Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, agosto 20, 2013

Alckmin tem que cobrar até R$ 444 milhões de imposto na herança de Civita. Vai 'esquecer'?  

 



Disparou o alarme de alerta no bolso do cidadão paulista, quando saiu a notícia no mês passado de que os herdeiros do falecido barão da mídia Roberto Civita, dono da editora Abril e da revista Veja, pediram segredo de Justiça no inventário.

Espera-se que o judiciário recuse o sigilo, pois o povo tem direito de saber a parte que lhe cabe na forma de impostos devidos por todo cidadão honesto e decente.

A preocupação é porque o governo de São Paulo tem que cobrar o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens e Direitos (ITCMD). E este imposto costuma ser "esquecido" de cobrar por governadores "amigos" de magnatas, até que corra o tempo de prescrição.

Os tucanos preferem tributar os pobres como se fossem ricos e os ricos como se fossem pobres.
Este imposto, em São Paulo, tem uma alíquota fixa de 4% sobre heranças acima de R$ 48.425,00. Alguns estados adotam uma tabela progressiva, mais justa, que vai de zero para pequenas heranças até 8% para as grandes heranças (nos Estados Unidos, os Civita pagariam de imposto 40% sobre a herança).

Se sua família herdar uma casa de R$ 50 mil, no estado de São Paulo, já terá que pagar os 4% deste imposto para ter direito à herança.

Os herdeiros de Roberto Civita também são obrigados a pagar 4%, o que pode atingir o valor de R$ 444 milhões só de impostos para os cofres públicos paulistas, com base na avaliação da revista Forbes, em março de 2013. Segundo a revista, Roberto Civita e família tinham US$ 4,9 bilhões, equivalente a cerca de R$ 11,1 bilhões. Se essa fortuna toda estiver no nome de Roberto Civita, o ITCMD que o governador Geraldo Alckmin terá que cobrar será os R$ 444 milhões.

Precedente da Globo e do propinão exige atuação preventiva do Ministério Público de São Paulo
A preocupação com esta história de segredo de justiça procede, diante do recente episódio do escândalo da sonegação fiscal da Rede Globo na compra de direitos de transmissão da Copa de 2002 da FIFA através de operações em paraísos fiscais. O valor cobrado pela Receita Federal alcançou o valor de R$ 615 milhões. Estava tudo em segredo, e uma funcionária da Receita foi condenada à prisão por dar sumiço neste processo milionário.

Por isso, o Ministério Público de São Paulo precisa acompanhar este processo de inventário, para não deixar o governador Geraldo Alckmin "esquecer" de cobrar da família amiga do governador esse dinheiro público. 

Afinal o governador tucano se "esqueceu" (com ironia, por favor) de apurar o propinão tucano no Metrô desde 2008, pelo menos.
*Ajusticeiradeesquerda

Nenhum comentário:

Postar um comentário