Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
segunda-feira, maio 09, 2011
Controlar Kassab
Gilberto Kassab passou três horas da tarde da última sexta-feira na sede do Ministério Público Estadual de São Paulo. O prefeito foi depor no inquérito que apura irregularidades no contrato entre o município e a empresa Controlar, responsável pela inspeção veicular na cidade.
O detalhe, curioso, é que Kassab se esforçou para ficar incógnito. Um fotógrafo do jornal "O Estado de S. Paulo" flagrou (foto) o instante em que o prefeito, ao deixar o prédio, de carro, se abaixou no banco de trás para não ser colhido pelas câmeras. Ficou pior: vemos apenas meio rosto de Kassab, inclinado atrás do motorista.Fosse um astro pop, poderíamos atribuir a cena à inconveniência dos paparazzi. Sendo ele um administrador público eleito pelo voto popular, é uma imagem que não sugere coisas boas.
Ao chegar no local, Kassab se escondeu atrás de uma parede, depois de desembarcar pelo lado do carro em que estava sentado o seu secretário de Negócios Jurídicos, Claudio Lembo.
Lá dentro, o prefeito tentou fazer um acordo, segundo o qual o Executivo se comprometeria a fazer um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), corrigindo pontos problemáticos do contrato. O Ministério Público recusou a proposta.Este é um caso que remonta à gestão Paulo Maluf. A Controlar venceu a licitação em 1996. O contrato tinha duração de dez anos e chegou a ser anulado pela Justiça na gestão de Celso Pitta (da qual Kassab foi secretário).
Kassab revalidou o contrato em 2007, contrariando parecer técnico da prefeitura, que recomendava nova licitação. A Controlar começou a fazer o serviço em 2008, 12 anos depois de vencer sob Maluf.Cada inspeção obrigatória custa, este ano, R$ 61,98. É um negócio da China. O prefeito precisa parar de se esconder no banco do carro e dar explicações à sociedade. Há no ar muita fumaça preta sendo produzida em nome da causa ambiental. Fernando Barros -
*osamigosdopresidentelula
Tucanos privatizam Hospital das Clínicas
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Isso é uma vergonha.Depois esses privatistas safados rejeitam o rótulo de privatizantes.Veja que, enquanto um pobre passa quase 2 anos para ser atendido no Hospital das Clínicas, quem tem plano de saúde é atendido em menos de um mês.Esse tipo de tratamento VIP num hospital público, financiado pelos contribuintes para atender os mais pobres, os mais carentes só acontece em governo tucano, por isso mesmo esses tucanos vendilhões são os preferidos da elite cheirosa.Eu não sei como o povo ainda vota nessa raça maldita.
Paciente com plano de saúde é VIP no Hospital das Clínicas
Os pacientes com plano de saúde têm tratamento 'VIP' no Hospital das Clínicas, na zona oeste de São Paulo.
Uma paciente do setor público chegou a esperar um ano por uma ressonância magnética e mais seis meses por uma consulta. Enquanto isso, no setor privado, o tempo entre uma indicação de cirurgia e a operação propriamente dita é de no máximo 15 dias.
