Em 1989, o PIG conseguiu eleger Collor e também tirá-lo em seguida
Nas últimas duas décadas, a revista Veja manteve um ataque constante
à inteligência da classe média brasileira. Nos primeiros anos de
democracia, esse ataque não foi tão intenso, visto que o governo de FHC
representava a presença de um aliado civil na presidência da República e
havia também, ainda hoje, o controle do governo paulista com o PSDB,
que mantém a compra desse panfleto para as escolas públicas.
No entanto, em 2002, com a vitória de Lula, a situação começou a
mudar e a ameaça ao poderio de mídia das famílias oligárquicas tornou-se
não tão seguro. Essa insegurança é própria do capitalismo e das
democracias representativas, quando funcionam razoavelmente. Os avanços
políticos de partidos mais progressistas foi jogando a revista Veja e os
outros grupos de mídia a situações extremadas de deslealdade
jornalística, a ponto de se fazer parceria com criminosos para se obter
informações, chantagear e achincalhar a vida de políticos.
O mote ideológico, que se tornou redundante na revista Veja,
comandada por Roberto Civita, morto no último domingo, é o do pensamento
binário que sustentou o golpe militar de 64 e também todos os golpes
nos últimos 50 anos na América Latina, como bem mostra o jornalista
australiano John Pilger, em Guerra contra a Democracia. Dos anos 90 para
cá, a revista Veja se tornou a porta bandeira da imbecilização da
classe média, aterrorizando os leitores com o fantasma do comunismo, do
petismo, etc.
Assim, toda a crítica à selvageria do capitalismo, toda violência
perpetrada por leis e manobras jurídicas, toda a violência polícial ou
midiática passou a ser interpretada como uma crítica comunista, petista,
petralha etc. Qualquer pessoa que questione a desigualdade, a
desonestidade e as práticas violentas do cruel sistema tornou-se
necessariamente um norte-coreano infiltrado na sociedade brasileira.
Para a revista Veja e seus controladores e realizadores, que são os
grandes conglomerados capitalistas, a democracia é sempre um risco.
Assim, o medo de quem tem bilhões de dólares em paraísos fiscais ou
milhões de hectares, imóveis e empresas deve ser transferido para a
classe média, que tem alguns imóveis, uma fazenda, uma indústria média
etc. E isso é um trabalho constante tanto aqui como na Venezuela.
Nesses últimos 20 anos, a revista Veja fez esse serviço sujo.
Transferir o medo dos privilegiados e bilionários para a classe média,
alimentando a repetição da trágica história golpista de 64 e do período
pós-segunda guerra. E teve certo sucesso. Tem-se hoje uma parte da
classe média imbecilizada e amedrontada com os avanços da democracia
brasileira.
*Educaçãopolitica
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