Ratzinger e a teologia do espetáculoEnviado por luisnassifTeologia do espetáculo Matéria publicada na edição 644, que começou a circular na sexta-feira 29. A beatificação a toque de caixa de Karol -Wojtyla, o papa João Paulo II, será celebrada em 1º de maio, meros seis anos após seu falecimento, apesar de muitas resistências dentro da própria Igreja. “Sou contra e prevejo que a história não verá com bons olhos João Paulo, que ignorou a pior crise na Igreja desde a Reforma”, disse o padre Richard McBrien, teólogo da Universidade Notre Dame de Nova York. “A beatificação de João Paulo por seu sucessor soa incestuosa e tem afinidade com o hábito de deificar os próprios ancestrais”, declarou o historiador católico Michael Walsh. Foi política a decisão de não esperar os habituais cinco anos para iniciar o processo, apoiar-se num “milagre” arrancado a fórceps e ignorar as objeções, em especial as fundadas nas obscuras manobras financeiras do Vaticano em sua gestão e a negativa do papa polonês a investigar e punir padres e bispos pedófilos. Principalmente o corrupto padre mexicano Marcial Maciel, líder da Legião de Cristo, que abusou de menores (inclusive dois de seus próprios filhos ilegítimos), mas manteve a boa vontade da Igreja arrecadando rios de dinheiro de milionários mexicanos, boa parte dos quais fluiu para os bolsos da Cúria Romana. O papa polonês protegeu-o até o fim e o próprio Ratzinger teve de esperar subir ao trono papal para discipliná-lo. Outro de seus protegidos foi o arcebispo estadunidense Paul Marcinkus, que João Paulo II promoveu à chefia do Banco do Vaticano e ao terceiro cargo mais importante na Igreja antes que se envolvesse até o pescoço no escândalo da falência do Banco Ambrosiano (do qual já fora diretor), seguido pelo assassinato disfarçado em suicídio do seu presidente, Roberto Calvi, que teria financiado a dissidência polonesa a pedido do papa. Queima de arquivo, que não se sabe se deve ser atribuída à Máfia ou a setores da própria Igreja. Trata-se de santificar não a duvidosa virtude de Karol Wojtyla, mas a virada conservadora que promoveu. João XXIII e Paulo VI haviam conduzido a Igreja à modernização e reaproximação com a sociedade laica e com outras igrejas e religiões-, processo subitamente freado após a morte nunca devidamente esclarecida do efêmero João Paulo I e a eleição do polonês identificado com a luta contra o comunismo. Foram congelados os debates sobre contracepção e o papel da mulher na Igreja. Quando o cardeal de Sevilha, José María Bueno, reuniu-se com ele e insistiu em que sua consciência lhe impunha insistir na questão do celibato e da escassez de sacerdotes, Wojtyla foi brutal: “E minha consciência de papa me impõe expulsar sua eminência de meu escritório”. Joseph Ratzinger, jovem teólogo convidado por João XXIII para participar do Concílio Vaticano II, esteve de início do lado da modernização, apoiando a revisão do celibato e do primado absoluto do papa, que defendia ainda em livros publicados nos anos 70. Elevado a cardeal- por Paulo VI em 1977, não se soube que mudasse de opinião antes de 1981, quando foi escolhido por João Paulo II para chefiar a Congregação para a Doutrina da Fé, sucessora do velho Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, para comandar a repressão à dissidência. Ratzinger decepcionou seus ex-amigos progressistas e reprimiu a Teologia da Libertação, mas satisfez seu superior e seu círculo e foi recompensado com a sucessão. Fora dos corredores estagnados do Vaticano, porém, os ventos continuaram a soprar. Abriu-se ainda mais o abismo entre uma Igreja cada vez mais conservadora e exigente e a sociedade civil dos países católicos, cada vez mais laica e menos interessada nas opiniões do papa sobre moral e pecado. Até 2005, as falhas morais da Igreja e seu crescente esvaziamento e irrelevância no Ocidente foram até certo ponto mascarados pelo colapso do bloco soviético e o carisma