Relação de convênios atendidos pelo Hospital das Clínicas
Abet (Associação Beneficente dos Empregados em Telecomunicações)
Amil (Assistência Médica Internacional Ltda)
Abas 15 (Associação Beneficente de Assistência à Saúde)
Allianz Saúde S/A
Afresp (Associação dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado de São Paulo)
Assefaz (Fundação Assistencial dos Servidores do Ministério da Fazenda)
Banco Central do Brasil
Bardella S/A Indústrias Mecânicas
Bradesco Seguros
Cabesp (Caixa Benef. dos Func. do Banco do Estado de São Paulo - Banespa)
Care Plus Medicina Assistencial S/C Ltda
Cassi (Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil)
Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz
Funcef (Caixa Econômica Federal)
Cetesb (Cia. de Tecnologia e Saneamento Ambiental)
Comissão Nacional de Energia Nuclear
CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento)
Economus Instituto de Seguridade Social
Emgepron (Empresa Gerencial de Projetos Navais)
Infraerp (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária)
Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações S/A)
Fundação Cesp
Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto
Sabesprev (Fundação Sabesp de Seguridade Social)
FSFX (Fundação São Francisco Xavier)
Furnas Centrais Elétricas
Gama Gestão em Saúde
Geap (Fundação de Seguridade Social)
Instituto de Previdência de Santo André
Instituto Municipal de Assistência à Saúde do Funcionalismo
Itau (Fundação Pampulha de Assistência Médica)
Marítima Seguros
Medial Saúde
Mediservice
Metrus (Instituto de Seguridade Social)
Ministério Público do Trabalho - 2ª Região
Notre Dame Seguradora
Petrobras
Petrobras Distribuidora
Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais
Prensas Schuler
Previsaúde (Associação de Assistência Médica Privada)
Procuradoria da República no Estado de São Paulo
Prodesp (Cia. de Processamento de Dados do Estado de São Paulo)
RDO (Diagnósticos Médicos Ltda.)
SBC Saúde
Seisa (Serviços Integrados de Saúde)
Serpram (Serviços de Prestação de Assistência Médico Hospitalar)
Sistema Paulista de Assistência
Sul América Serviços Médicos
Superior Tribunal Militar
Tribunal Regional Federal da 1ª Região
Unafisco Sindical Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Tesouro Nacional
Unibanco AIG Saúde Seguradora
Unihosp Saúde
Unimed Seguros Saúde
Alguém precisa ser inimigo de si mesmo e contrário aos valores humanitários mínimos se aprovasse o nefasto crime do terrorismo da Al Qaeda do 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque. Mas é por todos os títulos inaceitável que um Estado, militarmente o mais poderoso do mundo, para responder ao terrorismo se tenha transformado ele mesmo num Estado terrorista. Foi o que fez Bush, limitando a democracia e suspendendo a vigência incondicional de alguns direitos, que eram apanágio do pais. Fez mais, conduziu duas guerras, contra o Afeganistão e contra o Iraque, onde devastou uma das culturas mais antigas da humanidade nas qual foram mortos mais de cem mil pessoas e mais de um milhão de deslocados.
Cabe renovar a pergunta que quase a ninguém interessa colocar: por que se produziram tais atos terroristas? O bispo Robert Bowman de Melbourne Beach da Flórida que fora anteriormente piloto de caças militares durante a guerra do Vietnã respondeu, claramente, no National Catholic Reporter, numa carta aberta ao Presidente:”Somos alvo de terroristas porque, em boa parte no mundo, nosso Governo defende a ditadura, a escravidão e a exploração humana. Somos alvos de terroristas porque nos odeiam. E nos odeiam porque nosso Governo faz coisas odiosas”.
Não disse outra coisa Richard Clarke, responsável contra o terrorismo da Casa Branca numa entrevista a Jorge Pontual emitida pela Globonews de 28/02/2010 e repetida no dia 03/05/2011. Havia advertido à CIA e ao Presidente Bush que um ataque da Al Qaeda era iminente em Nova York. Não lhe deram ouvidos. Logo em seguida ocorreu, o que o encheu de raiva. Essa raiva aumentou contra o Governo quando viu que com mentiras e falsidades Bush, por pura vontade imperial de manter a hegemonia mundial, decretou uma guerra contra o Iraque que não tinha conexão nenhuma com o 11 de setembro. A raiva chegou a um ponto que por saúde e decência se demitiu do cargo.
