Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, janeiro 02, 2012

“Atiram em Cristina para acertar Dilma”


Os blogues independentes tem feito um excelente trabalho de divulgação das notícias da América Latina.

 Graças a esse trabalho de formiguinhas de blogues amadores, como este , feitos por militantes, professores, sociólogos,  não necessariamente jornalistas, ou de blogues mais populares como o Paulo Henrique Amorim e do Luis Nassif que são jornalistas e homens de mídia televisiva  ou de sites como o Carta Maior  o Vermelho.org., temos tido a oportunidade de nos informar sobre o que acontece com nossos vizinhos e irmãos latino americanos.

 

 

A mídia hegêmonica continua noticiando apenas o que lhe convém, com manipulações e distorções da realidade, como a PORCARIA de reportagem da Rede Globo sobre Cuba, feita recentemente.
O Brasil e os brasileiros viveram ( e a maioria ainda vive) de costas para seus vizinhos latino americanos. Historicamente nossas escolas, públicas ou privadas deram grande importância ao ensino do francês até a década de 60 do século passado e ao inglês a partir da supremacia cultural imposta pelo Estados Unidos, a partir da segunda metade do século XX.
Não é por acaso, que há resistência em se implantar o ensino do espanhol nas escolas públicas, principalmente em São Paulo, apesar de já ser lei federal -(05 de agosto de 2005, foi sancionada a Lei 11.161 que torna obrigatória a oferta do espanhol em todos os estabelecimentos de Ensino Médio do país e faculta essa oferta ao Ensino Fundamental de 6º a 9º ano a partir de 2010.)-  
. Se não nos entendemos com nossos vizinhos ficamos mais fracos e como todos sabemos a melhor estratégia de dominação sempre foi , dividir para dominar.
Esse alerta também deve ser feitos aos latino-americanos de fala hispanica. 
Os hispanofalantes deveriam se esforçar para entender o idioma português, assim como os brasileiros para entender o espanhol.
 Estamos todos no mesmo Continente, ou no mesmo barco, se pensarmos que há uma Águia feroz com um apetite incontrolável, com suas garras e olhos de predador voltado para todos o nosso continente.
Sempre que possível os blogues independentes deveriam postar notícias em espanhol no Brasil e em português nos países irmãos de lingua espanhola.
Seria uma forma de,mutuamente, aprendermos o idioma uns dos outros. 
Façamos nós o que o (PIG), não faz e o que alguns governantes, deliberadamente, não quer fazer: 
Em espanhol, em portugês, em Portunhol ou Espanhês, temos que nos comunicar eficazmente, pois como dizia o velho guerreiro : Quem não se comunica se trumbica.


“Atiram em Cristina para acertar Dilma”

Em entrevista ao jornal Página/12, o jornalista Paulo Henrique Amorim fala sobre as críticas feitas pela imprensa brasileira contra as reformas na legislação da comunicação impulsionadas pelo governo argentino. “O PIG se horroriza com o que acontece na Argentina, diz que é o exemplo que não deve ser seguido; imagine se Dilma resolvesse fazer o que fez Cristina, a colocariam diante de um pelotão de fuzilamento...Por isso aparecem editoriais dizendo que há uma ‘democradura’ na Argentina. Em matéria de comunicações, o Brasil é uma ditadura perfeita”, diz Amorim.

“A imprensa brasileira, com a Globo na liderança, tem por hábito promover chanchadas para demonizar a presidenta Cristina, criticando as reformas na legislação dos meios de comunicação”. Dizem que Paulo Henrique Amorim, um dos jornalistas mais influentes do Brasil, está entre as pessoas mais detestadas pelos executivos da rede Globo, onde trabalhou por mais de uma década. 