pessoal de Wojtyla. O renascimento da Igreja na Europa Oriental e o entusiasmo gerado pelas visitas de João Paulo II pelo mundo permitiam a seu círculo acreditar que estavam no caminho certo. Com o frio e rígido Ratzinger, as ilusões não se sustentam. Escândalos por muito tempo abafados vieram a público, mostrando que a Igreja não está à altura do que prega – em muitos casos, nem sequer à altura do que a sociedade laica considera decência comum. As tentativas do Vaticano de favorecer partidos conservadores e pressionando contra o uso de preservativos e a legalização do aborto e da união homossexual têm acabado quase sempre em fiascos humilhantes. As viagens e os pronunciamentos de Bento XVI mal atraem- uma fração do interesse e entusiasmo despertado por seu antecessor. O Vaticano é hostil aos exorcismos das igrejas carismáticas populares, mas sente a mesma necessidade de espetacularização. A apressada multiplicação de beatificações e canonizações tenta suprir o déficit de interesse, distribuindo santos a comunidades e grupos de interesse que não os tinham. Paulo VI fez 11 canonizações em 15 anos; João Paulo II estabeleceu um recorde histórico com 113 em 25 anos, inclusive o controvertido fundador da Opus Dei e a canonização coletiva de 25 fanáticos cristeros que lutaram contra o governo laico do México nos anos 1920 e 1930. Bento XVI fez nada menos de 34 nos primeiros seis anos. Na Páscoa, tentou reanimar o interesse dos fiéis, respondendo perguntas na televisão, cuidadosamente escolhidas. Com a beatificação de João Paulo II, pretende despender o que resta de seu capital de carisma e reunir 300 mil fiéis. Mas aos poucos esse espetáculo se banaliza. Não são tempos fáceis para a Igreja Católica. Foi deixada por 50 mil alemães e 53 mil austríacos em 2009 e por 180 mil alemães e 87 mil austríacos no ano seguinte. Não se trata do abandono tácito de quem simplesmente deixa de comparecer às missas, mas de pedido formal de baixa, enviado a autoridades civis de forma a encerrar o pagamento de contribuições à Igreja (1,1% da renda, até o limite de 200 euros anuais) e pesa de fato nos bolsos das paróquias e dioceses. Desde 1990, 1,78 milhão de alemães ormalizaram sua apostasia, mas o salto recente nos números está relacionado aos escândalos de pedofilia: é nas dioceses mais afetadas que o êxodo é maior. Em países onde a filiação formal à Igreja não tem consequências civis, o número dos que saem batendo a porta e exigem o registro formal de sua opção é menor, mas cresce explosivamente. Na Bélgica, foram 66 casos em 2008, 380 em 2009 e 1,7 mil em 2010. Em Portugal, uma comunidade criada no início de 2010 para trocar informações sobre o “desbatismo” no Facebook tem mais de 3 mil participantes, centenas dos quais já cobraram o certificado das paróquias – e, se estas o recusaram, se queixaram ao bispo. Na Argentina, a comunidade Apostasía Colectiva tem mais de 4 mil integrantes. Na Espanha, a Igreja, temerosa das consequências políticas da queda nas estatísticas formais sobre número de fiéis, alegou que seus livros de batismo não são arquivos sujeitos à Lei de Proteção de Dados. Conseguiu que a Suprema Corte e o Tribunal Constitucional a isentassem da obrigação de atender a tais pedidos, no mesmo país no qual outrora fazia da excomunhão a mais terrível das ameaças. Mas os -apóstatas, com ou sem certificados, são milhares. Tentaram organizar uma “procissão ateísta” e uma campanha pelo uso de preservativos na Semana Santa de 2011, proibidos pelo governo de Madri, pressionado por um abaixo— assinado- de 100 mil conservadores. Apesar do renascimento do fundamentalismo e do fanatismo em várias partes do mundo cristão, muçulmano e hindu, desde os anos de Ronald Reagan e João Paulo II, mais espetacularmente nos anos de Bush júnior, as últimas décadas veem crescer atitudes que vão da simples indiferença ante a religião organizada ao ateísmo militante. Em dezembro de 