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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 21, 2011

Brasil exalta cachaça, mas proíbe maconha, critica Soninha

Ana Cláudia Barros e Marcela Rocha
"Vou participar da marcha em defesa do direito de marchar", anuncia, com ironia escancarada, Soninha Francine (PPS/SP), referindo-se à Marcha da Maconha em São Paulo, marcada para este sábado (21), no vão do Masp, na Avenida Paulista. Sempre envolto em polêmica, o evento vem sendo vetado nos últimos anos graças a investidas do Ministério Público Estadual ou sofrendo restrições, como na edição de 2010, quando os participantes foram proibidos de pronunciar a palavra maconha.
Desta vez, para evitar prisões por apologia ao crime e indução ao uso de drogas, os manifestantes apelaram para um habeas corpus preventivo, mas tiveram o direito negado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
- Todo ano, em vários lugares do Brasil, ela acontece sem problemas e, em São Paulo, tem sempre um promotor, tem sempre um juiz para dizer que não pode. Eu lembro que, em alguns outros casos, os organizadores também tiveram que se precaver, se antecipar, se defender em juízo. Aí, vem uma decisão liminar de última hora, que não dá tempo de recorrer. O julgamento em si nunca acontece. É sempre essa fragilidade. Parece até que vivemos em países diferentes ou que a regra muda de Estado para Estado - reclama Soninha.
Ela explica o que entende ser a finalidade da iniciativa:
- Não tem nada de apologia ao crime. É a defesa da mudança da legislação. Você não está defendendo que as pessoas ajam contra a lei, mas que a lei seja modificada. A marcha é uma manifestação como muitas outras. É preferível que a maconha, mesmo para fins recreativos, seja vendida dentro do mundo das leis, das regras, do controle de qualidade, do controle fiscal e tudo mais. Melhor do que continuar sendo monopólio dos bandidos, que não estão nem aí para regra nenhuma, a não ser as que eles mesmo impõe.
E prossegue na defesa:
- A marcha é uma forma de tentar discutir o tema com honestidade. Não com mitos, tabus e informações deturpadas. Achar que a gente que pede a descriminalização é um bando de maconheiro que só está pensando no seu próprio bem e quer que o resto se dane. Ou que não podemos liberar a maconha porque vai ser um desastre, porque teremos um exército de zumbis pelas ruas. Não pode discutir o tema na base do terrorismo e do tabu. Tem que ser discutido como se discutem outras questões.
Para a ex-vereadora e atual titular da Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sutaco), o tema vem sendo tratado ainda com hipocrisia.
- É isso que dói. Um país que exalta, que transforma em símbolos da identidade nacional outras drogas, como a cerveja e a cachaça, que se orgulha de sua cachaça e tem selo de qualidade, uma certidão de origem. É uma droga cujo abuso faz muito mal, cuja dependência é destrutiva, cujo uso indevido acarreta mortes toda semana. Toda semana morre alguém porque foi atropelado, porque foi assassinado, porque bateu o carro por causa do uso indevido de álcool. Esse mesmo país, que tem orgulho da sua cachaça, que tem orgulho do seu café, outra substância psicoativa, que coloca cerveja para patrocinar a seleção de futebol, esse mesmo país finge que tenta erradicar a maconha, coisa que ninguém conseguiu nunca no mundo, na história da humanidade. Enquanto finge que é possível erradicar a maconha, deixa os criminosos monopolizarem a produção e o comércio.
Procedência garantida
A legalização, enfatiza Soninha, evitaria o contato dos usuários com criminosos e ofereceria a eles garantia da procedência da maconha, "como temos quando compramos outros produtos. Xampu, Red Bull, o que for".
- Tenho certeza que a criminalização da produção e do comércio como tentativa de proteger a sociedade não só não protegeu, como causou muito mais danos. Por causa da criminalização, criou-se todo um poder paralelo e hoje quem nunca nem sentiu cheiro de maconha, deve ter gente assim, corre o risco de morrer num tiroteio.
*terra

sexta-feira, maio 20, 2011

Baraka - 1992



SINOPSE
É um filme documentário experimental estadunidense, dirigido por Ron Fricke, cinematografista de Koyaanisqatsi, o primeiro da trilogia Qatsi, de Godfrey Reggio. Frequentemente comparado a Koyaanisqatsi, o assunto principal de Baraka é, de fato, similar, incluindo filmagens de várias paisagens, igrejas, ruínas, cerimônias religiosas e cidades, misturando com vida, numa busca para que cada quadro consiga capturar a grande pulsação da humanidade nas atividades diárias.

DADOS DO ARQUIVO
Diretor: Ron Fricke
Áudio: Música
Legendas: Sem Legendas
Duração: 96min.
Qualidade: RMVB
Tamanho: 281MB
Servidor: Megaupload (parte única)