“Conheço a maquinaria da Globo por dentro, vi ela funcionar quando fui editor e depois correspondente em Nova York, entre 1985 e 1996, sei como orquestraram uma campanha para destruir a reputação de Lula nas eleições de 1989. As campanhas sujas contra governantes que provocam algum incômodo são habituais aqui e, ressalvadas as distâncias, se repetem agora contra Cristina. Isso que digo sobre a Globo alcança também outros meios de comunicação aos quais passei a chamar Partido da Imprensa Golpista (PIG)”, assinala o jornalista. “O PIG se horroriza com o que acontece na Argentina, diz que é o exemplo que não deve ser seguido; imagine se Dilma resolvesse fazer o que fez Cristina, a colocariam diante de um pelotão de fuzilamento...Por isso aparecem editoriais dizendo que há uma ‘democradura’ na Argentina. Um absurdo...em matéria de comunicações, o Brasil é uma ditadura perfeita”.

A entrevista de Amorim ao Página/12 iniciou há dois meses no aeroporto de Porto Alegre, onde um grupo de senhoras o observava insistentemente, até que uma delas se aproximou de mim para perguntar: “É o Amorim, da televisão?” O diálogo foi retomado na semana passada por telefone, desde São Paulo, onde ele trabalha como um dos âncoras da Rede Record, a única que disputa em alguns horários a liderança ainda incontestável da Globo.

Uma espécie de movimento de “indignados” contra o bloco midiático dominante começa a se observar no Brasil, processo vigoroso, mas que ainda permanece nas bordas do sistema, dado que ainda não conseguiu colocar o pé na televisão nem conta com o apoio de um jornal de alcance nacional. Encabeçando essa guerrilha informativa, há centenas de blogueiros e sites independentes como Carta Maior, Vermelho, Opera Mundi, Brasil Atual, identificados com uma bandeira comum: a aprovação de uma nova legislação para a regulação dos meios de comunicação.

Nas últimas semanas de seu governo, Lula deu a benção ao movimento insurrecional concedendo-lhe uma entrevista no Palácio do Planalto e elaborando um esboço para esse projeto de legislação, herdado por Dilma Rousseff.

Paulo Henrique Amorim está entre os poucos, ou pouquíssimos, âncoras televisivos de grande audiência alinhado com as reivindicações da imprensa genericamente chamada de “alternativa”. Por isso, suas intervenções sarcásticas acabam sendo particularmente incômodas para os herdeiros de Roberto Marinho, patriarca do grupo Globo, falecido em 2003.

“O Brasil precisa despertar, e creio que está despertando. A Globo é poderosa, mas já não é mais tanto quanto foi. A Globo quis, mas não conseguiu impedir que Lula fosse eleito e reeleito, quis e não pode impedir que Dilma fosse eleita. A família Marinho é uma ameaça à democracia”.

Uma hipotética lei de comunicação deveria acabar com o modelo “monopolista onde a família Marinho abusa da propriedade cruzada de meios de comunicação para asfixiar a competição; no Rio de Janeiro, são donos de tudo, até do Cristo Redentor, a fundação Marinho limpou a estátua do Cristo Redentor, e o próximo passo é se adonarem da Copa do Mundo de 2014”. O método do maior grupo midiático da América Latina, sustenta Amorim, pode ser sintetizada em uma linha: “Proscrever todo debate com um mínimo interesse na mudança”.

“Se dependesse da família marinho, se interromperiam os movimentos de rotação e translação da Terra, eles não querem mudar nada”, reforça. Seguindo a lógica de um partido político, a “Globo atuou como oposição golpista contra Lula e atrasa mesmo as transições mais modestas em um país como o nosso, onde nunca caminhamos na direção de mudanças com grande velocidade”.

“O Brasil foi o último país a liberar os escravos (no final do século XIX) e para que ninguém se sentisse ameaçado queimaram os arquivos; um século depois veio a transição para a democracia, uma transição porca, porque em 1985 assumiu a presidência um colaborador dos militares, José Sarney. E seguimos esperando a transição completa porque até hoje se obstrui toda investigação sobre a ditadura”.