Mais contundente foi Chalmers Johnson, um dos principais analistas da CIA também numa entrevista ao mesmo jornalista no dia 2 de maio do corrente ano na Globonews. Conheceu por dentro os malefícios que as mais de 800 bases militares norte-americanas produzem, espalhadas pelo mundo todo, pois evocam raiva e revolta nas populações, caldo para o terrorismo. Cita o livro de Eduardo Galeano “As veias abertas da A.Latina” para ilustrar as barbaridades que os órgãos de Inteligência norte-americanos por aqui fizeram. Denuncia o caráter imperial dos Governos, fundado no uso da inteligiência que recomenda golpes de Estado, organiza assassinato de líderes e ensina a torturar. Em protesto, se demitiu e foi ser professor de história na Universidade da Califórnia. Escreveu três tomos “Blowback”(retaliação) onde previa, por poucos meses de antecedência, as retaliações contra a prepotência norte-americana no mundo. Foi tido como o profeta de 11 de setembro. Este é o pano de fundo para entendermos a atual situação que culminou com a execução criminosa de Osama Bin Laden.
Os órgãos de inteligência norte-americanos são uns fracassados. Por dez anos vasculharam o mundo para caçar Bin Laden. Nada conseguiram. Só usando um método imoral, a tortura de um mensageiro de Bin Laden, conseguiram chegar ao su esconderijo. Portanto, não tiveram mérito próprio nenhum.
Tudo nessa caçada está sob o signo da imoralidade, da vergonha e do crime. Primeiramente, o Presidente Barak Obama, como se fosse um “deus” determinou a execução/matança de Bin Laden. Isso vai contra o princípio ético universal de “não matar” e dos acordos internacionais que prescrevem a prisão, o julgamento e a punição do acusado. Assim se fez com Hussein do Iraque,com os criminosos nazistas em Nürenberg, com Eichmann em Israel e com outros acusados. Com Bin Laden se preferiu a execução intencionada, crime pelo qual Barak Obama deverá um dia responder. Depois se invadiu território do Paquistão, sem qualquer aviso prévio da operação. Em seguida, se sequestrou o cadáver e o lançaram ao mar, crime contra a piedade familiar, direito que cada família tem de enterrar seus mortos, criminosos ou não, pois por piores que sejam, nunca deixam de ser humanos.
Não se fez justiça. Praticou-se a vingança, sempre condenável.”Minha é a vingança” diz o Deus das escrituras das três religiões abraâmicas. Agora estaremos sob o poder de um Imperador sobre quem pesa a acusação de assassinato. E a necrofilia das multidões nos diminui e nos envergonha a todos.
*Leonardo Boff é autor de Fundamentalismo,terrorismo , religião e paz, Vozes 2009.
*militânciaviva
Chávez está chegando, com novos cenários
Na próxima terça-feira, o Presidente Hugo Chávez, da Venezuela, chega a Brasília para encontrar-se com a Presidenta Dilma Roussef, dando continuidade às reuniões regulares e periódicas que manteve durante anos com o ex-presidente Lula. Neste período, as relações bilaterais cresceram enormemente, saltando da escala dos milhões, para alcançar já a escala dos 5 bilhões de dólares/ano, para desespero e irritação dos que sempre apostaram e agiram para o fracasso da política de integração sul-americana, em cujo marco se inscreve a relação entre Brasil e a nação bolivariana.
Muito provavelmente, veremos os meios de comunicação comerciais lançando reincidentes desinformações sobre o processo em curso na Venezuela e, também, insistindo, ad nauseun, na tese jamais confirmada pelos fatos, de que o presidente venezuelano é um ditador, que cerceia a liberdade de expressão etc. Basta recordar: em 12 anos que está à frente do governo, Chávez realizou 15 eleições, plebiscitos ou referendos pelo voto popular livre e direto. Venceu 14 destes pleitos e respeitou democraticamente o único em que não teve o resultado que esperava.
A uma conhecida que foi a Caracas e que tinha muitas dúvidas sobre o caráter democrático da relação de Chávez com a mídia, recomendei que fosse a uma banca de jornal qualquer e pedisse um jornal de oposição ao chavismo. Ela fez a experiência. Pediu um jornal anti-Chávez. O jornaleiro, meio atônito, lhe respondeu:” Todos são contrários a Chávez. Qual queres?” A liberdade de expressão e de imprensa na Venezuela é utilizada, esquizofrenicamente pela oposição, para berrar livremente pelos meios de comunicação que não existe liberdade de imprensa.
