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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sexta-feira, maio 21, 2010
Deputado Paulinho, que lançou um desafio: “Precisamos ganhar do Serra em São Paulo”
O Deputado
Paulinho, da Força Sindical, no encontro nacional de sindicalistas do PDT. Ele reafirma o apoio do PDT a Dilma, e conta como é o tratamento que José Serra deu àqueles que vivem de salário, quando governou São Paulo. ”Serra nunca recebeu um trabalhador”, diz Paulinho, que lançou um desafio: “Precisamos ganhar do Serra em São Paulo”. Precisamos, mesmo.
A quem serve a liberdade de expressão?
O Conversa Afiada republica artigo do Blog do Miro:
Paulo Nogueira e o macartismo da Folha
Preparando-se para a guerra eleitoral, a mídia demotucano já iniciou a “limpeza ideológica” nas suas redações. Na semana passada, o Grupo Abriu demitiu o editor da National Geographic do Brasil, Felipe Milanez, que criticou no seu twitter as distorções grosseiras da revista Veja. Agora, é a Folha de S.Paulo que dispensa o economista Paulo Nogueira Batista Junior, atual diretor do Brasil no FMI e um dos poucos colunistas que ainda justifica a leitura deste pasquim golpista.
O argumento usado é risível. A famíglia Frias alegou que “sua coluna é das mais longevas”, só não explicou porque outros antigos colunistas nunca foram molestados. Paulo Nogueira sempre foi um ácido crítico das políticas neoliberais de desmonte do Estado e da nação. Ele nunca deu tréguas aos tucanos colonizados, com seu “complexo de vira-lata”. Na luta de idéias em curso na batalha eleitoral, o economista seria um estorvo para José Serra, o candidato do Grupo Folha.
Relembrando as perseguições de 2006
Para disfarçar a sua política macartista de “caça às bruxas”, a Folha anunciou um novo plantel de colunistas, que inclui o Antonio Palocci. Com isso, ela tenta preservar a falsa imagem de “jornal pluralista”. Mas, como ironiza o jornalista Paulo Henrique Amorim, a jogada é rasteira. “Antônio Malloci, ex-ministro da Fazenda, como se sabe é um notável tucano que eventualmente milita no PT. Paulo Nogueira Batista Junior era um dos últimos vestígios de talento que a Folha exibia… A Folha, com um novo conjunto de ‘colonistas’, aproxima-se cada vez mais da treva sem fim”.
O clima de perseguição ideológica nas redações da mídia “privada” não é novidade. Na sucessão presidencial de 2006, ele também produziu suas vítimas, entre elas o jornalista Rodrigo Vianna, que não aceitou as baixarias da TV Globo na cobertura da campanha. Franklin Martins e Tereza Cruvinel também sentiram o ódio do “senhor das trevas” das Organizações Globo, Ali Kamel. Nos jornais e revistas, a perseguição fascistóide silenciou vários outros jornalistas.
A quem serve a liberdade de expressão?
Como afirma o professor Venício A. de Lima, estes episódios revelam “a hipocrisia geral que envolve as posições públicas dos donos da mídia sobre liberdade de expressão e liberdade de imprensa… As relações de trabalho nas redações brasileiras, é sabido, são hierárquicas e autoritárias. Jornalistas e editores são considerados, pelos patrões, como ocupando ‘cargos de confiança’ e devedores de lealdade incondicional”. Caso tentem manter a ética no seu trabalho jornalístico, eles são demitidos sumariamente.
Com a aproximação da eleição presidencial de outubro, o clima tende a se deteriorar ainda mais nas redações, comprovando a falsidade do discurso dos donos da mídia e das suas entidades – como Abert, Aner e ANJ – sobre a “ameaça autoritária” do governo Lula contra a liberdade de imprensa. “Episódios como este nos obrigam a perguntar, uma vez mais, para quem é a liberdade de expressão que a grande mídia defende?”, conclui o professor Venício A. de Lima.
Uma ociosa insistência
Uma ociosa insistência
Voltam alguns tucanos paulistas a insistir na pressão sobre o ex-governador Aécio Neves para que aceite compor a chapa de seu partido, como candidato a vice-presidente de José Serra. Agem como se a vitória do paulista fosse questão de salvação do país, diante de uma catástrofe, e como se essa vitória dependesse apenas da aquiescência do mineiro em ser o segundo na postulação. Com todo o respeito, essa insistência revela menosprezo pela inteligência política do neto de Tancredo Neves.
Em primeiro lugar, por mais méritos tenham os dois candidatos, a eleição é sempre incerteza. Se Aécio fosse decisivo para a vitória da oposição, o correto teria sido caber a ele a cabeça de chapa. O partido, sem embargo, não quis correr o risco de consultar as bases. Confiou, com suas informações e razões, em que o candidato José Serra, com a força das bases eleitorais e econômicas de São Paulo, poderia desprezar a etapa das prévias e impor-se à nação. Foi uma escolha que Aécio, ao pressenti-la, não contestou, preferindo – como anunciou em dezembro – dedicar a Minas todas as suas preocupações. O raciocínio pode parecer presunçoso, mas se funda na experiência histórica: o Brasil precisa de Minas, como o eixo de sua razão política e alicerce de sua soberania. Quando falta à República o bom-senso de Minas, todos os desacertos são possíveis. Por isso mesmo – ou seja, para oferecer ao Brasil a solidez das montanhas – os mineiros, de um modo geral, dão tanta atenção à Presidência da República quanto a dão ao governo do estado. Os homens públicos mineiros consideram indispensável passar pelo Palácio da Liberdade, antes de postular a Presidência da República. Assim o fizeram todos os mineiros que chefiaram o Estado nacional, como foram Affonso Pena, Wenceslau Braz, Artur Bernardes, Juscelino Kubitschek e – de forma transcendental – Tancredo Neves.