No dia 18 de novembro, Dilma Rousseff promulgou a Comissão da Verdade, atribuindo a ela poderes para averiguar e examinar os delitos perpetrados durante a ditadura. O lobby militar e o “boicote” do grupo Globo serão, aponta Amorim, dois fatores de poder que oporão “total resistência” a uma comissão que, segundo a lei, só procurará levantar os responsáveis por assassinatos, desaparecimentos e torturas, mas não encaminhará o julgamento de ninguém. “Se a Comissão avançar, inevitavelmente virá a público a cumplicidade da Globo com a ditadura, por isso eles vão combatê-la ou ocultá-la. A Globo foi muito mais porta-voz, foi um dos grupos mais beneficiados pelos militares, que deram a ela uma rede nacional de micro-ondas, tornando possível que se tornasse o gigante que é hoje”.

Tradução: Katarina Peixoto
no site CartaMaior

Charge do Dia

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDBhl6XDfOe3MJzy_ddqbXow6ZNXHNq_YVvRObsMvFrxmOzNGLANbQozX64YqeTUt7Y1ldCLnI_Vko4u7BxJP7VrriQp1uk8ZMcy4waVsYNSkvdGBVYcZ5TBiKn_OjcGNQxrAOiSN_hW2q/s1600/bessinha_968.jpghttps://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz-erKcqoC43eED-15g0tqSVG3ozzFlRgVGjHv0jdY8NqWn0FimZO4HGfOSBfrs2h5UipPgJRPDAbQdLPl7G-uLeGZOGGhGINpKV7Hm2he-GL-WixpWXKXOAaHRQEwlRsXhtbnEA27CS4/s1600/Aebrio-lendo-privataria-tucana.jpghttp://3.bp.blogspot.com/-I0I0y5Ge2sU/TwDFDsD4lwI/AAAAAAAAIMU/-tQhEQaD7_8/s1600/Maringoni-2012.jpg

domingo, janeiro 01, 2012

Fórum Social Temático 2012


Fórum Social Temático 2012, que será realizado em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo, de 24 a 29 de janeiro, já tem mais de 400 atividades autogestionárias inscritas. Estão confirmados, por exemplo, nomes como Boaventura de Sousa Santos, Ignacio Ramonet, José Graziano, Gilberto Gil, Manu Chao e João Pedro Stédile, entre outros. No dia 25 de janeiro, o FST 2012 deverá abrigar uma mesa de cúpula reunindo os presidentes de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.



Marco Aurélio Weissheimer
_____________
A assessoria de comunicação do Fórum Social Temático 2012, que será realizado em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo, de 24 a 29 de janeiro, divulgou alguns números e informações sobre atividades confirmadas para o evento. Já há mais de 400 atividades autogestionárias inscritas e estão confirmadas a presença de 300 convidados nacionais e internacionais, entre intelectuais, líderes de movimentos sociais, ativistas das causas ambientais, trabalhistas, indígenas e de direitos humanos.

Estão confirmados, por exemplo, nomes como Boaventura de Sousa Santos, Ignacio Ramonet, José Graziano e João Pedro Stédile, entre outros. No dia 25 de janeiro, o Fórum Social Temático 2012 abrigará uma mesa de cúpula reunindo os presidentes de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Paralelamente a essas atividades, ocorrerão vários outros eventos, entre eles o Fórum Mundial de Educação e Fórum Mundial da Saúde e Seguridade Social. Os quatro municípios que recebem o encontro terão eventos culturais, feiras de economia solidária e praças de alimentação. Em Porto Alegre, o Acampamento Intercontinental da Juventude instalará suas barracas mais uma vez, no Parque Harmonia. Na programação cultural, estão confirmados shows de Gilberto Gil, Manu Chao, Fito Paez, Leci Brandão, Martnália, entre outros. Além desses shows, estão programadas mostras de cinema, espetáculos de teatro de rua e apresentações circenses.

O tema central de debates do FST 2012 será a crise capitalista e os caminhos para a justiça social e ambiental. Além disso, o Fórum pretende ser um espaço para a formulação de propostas para a Cúpula dos Povos, que ocorrerá em junho de 2012 no Rio de Janeiro, paralelamente à reunião de cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Maiores informações sobre como participar, credenciamentos (de imprensa, inclusive) e sobre a programação podem ser acessadas na página do encontro (www.fstematico2012.org.br).