Uma nova Venezuela para mostrar
Porém, o que importa agora é registrar que o presidente Chávez que desembarca em Brasília desta vez traz consigo uma outra Venezuela para mostrar, com determinadas condições que não existiam quando chegou ao poder pelo voto direto. A Venezuela pré-Chávez era conhecida por ser um dos paises de maior consumo de champanhe e caviar, perdendo apenas para a burguesia francesa. Seu enorme manancial petroleiro servia apenas para atender aos interesses norte-americanos, inclusive para asfaltar as avenidas de Washington, enquanto na Venezuela mal havia estradas e urbanização. Com a nacionalização soberana e verdadeira da empresa estatal de petróleo, a PDVSA, a renda petroleira passou a ser de fato utilizada para pagar a gigantesca dívida contraída contra o povo venezuelano durante décadas.
Os efeitos dessa guinada não tardaram a se fazer sentir. A Venezuela de hoje é, como Cuba, “Território Livre do Analfabetismo”, conforme reconhecimento oficial da UNESCO, conquista que teve a participação solidária de educadores cubanos e de um método simples e revolucionário de alfabetização, “Sim, eu posso”, que alcança seu objetivo com poucas semanas. Para isso foi aplicada a renda petroleira que antes ia para o exterior. Por isso tentaram derrubar Chávez tantas vezes e o odeiam tanto no Pentágono e na Casa Branca. E na Avenida Paulista também..
Metas do milênio
Recentemente, a ONU, avaliando o cumprimento de um de seus mais importantes programas, reconheceu que é a Venezuela o país que melhor cumpre, na América Latina, AS METAS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO, com registros importantíssimos na redução da mortalidade infantil, na oferta de água potável à população, que já supera os 90 por cento do país e também na redução das desigualdades sociais. Certamente, nada disso será dito pela mídia que alfinetará suas caracterizações preconceituosas de sempre contra o mandatário bolivariano.
As relações entre Brasil e Venezuela cresceram de tal forma e em tão pouco tempo que é a nação andino-caribenha um dos principais destinos de produtos e serviços brasileiros. Grandes obras de infra-estrutura, hidrelétricas, pontes, metrô, estradas, contam com a participação de construtoras brasileiras. Mas também é preciso registrar a presença da estatal Embrapa em solo venezuelano, colaborando para que o país alcance a meta estabelecida pelo governo de conquistar a soberania alimentar. Antes de Chávez, até mesmo o alface vinha de avião dos EUA, evidentemente para uma pequena camada da população. Hoje, muitos produtos alimentícios, o arroz e o leite, já são produzidos, em boa medida, em território nacional, e aquela meta vai ficando mais próxima de ser alcançada. Também é possível caminhar pelas ruas de Caracas aleatoriamente e conversar com donas-de-casa, que, ao seu modo, demonstram compreensão objetiva e inteligente sobre o desenvolvimento das relações bilaterais. “Agora temos frango brasileño que Lula nos envia. Bueno e barato.”, disseram-me certa vez, ao serem indagadas sobre aquelas relações.
O Banco do Sul e a crise do dólar
O Chávez que chega ao Brasil agora já conta com uma conjuntura latino-americana marcada por substanciais mudanças, para o que também contribuiu decisivamente a política externa implementada durante os dois governos Lula. Especialmente, vale citar o enterro da ALCA, que ameaçava tragar as economias do nosso continente, e o surgimento da UNASUR, que aponta exatamente na direção oposta, visando uma coordenação solidária para atuar de modo soberano no sombrio cenário internacional caracterizado pela persistência da crise do capitalismo, a inconfiabilidade do dólar e , ao lado disso, o crescente intervencionismo militar do imperialismo em diferentes regiões do planeta, como agora na Líbia. Intervenção esta que vem sendo criticada pelos dois mandatários, Dilma e Chávez. Provavelmente, ante este cenário internacional tão complexo, a pauta que inclui a Refinaria Abreu e Lima e temas energéticos e agrícolas, também poderá sinalizar para a necessidade da Unasur agilizar, priorizar mesmo, a entrada em funcionamento do Banco do Sul. A crise capitalista indica ser esta uma necessidade premente, para assegurar uma alternativa conjunta dos países do sul, que pode incluir o Irã e outros, entre eles os do BRIC, na necessária articulação e organização para o enfrentamento dos desdobramentos desta crise que se avoluma e ameaça.
