SILÊNCIO ABSOLUTO SOBRE A ISLÂNDIA. PORQUÊ?
Olho na Islândia
por Theo Buss via Facebook
Se
há quem acredite que nos dias de hoje não existe censura, então que nos
esclareça porque é ficámos a saber tanta coisa acerca do que se passa
no Egipto e porque é que os jornais não têm dito absolutamente nada
sobre o que se passa na Islândia.
Na Islândia:
- o povo obrigou à demissão em bloco do governo;
-
os principais bancos foram nacionalizados e foi decidido não pagar as
dívidas que eles tinham contraído junto dos bancos do Reino Unido e da
Holanda, dívidas que tinham sido geradas pelas suas más políticas
financeiras;
- foi constituída uma assembleia popular para reescrever a Constituição.
Tudo
isto pacificamente. Uma autêntica revolução contra o poder que conduziu
a esta crise. E aí está a razão pela qual nada tem sido noticiado no
decurso dos últimos dois anos. O que é que poderia acontecer se os
cidadãos europeus lhe viessem a seguir o exemplo?
Sinteticamente, eis a sucessão histórica dos factos:
- 2008: o principal banco do país é nacionalizado. A moeda afunda-se, a Bolsa suspende a actividade. O país está em bancarrota.
- 2009: os protestos populares contra o Parlamento levam à convocação de
eleições antecipadas, das quais resulta a demissão do primeiro-ministro
e de todo o governo.
A desastrosa situação económica do país mantém-se. É proposto ao Reino
Unido e à Holanda, através de um processo legislativo, o reembolso da
dívida por meio do pagamento de 3.500 milhões de euros, montante
suportado mensalmente por todas as famílias islandesas durante os
próximos 15 anos, a uma taxa de juro de 5%.
- 2010: o povo sai novamente à rua, exigindo que essa lei seja submetida a referendo.
Em Janeiro de 2010, o Presidente recusa ratificar a lei e anuncia uma consulta popular.
O referendo tem lugar em Março. O NÃO ao pagamento da dívida alcança 93% dos votos.
Entretanto, o governo dera início a uma investigação no sentido de
enquadrar juridicamente as responsabilidades pela crise. Tem início a
detenção de numerosos banqueiros e quadros superiores. A Interpol abre
uma investigação e todos os banqueiros implicados abandonam o país.
Neste contexto de crise, é eleita uma nova assembleia encarregada de
redigir a nova Constituição, que acolha a lições retiradas da crise e
que substitua a actual, que é uma cópia da constituição dinamarquesa.
Com esse objectivo, o povo soberano é directamente chamado a
pronunciar-se. São eleitos 25 cidadãos sem filiação política, de entre
os 522 que apresentaram candidatura. Para esse processo é necessário ser
maior de idade e ser apoiado por 30 pessoas.
- A assembleia constituinte inicia os seus trabalhos em Fevereiro de
2011 a fim de apresentar, a partir das opiniões recolhidas nas
assembleias que tiveram lugar em todo o país, um projecto de Magna
Carta. Esse projecto deverá passar pela aprovação do parlamento actual
bem como do que vier a ser constituído após as próximas eleições
legislativas.
Eis, portanto, em resumo a história da revolução islandesa:
- Demissão em bloco de um governo inteiro;
-- Referendo, de modo a que o povo se pronuncie sobre as decisões económicas fundamentais;
- Prisão dos responsáveis pela crise e
- reescrita da Constituição pelos cidadãos:
Ouvimos falar disto nos grandes media europeus?
*cappacete