A candidatura de José Serra não será beneficiada se Aécio a ela se dedicar como postulante à Vice-Presidência, em prejuízo de sua indispensável presença em Minas, cujo eleitorado decidirá, como fiel da balança, os resultados de outubro. Será no decorrer de sua postulação, já anunciada, ao Senado Federal que o mineiro ajudará o candidato de seu partido. E, como senador, sua influência no Congresso garantirá a Serra, se ele se eleger, suporte muito mais importante do que a sua presença na aprazível residência vice-presidencial do Jaburu.
O homem público ideal é aquele que concilia a natural ambição de realização pessoal com suas convicções. Sem ideias políticas sólidas, as ambições pessoais militam no vazio e, quase sempre, conduzem a governos desastrados. Por outro lado, as ideias, para que se realizem no poder, pedem o empenho que só a expectativa da glória impõe ao candidato.
Aécio já trafegou grande parte do caminho político para contentar-se com a Vice-Presidência. Os dois casos em que mineiros se elegeram vice-presidentes, dentro do processo atual, de vinculação automática ao candidato à Presidência, são atípicos. Itamar, como tantos outros brasileiros honrados, sentiu-se atraído pela disputa ao lado de Collor, diante de seu (falso, como vimos) programa de moralização do Estado. Mas soube legitimar-se no momento em que as circunstâncias o levaram à chefia do Estado, com desempenho ético singular. José Alencar se tornou, realmente, a presença necessária ao lado de Lula, a fim de retirar do candidato a pecha de revolucionário alucinado.
Serra não precisa de quem o avalize. Suas posições são conhecidas e não ameaçam o mercado como, de resto, também não o ameaça a candidatura situacionista. Ninguém, de bom-senso, renuncia ao que já tem. Aécio, de acordo com todas as evidências, tem garantida a sua eleição para o Senado. A eleição de Serra é possível, mas não é certa. Cabe-lhe, isso sim, esforçar-se para conduzir o processo eleitoral mineiro, a fim de eleger sucessor que saiba respeitar os velhos compromissos de Minas.
No Senado, o ex-governador terá a oportunidade de lutar pelo compromisso que os mineiros assumiram, desde a Inconfidência, com a Federação, ou seja, o de buscar a rigorosa isonomia de direitos de todos os Estados brasileiros, contra a hegemonia política de algumas regiões sobre as outras.
Por Mauro Santayana
+ “A Mídia e as Eleições de 2010"
barao
Com o comando de Rodrigo Vianna (Escrevinhador) e a presença de Paulo Henrique Amorim, Maria Inês Nassif (Valor Econômico), Altamiro Borges e Leandro Fortes (Carta Capital), foi inaugurado o Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé”, com o seminário “A Mídia e as Eleições de 2010". Confira abaixo:
quinta-feira, maio 20, 2010
o Brasil ganhou o respeito do mundo
Na foto, Adolfo com um membro do PiG (*)
Extraído do site do Jornal do Brasil:
De como exercer a ousadia moral
Velha teoria explica as guerras generalizadas como inevitável irritação da História: as situações envelhecem e se tornam insuportáveis, para estourar nos conflitos sangrentos. Alguns as veem como autorregeneração do mundo, ao contribuir para o equilíbrio demográfico. Outros a atribuem à centelha diabólica que dorme no coração dos homens e incendeia o ódio coletivo. O mundo finará sem que entendamos a fisiologia do absurdo. Para os humanistas, são repugnantes os massacres coletivos tanto como os assassinatos singulares.
De qualquer forma, a História tem como eixo a tensão permanente entre guerra e paz; entre a competição e o entendimento; entre o egoísmo que se multiplica no racismo e a solidariedade internacional. Uma coisa é inegável: quando os mais fortes querem, não lhes faltam argumentos trôpegos para justificar a agressão. La Fontaine soube reduzir esse comportamento no diálogo entre o lobo e o cordeiro. Quando o lobo quer, os filhos são responsáveis por falsas culpas dos pais e as águas sobem os rios.
É interessante registrar, no episódio da questão do Irã, algumas dúvidas que assaltam o homem comum. A primeira delas – e devo essa observação a um amigo – é a do direito de os possuidores das armas atômicas decidirem quem pode e quem não pode desenvolver a tecnologia nuclear. Mais ainda, quando o árbitro maior é o governo do país que a usou criminosamente, ao arrasar, sem nenhuma razão tática ou estratégica, duas cidades inteiras e indefesas do Japão. Reduzidas as dimensões do absurdo, podemos aceitar como lícitas as associações criminosas, como as dos narcotraficantes dos morros. Possuidores de bom armamento, impõem sua lei às comunidades e constroem sua própria legislação, cobram tributos e exigem obediência, sob a ameaça dos fuzis e da tortura. Chegaremos assim a uma sociologia política, abonada indiretamente por Weber e outros, que admite todo poder de facto, sem discutir sua legitimidade ética.
Por Mauro Santayana
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