2010, o estudo de um grupo de matemáticos dos Estados Unidos indicou que a religião organizada tende a desaparecer até 2050 em pelo menos nove países: Austrália, Áustria, Canadá, República Tcheca, Finlândia, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia e Suíça. Mesmo na arquicatólica Polônia, a frequência à Igreja caiu de 60% nos últimos dias do regime comunista para 45% nos dias de hoje. Nos EUA, as pessoas sem religião são o único grupo religioso em crescimento em todos os 50 estados. E mesmo “ter uma religião” pode não significar muita coisa além de um rótulo social para ocasiões como casamentos e funerais. Na Inglaterra e em Gales, 61% dizem que têm uma religião, mas apenas 29% se dizem religiosos. Só 48% dos 53,5% que se dizem cristãos (ou seja, 25,7% dos ingleses) acreditam que Jesus foi de fato o filho de Deus e ressuscitou dos mortos. Uma pesquisa Ipsos de abril de 2011 em 23 países encontrou que, em média, apenas 19% acreditam em céu e inferno (4% na França, 5% na Espanha e Alemanha, 10% no Reino Unido, 12% na Rússia, 15% no México, 21% na Itália, 28% no Brasil, 41% nos EUA). Para outros 23% a existência cessa com a morte, 26% não têm opinião, 2% acreditam no céu mas não no inferno, 7% creem em reencarnação e 23% em alguma vida após a morte que não o céu e inferno cristãos. Na maioria dos países da Europa Ocidental, a crença definida em um Deus ou Ser Supremo varia de 18% (Suécia) a 28% (Espanha), e o ateísmo explícito, de 28% (Espanha) a 39% (França). Só a Itália destoa, com 50% de teístas e 13% de ateus (no Brasil, respectivamente, 84% e 3%). A opção por sistemas de crenças -pessoais “faça você mesmo” ou pela pura e simples irreligiosidade está crescendo, em que pese o fervor de organizações como a Fraternidade Muçulmana, a Opus Dei ou a Westboro Baptist Church. Na maioria dos países ricos e em pelo menos alguns dos “emergentes”, como Rússia, Coreia do Sul, China e Argentina, caminha-se a médio prazo para sociedades nas quais não só a prática religiosa, como também a identificação formal com a religião organizada, será minoritária. Mas também parece bem possível que essas minorias se mostrem mais exaltadas do que a média dos religiosos de hoje. A aposta do Vaticano de Joseph Ratzinger parece ser em uma Igreja capaz de manter influência política (e arrecadar recursos financeiros) por meio de um rebanho pequeno, mas monolítico e militante. Aponta para isso a indiferença para com as defecções de setores liberais e de -esquerda da Igreja – do teólogo Hans Küng ao ex-frade Leonardo Boff – combinada com os esforços extremados para atrair dissidências pequenas, mas ferozmente hostis à modernidade laica. Um exemplo é a Fraternidade São Pio X, do falecido arcebispo Marcel Lefebvre, rompida com o Vaticano desde 1988. Para tentar reincorporar seus 500 sacerdotes e alguns milhares de fiéis, o papa Bento XVI permitiu, em 2007, a celebração da missa tridentina em latim e anulou a excomunhão de seus quatro bispos, incluindo o britânico Richard Williamson, que nega o Holocausto, defende a autenticidade dos Protocolos dos Sábios de Sião e se associa a neonazistas. Nem por isso foi acatado por esses dissidentes, que continuam a ordenar seus próprios sacerdotes e exigir que o Vaticano declare inválidas as missas vernáculas de Paulo VI celebradas desde 1969 e repudie o Concílio Vaticano II e os gestos ecumênicos em relação a outras igrejas e religiões, inclusive o judaísmo. Mais recentemente, Ratzinger abriu as portas a dissidentes tradicionalistas da Igreja Anglicana inconformados com a ordenação de mulheres e bênção a uniões homossexuais dentro de sua igreja, incorporando uns 900 fiéis ao custo de prejudicar o relacionamento do Vaticano com o protestantismo e o arcebispo de Canterbury – e de aceitar algumas dezenas de padres casados e com família, embora exija o celibato dos que se formaram no catolicismo. A Igreja se encolhe e a instituição que