LINKS
Parte única

Postado por Glauber Rocha

Elis em 1981 entrevista em POA

















Cresce na Espanha a Revolução dos Indignados

Acompanhe a Revolução dos Indignados, ao vivo,

O movimento que iniciou no dia 15 de maio, chamado 15-M ou a “revolução espanhola”, cresceu quinta-feira com panelaços que reuniram multidões em dezenas de cidades de todo o país para exigir a mudança de um sistema que consideram injusto. A revolta cresce a cada hora. Começou com uma convocatória nas redes sociais e internet para repudiar a corrupção endêmica do sistema e a falta de oportunidades para os mais jovens. A também chamada Revolução dos Indignados acusa, pela situação atual, o FMI, a OTAN, a União Europeia, as agências de classificação de risco, o Banco Mundial e, no caso da Espanha, os dois grandes partidos: PP e PSOE.
A Junta Eleitoral Central da Espanha proibiu em todo o país qualquer manifestação desde a zero hora de sábado até às 24 horas de domingo, dia das eleições municipais, em uma clara alusão às mobilizações do movimento cidadão Democracia Real Já que, desde o último domingo, ocorrem em repúdio ao modelo político e econômico vigente e que já se espalharam em escala nacional.
Alfredo Peréz Rubalcaba, ministro do Interior, declarou que o governo só esperava o pronunciamento da junta eleitoral para decidir se ordena à polícia dispersar os manifestantes. Enquanto isso, milhares de cidadãos indignados na Porta do Sol, em Madri, na Praça da Catalunha, em Barcelona, na Praça do Pilar, em Zaragoza, e no Parasol da Encarnação, em Sevilla, entre outras, voltaram a romper o cerco policial e, uma vez mais, repudiaram a política, banqueiros e empresários.
O movimento que iniciou no dia 15 de maio, chamado 15-M ou a “revolução espanhola”, cresceu quinta-feira com panelaços que reuniram multidões em dezenas de cidades de todo o país para exigir a mudança de um sistema que consideram injusto. A revolta cresce a cada hora. Começou com uma convocatória nas redes sociais e internet para repudiar a corrupção endêmica do sistema e a falta de oportunidades para os mais jovens e acabou se estendendo para a comunidade espanhola na Itália, Inglaterra, Estados Unidos e México, entre outros países.
No quinto dia de mobilizações a afluência aumentou sensivelmente, sobretudo em Madri e Barcelona, onde dezenas de milhares entoaram palavras de ordem durante horas. Uma delas advertia: se vocês não nos deixam sonhar, nós não os deixaremos dormir.
Os manifestantes desenvolveram métodos de organização através de comissões por setores – saúde, alimentação, meios de comunicação, etc. -, que decidem cada atividade. Nas assembleias gerais decide-se a estratégia e busca-se uma mensagem política unificada que mostrem as principais razões de descontentamento e protesto. Na quinta-feira, por exemplo, decidiu-se manter a mobilização até o próximo domingo, quando ocorrem as eleições locais, e, o mais importante, confirmar a convocatória para a manifestação deste sábado.
Mais tarde, a Junta Eleitoral Central declarou ilegais as concentrações, ao considerar que elas não se ajustam à lei eleitoral e excedem o direito de manifestação garantido constitucionalmente. De fato, desde o início da semana, todas as mobilizações, concentrações e marchas da “revolução espanhola” foram declaradas ilegais pela Junta Eleitoral de Madri. Em resposta, o número de indignados se multiplicou.
Depois de conhecer a decisão da Junta Eleitoral Central, o movimento cidadão decidiu simplesmente manter o acampamento, ao mesmo tempo em que ecoou um grito unânime: não nos tirarão daqui, vamos ganhar esta revolução. Em seguida, foi lido o manifesto original do movimento em uma dezena de idiomas. O texto aponta a classe política e os meios de comunicação eletrônicos como os grandes aliados dos agentes financeiros, os causadores e grandes beneficiários da crise. Advertem que é preciso um discurso político capaz de reconstruir o tecido social, sistematicamente enfraquecido por anos de mentiras e corrupção. “Nós, cidadãos, perdemos o respeito pelos partidos políticos majoritários, mas isso não equivale a perder nosso sentido crítico. Não tememos a política. Tomar a palavra é política. Buscar alternativas de participação cidadã é política”.
A também chamada Revolução dos Indignados acusa, pela situação atual, o Fundo Monetário Internacional, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a União Europeia, as agências de classificação de risco, o Banco Mundial e, no caso da Espanha, os dois grandes partidos: o direitista Partido Popular (PP) e o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de centro-esquerda.
A reação da direita
Desde a esquerda, há tentativas de aproximação aos indignados. O líder do governo, José Luis Rodríguez Zapatero, disse que é preciso escutar e ter sensibilidade porque há razões para a expressão desse descontentamento e dessa crítica. O líder da Esquerda Unida, Cayo Lara, defendeu o fim da submissão e do bipartidarismo, propiciado pela atual lei eleitoral.
Mas o setor duro da direita política e midiática reclamou com insistência a atuação policial para acabar com todas as mobilizações, sobretudo na Porta do Sul, e pediu inclusive ao Ministério do Interior para que adotasse meios violentos para assegurar esse fim. Uma das imagens do dia (quinta-feira) foi a do ex-ministro da Defesa durante o governo de José María Aznar, Federico Trillo, insultando com o dedo um grupo de cidadãos da revolução dos indignados.
As desqualificações mais fortes vieram, porém, dos meios de comunicação conservadores e da televisão pública de Madri, que acusaram o movimento de ser comunista, socialista, antissistema e de ter relação com o ETA. Um dos ideólogos da direita, César Vidal, foi mais além e depois de chamar, depreciativamente os manifestantes de “perroflautas” (tribo urbana também conhecida como ‘pés pretos’, formada por punks, anarquistas, hippies e ‘gente desocupada’), assegurou que estes jovens mantém contato regular com o Batasuna-ETA e que receberam cursos de guerrilha urbana, da Segi (organização de juventude da esquerda basca).
O movimento cidadão tem seu próprio canal de televisão, que transmite sem cessar as imagens da Porta do Sul (www.solttv.tv).
Armando G. Tejeda, do La Jornada
*cartamaior