Acampamento da Juventude



Já estão abertas as inscrições para o Acampamento Intercontinental da Juventude do Fórum Social Temático 2012, que será realizado de 24 a 29 de janeiro, em Porto Alegre. O Acampamento da Juventude ocupará o tradicional espaço já ocupado em outras edições de Fóruns, no Parque Harmonia, região da orla do Guaíba, na capital gaúcha.

O valor da inscrição é de R$ 20,00 e dará direito à participação nas atividades do FST 2012. Todos os participantes do AJ receberão uma bolsa e uma caneca de plástico recicladas.Para fazer a sua inscrição, entre emhttp://www.fstematico2012.org.br/acampamento.

Inscrição para os demais eventos

A organização do FSt 2012 aproveita para lembrar que inscrições para todas as demais modalidades de participação no FST 2012 só terão validade quando feitas no site oficial do evento, emhttp://www.fstematico2012.org.br
*Tecedora

A 1ª "boa notícia" de 2012

A partir de agora, se você der problemas, prisão consigo e assunto resolvido.
O Presidente Obama assinou a lei controversa, imposta pelo Senado em Dezembro, como tinha já sido previsto num post que fiz há uns dias atrás, O Totalitarismo Substitui a Democracia.


Obama foi mais ou menos bem à frente da opinião pública e, assim, pode continuar a enganar a maioria dos americanos, pois são  um povo  calmo e confiante.
"O facto de eu apoiar esta lei como um todo não significa que concordo com tudo lhe que diz respeito", disse o Presidente no comunicado. "Especificamente, eu assinei a lei, apesar de ter sérias reservas às disposições que regulam a detenção, interrogatório e julgamento de suspeitos de terrorismo. Nos últimos anos,  a minha administração tem desenvolvido um quadro eficaz e sustentável para a detenção, interrogatório e julgamento de suspeitos de terrorismo, o que nos permite maximizar a nossa capacidade de recolher informações e para incapacitar pessoas perigosas em situações de rápido desenvolvimento, e obtiveram resultados que são inegáveis. "  

A notícia ...El Pais

Livro - A Privataria Tucana

Os blog's deram um jeito de driblar a censura da velha mídia ao livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.

A mídia golpista escondeu do povo brasileiro o lançamento do livro do Amaury Ribeiro Jr., que mostra com vasta documentação como foram as privatizações na era PSDB.
Formato- PDF
*Baixandonafaixa

Galeano e "o direito de sonhar"



Tente adivinhar como será o mundo depois do ano 2000. Temos apenas uma única certeza: se estivermos vivos, teremos virado gente do século passado. Pior ainda, gente do milênio passado.

Sonhar não faz parte dos trinta direitos humanos que as Nações Unidas proclamaram no final de 1948. Mas, se não fosse por causa do direito de sonhar e pela água que dele jorra, a maior parte dos direitos morreria de sede.

Deliremos, pois, por um instante. O mundo, que hoje está de pernas para o ar, vai ter de novo os pés no chão.

Nas ruas e avenidas, carros vão ser atropelados por cachorros.

O ar será puro, sem o veneno dos canos de descarga, e vai existir apenas a contaminação que emana dos medos humanos e das humanas paixões.

O povo não será guiado pelos carros, nem programado pelo computador, nem comprado pelo supermercado, nem visto pela TV.

A TV vai deixar de ser o mais importante membro da família, para ser tratada como um ferro de passar ou uma máquina de lavar roupas.

Vamos trabalhar para viver, em vez de viver para trabalhar.

Em nenhum país do mundo os jovens vão ser presos por contestar o serviço militar. Serão encarcerados apenas os quiserem se alistar.

Os economistas não chamarão de nível de vida o nível de consumo, nem de qualidade de vida a quantidade de coisas.

Os cozinheiros não vão mais acreditar que as lagostas gostam de ser servidas vivas.

Os historiadores não vão mais acreditar que os países gostem de ser invadidos.