moldou a civilização ocidental pouco a pouco se transforma em uma entre muitas seitas reacionárias e intolerantes. http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/teologia-do-espet... Compartilhar: Ops, não foi até 536 e sim 496, como se vê, a regra de se transformar em santos os Papas foi quebrada porque o Papa Anastácio II não era nada santinho. E falando em Papas nada santinhos, a história está cheia, desde Papas depravados, assassinos a um Papa(quer dizer papisa) que pariu uma criança — qui, 05/05/2011 - 10:04 Essas ações do Vaticano e seu mandatário, bem ele, lembram do "silêncio obsequioso" imposto ao pai da teologia da libertação, Leonardo Boff. E deve ser efeito colateral, uma percepção do incômodo de muitos Edir Macedos. Para quem tem como negócio a espiritualidade, mas mantém bancos e um enorme sistema midiático, deve realmente estar preocupado com a concorrência. Outra santidade suspeita é a de PIO XII, o próximo a ser beatificado por Bento XVI "No dia 19 de dezembro de 2009 o Papa Bento XVI proclamou-o "Venerável", ao promulgar o decreto que reconhece as virtudes heróicas do Servo de Deus Pio XII, um importante passo dentro do processo de beatificação que fica aguardando somente a existência de um milagre realizado pela intercessão do Papa Pacelli" (Wiki). (....) Festas para Hitler – O papado de Pio XII começou em março de 1939, ano em que a invasão da Polônia – a catolicíssima Polônia, massacrada sem protestos do Vaticano – deu início à II Guerra Mundial. Enquanto isso, na Alemanha, o núncio em Berlim, arcepisbo Cesare Orsenigo, organizava uma recepção de gala para ...Ver mais — |
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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, maio 05, 2011
Teologia do Espetáculo
quarta-feira, maio 04, 2011
SP não é o Estado mais rico. Era. É a grande obra tucana
Governo demotucano: São Paulo não é mais o estado mais rico do Brasil
Os quatrocentões paulistas, que gostam de dizer que o estado é a “locomotiva do Brasil”, não poderão mais usar essa expressão. Segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas, depois de mais de 16 anos de gestão demotucana, São Paulo foi ultrapassado por Santa Catarina e Rio de Janeiro na condição de estado que tem a maior renda média. Por sua vez, no governo Lula, o País conseguiu reduzir a pobreza em 50,64%. A pesquisa também mostra que, de 2002 a 2010, os maiores ganhos reais de renda foram em grupos tradicionalmente excluídos. O Limpinho reproduz texto publicado no Portal G1. O editor deveria estar dormindo quando deixou sair uma matéria dessas.
FGV: Taxa de desigualdade no Brasil atinge mínima histórica
Desigualdade é a menor desde que começou a pesquisa, em 1960
A taxa de desigualdade no Brasil caiu à mínima histórica no final de 2010, segundo estudo divulgado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV) na terça-feira, dia 3. Em oito anos – de dezembro de 2002 a dezembro de 2010 –, o País conseguiu reduzir a pobreza em 50,64%, de acordo com a pesquisa “Desigualdade de Renda da Década”.
“Em oito anos, no governo Lula, foi feito o que era previsto para 25 anos, de acordo com a Meta do Milênio da Organização das Nações Unidas, que era reduzir a pobreza em 50% de 1990 até 2015”, ressaltou o economista Marcelo Neri, coordenador do CPS/FGV.
A taxa de desigualdade, medida pelo índice de Gini, ficou em 0,5304 em 2010, a menor desde 1960, quando começou a pesquisa. Quanto mais perto de 1, mais desigual é o país. “Os principais motivos para isso foram, principalmente, a educação e, em menor parte, os programas sociais”, explicou Neri.
Entretanto, o economista diz que, quando comparado com outros países, ainda é “estupidamente alto, porém menor do que antes” o nível de desigualdade no Brasil. “Se é uma má notícia que a nossa desigualdade ainda é alta, a boa notícia é que ela deve cair. O que os dados mostram é que a queda continua”, destacou.
