“Se Lula quis melar o mensalão, valeria então supor que Gilmar quis melar a defesa” ... [Veja Charges]
Sobe pressão para impedir Gilmar no mensalão
COM SUAS ATITUDES, ELE TERIA ANTECIPADO
O VOTO, AO INVERTER A PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E DEMONSTRAR PREJULGAMENTO EM
RELAÇÃO AOS RÉU DO PROCESSO; NESTE DOMINGO, VÁRIOS ARTIGOS LEVANTARAM A
HIPÓTESE DE QUE ELE NÃO TERIA A NECESSÁRIA ISENÇÃO PARA PARTICIPAR DO
JULGAMENTO
247 - Gilmar Mendes é, sem sombra
de dúvida, o mais polêmico integrante do Supremo Tribunal Federal. Fala
excessivamente, assume um papel político e, não raro, identifica-se com a
instituição da qual faz parte. Na última polêmica, que o Brasil inteiro
acompanhou, comprou uma briga direta com o ex-presidente Lula, a quem acusou de
tentar chantageá-lo, com uma blindagem na CPI do Cachoeira, para “melar o
mensalão”.
O saldo final da polêmica, no entanto, não foi totalmente
positivo para Gilmar. Na realidade, foi até negativo para sua imagem. E, aos
poucos, diversos artigos começaram a questionar se ele não deveria se declarar
impedido de julgar o processo do mensalão. Maria Cristina Fernandes, editora de
Política do jornal Valor Econômico, defendeu essa tese explicitamente. No 247,
Hélio Doyle apontou o paradoxo do ministro político que terá que proferir um
voto jurídico (leia mais aqui).
Neste
domingo, dois novos artigos questionaram a isenção de Gilmar Mendes. O
cientista político Renato Lessa fez a provocação direta no título do seu artigo
“A despresunção de inocência”, publicado no Estado de S. Paulo, apontando que,
ao contrário do que reza a Constituição, o ministro estaria presumindo a culpa
dos réus. “Se Lula quis melar o mensalão, valeria então supor que Gilmar quis
melar a defesa”, escreveu Lessa (leia maisaqui).
Outro artigo, do também
cientista político Marcos Coimbra, bate na mesma tecla. “A pergunta é outra:
Gilmar Mendes tem, hoje, essa condição? Conseguirá por de lado a mágoa que
revelou em seus pronunciamentos e julgar com isenção?”, indaga Coimbra. “Em
situações análogas, alguns de seus antecessores mais ilustres reconheceram que
deviam declarar-se impedidos”, conclui.
Conhecendo Gilmar, a chance
de que isso ocorra, no entanto, é zero.
*Ajusticeiradeesquerda
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