Os políticos não vão mais acreditar que os pobres gostem de encher a barriga de promessas.

O mundo não vai estar mais em guerra contra os pobres, mas contra a pobreza. E a indústria militar não vai ter outra saída senão declarar falência, para sempre.

Ninguém vai morrer de fome, porque não haverá ninguém morrendo de indigestão.

Os meninos de rua não vão ser tratados como se fossem lixo, porque não vão existir meninos de rua.

Os meninos ricos não vão ser tratados como se fossem dinheiro, porque não vão existir meninos ricos.

A educação não vai ser um privilégio de quem pode pagar por ela.

A polícia não vai ser a maldição de quem não pode comprá-la.

Justiça e liberdade, gêmeas siamesas condenadas a viver separadas, vão estar de novo unidas, bem juntinhas, ombro a ombro.

Uma mulher – negra – vai ser presidente do Brasil, e outra – negra – vai ser presidente dos Estados Unidos.

Uma mulher indígena vai governar a Guatemala e outra, o Peru.

Na Argentina, as loucas da Praça de Maio vão virar exemplo de sanidade mental, porque se negaram a esquecer, em tempos de amnésia obrigatória.

A Santa Madre Igreja vai corrigir alguns erros das Tábuas de Moisés. O sexto mandamento vai ordenar: "Festejarás o corpo". E o nono, que desconfia do desejo, vai declará-lo sacro.

A Igreja vai ditar ainda um décimo-primeiro mandamento, do qual o Senhor se esqueceu: "Amarás a natureza, da qual fazes parte".

Todos os penitentes vão virar celebrantes, e não vai haver noite que não seja vivida como se fosse a última, nem dia que não seja vivido como se fosse o primeiro. 
*blogdoTurquinho

Deleite Tente outra vez

Deleite Obrigado Lula


*osamigosdopresidentelula

CONTRA O JÚBILO COLETIVO OBRIGATÓRIO

Antonio Gramsci

Um belo texto do jovem Antonio Gramsci, fundador, teórico e dirigente do Partido Comunista Italiano, sobre a hipocrisia desta época do ano.

Odeio o Ano Novo


Avanti! , 1º de Janeiro de 1916.

Toda manhã, ao acordar mais uma vez sob o manto do céu, sinto que para mim é o primeiro dia do ano.


Por isso odeio estes anos novos a prazo fixo, que transformam a vida e o espírito humano em uma empresa comercial, com sua prestação de contas, seu balanço e suas previsões para a nova gestão. Eles fazem com que se perca o sentido de continuidade da vida e do espírito. Termina-se por acreditar a sério que entre um ano e outro exista uma solução de continuidade e comece uma nova história; fazem-se promessas e projetos, as pessoas se arrependem dos erros cometidos etc. É um equívoco geral que afeta a todas as datas.

Dizem que a cronologia é a ossatura da história. Pode-se admitir que sim. Mas também é preciso admitir que há quatro ou cinco datas fundamentais, que toda pessoa conserva gravadas no cérebro, datas que tiveram efeito devastador na história. Também elas são primeiros dias de ano. O Ano Novo da história romana, ou da Idade Média, ou da era moderna. Elas se tornaram tão invasivas e tão fossilizantes que nos surpreendemos a pensar algumas vezes que a vida na Itália começou em 752, e que 1490 ou 1492 são como montanhas que a humanidade ultrapassou de um só golpe para entrar em um novo mundo e em uma nova vida. Com isso, a data converte-se em um fardo, um parapeito que impede que se veja que a história continua a se desenvolver de acordo com uma mesma linha fundamental, sem interrupções bruscas, como quando o filme se rompe no cinematógrafo e se abre um intervalo de luz ofuscante.