Renda dos mais pobres cresceu mais do que dos mais ricos
De acordo com a pesquisa, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE), a renda dos 50% mais pobres no Brasil cresceu 52,59%, entre 2001 e 2009, enquanto a renda dos 10% mais ricos do País cresceu 12,8%. Isso significa dizer que a renda da classe baixa teve crescimento de 311% na comparação com os mais abastados.
Marcelo Neri também destacou conclusões da pesquisa que, para ele, foram inesperadas. “Fiquei muito surpreso com os dados”, disse o economista, ao mostrar que, de 2001 a 2009, os analfabetos obtiveram ganhos de 47%, enquanto quem tem nível superior teve queda de 17% na renda. No mesmo período, as pessoas de cor preta ganharam aumentos na renda de 43%, enquanto os brancos tiveram 21% de alta. Já as mulheres tiveram ganho na renda de 38%, contra 16% dos homens. “O que está ‘bombando’ é o mercado da base: empregadas domésticas, trabalhadores da construção civil, agricultores”, ressaltou, em tom informal, o economista.
São Paulo não é o mais rico e Maranhão, o mais pobre
A pesquisa mostrou que os chamados “grotões” brasileiros estão em alta, já que entre 2001 e 2009 os “maiores ganhos reais de renda foram em grupos tradicionalmente excluídos”. Segundo o estudo, Alagoas é, hoje, o estado com a pior renda média per capita do país. E, no mesmo período, o Maranhão, que era o estado mais pobre, teve ganhos na renda da população de 46%.
Já os estados de Santa Catarina e do Rio de Janeiro passaram São Paulo na condição dos que tem a maior renda média. “A migração do Nordeste para o Sudeste diminuiu bastante, com o inchaço das grandes cidades. O campo está se tornando mais atrativo”, observou Neri.
Em 30 anos, Brasil pode estar equiparado aos EUA
O coordenador da pesquisa explicou que o Brasil ainda “vai demorar uns 30 anos para ter um nível de desigualdade parecido com o dos Estados Unidos”, que, segundo Neri, está em 0,42. “Apesar de a economia brasileira não estar crescendo tanto, a renda dos mais pobres cresce em patamares chineses, enquanto a dos mais ricos está estagnada”, comparou Neri.
Entretanto, para o economista, a tarefa agora é mais complicada. “Vamos ter mais dificuldades para erradicar, pois esta terça parte que falta é o núcleo da pobreza no País”, explicou.
Para a próxima década, Marcelo Neri afirma que é preciso melhorar a qualidade da educação, continuar investindo em programas sociais e realizar obras de saneamento básico. “E é preciso fazer mais com menos recursos, pois não podemos aumentar mais ainda a nossa carga tributária”, acrescentou.
“As razões de meu otimismo são proporcionais ao tamanho dos problemas que temo hoje. A escolaridade no Brasil é ridícula, por isso acho que ainda temos muito a avançar”, finalizou.
PHA
A semente do medo
Mauro Santayana
Os Estados Unidos celebram a morte de bin Laden, e um ex-embaixador brasileiro considerou-a “espetacular”. É melhor ver a morte de qualquer homem, bom ou mau, como a morte de parte de nós mesmos. Como no belo poema em prosa de Donne, any man’s death diminishes me, because I am involved in mankind, and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee. A morte de qualquer homem me diminui, disse o poeta, porque sou parte da Humanidade, e, por isso, não pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por você. Todos nós morremos um pouco, quando as Torres Gêmeas vieram abaixo, e todos nós morremos quase diariamente com os que tombam e tombaram, na Palestina, no Iraque, no Afeganistão, na Costa do Marfim, no Realengo, em Eldorado dos Carajás, na Candelária e nas favelas brasileiras.
Os americanos comemoram nas ruas a morte de bin Laden, enquanto nos países muçulmanos outros oram pelo homem que consideram mártir. Como parte da Humanidade, talvez não nos conviesse a euforia pela execução sumária de bin Laden, nem a consternação por sua morte. Os atentados de Nova Iorque – de resto, nunca assumidos de forma cabal pelo saudita – foram crime brutal contra a Humanidade, bem como todos os atos de terrorismo, ao longo das duas últimas décadas. Mas a vingança exercida pelos comandos norte-americanos não pode ser aplaudida. Foi um ato de guerra, cometido contra a soberania do Paquistão, desde que ao governo de Islamabad não foi solicitada autorização prévia para a operação – segundo informou o diretor da CIA, Leon Panetta.
