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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
terça-feira, maio 18, 2010
“a escolha certa para os EUA no fim pode ser receber bem a troca de combustível anunciada
Medvedev diz a Lula que se abriu novo caminho
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
O presidente russo, Dmitri Medvedev, disse ontem por telefone a seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que o pacote de sanções ao Irã, por causa de seu programa nuclear, já estava praticamente pronto, mas que o acordo alcançado em Teerã “abre a possibilidade de outro caminho”.
Medvedev não deixou, no entanto, de expressar uma ponta de ceticismo, ao dizer que o Irã precisa ainda enviar “uma mensagem forte” ao mundo a respeito de suas intenções na área nuclear.
O relato da conversa telefônica combina com as declarações que o russo fez na Ucrânia: sem tal mensagem, disse, “as inquietações da comunidade internacional continuarão”.
Por isso mesmo, Medvedev informou a Lula que ligaria para o presidente Barack Obama para sugerir um tempo para analisar melhor o acordo.
A posição de Medvedev é particularmente importante porque a Rússia, que tem direito a veto no Conselho de Segurança da ONU, já havia sido convencida a dar seu apoio às sanções, desde que não fossem rígidas demais.
Se a Rússia recua ou pede tempo, reduz-se o espaço para que as sanções sejam aprovadas nas próximas semanas, como pretendem os EUA.
Medvedev sugeriu que também Lula ligasse para Obama.
Hillary
O diálogo dificilmente será diferente do que o seu chanceler Celso Amorim manteve ontem com Hillary Clinton, a secretária de Estado americana.
Amorim limitou-se a dizer que sua colega americana manifestara dúvidas a respeito do acordo. O chanceler explicou a Hillary que o acordo de Teerã era um fato novo, na medida em que o Irã “pôs no papel coisas que não tinha posto antes”.
Aos jornalistas Amorim explicitou as novidades: pela primeira vez, por escrito, o Irã define uma quantidade de urânio a enviar a um outro país. Além disso, não estabeleceu condição prévia para fazê-lo (antes, pretendia receber urânio enriquecido antes ou ao mesmo tempo em que enviava seu urânio pobremente enriquecido).
Amorim não ficou em Madri, para a cúpula União Europeia-América Latina/Caribe. Só fez uma escala técnica.
Na volta a Brasília, vai “dar muitos telefonemas, para exercitar a transparência na negociação”. E não descarta uma nova viagem, para dar prosseguimento às negociações.
Lula também está dando telefonemas: ontem falou, além de Medvedev, com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, com o qual conversará hoje ao vivo.
Postado por Luis Favr Brasil, diplomacia, energia nuclear, Internacional, Irã, Russia
Toda Mídia
NELSON DE SÁ –
Obama reluta
A reunião de pauta do “New York Times”, que agora é postada em vídeo, priorizou ontem pela manhã o acordo no Irã _e descobrir a posição dos EUA. No mesmo “NYT”, no fim do dia, em reportagem de oito correspondentes, “o acordo negociado por Turquia e Brasil espelha o acordo com o Ocidente em outubro, mas está longe de ficar claro se o governo Obama vai concordar com ele agora”. Fechando o texto, “se tiver êxito, o acordo vai ampliar e sublinhar a ascensão da Turquia e do Brasil como forças globais”. O “Financial Times”, otimista, apoiou o acordo em editorial, afirmando que pode bem se mostrar a saída para o impasse com o Irã.
Já o site do “Washington Post” destacou “análise” crítica, “Irã cria ilusão de avanço”, e só. E o “Wall Street Journal” adiantou editorial crítico não só a Brasil, Turquia e Irã, mas aos EUA. Diz que Lula “triangulou sua própria solução diplomática” e, “em seu primeiro pôquer de aposta alta, a secretária Hillary Clinton deixa a mesa vestindo só um barril”.
POR QUE O BRASIL
O Council on Foreign Relations, de NY, a instituição mais influente sobre a política externa dos EUA, destacou no fim do dia a avaliação de que o “incompleto” acordo “põe EUA e seus parceiros europeus em situação difícil”, mas “a escolha certa para os EUA no fim pode ser receber bem a troca de combustível anunciada”.
No segundo destaque do CFR, o acadêmico brasileiro Matias Spektor postou “Por que o Brasil é o mediador”, dizendo que “a visão em Brasília é que os problemas que antes podiam ser ignorados agora exigem resposta”, num momento em que se “redefinem seus interesses nacionais, como é normal para potências em ascensão”.
Favre
SS erra
DESVALORIZAÇÃO DO FUNCIONALISMO PÚBLICO
PROFESSORES, TRABALHADORES DA SAÚDE, DA JUSTIÇA ESTADUAL, POLICIAIS, MILITARES E CIVIS, DELEGADOS
segunda-feira, maio 17, 2010
Lula: Acabou a hegemonia do pensamento único
17 de maio de 2010 às 11:57
Lula: Acabou a hegemonia do pensamento único
Segunda-feira, 17 de maio de 2010 às 4:58
Um outro mundo, mais do que possível, é necessário
do blog do Planalto
Durante discurso por ocasião da abertura da XIV Cúpula do G-15, em Teerã (Irã), nesta segunda-feira (17/5), o presidente Lula enfatizou que “um outro mundo, mais do que possível, é necessário”. Segundo o presidente, a G-15 – criado há mais de 20 anos – consistiu numa resposta “às transformações inauguradas com o fim do mundo bipolar”. Ele lembrou o fato do encontro estar acontecendo no Irã: “Aqui estão reunidos líderes de um grupo de nações unidas na sua diversidade, que escolheram o Irã – ponto de encontro de muitas civilizações – para dar continuidade a este importante diálogo”.
“Atravessamos juntos os anos difíceis de hegemonia do pensamento único. Éramos uma das poucas vozes dissonantes do projeto conservador defendido pelos seguidores do consenso de Washington. Nunca evitamos a defesa de um mundo mais democrático onde todas as vozes pudessem ser ouvidas. A crise em que está hoje mergulhada a economia mundial, sobretudo nos países desenvolvidos, mostra que nossos diagnósticos de anos atrás eram basicamente corretos.”
Lula disse que num passado recente, “começamos a ouvir vozes que afirmavam que outro mundo era possível”. E emendou: “Hoje temos claro que um outro mundo é necessário”.
Com isso, segundo ele, o G-7 deixou de ser o “centro de gravidade da nova governança econômica global”. “Hoje, o G-15 tem entre seus membros algumas das economias mais dinâmicas do mundo. Somos agora os principais motores do crescimento da economia internacional”, assegurou.
De acordo com o presidente, o grupo dos emergentes tem que ficar unido e atuar em conjunto. “Sempre que enfrentamos as crises divididos fomos derrotados. Sempre que estivemos unidos trilhamos o caminho da vitória. Foi assim na OMC [Organização Mundial do Comércio] com G-20 comercial e será assim no G-20 financeiro.”
Para o presidente, erradicar a fome e acabar com o subdesenvolvimento ainda são os principais desafios da humanidade no século 21. Por isso, conforme destacou, há necessidade de aprofundar a cooperação Sul-Sul e, em especial, na África. No continente africano, o Brasil tem ajudado na promoção da agricultura, fato que coloca o país numa posição de vanguarda.
“Podemos ajudar sem ingerência nos assuntos internos de outras nações. Cooperação, diálogo e solidariedade devem ser os pilares do G-15. No momento em que o mundo busca alternativas para um modelo esgotado podemos oferecer uma perspectiva renovadora”, disse.
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