega Lindbergh Farias (PT-RJ), foi à pauta da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, primeiro estágio da tramitação.

Antes que pudesse ser votado, o senador Ivo Cassol (PP-RO) apressou-se em pedir vista da proposta, adiando a votação. Por quê? Alegou que precisa analisá-la com mais vagar. Natural. O tema é mesmo demasiado complexo.

Espremido, Ivo Cassol saiu-se com a seguinte pérola: “O político no Brasil é muito mal remunerado, porque tem que atender [os eleitores] com passagem, dar remédio, é convidado para ser patrono de formatura.”

Um repórter insolente recordou ao senador que assistência social é atribuição do Estado, não dos congressistas. Mas Cassol não se deu por achado: “Se bater alguém na sua porta pedindo uma Cibalena, você não vai dar?”

Como se vê, o Brasil não tem salvação. Ou, por outra, o Brasil só se salva recomeçando onde começa a filosofia: no início absoluto!

Fonte; Blog Josias de Souza

Contos e Poemas Eróticos na Revista de Literatura e Arte - Germina


Poema da buceta cabeluda from Pequenos Delitos on Vimeo.

*Egregoracarrancasliterarias