Isso nos leva a outra leitura de John Donne: não pergunte que povo foi atingido pela intervenção militar norte-americana. Todos nós fomos atingidos, não só por essa operação bélica e pela agressão à Líbia, mas também, no passado, pela intromissão, política, militar, econômica, das elites que controlam o governo de Washington, desde a guerra de anexação de territórios soberanos do México, movida pelo presidente Polk, em 1846. O México perdeu a metade de seu território, e os Estados Unidos ganharam mais de um quarto do que já ocupavam no norte do hemisfério. Essa vitória excitou a voracidade imperialista dos Estados Unidos, mais tarde explícita no fundamentalismo do “Destino Manifesto”.
Devemos ser cautelosos quando procuramos entender o momento atual. Comentaristas internacionais, sob o calor destas horas, tentam pensar nas conseqüências imediatas, e há os que discutem se o homem morto em Abbottab (o nome da cidade é homenagem ao general James Abbott, que serviu nas forças de ocupação da Índia no século 19) é mesmo bin Laden – que começou a sua vida de combatente como aliado dos norte-americanos contra os soviéticos, no Afeganistão dos anos 80. Tenha sido ele, ou não, importa pouco. Osama era apenas um símbolo, na clandestinidade imposta pelas circunstâncias. O que importa, e muito, é o que virá a ocorrer não nos próximos dias, que serão de pausa e perplexidade, mas nos próximos meses e anos.
O perigo maior, e desdenhado, é o de que o conflito atual, iniciado com a ocupação da Palestina por Israel, se transforme realmente em guerra declarada entre os países capitalistas ocidentais, que se identificam como cristãos, e os muçulmanos. Quem definiu a agressão como cruzada foi Bush, ao afirmar que Deus o havia convocado a matar Saddam. E conforme o livro clássico de Essad Bey, todos os movimentos no Oriente Médio, entre eles a ocupação judaica da Palestina, se fazem na busca da posse de seu petróleo. No passado, o saqueio se fazia em nome da “civilização” e, hoje, se faz também em nome da “modernidade”.
No fundo do regozijo, há sementes de medo. Esse medo é muito mais poderoso do que foi o saudita, de 54 anos e, segundo informações não desmentidas, a um tempo amigo e sócio dos Bush nos negócios de petróleo.
A barbárie e a estupidez jornalística
Imaginem vocês se um pequeno operativo do exército cubano entrasse em Miami e atacasse a casa onde vive Posada Carriles, o terrorista responsável pela explosão de várias bombas em hotéis cubanos e pela derrubada de um avião que matou 73 pessoas. Imagine que esse operativo assassinasse o tal terrorista em terras estadunidenses. Que lhes parece que aconteceria? O mundo inteiro se levantaria em uníssono condenado o ataque. Haveria especialistas em direito internacional alegando que um país não pode adentrar com um grupo de militares em outro país livre, que isso se configura em quebra da soberania, ou ato de guerra. Possivelmente Cuba seria retaliada e, com certeza, invadida por tropas estadunidenses por ter cometido o crime de invasão. Seria um escândalo internacional e os jornalistas de todo mundo anunciariam a notícia como um crime bárbaro e sem justificativa.
Mas, como foi os Estados Unidos que entrou no Paquistão, isso parece coisa muito natural. Nenhuma palavra sobre quebra de soberania, sobre invasão ilegal, sobre o absurdo de um assassinato. Pelo que se sabe, até mesmo os mais sanguinários carrascos nazistas foram julgados. Osama não. Foi assassinato e o Prêmio Nobel da Paz inaugurou mais uma novidade: o crime de vingança agora é legal. Pressuposto perigoso demais nestes tempos em que os EUA são a polícia do mundo.