Por isso odeio a passagem do ano. Quero que cada manhã seja um ano novo para mim. A cada dia quero ajustar as contas comigo mesmo e renovar-me. Nenhum dia previamente estabelecido para o descanso. As pausas eu escolho sozinho, quando me sinto embriagado de vida intensa e desejo mergulhar na animalidade para extrair um novo vigor. Nenhum travestismo espiritual. Cada hora da minha vida eu gostaria que fosse nova, ainda que vinculada às horas já transcorridas. Nenhum dia de júbilo coletivo obrigatório, a ser compartilhado com estranhos que não me interessam. Só porque festejaram os avós dos nossos avós etc., teremos também nós de sentir a necessidade de festejar. Tudo isso dá náuseas.


[...]


QUE POVOS COMEMORAM O ANO NOVO EM OUTRA DATA?


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVMQbyencZaa1qlaCFRcwChcXZ_vuvWr9KaxskhVfhVo3xFFlF6SSEe5S_eAuNOucpeXz_hSjPlyVue_AnOffZeYtBD7CaVxbJL42D1GXjRH0buMZt4Zt5RoaVLapVJXCgYHtxWpQf6xeb/s400/antinoushelios.jpg

por Fabrício Moreira


CHINA Quando - Fim de janeiro ou começo de fevereiro
Ano atual - 2010
Os chineses seguem o calendário lunar, elaborado com base no tempo que a Lua leva para dar uma volta em torno da Terra - cerca de 29 dias e 12 horas. Antes da celebração, é tradição limpar a casa para afastar os maus espíritos. À meia-noite da virada, todos comem o guioza, um pastel típico. As festividades duram um mês e incluem desfiles e show pirotécnico
JAPÃO Quando - Do dia 1º ao dia 3 de janeiro
Ano atual - 2010
O Réveillon nipônico é um pouco adiantado (por causa do fuso horário), mas também é celebrado no dia 1º de janeiro. A diferença é que lá do outro lado do mundo, a festa dura três dias - um superferiado. Na virada, os japoneses costumam comer macarrão, que representa uma vida longa. Também vão a um templo para rezar e pedir boa sorte para o novo ano
JUDAÍSMO Quando - 1º dia do mês de Tishrei (meados de setembro)
Ano atual - 5771
Tishrei é o nome do primeiro mês do calendário judaico, no qual se comemora o Rosh Hashaná, o Ano-Novo judaico. A data é determinada pelas fases da Lua e é festejada durante dois dias com uma farta refeição. No banquete, carnes ensopadas e doces de frutas e mel, para atrair um ano doce
HINDUÍSMO Quando - 1º de março (sul da Índia), 1º de outubro (leste e no centro indiano) e 14 de abril (comunidade tâmil)
Ano atual - 2067
A Festa das Luzes, o Réveillon hindu, dura cinco dias. A comemoração incluiu lamparinas, incensos e fogos de artifício para afastar as forças do mal. O Ano-Novo hindu varia entre as regiões da Índia, dependendo do estudo dos astros, e celebra o retorno da deusa da prosperidade, Lakshmi
ISLAMISMO Quando - 7 de dezembro
Ano atual - 1432
No ano de 622 d.C., Maomé deixa Meca e vai para Medina. A hégira, como o episódio ficou conhecido, determina o início do ano islâmico - ou 1º de Muharram. Durante a celebração, que dura dez dias, são realizados atos de compaixão e jejum. Como utiliza calendário lunar, a virada do ano é comemorada em datas diferentes todos os anos
FÉ BAHÁ'Í Quando - Entre 2 e 20 de março
Ano atual - 167
A religião, que teve origem na antiga Pérsia (atual Irã), segue um calendário astronômico que tem 19 meses com 19 dias. Em meados de março, os bahá'ís celebram o Ano-Novo. Um período antes da comemoração, eles se purificam espiritualmente e costumam fazer jejum, que só termina quando o Sol se põe - indicando o início do novo ano
WICCA Quando - 31 de outubro
Ano atual - 2011
Os praticantes da religião neopagã Wicca, difundida a partir da década de 1950, comemoram o fim de um ano e o começo de outro no último dia de outubro. Na data, são realizados rituais em altares para recordar aqueles que já morreram e eliminar as energias negativas. Velas, incensos, maçãs, vinho quente e pratos com abóbora e carne fazem parte da celebração
THELEMA Quando - 20 de março
Ano atual - IV:xix (ou 4º ciclo desde 1904, mais 19 anos)
A corrente celto-xamânica comemora o Ano-Novo no dia 20 de março, ou numa data próxima. A virada coincide com o Banquete pelo Equinócio dos Deuses, época em que o Sol passa de um hemisfério para o outro
Pode acreditar
O Dia da Mentira surgiu na França, quando o Ano-Novo mudou de 25 de março para 1º de abril e, depois, para 1º de janeiro. Desde então, as pessoas começaram a sacanear uns aos outros
FONTE - Departamento de Geodésia da UFRGS; embaixada indiana; Comunidade Bahá'í do Brasil; Dicionário Hebraico-Português (Edusp, 1995); Casa de Bruxa - Universidade Livre Holística; Ordo Templi Orientis Brasil - Ordem do Templo do Leste/Ordem dos Templários Orientais.