O Chávez que agora chega ao Brasil é bem distinto daquele que aqui chegava no início da década passada, quando veio buscar ajuda da Petrobrás para enfrentar a crise de desabastecimento causada pela sabotagem montada contra a PDVSA. Esta empresa estatal teve finalmente sua soberania recuperada e hoje sustenta um processo de industrialização venezuelano, além de obras sociais inadiáveis, como a construção de 2 milhões de moradias, um setor muito afetado, não apenas pela herança maldita de décadas de afavelamento criminoso, mas também em razão de drástica destruição causada pelas chuvas no ano que passou, ampliando o déficit habitacional e lançando desafios novos ao governo, que os enfrenta com o apoio da PDVSA.
A ciência da tática
A Venezuela de hoje é um país com satélite próprio, com curso de instalação de fábricas de tratores, caminhões, motocicletas e bicicletas - para o quê foi importante a realização de acordos com o Irã, entre outros - que está conectando-se com outros países caribenhos por cabos submarinos e também com fibra ótica com o Brasil. Sendo o primeiro mandatário sul-americano a visitar a presidenta Dilma, Hugo Chávez traz não apenas uma realidade de conquistas transformadoras a apresentar. Traz também um importante logro político marcado pela normalização crescente das relações com a problemática e ameaçadora Colômbia, neutralizando, por meio de uma tática que é indispensável para os prazos e ritmos históricos da Revolução Bolivariana, os ímpetos agressivos que Uribe representava em nome do imperialismo. Alem disso, é também importante a tática utilizada com a Colômbia para eliminar os processos contra Manuel Zelaya, permitindo não apenas sua volta a Honduras, mas também concorrendo para um curso de recuperação do estado democrático neste país centro-americano, possivelmente com a rápida convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte, um dos itens defendidas pela Resistência Democrática e contidos na consulta popular que Zelaya organizou quando foi deposto.
Assim, além de uma linha política que reitera a coincidência de visões com a política externa brasileira, tanto para o caso da Colômbia, como também de Honduras, a nova visita de Chávez ao Brasil tem a simbologia de uma cooperação muito mais ampliada, mais aprofundada, e que poderá ser ainda muito mais fortemente dinamizada a partir do esperado ingresso da nação bolivariana no Mercosur.
Beto Almeida, jornalista
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Terça-feira, chega ao Brasil o presidente venezuelano Hugo Chávez. Vem para uma reunião de trabalho com a Presidente Dilma Rousseff. O Globo anda fazendo suas intrigas, dizendo que Dilma não quer muito papo com ele. Conversa mole, a Venezuela é um grande parceiro comercial e político do Brasil e os dois países têm muito a compartilhar.
A visita de Chávez tem, porém, um momento especial para mim e todos os trabalhistas. É que o presidente fará uma visita ao Memorial Darcy Ribeiro, na UnB, às 18 horas, e falará sobre a importância da unidades latinoamericana, tema que foi objeto de estudo e paixão de Darcy.
Trago, por isso, o documentário, em duas partes, produzido pela TV Pública da Argentina sobre ele, sua vida e idéias. É parte da série Presidentes de Latinoamerica, exibida aqui no Brasil, ano passado, uma única vez. Está em espanhol, mas dá para compreender.
*Tijolaço
Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não se vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo
como quem anda ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.