Agora imagine mais uma coisa insólita. O governo elege um inimigo número um, caça esse inimigo por uma década, faz dele a própria imagem do demônio, evitando dizer, é claro, que foi um demônio criado pelo próprio serviço secreto estadunidense. Aí, um belo dia, seus soldados aguerridos encontram esse homem, com toda a sede de vingança que lhes foi incutida. E esses soldados matam o “demônio”. Então, por respeito, eles realizam todos os preceitos da religião do “demônio”. Lavam o corpo, enrolam em um lençol branco e o jogam no mar. Ora, se era Osama o próprio mal encarnado, porque raios os soldados iriam respeitar sua religião? Que história mais sem pé e sem cabeça.
E, tendo encontrado o inimigo mais procurado, nenhuma foto do corpo? Nenhum vestígio? Ah, sim, um exame de DNA, feito pelos agentes da CIA. Bueno, acredite quem quiser.
O mais vexatório nisso tudo é ouvir os jornalistas de todo mundo repetindo a notícia sem que qualquer prova concreta seja apresentada. Acreditar na declaração de agentes da CIA é coisa muito pueril. Seria ingênuo se não se soubesse da profunda submissão e colonialismo do jornalismo mundial.
Olha, eu sei lá, mas o que vi na televisão chegou às raias do absurdo. Sendo verdade ou mentira o que aconteceu, ambas as coisas são absolutamente impensáveis num mundo em que imperam o tal do “estado de direito”. Não há mais limites para o império. Definitivamente são tempos sombrios. E pelo que se vê, voltamos ao tempo do farwest, só que agora, o céu é o limite. Pelo menos para o império. Darth Vader é fichinha!
Elaine Tavares é jornalista
*comtextolivre
TPI tem "provas sólidas" para acusar regime líbio de crimes contra a humanidade
Procurador-geral estima que possam ter ocorrido 700 mortes só em Fevereiro
O procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Luis Moreno-Ocampo, declarou que tinha “provas sólidas” de que tinham sido perpetrados na Líbia crimes contra a humanidade.
Moreno-Ocampo assegura que serão emitidos mandados de captura nas próximas semanas (Jerry Lampen/Reuters)
Num relatório do TPI, o procurador adiantou ainda que os mandados de captura, que deverão ser emitidos nas próximas semanas, poderiam visar cinco pessoas. "Sim, temos provas sólidas contra a Líbia", confirmou o procurador em entrevista à AFP em Nova Iorque. "Vários indivíduos estão envolvidos, entre um a cinco”, acrescentou.
O procurador não revelou nomes, mas a estação de televisão Al-Arabiya adiantou que os mandados poderiam dirigir-se a Khadafi; ao seu filho Saif al-Islam; ao antigo ministro dos Negócios Estrangeiros líbio Moussa Koussa e ainda ao antigo primeiro-ministro Abu Zeyd Omar Dorda.
Moreno-Ocampo afirma deter provas de que as forças do coronel líbio teriam utilizado bombas de fragmentação contra populações civis e a investigação aponta também para violações dos rebeldes em Bengasi contra africanos suspeitos de auxiliar as tropas de Kadhafi.
Entre as acusações estarão assassínios, detenções ilegais, tortura e perseguição. Os disparos para dispersar manifestações pacíficas foram considerados pelo procurador “constantes”.
“Temos fortes provas de que no princípio do conflito houve disparos contra civis”, disse Ocampo à Reuters. “Também temos fortes provas de que houve perseguições”.
Só no mês de Fevereiro – a onda de contestação começou em meados do mês – o relatório estima que tenham sido mortas entre 500 e 700 pessoas.
De acordo com o procurador, os crimes terão sido cometidos sob ordens e instruções de algumas pessoas com poder dentro do regime líbio.
A abertura de um processo formal de investigação aos crimes contra a humanidade cometidos na Líbia tinha sido anunciada no dia 3 de Março.
Bloguezinho mequetrefe, pra lá de indignado, apresenta para apreciação do mui digno Tribunal Penal Internacional algumas imagens-denúncias que este bloguezinho mequetrefe tem absoluta certeza que são desconhecidas do TPI.