PELO DIREITO DE SER CONTRA

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmYqlktofB24Sf8F8LGuyprz-PAqIPpptxZvffxkX6fEkYKGACkr4Pn36cjH1VRYnAt7Okdaor262aeyrroVbuJ1wjs-LGWOkWTohoHZRO-7Rnra_bi2_6loyFmiGvNLMSe5L5jKLzl5A/s1600/M%25C3%25A9lusine+d%25C3%25A9couverte+par+Raymond+de+Lusignan%252C+gravure+anonyme%252C+1870.JPG
Moisés e as tábuas da Lei: um Deus implacável
Um amigo reagiu furioso a uma postagem que fiz no Facebook – era uma charge ironizando uma citação particularmente belicosa do Velho Testamento da Bíblia (Números 31: 17-18). Bem, todos que se deram ao trabalho de ler o livro sagrado dos cristãos, particularmente o Velho Testamento, sabe que é possível encontrar aos montes citações semelhantes, em que um Deus vingativo e ciumento exige dos homens provas de seu amor incondicional por Ele, pedindo sangue e até matança de inocentes. Meu amigo argumenta que a citação está descontextualizada, que o Novo Testamento é diferente e que ateus e agnósticos, quando atacam as religiões, se igualam aos fanáticos religiosos que discriminam homossexuais e não-crentes.

Mas o Estado brasileiro não é laico?
Respondo que, num país como o Brasil, em que ateus e agnósticos são estigmatizados como pessoas sem ética nem moral, em que candidatos a cargos eletivos já tiveram que esconder sua condição de não-crentes para serem aceitos pelo eleitorado, em que crucifixos são pendurados em repartições públicas violando a laicidade do Estado, e em que posições contrárias aos dogmas cristãos – principalmente católicos –, como por exemplo pesquisas com células-tronco, casamento de pessoas do mesmo sexo, aborto e AIDS, são vistas como heresia, é preciso partir para o confronto. Os não-crentes precisam “sair do armário”, como disse Richard Dawkins, e defender suas posições.

Ao fazer isso, eles estarão também defendendo a liberdade de expressão. Sim, porque, como bem sabiam os Pais Fundadores dos Estados Unidos, para garantir a liberdade religiosa e de expressão, o Estado deve ser impedido de promover qualquer confissão religiosa. Aqui, os ateus e agnósticos precisam demarcar terreno, conquistar espaço na sociedade, expor suas idéias – e isso certamente ferirá suscetibilidades religiosas. Talvez depois dessa etapa seja possível encontrar denominadores comuns entre crentes e não-crentes, como fizeram Umberto Eco e D. Carlo Maria Martini, arcebispo de Milão, no memorável diálogo epistolar reproduzido no livro “Em que crêem os que não crêem”.