Abu Graihb
Guantánamo
Efeitos de projeteis com urânio empobrecido utilizados pelo grupo terrorista EUANATO.
Ataque israelense à Gaza com bombas de fósforo, banidas pela ONUVítimas do genocídio palestino promovido pelo nazi-sionismo
Depois desta exposição macabra, espero que o TPI tome vergonha na cara e se pronuncie diante de provas tão sólidas.
PRÊMIO 'OLIVEIRA DA PAZ' VAI PARA FIDEL CASTRO: PARABENS EL COMANDANTE!
O Conselho Mundial da Paz (CMP) concedeu na ultima sexta-feira (29) ao líder da Revolução cubana, Fidel Castro, a "Oliveira da Paz", por ser exemplo de constante luta pela convivência pacífica entre as nações.
O presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular de Cuba, Ricardo Alarcón, recebeu o reconhecimento outorgado a Fidel Castro durante a reunião do Comitê Executivo do CMP em Havana que teve o encerramento do encontro neste sábado (30), com a participação de representantes de 40 países.
O prêmio concedido pelo Conselho Mundial da Paz a Fidel é uma escultura em madeira que representa o globo terrestre, coroada com os lauréis da paz, obra do artista grego Kosta Rotos.
O presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular de Cuba, Ricardo Alarcón, recebeu o reconhecimento outorgado a Fidel Castro durante a reunião do Comitê Executivo do CMP em Havana que teve o encerramento do encontro neste sábado (30), com a participação de representantes de 40 países.
O prêmio concedido pelo Conselho Mundial da Paz a Fidel é uma escultura em madeira que representa o globo terrestre, coroada com os lauréis da paz, obra do artista grego Kosta Rotos.
A presidente do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, ofereceu a Fidel, em nome do CMP e do Cebrapaz, um quadro da pintora brasileira Edíria Carneiro Amazonas, cujo motivo reflete a luta e as demandas históricas dos trabalhadores de todo o mundo.
Foram homenageados também, devido a sua luta antiterrorista e pela preservação da paz, os cinco patriotas cubanos presos nos Estados Unidos desde 1998.
Gerardo Hernández, René González, Ramón Labañino, Antonio Guerrero e Fernando González cumprem penas que chegam até duas prisões perpétuas mais 15 anos de cárcere por informar sobre planos criminosos de grupos anticubanos baseados no estado norte-americano da Flórida.
Ao intervir na reunião, Alarcón denunciou que o assassino confesso Luís Posada Carriles desfruta da proteção oficial de Washington, e a partir do território estadunidense anuncia crimes futuros, com total impunidade.
Alarcón acentuou que, por tratar de impedir tais ataques, os Cinco – como são internacionalmente conhecidos – foram pesadamente condenados e cumprem cruel pena de prisão, ante a indolência do sistema judicial norte-americano e o silêncio das transnacionais da informação.
Familiares dos Cinco, que receberam das mãos da presidente do CMP uma placa em homenagem a eles, também participam da reunião, ao lado de membros de organizações cubanas de luta pela paz e de solidariedade internacional, entre elas o Movimento Cubano pela Paz (Movpaz) e o Instituto Cubano de Amizade com os Povos (Icap).
A presidente do Conselho Mundial da Paz, a brasileira Socorro Gomes, sublinhou que na batalha por defender a harmonia e a justiça mundiais, o CMP nunca cessará o empenho para conseguir que os antiterroristas cubanos encarcerados regressem em breve a sua pátria.
O prêmio é mais do que merecido.Não prescisa dizer que Fidel presidiu uma Nação que ofereceu ao longo dos anos, inclusive nos períodos especiais, médicos e educadores aos países do "terceiro mundo" em vez de militares. Também cabe lembrar os feitos de Cuba na parte social e as últimas reflexões do companhairo Fidel onde ele, bem antes de analistas de guerra, já previa novas guerras imperialistas e alertava para unirmos contra estas.Os ataques á Líbia pela OTAN e pelos países "ocidentais civilizados" é prova real e atual dos acertos de Fidel.
Parabéns Comandante Fidel Castro!
Blog Solidários
*militanciaviva
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