Rushdie: condenado à morte por blasfêmia
À parte isso, ofender ou ironizar religiões pode não ser de bom tom, mas é um direito democrático líquido e certo. Mas ainda é perigoso e não está totalmente assegurado. Quando Salman Rushdie escreveu Os Versículos Satânicos, no final dos anos 1980, o aiatolá Khomeini se arvorou o direito de emitir uma fatwa (decreto religioso) pedindo a morte dele. O escritor teve que ficar escondido em Londres por quase uma década. Quando o jornal dinamarquês Jyllands-Posten publicou uma série de 12 caricaturas do profeta Maomé como terrorista, em 2005, manifestantes e governos islâmicos de todos os cantos do planeta promoveram ruidosas manifestações e fizeram pressões pedindo a proibição de publicações semelhantes e a punição do jornal. Temendo ferir “suscetibilidades islâmicas” – afinal, a Arábia Saudita, maior produtora de petróleo do mundo, é um Estado teocrático islâmico –, vários governos ocidentais, laicos e democráticos, condenaram publicamente as charges. O próprio governo da Dinamarca criticou o jornal, que acabou pedindo desculpas públicas aos muçulmanos. Duas décadas atrás, grupos católicos fizeram pressão para a proibição do filme Je Vous Salue Marie, de Jean-Luc Godard (conseguiram aqui no Brasil, durante o governo de José Sarney). Há poucos anos, a organização católica ultraconservadora Opus Dei tentou proibir o filme Código da Vinci. Se para evitar ferir suscetibilidades religiosas tivermos que censura obras de arte ou simplesmente espetáculos, o que restará da liberdade de expressão e de pensamento tão duramente conquistada, principalmente abaixo do Equador? Não podemos esquecer Voltaire ("Não concordo com nada do que dizes, mas lutarei até a morte pelo teu direito de dizê-lo"), Rosa Luxemburgo ("a liberdade é a liberdade de quem pensa de modo diferente de nós") e George Orwell ("se a liberdade significa alguma coisa, é o direito de dizer o que as pessoas não querem ouvir").

Ayaan Hirsi Ali: contra a intolerância religiosa
Por isso, creio que o multiculturalismo, por mais bem intencionado que possa ser, é um equívoco. Veja-se o caso da escritora e política somali nacionalizada holandesa Ayaan Hirsi Ali. No seu país de origem, ela foi submetida a uma infibulação do clitóris, numa cerimônia religiosa presidida por sua avó. A família deixou a Somália em 1975, quando ela tinha seis anos. Em 1992, Ayaan conseguiu entrar na Holanda, onde recebeu o status de refugiada, começou a estudar e a se envolver na política. Ela fugira de um casamento arranjado por seu pai, prática comum na tradição clânica da Somália e de outros países. Mas na Holanda, Ayaan começou a enfrentar a pressão de somalis ali residentes, que queriam que ela se submetesse aos costumes culturais e religiosos - no caso, islâmicos - da comunidade. Mas ela não aceitava isso e começou a denunciar a pressão. E o pior é que o Estado holandês protegia a opressão familiar sob a bandeira do multiculturalismo, o que na prática significava fazer vista grossa a práticas medievais como excisão de clitóris, casamentos arranjados e submissão da mulher ao homem.

Isso é tolerância? Ou uma forma sutil de discriminação travestida de comportamento politicamente correto? Ao isolar imigrantes em verdadeiros "bantustões culturais" nos países desenvolvidos, o multiculturalismo europeu compactua com a opressão familiar e religiosa e renega o valor universal dos direitos humanos. Enquanto isso, os europeus brancos e cristãos podem desfrutar das liberdades civis e individuais.
  




Desde sempre até os dias de hoje que vejo todos os anos as pessoas de forma entusiasta a comemorarem a passagem para um novo ano, coisa que sempre achei uma bobagem e que na verdade não é mais um para ser vivido, mas menos um nas nossas vidas, e os desejos e as boas intenções para um novo recomeço são somente votos de repetição pois os desejos ficam somente na intenção assim como os sonhos do sonhador. Os votos de paz e prosperidade duram enquanto durarem o efeito do álcool no organismo. Depois, sóbrios todos voltam a sonhar o mesmo sonho de que uma realidade diferente está por vir, mas esta realidade nunca vem, já que ficar "dormindo" é mais confortável...e assim vamos até o próximo ano...quem sabe será diferente?

 
Outra Perspectiva: